"ENTRE RIOS" - a urbanização de São Paulo

[Música] [Música] C [Música] [Música] [Música] você está vendo esse rio e aquela Colina não dá para ver muito bem né mas foi à margens desse Rio no alto dessa Colina que nasceu a vila de São Paulo de Piratininga Piratininga é o antigo nome do Rio tamando na língua tupi quer dizer Rio do Peixe seco na época das chuvas o Rio transbordava e ocupava toda essa área quando a água baixava muitos peixes ficavam presos e acabavam morrendo a morte desses peixes atraía as formigas e atrás das formigas vinham os tamanduás o Rio do Peixe seco se

tornou o rio do Tamanduá o tamandua quando Jesuítas chegaram aproveitaram a sabedoria dos índios e instalaram sua Capela ao lado das duas tribos que viviam no alto dessa Colina a região era privilegiada pra fundação de uma vila naquele tempo e o local os índios já tinham escolhido há muito tempo não eram os portugueses que escolhiam e Eles escolheram sabiamente um ponto plano entre o rio Tamanduateí e o rio gaba que era um Ribeirão eh que portanto eles tinham um num lado um local fácil de um rio menor que local que tinha mata nesse tempo para

pegar água limpa para consumo e do outro lado o rio tamando do atei que era maior pelo qual eles chegavam podiam circular em toda a região por via [Música] fluvial aproximadamente 300 anos a vila de São Paulo só existiu por causa desses dois [Música] fios hoje a maioria nem nota sua existência a máquina fotográfica chegou a tempo de registrar as mudanças que essa paisagem iria sofrer atrás de lado do M Esse aí é o rio tomando ati um dia ele ja beirou a Rua 25 de Março e nas suas margens havia um Porto naquele tempo

Essa já era uma área de intenso comércio popular ali se encontrava o mercado dos caipiras local onde pescadores e Produtores Rurais comercializavam seus produtos a do café pelo interior do Estado atraiu investimentos para São Paulo em 1867 é inaugurada A Ferrovia São Paulo railway a única ferrovia que fazia ligação com o mar ela utilizou o Vale do tamando a como rota reforçando a posição estratégica da cidade como ponto de encontro de várias [Música] ferrovias esses trilhos marcaram a entrada do Brasil na modernidade a velocidade da máquina transformou a vida na cidade e alterou de forma

marcante sua relação com os hius os peixes que antes eram tirados dos rios agora vinham diretamente do mar trazidos em vagões as distâncias se encurtaram e pouco a pouco os rios que eram a razão da existência da cidade tornaram-se obstáculos ao seu crescimento a construção do viaduto do chá sobre o Vale do Anhangabaú foi o primeiro Marco de superação à Barreiras que os rios impunham a expansão da cidade todo feito em metal importado da Alemanha ele ligou velho aos novos loteamentos que surgiam a oeste da cidade esses bairros destinados à Elite cafeira que vinha do

interior para a capital usufruir das comodidades da vida moderna contariam com uma infraestrutura que mudaria ainda mais a relação da cidade com seus cius a água encanada para garantir o sucesso de seus Empreendimentos os roteadores fundaram em 1878 o primeiro sistema de abastecimento de água de São Paulo a companhia de águas esgoto Cantareira [Música] [Aplausos] [Música] quanto maior o número de pessoas maior a necessidade de água quanto maior o consumo de água maior o esgoto gerado esse esgoto era despejado nas varjas dos rios que cruzavam a cidade o que causava um grave problema sanitário presidente

da província que seria o prefeito de hoje já estava endividado que uma questão crônica né precisava fazer caixa E alguém deu uma ideia para ele falou assim olha senhor presidente da província por o senhor não pega essa essa área aqui que é a leito que é o leito maior dos rios que é o matagal cheio de mosquito aproveita né Essa questão dramática né das doenças e a gente a terra loteia e vende isso ou seja os argumentos sanitaristas né Hidráulicos serviram para um verdadeiro objetivo mercantilista né a elite Paulistana sonhava em construir uma cidade como

as que vinam suas viagens pela Europa e seus fios não se encaixavam nesse sonho não do jeito que eram a solução escolhida foi transformar os fios cortar suas Curvas e afundar seu leito assim eles levariam o esgoto mais rápido para longe da nossa Vista o tamando ati se viu alejado de suas antigas margens o Rio cedeu seu espaço e foi quem pagou a conta das reformas urbanas na década de 20 os dois rios que dividiam a cidade foram transformados em parques o Parque do Anhangabaú sobre o Riacho com seu nome já canalizado e enterrado e

o Parque Dom Pedro I às margens do rio Tamanduateí os dois rios entre os quais a cidade havia sido fundada não representavam mais limites a sua expansão mas a Metrópole crescia em ritmo acelerado em pouco tempo ela se encontraria na mesma condição barrada Entre Rios estes rios que nós temos rio Pinheiros o t são rios de planice e rios de planice são lentos serpenteiam na superfície por onde correm formam meandros então esses dois rios aqui nossos eram cheinhos de me bonito que você nem imagina sabe serpenteando sobre a vár é que de um de uma

cheia para outra eles até mudavam de lugar e e mudavam de lugar dentro de uma superfície que é a vasia de inundação Periódica do Rio essas áreas ocupadas pelas águas apenas em uma fase do ano despertava enorme interesse imobiliário as inundações castigavam a população mais pobre que se submetia morar nas baixadas o que criava um transtorno político que alimentava as discussões sobre a canalização do Rio TT nós tivemos aqui em São Paulo na Escola Politécnica dois embates ideológicos um do grande Engenheiro sanitarista chamado Saturnino de Brito Francisco Saturnino de Brito que projetou por exemplo os

canais de Santos ele era presidente da comão de melhoramento do Rio tit em 1922 1920 e como presidente da Comissão de melhoramento do Rio tit ele propõe o seguinte a o resgate que ainda dava tempo da orla fluvial urbana do primordial logradouro público da futura Metrópole ele ele dizia o seguinte que nós Devíamos garantir a integridade do leito maior o da vs do Rio tit que tinha uma largura média de 1 km A 500 m e na verdade pro certo de Brito eh todo toda a confluência de rio aqui no na na metrópole de São

Paulo ter teria que ser formado um lago como o lago de Ibirapuera esse Lago seria na verdade o coração o núcleo aquático da formação de um cinturão de parque né com bosques e assim por diante essa era a visão sofisticadíssima do Engenheiro Francisco Saturnino de Brito que tinha como o seu colega de trabalho né um antagônico também chamado Francisco Francisco com o Prest esmaia o Prest esmaia fez o livro dele famoso livro que é o embate ao ao ao Parque dos estat Unidos de Brito ele fez uma uma proposta que era o plano de avenidas

para cade de São Paulo Francisco pris Maia junto com olhou a Cintra eram técnicos que falavam o que os empreendedores queriam ouvir que era realmente justificar o tal desenvolvimento da cidade de São Paulo através de um plano de avenidas Radial concêntrico Moscou tem um sistema Radial concêntrico Lon tem um sistema Radial concêntrico Viena também tem a famosa ring strass Paris também tem só que o pris Maia de modo Maroto só negou a informação que antes de fazer o o sistema Radial concêntrico de avenidas Viena já tinha o anel Ferroviário e antes do anel Ferroviário que

é a mãe da ferrovia a hidrovia Viena já tinha o anel hidroviário do novo Danúbio Paris também tinha o anel hidroviário formado pelo Sena S Deni san marttin Moscou também tinha um anel hidroviário para depois fazer o anel Ferroviário ele só negou como se tivesse queimando etapa vou queimar etapa não vou passar pela hidrovia nem pela ferrovia vou fazer uma única modalidade pro cara não tem alternativa para realmente vender os carros senão V vou eu vou dividir né não vou vender carro vai vender trem vou vender barco né o carro em São Paulo ele ele

é carregado de uma carga simbólica que talvez não seja em outros lugares porque há uma houve principalmente no no até os anos Os anos 20 até o fim da República Velha e uma confusão entre o automóvel e e a identidade em São Paulo ele se transforma numa peça chave de um discurso de modernização mas não de discurso de modernização como a gente conhece discurso de modernização Progressista mas uma modernização vadora que propunha transformar a cidade de São Paulo naquilo que que os que os homens do PRP chamavam da Chicago da América do Sul ou seja

uma cidade tipicamente americana tomada por arranha céus autopistas automóveis esp parados por toda a cidade no ano de 1938 Prestes Maia foi nomeado prefeito de São Paulo e começou a concretizar as obras de seu plano para construir uma avenida seria necessário desocupar uma uma grande área o plano propune utilizar os fundos de Vale área dos rios e dos Córregos para a construção dessas novas Avenidas impróprias para construção essas áreas úmidas e alagadiças eram os espaços vazios na cidade o que garantia baixos custos com desapropriações e a valorização dos entornos após a obra as principais avenidas

de São Paulo como as marginais Pinheiros e Tetê Avenida do Estado a 9 de Julho e a 23 de Maio estavam propostas no plano de avenidas plano que estruturou o modo de expansão da cidade pris maa ficou no poder até 1945 Neste período ele finalizou a retificação do tit construiu a avenida de Julho e realizou uma série de outras obras viárias com o intuito de abrir espaço para esse que prometia modernizar o país o [Música] automóvel nas décadas seguintes várias outras Avenidas fundo de Vale foram construídas cidade crescia e a cada nova Baixada seu córgo

era canalizado e transformado em Avenida o plano de avenidas inaugurou uma prática que se estabeleceu como modelo na estruturação da cidade onde o espaço das águas se transformou no espaço dos carros o homem moldou o rio a seu modo colocou dentro de um cano e escondeu debaixo da terra para não na sujeira Mas isso não mudou a natureza do rio quando a chuva cai é para lá que a água vai e se não tiver espaço ela toma o que for necessário a a urbanização de São Paulo foi uma coisa tão violenta que ocupou o lugar

do Rio então enchente é coisa que nós inventamos entende ela é produto da urbanização o tamate você vê é um rio que nós chegamos na nós utilizamos ali a São hidráulica a mais confinada e a e a possível de se de se manter vazão né quer dizer é é uma sessão de concreto e e uma parede vertical né Di não tem mais como aumentar o rio ali nos anos 70 quando foi feito esse canal a sessão ali do Parque Dom Pedro I era considerado assim olha aqui aqui para inundar nós vamos precisar de uma vazão

que ocorre em média uma vez a cada 500 anos hoje essa vazão que era de 500 anos certamente deve ter caído para C já houve aí recentemente extravasamentos novamente no parque seg a cidade deu as costas para os rios o rio é sua base e ninguém sabe ninguém percebe ninguém vê a espinha dorsal dessa arquitetura idade são os rios os rios urbanos dizer se a gente realmente quer resolver o problema do Rio nós temos que resolver o problema do deslocamento é impossível fazer com que a cidade esteja de frente para o rio se nós não

resolvemos o problema de deslocamento de 20 milhões de pessoas na cidade hoje do jeito que está se você deixar a a administração pública da questão crônica que ela está de dívidas e e refém dos empreiteiros e desse urbanismo rodoviarista nós vamos cada vez mais pela lógica que a lógica mais ultrapassada que pode existir abrir mais estradas mais [Música] Avenidas seu acesso é perigoso seu contato proibido mais uma barreira mais uma ação que reafirma a única vocação que demos aos nossos Rios canal de escoamento de água e esgoto mas o carro pede espaço e São Paulo

não pode parar você está vendo essas Colinas essas ainda dão para ver né Mas provavelmente em pouco tempo essa paisagem será profundamente alterada aqui no Parque Santa Luzia em Mauá nasce o rio TAM tei esse mesmo e é também por onde passará o trecho Leste do Rodoanel aqui Tá previsto o traçado do Rodoanel segundo eles não passa na na na n senta na centa um pouquinho mais abaixo E esse rio foi um rio que já doou pra parte Econômica aqui da cidade a margem já doou as matas doou água Hoje ele é um rio que

tá morto né um rio que no conciente coletivo ele ele nem existe na realidade as pessoas a poucos metros daqui não sab que a a nascente está aqui bem ma [Aplausos] [Aplausos] á a fragilidade institucional do Brasil leva o quê a a a uma proeminência do privado sobre o público existe uma área pública entrega se área pública para privado especulação Imobiliária vence ou então Olha nós temos o dinheiro X para construir mais linhas de metrô não vamos construir mais pistas Marginal porque é bom pros automóveis e você nota a grande tendência em se investir sempre

da preferência sempre ao transporte individual nós estamos todos abduzidos para esse urbanismo rodoviarista todo mundo acha que precisa do automóvel na verdade não precisa Então dentro dessa visão de reversão disso no lugar de fluxo falar de percurso no lugar de esterilizar as ruas com esse urbanismo rodoviarista transformar os passeios públicos numa rua Viva No urbanismo da da confiança e não do medo que hoje as pessoas estão trancadas nos carros não é isso são resignadas esse pau de arara chamado de ônibus felizmente de todas as obras de arte da humanidade a cidade é a principal obra

de arte e felizmente é uma obra de arte inconclusa então é difícil arte de construção do espaço público que é coletivo né passa por esse reconhecimento para essa crítica e nós nos reinventarmos cotidianamente esse rio fomos nós que poluímos abduzidos resignados submetidos a esse olhar do colonizador cabe a nós conceber o espaço em que queremos viver o que vamos valorizar [Música] k [Música] k [Música] C [Música] k [Música] [Música] r