gostaria inicialmente de agradecer o convite do espaço cultural CPFL e ao professor Antônio Carlos Moraes que organiza esse módulo eh inicialmente dizer a vocês que a temática com essa palavra que o delus do guatarri chamavam de palavra Bárbara dess territorialização eh Na verdade uma temática bastante difundida pelo menos nos últimos 10 anos não só na Geografia mas também fora da da nossa área específica de de trabalho e eu particularmente tenho trabalhado com esse tema da desterritorialização pelo menos desde 94 95 quando eu tava fazendo a minha tese de doutorado analisando a migração dos Gaúchos pelo
interior do Brasil no que eu chamei da rede Regional Gaúcha no interior brasileiro eh uma migração muito importante né porque eles difundiram pelo interior do Brasil e continuam difundindo uma série de não só a parte de inovação tecnológica principalmente a partir da cultura da soja mas também toda uma a relação cultural e política né com os locais onde eles se situam o que eh faz com que se diga que é um grupo migrante claramente não D territorializado né É um grupo que na verdade constrói novas territorialidades a partir desse empírico né dessa base concreta que
eu trabalhei com a migração sulista no interior do Brasil e até fora do Brasil também depois eu expandi no final dos anos 90 esse trabalho para Os migrantes sulistas no no Paraguai eh na Argentina e no Uruguai os vizinhos aqui do Mercosul tentando ver também as consquências desse movimento migratório para essas áreas E na verdade a partir daí começou a se expandir o meu interesse pelo tema eu comecei a tentar fazer um levantamento principalmente para autores fora da geografia de como que eles eh trabalhavam com o tema e utilizavam o termo D territorialização mas na
maioria das vezes sem discutir o conceito de território que ficava por trás né a base teórica eh sobre o conceito de território o qual eles estavam utilizando ao falar de desterritorialização Então se percebe que há um movimento dentro das Ciências Sociais a partir dos anos 90 para cá de trabalhar muito com a expressão desterritorialização mas sem uma certa muitas vezes uma consistência teórica na medida em que não há uma discussão sobre que conceito de território esses autores estão se referindo então o nosso trabalho ele foi muito em cima de uma análise crítica dessa desse movimento
né da desterritorialização e na verdade falar mais da construção de novas territorialidades que é o que a gente acredita e não tanto um movimento simples né lateral de destruição de territórios uma dialética então que se estabelece entre o movimento de destruição de territórios e de reconstrução deles então a o que eu trago para vocês pra gente debater eh se estrutura numa primeira parte uma visão mais teórica né um pouco árida sobre a temática da desterritorialização que eu coloquei aí problemática e proposição o conceito de território a partir do qual a gente tem que eh analisar
o processo de destruição ou não de territórios o que eu chamei de rompendo as dicotomias né que muitos desses discursos que falam de que o homem tá perdendo hoje a sua base territorial eles têm como pano de fundo uma série de dicotomias entre elas a dicotomia entre espaço e tempo né como se o território fosse fixação e mobilidade e a rede ou a a a essa esse processo que domina o mundo contemporâneo fosse um processo então de mobilidade Extrema e portanto de desterritorialização eh existe uma um outro debate interessante A partir dessa reconstrução do conceito
de território naquilo que eu tô denominando de território zona e territórios rede uma distinção entre os dois para mostrar que a gente na verdade tá passando uma sociedade cuja base era a construção em cima do que a gente chama de território zona e a proposta hoje então da gente entender o mundo a partir da ideia de territórios rede e não de uma dicotomia território de um lado e rede de outro como alguns autores propõem a ideia então é discutir um conceito chamado multiterritorialidade que eu acho que dá conta melhor da realidade que a gente tá
vivendo hoje do que o processo de desterritorialização dois exemplos que vão aparecer aí de uma maneira um tanto rápida porque o tempo também não vai permitir uma análise mais aprofundada mas eu escolhi aí o terrorismo né as redes principalmente da alcaida as redes do terrorismo globalizado e principalmente as diásporas que eu acho que é um tema que eu posso falar um pouco mais sobre ele Porque trabalhei também na época ess essa migração dos dos sulistas pelo interior do Brasil e nos nos vizinhos do mérica do Sul eu chamei de diáspora Gaúcha só que eu tive
que usar entre aspas porque na verdade eh não configura exatamente uma diáspora a gente vai ver por depois quando chegar nessa exemplificação e por fim então o que que sobraria para desterritorialização né a tentativa que eu faço é da associar ao invés de chamar de desterritorialização eu chamo de territorialização precária e paralelo a esse processo né de de precarização dos territórios humanos nós teríamos também um processo concomitante do que eu tô chamando de reclusão territorial só que a não vai dar muito tempo pra gente comentar eu vou colocar mais como uma temática para ser desdobrada
né Depois eh na medida em que é uma pesquisa também que eu tô tô iniciando e coloquei não concluindo porque a conclusão realmente vai ficar né a gente vai ficar devendo para vocês alguns e deixar mais algumas questões do que propriamente respostas então inicialmente quando se fala né de desterritorialização eh o que muitos autores denominam desterritorialização em visões muitas vezes dicotômicas né na verdade se refere à criação de novos tipos de território os quais podemos denominar territórios rede ou redes que un em múltiplos territórios e de forma mais complexa a intensificação do fenômeno do que
a gente chama então de multiterritorialidade essa vivência né de múltiplos territórios ao mesmo tempo concomitantemente ou consecutivamente a gente vai ver depois duas formas de realizar essa multiterritorialidade no mundo contemporâneo ao mesmo tempo não devemos esquecer que se intensificam os processos de precarização e ou de reclusão territorial de fechamento também né a formas territoriais de fechar novos muros que estão sendo construídos mundo a fó que mostra que há uma uma concomitante né retomada desses princípios mais tradicionais de territorialização através da reclusão que eu chamo aí de velhas estratégias de controle territorial o mais adequado portanto
seria utilizar o termo desterritorialização nunca dissociado de territorialização numa dialética entre os dois relacionado a um conteúdo social ou seja os processos de precarização entre aspas aí já que esse tema é muito polêmico esse termo é muito polêmico exclusão territorial então inicialmente a parte mais teórica né da do nosso debate eh acho que é importante começar falando da importância né dessa utilização do termo desterritorialização no mundo contemporâneo para entender os processos sociais que estão se desencadeando E aí eu tentei fazer um levantamento obviamente não exaustivo mas um levantamento que percorreu vários autores eh grande parte
deles fora da área da geografia que utilizam o termo e aí a gente se pergunta sempre né Qual é o conceito Território que tá por trás desses discursos deles sobre a desterritorialização E aí eu identifiquei pelo menos quatro grandes proposições uma de base mais econômica uma de base mais política outra de base mais cultural e finalmente uma perspectiva filosófica que é o dos dois autores do delus e guatarri que são aqueles que mais desdobraram né uma discussão teórica filosófica sobre o tema da da des territorialização então iniciando pela desterritorialização numa perspectiva Econômica a gente pode
citar por exemplo o Sérgio latus esse autor sociólogo francês em que ele numa noção muito Ampla de desterritorialização ele diz que a própria modernidade capitalista né o próprio processo de modernização que o capitalismo impõe é um processo essencialmente D territorializado Portanto o mundo moderno e mais ainda o mundo globalizado Hoje seria praticamente sinônimo globalização de desterritorialização outros autores colocam aí Mais especificamente para momento contemporâneo do capitalismo né como o momento da desterritorialização ligado ao capitalismo dito pós-fordista ou capitalismo de acumulação flexível E aí vem autores inclusive da própria geografia o Michael storper esse geógrafo ele
define a desterritorialização associada muito com a questão das empresas de como elas têm uma mobilidade muito grande no mundo contemporâneo e aquilo que outros autores chamam de deslocalização né as empresas estariam deslocalizadas ou teriam uma localização muitíssimo flexível no mapa mund né poderiam sair e entrar num país com uma rapidez incrível e chama isso de um processo de desterritorialização muito ligado ao caso específico das grandes empresas um outro autor interessante o PR Levi vocês devem conhecer do trabalho dele o que é virtual cibercultura vários livros que ele escreveu sobre ligados né A questão do do
chamado ciberespaço e ele usa o tempo inteiro o termo dess territorialização muito ligado essa virtualização do mundo contemporâneo e que outros autores também vão ligar a própria esfera né Econômica ao teletrabalho né que seria um trabalho então desenvolvido de uma forma desterritorializada não tem mais a necessidade do Trabalhador ficar dentro da firma dentro da da empresa trabalhando pode trabalhar em casa e o trabalho é todo feito né através do do computador então isso aí também seria uma evidência de um processo de desterritorialização para essa visão né desses autores já outros que vê a doraliza priorizando
a perspectiva mais política como bertran que é um sociólogo francês e o Omai que é um guru aí da da globalização eles vão dizer que o estado hoje está se debilitando né tá entrando em crise e as fronteiras não tem mais o peso né que elas tinham no passado e com isso o discurso do fim do Estado nação e do fim das Fronteiras ou pretenso né fim a gente tá cheio de discursos aí dos fins eh seria uma evidência da desterritorialização contemporânea a gente vai ver depois está muito ligado a uma visão bastante restrita de
território que associa a ideia de território sempre ao estado nação né como se o único território existente fosse o território do Estado outros autores vão dizer que o mundo hoje é uma sociedade em rede né o castelos é o talvez o principal autor Manuel castels dessa linha de pensamento né E que dominada pelas redes pelo espaço de fluxos não haveria mais fixação né uma certa estabilidade territorial no mundo e portanto haveria um processo também de desterritorialização por fim o negro e o Hart no livro deles Império né trabalham também aí já com uma perspectiva associando
com o delus e guatarri eh dizendo que que a ideia de Império contemporâneo né que não é exatamente ligada a ideia de imperialismo Aliás o imperialismo seria teria ainda essa base territorial forte né o domínio de estados né de áreas de zonas aí ao longo do planeta a ideia de Império para ele seria claramente né ligado à ideia de desterritorialização não teria mais uma base territorial Clara definida eh a terceira perspectiva perspectiva cultural a desação pode ser vista como produto do hibridismo cultural o cancin é um autor tem o livro dele Cultura híbridas né onde
ele propõe essa ideia de que o mundo estaria então culturalmente se desterritorializado não haveriam mais identidades claramente definidas né com fronteiras que você pode identificar essa base territorial então ficaria em segundo plano então ele associa hibridismo cultural com desterritorialização como se não se pudesse reterritorialização da nossa identidade ou pretense identidade latino-americana se vê uma série de elementos né híbridos aí preses e formas também de se construir territórios a partir desse ddis eh o apad durai também numa perspectiva cultural ele fala usa o termo translocal como sinônimo de desterritorialização o mundo hoje não teria mais locais
específicos né de construção aí da da de reprodução né dos grupos sociais seriam translocal né localidades que estão abertas a a globalização e que ele denomina de translocal eh por fim a desrealização per filosófica a visão do delus e do guatarri em que eles associam muito aí uma visão muito mais eh do âmbito específico da filosofia né associam desterritorialização com linha de fuga como esse movimento de saída né do território e de eh que eles associam também com a ideia do Devir né da da da do aparecimento do novo do do do efetivamente novo né
Como como o momento da da desterritorialização só que depois eles logo acrescentam de que sempre todo o movimento de desterritorialização leva concomitantemente a um movimento de reterritorialização E aí a gente vai tomar como base alguns elementos do delus e do guatarri também para construir a nossa ideia do que seria a a desterritorialização agora fazendo contraponto né tendo então a problemática da desterritorialização delineada para nós como é que ficariam os conceitos de território que a gente pode identificar por trás desses discursos da da desterritorialização e o que eu chamei do território um conceito múltiplo né as
múltiplas Vertentes de definição do território depois no final a gente vai fazer uma proposta para ver como é que a gente poderia trabalhar hoje com a ideia de de território eu identifiquei nesse momento pelo menos depois mais adiante eu vou identificar um terceiro eh duas formas então duas linhas principais de construção do conceito de território uma que eu chamei de perspectivas mais materialistas e outra perspectivas mais idealistas obviamente que vão predominar as perspectivas mais materialistas porque o elemento material é é imprescindível né quando você fala em território lembra sempre dessa base material que ele corresponde
aí nós seríamos pelo menos duas visões uma aquela mais simples do território como o espaço material mesmo sinônimo de materialidade né do mundo ou substrato né físico e aquilo que é fixo a materialidade do mundo o território como sinônimo da materialidade do mundo levaria a pensar numa desterritorialização como Aquela do Pr Levi né que associa com o domínio hoje do mundo virtual e mundo ou do ciberespaço né onde não haveria a necessidade dessa base material O que é já de sair um grande problema né porque você não pode pensar num ciberespaço que paira né além
ou paralelo ao mundo material né a gente tem que discutir sempre uma ideia de que ele tá sempre ligado né uma dimensão material Em algum momento você vai ter que ter essa relação com o mundo né material então portanto já de saída né a gente não vai fazer essa visão dicotômica que separa um ciberespaço uma comunidade meramente virtual e outra comunidade entre aspas real Outra ideia também de território que associa simplesmente com a distância física né se vê também esses discursos e aí a a deser ritualização é o discurso do fim das distâncias né Tem
até um livro de uma uma jornalista ou não me lembro bem a formação dela do que trabalha de economist aquela revista inglês foi traduzido do português se chamou fim das distâncias né E aí eu associei também com o termo do do nosso geógrafo