Onças poderosas, Pantanal X Amazônia / diferenças/ Leandro Silveira Instituto IOP Onça Pintada

Onças do Pantanal são muito mais robustas, muito mais poderosas do que as onças da Amazônia. Em média podem chegar a 120 kg, ao ponto que as da Amazônia não estão batendo 60. A diferença é brutal.

Segundo o próprio Leandro, que é o maior especialista em onces do mundo, nosso biólogo brasileiro, cientista brasileiro, dá para ver uma diferença assim brutal, ao ponto de tu pensar: "Caraca, o bicho parece um leãozão". Pois é, as onças do Pantanal, cara, não são brincadeira não. Aquela onça com 94 kg que tava magra pro Pantanal seria muito robusta pra Amazônia.

Mas você pode não estar acreditando nessa diferença que eu tô falando, né? Então, que tal ouvir o maior especialista do mundo falando sobre essa diferença? Leandro, conta um pouquinho pra gente aí sobre essa diferença.

Tem registro de onça na Amazônia na pontada de 138 kg. Amazônia quando passa de 70 já é bicho bruto. Teve lá na ilha das 11 noapá, o maior bicho nós pegamos foi um macho de 60 kg, macho velho já 60 kg.

Assim para falar: "Nossa, o maior bicho da ilha. Os outros é tudo 52, 55 kg". Entendeu?

Então, eh, mas é por questão, né, aquele aquela questão do do animais de área aberta são sempre maiores. qualquer equivalente ecológico de de área aberta e fechada, o centro fechado é menor e o outro é maior por questões de ambiente, né, de de por questões óbvias de ferrajamento, né, de Leandro, muito interessante essa colocação que você trouxe, né? É, e sucuris, a gente tem observado isso.

O pessoal acha que as grandes sucurisas estarão na Amazônia, inclusive a subespécie acaíma, né, que ainda não ficou como como outra subespécie, ela tem menor contagem do número de camas ventrais, o que indica que ela é menor, ao ponto que é esse sucurí de bonito, veja a vovozona, nitidamente, nitidamente são maiores. Pois é, todo mundo acha que é na floresta amazônica que elas serão grandonas. Veja a diferença das onces, o dobro do tamanho, o dobro da corpulência.

Mas Leandro, explica pra gente aí a forma ecológica do por isso acontece. Porque eu achei que eram subespécies diferentes. Você disse que não é.

Manda para nós. As onças pintadas do Pantanau, elas são maiores do que as da Amazônia, principalmente pelo fato de que no Pantanal eu ten uma alta abundância de presas e isso mantém ela super nutrida. Ela tá sempre comendo muito e e presas de grande porte, tipo eh va do servo do Pantanal, queixada, capivara, jacaré, tudo isso em alta abundância.

Então ela come bem e tá num ambiente aberto. Então, eh, enquanto que no na Amazônia a floresta densa eh e fechada dificulta a locomoção e a caça, né, onde o ambiente favorece onças de menor porte mais ágeis para adaptad a perseguir presas de menor porte. E aí, e então por questão ambiental e abundância de presa, você tem essa diferença.

No Pantanal, onde um macho chega facilmente assim numa média de 110, 120 kg, a média na Amazônia, o bicho mais pesado que a gente pegou até hoje pesou 60 kg. Então é é muito claro, isso, é muito evidente, né? Mas também você olha o Pantanal, aquele ambiente aberto, imagina se você for muito pequeno, eh, conseguir a pegar uma presa num na vastidão daquela, no ambiente alarado, é muito difícil.

E é o mesmo caso que se uma onça pintada do Pantanal tiver dentro de na Amazônia, ela não vai conseguir correr no mato no meio dopoiro, no meio do eh daquela densidade da daquele ambiente. Então o ambiente fez essa seleção de animais grandes no Pantanal e animais menores em áreas de floresta. Darwin sempre esteve certo, faz parte da seleção natural, mas não para por não.

Se você acha que a diferença é só tamanha, porque é brutal a diferença, velho. O dobro do tamanho, que tal se a gente falasse um pouquinho sobre a diferença de cores, porque até o momento não foi registrado no Pantanal onças melicas, a famosa pantera negra. Fala um pouquinho para nós, Leandro.

Não, não são considerados subespécies. São espécies, a mesma espécie. Mas tem o ambiente, ele molda o que a gente chama de plasticidade do fenótipo, né?

Então, eh, se você super é bem, se você é super alimentado e você vai no máximo do seu fenótipo ali, né? E se você é subnutrido, você acaba perdendo eh o seu potencial, né, de de corpo. É basicamente isso.

É, não existe onça preta no Pantanal. É um dado bem interessante. A gente tem tem publicação sobre isso e não não tem uma explicação ecológica ainda para isso, né?

A única diferença que a gente pode fazer é que animais de grande porte não se dão bem em áreas abertas e quentes como o Pantanal. É a única explicação. Coincidentemente também os lianos venezuelanos também não tm onça preta.

Então são esses vazios, né, na na geografia do bicho que não tem onça preta que é bem interessante, né? Então mostra que na teoria é que a onça preta grande em área quente não estaria bem. É super aquecimento, meu irmão.

Sem contar que fica mais visível de dia, né? Veja, você é escuro numa área florestada, onde você caça até em cima das árvores, etc. Se for de noite, você vai se dar bem para caramba.

Mas se for uma área aberta de dia, ponto, fica muito visível. Interessante demais esses dados ecológicos, né? Pois é, tanta coisa que a gente estuda através da ciência e as estatísticas, vocês nem tm ideia.

Eu quero lembrar também que o Instituto IOP cuida muitas das vezes dessas onças que são resgatadas, cara. E é óbvio, alimentar uma onça não é nada barato, cara. Dessa maneira, se você tem a ideia de tentar ajudar de alguma maneira, isso a gente tá falando, né, financeiramente, procura o Instituto IOP, cara, que é Instituto Once Pitada IOP.

Vai lá dar uma olhada, cara. O trabalho que o Leandro faz com a família dele é impressionante. Ah, e sem contar o seguinte, a gente tem que parar de ser cachorro vira lata e ficar só prestigiando pessoal de fora.

Eu fico revoltado por não ter, por exemplo, nos nossos livros de ciência a figura como Vital Brasil, que foi um dos maiores cientistas do mundo, e o Sérgio Henrique que deslendou aí o mistério da Jeraráca e criou o Captopril que salva bilhões de pessoas todos os dias. A gente não vê ele nos livros de escola. Olha, Vital Brasil deveria ser homenageado, assim como Darwin Einstein, etc.

Afinal de contas, foi onde que descobriu a especificidade do soro e a gente nem fala nada. Somos muito viraatas. Os nossos entistas da herpetologia são os maiores do mundo, cara.

Não preciso nem citar nomes aqui, mas eu quero lembrar já da Tábio Marx, Sima, Selma, o Kiko Franco, aquela galera toda do Butantã. E a gente nem se dá conta. E o Leandro é o maior cientista do mundo, maior biólogo do mundo, dentre o termo onça pintada.

E a gente nem se dá conta disso, né? Pois é. Deveríamos muito prestigiar os nossos cientistas.

Aliás, queria deixar um agradecimento especial a Leandro aqui, que há anos me dá muitas aulas sobre onça pintada, me atende onde quer que esteja, já pedi auxílio para ele eh sobre determinados assuntos e ele tava em campo, em campo, velho, no meio do mato, sem sinal direito. Ele arrumou um jeito e me mandou os artigos científicos para que eu pudesse tirar algumas dúvidas. Isso realmente é fenomenal.

Eu não esqueço disso. Jamais vou esquecer. Meu agradecimento muito especial ao Leandro e a família dele do IOP.

E parabéns pelo trabalho. Espero que as pessoas tenham entendido aí a diferença de tamanho entre as onças pintadas do Pantanal e as onças pintadas da Amazônia. Inclusive o a cor além do peso é um dado muito muito interessante.

É a ciência brasileira. Yeah.