Queridos irmãos, nós vamos dar continuação à nossa série de mensagens, um livro de Atos, e dessa vez chegamos no capítulo 15, onde nós temos o registro do primeiro grande Concílio da Igreja Cristã, que se reuniu em Jerusalém para debater a questão da unidade da igreja, que estava sendo desafiada pelos requisitos pelos quais os gentios poderiam fazer parte da Igreja de Cristo. Eu vou fazer a leitura e depois queria convidar o Reverendo Joselito, que é membro também da nossa equipe pastoral aqui na Primeira Igreja, a orar por nós, vir aqui à frente, orar, e depois nós faremos a exposição do livro de Atos, capítulo 15. De um assim, alguns indivíduos que foram da Judeia para Antioquia ensinavam os irmãos: "Se vocês não forem circuncidados segundo o costume de Moisés, não podem ser salvos.
" Tendo surgido um conflito e grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, foi resolvido que esses dois e mais alguns fossem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, para tratar dessa questão. Encaminhados, pois pela igreja, atravessaram as províncias da Fenícia e Samaria, narrando a conversão dos gentios. Causaram grande alegria a todos os irmãos.
Quando chegaram a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros, a quem relataram tudo que Deus havia feito com eles. Mas alguns membros do partido dos fariseus, que haviam crido, sim, surgiram dizendo: "É necessário circuncidá-los e ordenar-lhes que observem a lei de Moisés. " Só até aqui, queridos.
Aqui nós temos o relato do assunto que causou e provocou esse Concílio em Jerusalém. Nós vamos orar, pedindo iluminação do nosso Deus; em seguida, nós iremos para a exposição. Santo Deus, santo Deus, nós Te bendizemos nesta noite pela alegria de estarmos aqui e, juntos como Teu povo, voltarmos toda a nossa atenção e o nosso coração à Tua palavra.
Que privilégio, Senhor, nos concede! Ó Senhor Jesus, Tu és o dono da nossa vida, o autor da nossa salvação, aquele que, com amor e graça, tem nos conduzido pelos caminhos do Evangelho e nos aproximado no relacionamento sério com o Deus trino. Obrigado, Senhor, pela bênção da Tua graça em nosso viver.
Pedimos, ó Deus, que o nosso coração esteja aberto e desejoso para acolher aquilo que tens preparado para nós nesta noite. Que eu possa continuar usando o Reverendo Augustus na exposição da Tua palavra e que ela chegue até nós como dádiva do alto. Possamos viver para o Teu louvor, a partir de hoje, de uma maneira mais consagrada, mais dedicada.
Cuida de nós então e aceita nossa vida no Teu altar. Imploramos: dá-nos mais da Tua graça, por Jesus Cristo. Amém.
Queridos, na mensagem anterior, nós vimos o final da primeira viagem missionária que nós temos registro na Bíblia e que foi realizada pelo Apóstolo Paulo e pelo seu companheiro Barnabé. Eles saíram de Antioquia da Síria, foram até a ilha de Chipre, atravessaram a ilha, pregando o evangelho, depois subiram para o sul da Ásia Menor de barco, aportaram em Panfília, e de lá seguiram para dentro até Antioquia da Psídia. E aí já estavam na região sul da Galáxia, uma das grandes províncias do Império Romano, a quem mais tarde Paulo haveria de descrever a carta aos Gálatas, provavelmente lá de Antioquia.
Eles foram para Icônio e de lá foram para Listra, depois para Derby e terminaram na cidade de Pej. No finalzinho, e de lá para Antioquia, de onde eles tinham saído. Era um pulo, mas eles resolveram voltar pelo mesmo caminho para visitar as igrejas que eles tinham fundado nessa viagem, fortalecendo os irmãos, organizando as igrejas, promovendo a eleição de presbíteros, enfim, consolidando o trabalho que eles haviam feito, trabalho de anunciar o evangelho aos gentios.
Começando primeiro aos judeus, onde eles podiam e onde havia sinagoga, eles começavam por lá e de lá iam para os gentios, primeiro os prosélitos, que eram gentios convertidos ao judaísmo, depois os tementes a Deus, que eram gentios que gostavam do judaísmo, mas que não tinham se tornado judeus pela circuncisão, e os gentios em geral, os pagãos daquela época, que seguiam as religiões de mistério, a religião grega clássica, a religião do Império Romano, as religiões de mistério que vinham da Mesopotâmia e assim por diante. A viagem foi uma bênção. A viagem foi Deus se manifestando de maneira extraordinária através desses dois.
Vários milagres foram relatados aqui. E no caminho de volta, chegando finalmente a Antioquia, de onde eles tinham sido encaminhados, eles contaram o quanto Deus havia feito através deles para a conversão dos gentios, terminando assim a primeira viagem missionária. E aí Paulo e Barnabé ficaram bastante tempo lá em Antioquia, fortalecendo os irmãos, pregando o evangelho e recuperando as forças para a próxima viagem, que a gente vai ver no capítulo 16.
Tudo parecia ir muito bem até que alguns irmãos lá da Judeia desceram para Antioquia e começaram a ensinar alguma coisa bem diferente daquilo que o apóstolo Paulo, juntamente com Barnabé, havia ensinado aos crentes lá de Antioquia. E isso causou uma confusão muito grande, uma discussão que não pôde ser resolvida lá em Antioquia. E então resolveram levar o assunto para uma instância superior, por assim dizer, lá para Jerusalém, onde estavam os apóstolos e os presbíteros, para que eles resolvessem essa que foi o primeiro grande desafio doutrinário da igreja, que é o que nós veremos agora: a primeira controvérsia teológica da igreja.
E eu quero, hoje à noite, apenas fazer a introdução e, se Deus permitir, na parte de segunda, na próxima segunda, nós vamos entrar no mérito do assunto propriamente dito. O bom texto começa com um relato da chegada desses mestres da Judeia lá em Antioquia. Diz aí o verso primeiro: "Alguns [Música] Jesus, que foram da Judeia para Antioquia, ensinavam aos irmãos: Se vocês não forem circuncidados segundo o costume de Moisés, não podem ser salvos.
" Explicações aqui, né? Em primeiro lugar, esses indivíduos não representavam o pensamento dos Apóstolos e dos presbíteros. No geral, eram alguns; não eram todos daquela época.
Todos os judeus convertidos que pensavam como esses aqui resolveram fazer essa viagem. Estamos falando aqui de uma viagem de 400 km de Jerusalém até Antioquia da Síria. Estamos falando aqui de uma viagem de várias semanas.
Esses indivíduos resolveram sair de lá, da Judeia, de Jerusalém, e viajar algumas semanas até Antioquia, que era, por assim dizer, a sede do cristianismo gentílico; era a maior igreja de gentios, de onde Paulo tinha saído para a primeira viagem missionária. Eles se sentiram no dever de ir até Antioquia e ensinar aos irmãos. Provavelmente, eles eram considerados mestres lá na Judeia e vinham com autoridade de quem vem de Jerusalém.
Eles começaram a ensinar os irmãos de Antioquia, aqueles gentios que tinham crido no Evangelho, o seguinte: que eles precisavam se circuncidar, segundo o costume de Moisés. Isto é, segundo o costume que Moisés havia ensinado na lei, mas especificamente no relato de Gênesis, quando Moisés narrou a aliança de Deus com Abraão, que foi selada com a circuncisão. Deus escolhe Abraão, faz promessas a ele e à sua descendência, e dá como sinal do pacto a circuncisão, que devia ser aplicada a toda criança de 8 dias de nascida.
Ela recebia o sinal da circuncisão, que era sinal da aliança de Deus com Abraão e o seu povo, e era a marca que identificava os judeus. Então, esses indivíduos estavam querendo que aqueles gentios que tinham crido em Jesus se deixassem circuncidar, conforme Moisés tinha ensinado, para que eles fossem salvos. Eles estavam condicionando a salvação do gentil à circuncisão.
Talvez o raciocínio deles fosse o seguinte: Jesus era o Messias prometido, só que essa promessa foi feita a Israel. Foi a promessa que Deus fez a Abraão de que viriam descendentes dele, em quem seriam benditas todas as nações da terra. Esse descendente era Jesus; Jesus era judeu.
A promessa era judaica, e as escrituras que anunciavam a chegada do Messias eram as escrituras hebraicas do povo de Israel. Ou seja, toda a salvação tem origem no judaísmo. Então, se alguém quer ser salvo, ele tem que se tornar judeu primeiro; ele tem que ser circuncidado, segundo o costume que Moisés ensinou, porque sem isso não tinha como ser salvo.
A salvação dependia de guardar esse que era o sinal da aliança de Deus com o seu povo. Tem tido muita discussão e não há um consenso sobre se esses indivíduos eram crentes, mesmo, porque, na hora que olhamos a dificuldade, eles estão exigindo a circuncisão como condição para salvação. Então, segue-se que eles criam que era preciso guardar as obras da lei para que fossem salvos.
Então, com certeza, eles não entenderam direito o caminho de Deus. O caminho de Deus é que nós somos salvos pela graça, sem as obras da lei. Aqui, eles estão pedindo obras da lei a todo aquele que crê para que possa ser salvo.
Mas, adiante, no texto, aqui no verso 5, a gente vai chegar lá. Lucas diz que alguns membros do partido dos fariseus, que haviam crido, sim, surgiram, dizendo: "É necessário circuncidá-los e observar que determinar que observe a lei de Moisés. " Então, Lucas está dizendo que eles tinham querido.
Então, eram crentes ou não? Essa é a dificuldade que os comentaristas encontram, né? Indefinir exatamente.
Então, várias possibilidades: primeiro, esse pessoal não era crente; eles eram fariseus que acharam que os cristãos estavam do lado deles contra os saduceus. Os saduceus não criam na ressurreição, não criam em espírito, não criam em vida eterna, mas os cristãos acreditavam em ressurreição e vida eterna, e criam, depois da morte, em anjos e criam no espírito. Então, os fariseus estavam mais próximos dos cristãos do que dos saduceus.
Então, muitos deles se tornaram cristãos sem que tivesse havido realmente uma conversão ou coisa dessa natureza. Essa é a primeira possibilidade. A segunda possibilidade é que eles tinham crido, de fato, que Jesus era o Messias, mas eles ainda não tinham crescido no entendimento.
É comum que um novo convertido, ainda com a cabeça desorganizada, não consiga entender tudo de uma vez. Leva tempo até que a cabeça do novo convertido se organize. Ele começa a fazer sentido das coisas a partir dessa nova perspectiva, e com o coração mudado, enxerga a vida de outra maneira.
E aí, ele vai colocando as coisas no lugar. Então, é possível que eram fariseus que se converteram, mas que ainda não haviam entendido plenamente o significado da graça. Uma terceira possibilidade é que esses fariseus tinham entendido que Jesus era o Messias de Israel, mas só que eles não entendiam que o Messias teria vindo libertar Israel primeiramente da culpa do pecado, mediante o seu sacrifício na cruz.
Eles queriam entender Jesus, mas como um Messias típico, líder da nação de Israel, mas com nada ou pouca coisa a ver com o resgate dos pecados, salvação pela graça ou qualquer coisa assim. Existe uma variedade de possibilidades, e eu quero entender, eu quero seguir o caminho aqui de que eles eram, de fato, convertidos, só que ainda não tinham entendido todas as implicações da graça de Deus. Eu me lembro quando me converti: eu não entendi tudo na hora; nada.
Levou tempo. Mesmo que eu tivesse sido criado na igreja cristã, em um lar evangélico, na minha conversão, aos 23 anos de idade, levou bastante tempo. Eu diria uns dois ou três anos até que as coisas começassem a fazer sentido na minha cabeça, até eu organizar minha cabeça.
Então, eu creio que é possível alguém ser crente no Senhor Jesus e ainda não ter uma visão completamente desenvolvida da graça de Deus e do caminho de Deus, como por exemplo o apóstolo. Paulo, escrevendo aos Coríntios, diz: "Meus irmãos, eu não posso tratar vocês como espirituais; vocês são carnais, vocês são crianças em Cristo. " Era o problema dos Coríntios, né?
Eles pensavam que tinham uma ideia muito errada de santificação, do que era plenitude do Espírito, e achavam que eram espirituais. E Paulo dizia: "Vocês são crianças em Cristo. " A mesma coisa o autor da carta aos Hebreus, que escreve dizendo: "Olha, irmãos, decorrido o tempo que já decorreu desde que vocês professam a fé em Cristo Jesus, vocês ainda são como crianças que precisam tomar leite em vez de alimento sólido.
" Não está negando que eles eram crentes; nem a carta aos Hebreus, nem Paulo escrevendo aos Coríntios estão negando que eram crentes, mas estão dizendo que eles estavam indo devagar. Eles ainda não tinham entendido toda, para mim, tudo do Evangelho. Eu creio dessa maneira.
Hoje, tem muitos evangélicos no Brasil que sabem o básico: que Jesus morreu pelos meus pecados. As implicações disso são muitas e vastas, e levam tempo até você entender como isso vai afetar seu casamento, seu trabalho, o culto que você presta a Deus, o que é que você canta, o que é que você vê nas redes sociais, a maneira como você se relaciona com seu patrão no trabalho, como é que você se relaciona com o que o seu professor está falando lá na universidade ou na escola. Então, até que você perceba todas essas implicações, um bom tempo passa.
E eu penso que era o caso aqui desses fariseus, né? Eles eram do partido dos fariseus, tinham crido que Jesus era o Messias, ele era o cumprimento da promessa feita a Abraão, criam que Jesus era o Salvador, mas não entendiam ainda que isso significava que a lei de Moisés tinha sido abolida, e que os costumes de Moisés haviam já encontrado o seu cumprimento. Cristo é o fim da lei para todo aquele que crê.
Então, essa compreensão ainda não tinha chegado para eles. Por isso, eles ficaram preocupados quando tiveram conhecimento de que a igreja de Antioquia estava enviando missionários para os gentios e aceitando os gentios de qualquer maneira na igreja, sem circuncidar, sem guardar a dieta dos judeus, né? Que era uma série de regras a respeito de que tipo de animal podia comer, sim ou não, o calendário dos judeus, que tinha determinadas festas e dias que tinham que ser observados.
Como assim? Esse pessoal está entrando na igreja e não está sendo exigido? Que libertinagem é essa?
Não pode ser uma desvirtuação do Evangelho! Quem que está ensinando isso? Paulo?
Ah, esse? Aquele? Ele nem de Jerusalém é!
Ele é lá de Tarso, da Cilícia. Ele é lá da dispersão, não é um judeu judeu de verdade! Não é por isso que está essa confusão aí?
E lá vão os irmãozinhos lá da Judeia para Antioquia, para botar as coisas em ordem, né? Para regular a pregação do apóstolo Paulo. A estratégia da igreja de Antioquia, isso aí não pode!
Se vocês estão mandando missionários em viagem para as províncias do Império Romano, vocês têm que trazer esse pessoal para ser circuncidado, enfim, seguir todos os costumes judaicos. E aí foi o que eles fizeram: chegaram lá na igreja de Antioquia. Nós lemos aqui, né?
Alguns indivíduos que foram da Judeia plantio aqui, eles chegaram lá e começaram a ensinar. Como eu disse, se eles eram fariseus, eram pessoas treinadas na lei de Moisés, tinham experiência no ensino, eram mestres da lei, eram reconhecidos. E os irmãos da igreja de Antioquia, vendo que eles professavam a Jesus – o próprio Paulo, né?
– tinha sido fariseu e era um mestre, então agora chegava outro, então dava uma oportunidade: "Tem a palavra, pode falar. " E aí, quando eles começavam a falar: "Ué, peraí, mas isso aí não foi o que o fariseu Paulo ensinou, não? Isso aqui está diferente.
" Eles começaram a ensinar a necessidade da circuncisão. Se a igreja era a continuação do povo de Deus, ela tinha que continuar com as marcas da igreja do Antigo Testamento. Eles não criam que a circuncisão tinha sido abolida, muito menos que o batismo substituía a circuncisão e que era a marca da Nova Aliança.
Sentiam que o que era antes judaico deles estava ameaçado e eles precisavam fazer alguma coisa. E lá vão eles para o centro da difusão do evangelho gentílico que era Antioquia, para regular as coisas e mudar tudo em ordem. De vez em quando, aparecem os irmãos dessas igrejas, né?
Que dizem assim: "Rapaz, tá tudo errado aqui, tá tudo errado! Vamos regular isso aqui, vamos botar em ordem. " E aí começa uma confusão.
É daqui que nascem as divisões. Exatamente situações como essa é que as igrejas se dividem; elas não conseguem chegar a um acordo, que foi o que aconteceu aqui. Só que eles tiveram sabedoria para recorrer a uma liderança mais ampla para decidir sobre o assunto.
Mas lá em Antioquia o assunto não se resolveu porque Paulo e Barnabé resolveram peitar esse pessoal. Problemas aí no verso 2 até o verso 3. Verso 2: "Tendo surgido um conflito e uma grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, foi resolvido que esses dois e mais alguns fossem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, para tratar dessa questão.
" Lemos aqui que Paulo e Barnabé enfrentaram esses mestres e discordaram veementemente daquilo que eles estavam dizendo. Eles não aceitaram que esses fariseus convertidos na igreja de Antioquia ensinassem que os gentios precisavam seguir o costume de Moisés para ser salvos. Eu posso até imaginar que Paulo e Barnabé, na verdade, insistiram que a justificação do crente, a justificação do pecador, era conforme Abraão, o pai da fé.
Abraão foi justificado pela fé antes de Moisés. Antes de ser circuncidado, ele começou toda aquela discussão que a gente vê traços na carta aos Gálatas, que Paulo vai escrever algum tempo depois, e especialmente na carta aos romanos, o apóstolo Paulo discutindo e dizendo: "Queridos, a lei tinha um propósito; ela não foi dada para salvar, ela foi dada como antecipação do Messias, apontava para Cristo. Se a lei serviu de aio, de mestre, para nos conduzir, de pedagogo, para nos conduzir a Cristo, mas ela mesma não salva ninguém.
Se o judeu quiser continuar judeu, ele pode fazer isso, mas ele não pode exigir isso dos gentios. Isso Paulo nunca foi contra. Algum judeu que se convertesse e quisesse circuncidar seus filhos, guardar as festas religiosas dos judeus, Páscoa, Pentecostes, Tabernáculo, etc.
, festa dos pães, só comer carne permitida pela lei, Paulo não tinha problema com isso. Você é judeu, essas coisas são marcas identitárias da sua raça e sua cultura. Então, ser um bom cristão não significa ser um mal judeu.
O próprio Paulo fez votos. O próprio Paulo, de vez em quando, ia ser regularmente à sinagoga. Paulo, pelo menos, duas vezes no livro de Atos, ele quer estar em Jerusalém para a festa da Páscoa.
Então, Paulo continuou com algumas práticas judaicas. Claro, ele não esperava a salvação por meio dessas coisas, mas essas coisas eram o que marcava o judeu no primeiro século. Se você perguntar a alguém do século I o que é um judeu, ele responderia assim: "É alguém que não faz nada no sábado, não come carne de porco e, quando o filho nasce, faz operação de fimose".
Meu filho, então, era a marca do judaísmo. Até hoje, até o dia de hoje, judeus que são ateus praticam essas coisas porque deixou de ter um conteúdo religioso para eles; faz parte da cultura deles. Então, Paulo não tinha problema.
O problema era se você quisesse impor isso aos gentios que não eram judeus como condição para a salvação, e aí a briga foi feia, né? Briga de foice, né? Como a gente diz.
Assim, Paulo e Barnabé enfrentaram lá os mestres. A gente não sabe quantos eram e disseram: "Não, vocês estão errados, não é isso que. .
. Essa não é a verdade de Deus". A discussão cresceu, virou uma contenda de grandes proporções, como está dizendo aí no início do verso 2, né?
Sugiro um conflito e grande discussão. Então, foi bate-boca mesmo, né? De um lado, argumento, de outro lado, argumento até o ponto de que a unidade da igreja estava ameaçada.
Esse foi o primeiro grande desafio teológico: afinal, gentios têm que se tornar judeus para serem salvos? Eles precisam guardar os requerimentos da lei de Moisés para poder sentar à mesa com os judeus convertidos? Qual é a base para a comunhão entre judeus e gentios que creem no mesmo Messias?
Como resolver isso? Era esse o grande desafio, né? A igreja, então, resolveu levar o assunto a Jerusalém.
Foi resolvido, verso 2, que esses dois, Paulo e Barnabé, e mais alguns fossem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, para tratar dessa questão. O assunto era da maior importância para a unidade da igreja, especialmente porque a igreja de Antioquia estava prestes a dar início à segunda viagem missionária do apóstolo Paulo. Então, era importante resolver isso.
E já que eles não conseguiam resolver em Antioquia, iriam a Jerusalém. Por que Jerusalém? Porque lá era, por assim dizer, a igreja mãe.
Foi onde tudo começou. É lá que estavam os apóstolos, os doze apóstolos de Cristo. Era lá que estavam os presbíteros que tinham sido eleitos para, juntamente com os apóstolos, guiar o cristianismo nascente.
E era lá, portanto, que o assunto teria que ser resolvido. E aqui a igreja de Antioquia demonstrou uma sabedoria muito grande. Em vez de se racharem e surgir a igreja de Antioquia dos judeus e a igreja gentílica de Antioquia.
. . Já pensou?
A primeira grande divisão! Em vez de fazer isso, eles resolveram lutar pela preservação da unidade e disseram: "Vamos procurar quem pode ter uma palavra final sobre isso, se é necessário ou não a circuncisão para a salvação". E Jerusalém era o local.
E aí Paulo e Barnabé partem para Jerusalém com a bênção da igreja de Antioquia, que designou mais dois irmãos, mas alguns irmãos, perdão, para que fossem com eles tratar dessa questão. Diz aí o verso 3: "Encaminhados, pois, pela igreja, atravessaram as províncias da Fenícia e Samaria, narrando a conversão dos gentios, causando grande alegria a todos os irmãos". Eles foram acompanhados.
Era uma viagem de 400 km, como eu disse, né? Várias semanas, provavelmente. Eles foram acompanhados por outros irmãos lá da igreja de Antioquia, que deveriam levar o assunto até os apóstolos e perguntar lá se os gentios, de fato, precisavam se circuncidar para serem salvos e fazer parte da igreja.
E a viagem foi usada por Deus para fortalecer a causa dos gentios, porque, se você prestar atenção aí, e tenha em mente uma viagem de quase um mês a pé, eles a cavalo, né? Eles atravessaram, diz aí, as províncias da Fenícia e Samaria. Presta atenção aqui.
Se você olhar o mapa, você vai ver que eles vieram pela costa, é o Caminho do Mar, saindo de Antioquia da Síria, pega já a costa logo ali e vai descendo, passa primeiro pela Fenícia, onde tem Tiro e Sidon, onde Jesus ministrou, e aí eles entram, passando por Samaria, até chegar em Jerusalém. Samaria já tinha sido evangelizada, tá lá em Atos capítulo 8. Então, tinha muita igreja dos samaritanos que foram recebidos e não precisaram guardar a lei de Moisés.
Pedro e João estiveram lá, oraram com eles, o Espírito Santo desceu sobre eles, não foi feito nenhum requerimento de guardar a lei de Moisés. Então, as igrejas dos samaritanos estavam muito felizes, né, com a notícia de que os gentios também tinham recebido a palavra de Deus. Ter também muitas igrejas ali na região da Fenícia lembra que ali próximo tinha Cesareia, que foi onde Pedro pregou o evangelho a Cornélio e a toda a sua casa.
Era ali, naquela região. Então, toda aquela área dessa viagem estava cheia de igrejas e, provavelmente, era assim que Paulo e os demais viajavam. Eles chegavam numa cidade, indagavam se tinha os irmãos e se hospedavam com os irmãos.
A igreja se reunia nas casas. E aí Paulo e Barnabé contavam: “Nós estamos indo a Jerusalém para dizer o que é que Deus fez por nós ou através de nós entre os gentios. ” Quantos os gentios se converteram, sinais e prodígios, e eles ficavam, diz aqui o texto, né?
Olha aí, narrando a conversão dos gentios e causaram grande alegria a todos os irmãos. A igreja toda se alegrou, né, quando tiveram notícia da conversão dos gentios, os samaritanos e os que já tinham crido ali na região da Fenícia. Eles se identificaram emburrados.
Tem que se considerar isso, pessoal; na verdade, eles ficaram alegres, né? Graças a Deus, o evangelho está avançando pelo mundo, mais e mais pessoas estão conhecendo a Jesus. E Paulo, debaixo da BR, recebeu apoio das igrejas entre Antioquia e Jerusalém.
Estava tudo com eles, estava tudo apoiando Paulo e Barnabé. A respeito desse assunto, do verso 4, no verso 4 nós lemos da chegada deles em Jerusalém. Eles são muito bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e presbíteros.
No verso 4, quando chegaram a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, apóstolos e presbíteros, a quem relataram tudo o que Deus havia feito com eles. Vocês lembram que Paulo e Barnabé já eram conhecidos dos apóstolos? Porque, depois que Paulo se converte no caminho de Damasco, prega um tempo lá, é expulso de lá, e vai para Jerusalém.
A primeira visita dele a Jerusalém, depois de convertido, é lá que ele conhece Pedro, João e os demais apóstolos. E é lá que Barnabé apresenta Paulo aos apóstolos; foi Barnabé que apresentou Paulo aos apóstolos. Então, ele já era conhecido da igreja de Jerusalém.
Portanto, a igreja os recebe com muita alegria e diz aqui o texto que os dois contam, e eu queria que você prestasse atenção aqui: a quem relataram tudo o que Deus havia feito com eles. Tem dois tipos de relatório, né? Tem um relatório em que você diz o que é que você fez, e o outro tipo é o que é que Deus fez através de nós.
Eles aqui dão todo crédito a Deus. Eles vão dizer: “Olha, milhares, centenas de gentios se converteram, milagres foram feitos! ” Ó, eles falaram da conversão do governador da Ilha de Chipre, Sérgio Paulo.
Falaram do juízo de Deus contra o falso profeta Bar-Jesus, através de Paulo. Falaram da conversão de judeus, prosélitos, tementes a Deus em Antioquia, Icônio, Listra e Derbe. Contaram aquele milagre que Paulo fez em Listra, levantando aquele coxo, né, a ponto de que a cidade inteira pensava que era Júpiter e Mercúrio, que eram os deuses gregos que tinham descido até a Terra, tal a demonstração de poder.
Eles contaram a perseguição que os judeus fizeram em cada cidade. Cada cidade, eles disseram tudo que Deus tinha feito através deles para trazer os gentios ao conhecimento do evangelho. E, com certeza, os presbíteros, os apóstolos e toda a igreja de Jerusalém estavam felizes com isso, porque eles já tinham entendido, pouco tempo antes, no capítulo 11, eles tinham questionado Pedro a respeito de Pedro ter pregado o evangelho aos gentios.
E quando Pedro explicou o que é que Deus fez, aquela visão do lençol, a descida do Espírito Santo lá na casa de Cornélio, a igreja se aquietou e aceitou. Então, isso aqui não era novidade; já estava mais ou menos resolvido que os gentios eram aceitos na igreja, sem necessidade dos costumes judaicos. Mas veja como começa o verso 5: “Mas alguns membros do partido dos fariseus, que haviam crido, sim, surgiram, se revoltaram.
” Eles disseram: “Nós não aceitamos isso. ” Isso está dizendo que eles surgiram é porque está pressupondo que já havia um consenso de que não era para exigir nada dos gentios. Os fariseus se insurgiram contra esse consenso que já estava se formando; já estava formado a respeito da situação dos gentios dentro da igreja.
Eles se levantaram e disseram, né? Eles eram fariseus que tinham crido. Aquilo que eu falei, eram crentes, mas ainda não tinham percebido todas as implicações do que Cristo havia feito na cruz do Calvário.
E eles então disseram: “É necessário circuncidá-los e ordenar-lhes que observem a lei de Moisés. É necessário para que eles sejam salvos, para que eles façam parte da igreja, para que eles sejam um conosco, para que a igreja seja una, para que a unidade seja preservada. É preciso que eles se tornem entre no judaísmo para que possam ser cristãos, para que possam, de fato, ser recebidos como cristãos verdadeiros.
” Bom, o que vai acontecer depois é o que chamamos de o primeiro grande concílio da igreja, quando os presbíteros e apóstolos se reuniram para discutir essa questão. E nós vamos ver isso a partir da próxima segunda-feira, se Deus quiser. Mas eu quero terminar com algumas observações aqui.
Primeiro, como um pequeno grupo de heréticos pode causar uma perturbação tão grande na igreja. É assim que começam as divisões; eu já falei sobre isso, e as contendas dentro da igreja vêm de um grupo pequeno que se insurgem contra aquilo que é o consenso estabelecido e bíblico, e está correto. Mas eles acham que têm uma compreensão superior àquela dos apóstolos de Cristo, no caso aqui, mais do que o próprio Paulo e daquilo que a igreja de Jerusalém já tinha resolvido no caso de Cornélio.
E eles querem apresentar uma novidade ou uma doutrina que eles entendem que é essencial. É crucial, infelizmente, a nossa história como protestantes. Ela é marcada, às vezes, por esse tipo de coisa.
Graças a Deus que a maior parte das divisões entre nós é por conta de assuntos secundários e por briguinha de poder. A igreja se divide na pessoa do pastor que quer ter seu ministério, briga com o pastor da igreja e sai para abrir o ministério dele e ser o pastor titular. Ele não gosta de ser auxiliar, quer ser titular e vai fazer sua própria igreja; quer ser pastor presidente, não aceita outra coisa.
Então, tem muita briga que é por conta disso. Mas esses que são ideologicamente motivados, doutrinariamente motivados, como era o caso desses aqui do partido dos fariseus, dão muito trabalho e são causadores de dissensões e facções dentro da igreja. A segunda coisa que eu queria tirar aqui do texto para nós é que a doutrina da salvação pela graça sempre despertou rebelião.
Somos salvos pela graça, não é por mérito. Não é por nada que você faz; não é porque você merece, não é porque você é bom, não é porque você segue regras, não é porque você cumpre determinadas práticas, não é porque você é circuncidado, não é porque você segue o calendário hebraico, não é porque você segue a dieta dos judeus, come as coisas e outras não. Nós não somos salvos por absolutamente qualquer método que tenha como base algo que nós fazemos.
O nome para isso é obras. Nós não somos salvos por obras, obras religiosas, de caridade, de moralidade, de espiritualidade. Por quê?
Porque nós somos pecadores e as nossas melhores obras estão manchadas pelo pecado; portanto, elas são inaceitáveis diante de Deus. Mesmo o melhor de nós, os seres humanos mais elevados que possa haver no planeta, estão manchados pelo pecado em todas as suas faculdades. Então, seus pensamentos, suas emoções, suas decisões, de alguma forma, estão manchadas pelo pecado e, portanto, são inaceitáveis diante de Deus.
Se você pensa que, de alguma maneira, você vai ser aceito por Deus, que você vai ser salvo, que você vai morrer e vai para o céu ou vai encontrar o favor de Deus porque você merece, porque você fez alguma coisa, você ainda está como esse sorriso aqui. Você ainda não entendeu o evangelho. Você ainda não entendeu o evangelho.
A mensagem da graça sempre provoca reações do tipo: "mas essa é uma mensagem muito perigosa", porque, uma vez que a pessoa está convencida de que é salva pela graça, sem obras, ela vai se sentir à vontade para viver de qualquer maneira. "Já que eu sou salvo não pela minha conduta, mas pelo que eu creio, se eu tenho fé em Jesus, eu posso me comportar de qualquer maneira, e Deus vai me salvar, porque o que salva é a fé e não as obras", certo, né? Sim, e não.
Você está tirando uma conclusão indevida de uma doutrina correta. Nós somos salvos pela graça; só que a graça de Deus nos salva não somente da culpa do pecado, mas do domínio do pecado sobre nós. O problema com esse tipo de raciocínio é que ele é reducionista; ele reduz a graça de Deus apenas à questão da culpa.
Mas nosso problema é muito mais grave: não somente somos culpados, mas somos contaminados e dominados pelo pecado. A graça de Deus se manifesta nos salvando da culpa e do domínio do pecado. Eu sou livre para fazer a vontade de Deus.
Então, quando a graça alcança alguém, muda o status daquela pessoa diante de Deus. Ela, de culpada e condenada, passa a ser salva e muda o princípio fundamental da sua vida. Em vez de estar orientada agora para o pecado, ela agora é uma nova criatura; o Espírito Santo habita nela.
Ela é orientada para Deus e para as coisas de Deus. Há uma mudança. A graça muda; ela não é, na famosa frase, uma graça barata, mas uma graça que faz essa transformação.
E a última coisa que eu gostaria de trazer para vocês nessa noite, tirando desse texto aqui, é a necessidade da gente lutar para defender e estabelecer a verdade. Eu creio que falta muito isso hoje. O nosso século, a maneira da nossa sociedade viver, a maneira do nosso povo pensar, não permitiria o surgimento de pessoas como Paulo e Barnabé, que se levantaram, fizeram uma confusão e disseram: "não, nós não vamos aceitar esse tipo de erro; isso aqui é contra o evangelho de Cristo.
Nós não vamos nos submeter. Se quiser brigar, vamos até o fim. Vamos para Jerusalém discutir lá.
Se é lá que a gente vai brigar, vamos brigar lá. " Então, hoje em dia, a gente prefere dizer assim: "não, isso é apenas uma questão de opinião. " Não é?
Esses fariseus são nossos irmãos, eles estão ensinando alguma coisa assim; não é bem a verdade, mas que mal pode haver? Não é? E é bom que a gente tenha muitas opiniões na igreja, não é?
Isso porque as pessoas precisam pensar. Esse negócio de verdade absoluta, só tem uma verdade, um caminho. Se Paulo e Barnabé acreditassem que têm versões diferentes do evangelho, todas elas válidas, eles não teriam feito essa confusão.
Eles fizeram essa confusão exatamente porque existe uma interpretação correta do evangelho e as outras são falsas. Infelizmente, a nossa época é uma época em que não se permite muito isso, né? As pessoas tendem mais a levar de qualquer jeito: "não vamos prejudicar ninguém," não é?
Politicamente correto. Mas nós precisamos saber que, embora o evangelho seja de Deus, ele nos deu a tarefa de lutar pela verdade que uma vez por todas foi dada aos santos. É nossa obrigação nos levantar, se for preciso, brigaremos e enfrentaremos o erro e os falsos profetas para que a verdade de Deus permaneça entre nós em cada geração de cristãos.
Tem essa responsabilidade de preservar a verdade de Deus, que é que somos justificados gratuitamente mediante a graça de Deus, pela fé em Cristo Jesus. Que Deus nos dê coragem e força nessa geração, irmãos, para lutar pela verdade do Evangelho, como nós vemos aqui. Amém.