E a gente vai falar do resgate do Air France 447. É, a gente demorou seis dias, né, para encontrar os primeiros destroços dele, assim, né? eh, três dias de estro, seis dias o primeiro corpo e no naquele momento ali do início foi muita muito dedo assim apontado. Paref 447, o primeiro corpo foi localizado no sexto dia e o último corpo que a gente conseguiu localizar eh foi no 17º dia. Essa distância aqui, ó, entre o sexto dia e o 17º dia, 11 dias, deu 185 km. Se acontecer outro daqui 1 ano, eu olhei para ele
e falei assim: "A gente não tá preparado, tava no 1907". A primeira informação era assim, tem um avião de grande porte e a gente não sabia onde ele tava na verdade e pousou um avião num lugar aleatório que não era para ter pousado com a a pontinha da asa corroída, né? Eu tava em São José dos Campos nesse dia e aí vem a informação. Pô, ô Jorge, dá para dá para colocar o helicóptero um pouquinho pro lado, não sei o que, tá? Porque tá decolando um legacy e ele vai embora paraos Estados Unidos, vem o
Lega, a gente vê o legis taxiando e ele decola duas horas depois acabou o treinamento e aí eu recebo a telefonema. Falei, pô, estamos com situação aqui, tá diferente aqui. Eh, pô, desapareceer um gol e é o coordenador que vai ligar pra família para dar notícia boa ou ruim. Saudações aeronáuticas. Tudo bem com vocês? Muito bem-vindos ao Lund, aquele local onde a gente encontra pessoas para conversar e tenta extrair os dados da caixa preta da pessoa. E hoje eu tô com o cara aqui que, ó, vai dar papo aqui, hein? Vocês vão amar. A gente
calculou umas 7 horas de de podcast assim com cortes, mas acho que deve chegar umas 15. Tô aqui com o Silvio. Tudo bem? Pô, cara, eu vou deixar você se apresentar pro pessoal para eles entenderem o que que eu falei que vai rolar um papo muito legal aí. Tá joia. Bom, primeiro é um prazer tá aqui mesmo. Eh, reconhecer você publicamente é quase, né, pleasmo redundante, né? você já tem aí esse reconhecimento de todo o público, né? Mas eu acho que é muito legal a maneira como você leva o tema da aviação e traz luz
ao tema da aviação, explicando isso de forma didática, eh, para quem principalmente não é da aviação. Então, assim, no mundo que a gente vive de desinformação e tanta coisa aí que se fala da aviação, de caixa preta, de processo de investigação, Lito, eu acho que é realmente um prazer para mim tá aqui. Obrigado. Batendo esse papo aqui. Obado. É recíproco. Bom, Silvio, eh, na hora que você tiver suando lá na controlando toda, toda uma operação de salvamento, tem um negócio aqui para você, um presente da Insider para você. Não sei se você já usou o
Insider alguma vez, se não usou, você vai se apaixonar e vai querer comprar para sempre agora. Mas tem uma boa notícia que tem o cupom lito. O lito, 15% de desconto em toda a loja da Insider. E às vezes pega promoção lá, dá é desconto em cima de desconto, é só usar o cupom lito. Mas ó, a gente tá chegando no dia dos namorados, né? E tem aquele negócio de que que eu vou dar paraa minha namorada que não sei o quê. E hoje, hoje você trouxe sua namorada que vai, já vai livrar minha cara.
Já vou livrar minha cara, que aí não, isso não tem erro, tamanho não tem como errar o tamanho porque na insid tem um um negócio virtual lá que você coloca a altura da pessoa, já sabe que número que é que a pessoa usa, tá? Aproveita e já dá o presentinho do dia dos namorados aí que é bom. Obrigado, obrigado mesmo. Valeu, Insider. E ó, tem aí o link na descrição, o cupom lito, 15% de desconto. E ó, é dia dos namorados, né, moçada? Não faz, você não sabe o erro que é você não dar presente
no dia aos namorados. Eu sei, eu já passei. A gente aprende com os erros, por isso que eu tô aqui agora. São ações recomendadas, né? Isso. As ações recomendadas do acidentes, Lições aprendidas. Evitar novos acidentes. Exato. Então, ó, aproveita que tá a promoção lá no Zider. Então, vai lá e deixe sua namorada, seu amor feliz. Que eu não sei se é namorada ou namorada, então deixe o seu amor feliz. Bom, meu nome é Silvio. Eh, eu entrei na Força Aérea, na verdade, com 15 anos de idade. Me formei piloto de busca salvamento. E aí comecei
a trabalhar com resgate e não parei nunca mais. Então assim, no final das contas, eu construí aí uma vida, né, sempre trabalhando eh com situações de resgate. Eh, o sistema de busca salvamento aeronáutico é quem protege, né, a prestação dos serviços que a gente tem no país. E aí eu trabalhei como resgateiro, como piloto de busca de salvamento, como coordenador de operações de busaramento. E os últimos 13 anos da minha vida, eh, desses 30 dentro da Força Aérea, eh eu fiquei, na verdade, na gestão da prestação do serviço de buçalamento. É pra galera entender o
que que é isso, né? Então assim, a gente tem aí, eu já falo um número logo aqui são 2700 operações por ano. A gente fala assim, mas o que que é uma operação de busalamento? Então, uma operação de buçamento, quando a gente tem uma situação que envolvendo um avião ou uma embarcação que ela tem um perigo real ou iminente, a gente já tem uma operação de busamento constituída. Então são 2700 situações dessas que a gente lida anualmente. Eu vou eu vou só dividir isso por 365. [Risadas] É um número impressionante. Sete sete por dia. Mas
você falou um negócio que eu não sabia. Quer dizer, sabia, mas é a gente esquece. Às vezes quando a gente fala em busca e salvamento, a gente não tá falando só de aeronaves, né? Ah, é isso mesmo. Então, quando a gente fala assim, ó, sete por dia, mas não é assim. Aham. Porque acontece 15 no final de semana. Aham. 20 no final de semana, 30 no final de semana e na segunda-feira de manhã durante o expediente você quase não tem gente desaparecendo, né? Então vamos lá. Se hoje é para bater papo mesmo, pra gente aprender
um monte de coisa que eu gosto disso, né? de realmente, como você falou, eu gosto que as pessoas que não fazem parte do núcleo da aviação entendam como é que funciona isso para cada vez elas se sentirem mais confortáveis voando. Por exemplo, um cara que pega um jet ski, aí vai sai ali no Guarujá, sai pela enceada ali e e desaparece, desaparece. Esse é um caso de buscamento. Ele pode se tornar um caso de buscalamento. Como ele tá dentro de uma região urbana, o que que vai acontecer quando ele desaparecer? Alguém vai sentir falta dele.
Alguém vai sentir falta dele e vai trazer o problema para quem? Normalmente a porta de entrada é o bombeiro nesse caso. Aí o bombeiro inicia uma operação. Vamos supor que não consegue. É que você falou no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro tem o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro tem helicóptero, tem uma estrutura muito grande. Aham. Vamos fazer isso virar verdade. Vamos. Vamos subir lá para São Luís do Maranhão. Bora. Agora ele desapareceu lá. Aí agora eu tenho um lugar, uma região que tem menos estrutura de prestação do serviço de busalamento. Então o
que que eles fazem? Aí eles recorrem aos recursos federais. Que que significa na prática? Significa na prática que a força aérea vai entrar para jogo. Então ela entra ou ou e muitas vezes e um avião de busca e um meio de salvamento que normalmente é o helicóptero. Certo? Vamos dar caso real agora, um atrás do outro. Aqui ó, eh, navio e alguém navio mercante e alguém passa mal a bordo no litoral de do Nordeste. Tá acontecendo com muita frequência. Toda hora sai na mídia isso, né? Então o que que acontece aí? O navio faz uma
solicitação de emergência, ele tá longe da costa. Então, pra Marinha deslocar, suspender um navio de Marinha para ir até o local para fazer o salvamento é muito longe, não dá mais tempo. Que que eles fazem? Eles engajam, ou seja, eles designam um helicóptero que é baseado em Natal nesse caso, e ele decola e vai até a vertical do navio e faz o resgate de conve que a gente chama, tá? Aham. E aí traz de volta para segurança. Então esse esse grupo de busca e salvamento da ele é ele é um ele é um braço da
Força Aérea. É, ele é dentro da força aérea. Isso aí o serviço de busamento é um serviço público prestado de forma gratuita, indiscriminada, eh, para todo cidadão. Então assim, todo mundo que voar no espaço aéreo brasileiro tem direito a esse serviço. São 22 milhões de km quad. É, né? Então assim, é grande a nossa área. Nossa área não é pequenão 22. É exatamente é muita coisa. Então assim, você pega toda a porção continental e ele vai até o meridiano 10 aqui no Atlântico. É longe. E aí tudo que acontece nessa região é responsabilidade brasileira. Então
como é que funciona isso na prática? Você tem dentro da Força Aérea, você tem um esquadrão que é o esquadrão de busca e salvamento. Ele fica em Campo Grande, esquadrão pelicano, OK? Mas você tem outros esquadrões que também cumprem a missão de busca ou de salvamento. Então, de busca, por exemplo, você tem as aonárias de patrulha, eh, que já são amplamente empregadas, né? Você tem agora o o 390, que agora tá entrando também nessa nessa parte de avaliação operacional dele para emprego também. O de patrulha poderia entrar o P3 por o P3 e o P95.
Exato. É, são o Banderulha, né, e o P3. E aí você tem o 390 e você tem o Hércules, né? Então, essas aeronaves também fazem de forma eh secundária eh a prestação do serviço de busca, tá? Mas elas não conseguem fazer o salvamento, concorda? Então, o que que você emprega? Você emprega o helicóptero e aí o helicóptero ele tá Santa Maria, Campo Grande, Rio de Janeiro, Natal, Manaus. Então você tem esquadrões de helicóptero distribuídos no Brasil de forma que os raios operacionais, é muito difícil você falar assim, os raios operacionais eles se sobressaem. Não, não
dá, né? Nem nos Estados Unidos, Lit, não dá. Isso aí é irreal quando você fala de 22 milhões de km quadrados. Então assim, o que você faz, na verdade é tentar posicionar os seus recursos para minimizar o tempo de prestação de serviço de buscar e tudo isso com força aérea. O menos quadrão que vai fazer vacinação indígena, eh ação junto com a Polícia Federal, eh atendimento a queimada no Pantanal, é enchente no Rio Grande do Sul, é o esquadrão que também tem aquele perfil de que vai fazer o resgate numa situação de operação de busca
salvamento. Ah, entendi. Essa é a execução. Quem coordena esses caras? Aí são sindacas. Então dentro de cada sindacta tem um centro de coordenação de salvamento, que é o que a gente chama de salvaero, né? Na linguagem rá, tudo mais, tal. Aí os salvaos eles estão Manaus, Brasília, Curitiba e Recife. Sendo que Recife você tem dois, você tem um que atende o Nordeste e um que atende o Atlântico. Eles coabitam ali no mesmo espaço físico. Esses caras coordenam as operações de busalamento e aí é o é o volume. Então assim, entra a demanda, o avião decolou
de A para B no meio da Amazônia, não chegou em B. Aí tem aquela situação de quê? De incerteza. Ele entra na fase de emergência, tudo mais, tal, chega a informação ou pro órgão de controle ou pro bombeiro. E aí no final das contas acaba onde essa informação? Dentro do ACC, do centro de controle de área de Manaus ou no próprio salva amazônico, se a região é amazônica. Como é que funciona no dia a dia? Tem dois caras de serviço no salvaéo, um que é controlador de tráfego aéreo e um que é comunicações. Eles assumem
essa situação, a já acionam o coordenador de missão, que é um oficial de controle de tráfego aéreo ou piloto, para compor essa equipe de no mínimo três. E essa equipe agora, ela vai identificar o que que tá acontecendo e tomar as primeiras ações. Quais são as primeiras ações? Busca por comunicações. Então, começa entender. Ele decolou mesmo? Decolou. Ele não pousou mesmo. Não pousou. cheque alternativo. Então você cumpriu essas três primeiras pontas soltas. Hum. Resolveu que ele não tá ali, você tem uma operação de busamento que você vai possivelmente agora precisar decolar um meio de busca.
Então você já começa a colocar todo mundo de standby. O cara de comunicações, ele continua fazendo o que a gente chama de busca estendida, ou seja, ele vai começar agora ligar em fazenda, ele vai começar a entender quanto que ele tinha abastecido, descobrir a autonomia da aeronave, se tem plano de voo, qual foi o último plote radar, fazer rejogo do radar, como é que tava a metologia na região, falar com o cara que abasteceu, com o abastecedor, se realmente abasteceu e começa a identificar. É uma investigação. Ele começa a identificar assim, ó. Esse piloto quando
ele ia de A para B, ele passava em C, ele tinha uma um costume de que a hora que ele tava voando, ele cruzava pela direita do morro X ou ele voava dentro da casa. É uma investigação vida real. É assim. E aí você coloca um avião. Agora pro avião fazer a busca propriamente dito, você tem o manual internacional, aeronáutica e o marítimo de busca salvamento, que isso aí é definido pela ICAL. Então, todos os países do mundo trabalham a busca do mesma maneira. A gente fala muito de investigação, né? Isso. Isso eu quero falar
contigo. É, é, a investigação é o anexo 13. Aqui, ó. A busca é o anexo 12. São irmãos até no no na linha de anexo ali, a gente fala, são dois sistemas muito parecidos. Eu tô falando que vai ser bom, a gente vai falar disso aqui, porque esse cara aí, ele ele é humilde assim, mas a gente eu eu conheço tudo que ele participou, tá? E a gente vai falar do resgate do do da busca, né, do Air France 447. Mas v vamos voltar um pouquinho aqui, eh, né, para para encaixar nisso que você tá
falando. OK. No final de ano aí a gente teve um helicóptero que decolou do Campo de Marte, ia pra Ilhabela. Sim. E ele não chegou em Ilhabela, ele desapareceu. Desapareceu. E aí tinha uma comunicação, alguém fala: "Não, que o tempo tá ruim, não sei dá para furar o cara". Não, não dá para Eí ele pousou no lugar. Aí depois ele decola e tenta de novo. Tom uma decisão de de novo decolar. É, de novo decolado e aí ele desaparece, desapareceu. Então é essa parte que você tá falando aí das comunicações já começa com isso, né?
Já tem essas informações iniciais e ainda assim é muito difícil encontrar. É muito difícil porque ele primeiro ele não tinha um localizador de emergência. Pronto, começamos a falar nos milagres da tecnologia, que não são milagres, né? A tecnologia, na verdade, ela evolui para trazer o quê? segurança para esse mundo da aviação, né? Então assim, eh, aeronave quando ela vai entrar num estado de emergência, você pode acionar o que a gente chama de ELT, né, manualmente e em milissegundos a gente ter essa localização extremamente precisa, mas falta doutrina, falta costume, falta treinamento, falta um monte de
coisa, né? Mas esse caso, por exemplo, a gente é é muito é muito emblemático, né? Ele é clássico, né? Porque ele desaparece numa área que teoricamente é urbana. Eles aparecem entre São Paulo e litoral. É, eles aparecem num espaço de uma hora de voo. Ou seja, você sabe que tá ali. A pergunta é aonde ele tá? Uhum. Então agora você toma a decisão, que foi o que aconteceu, né? Engaja bombeiro, engaja a polícia, engaja um monte de gente que tá na região tentando fazer a mesma coisa. O salvo Curitiba acaba sendo acionado, aí entra com
o helicóptero da Força Aérea e eles começam então a entender o que que é eh a busca aumento. Toda funciona em cima do negócio chamado LKP, L position. A última posição conhecida. O quão o quão a ferida é essa a última posição? É um plot radar? É uma comunicação que ele passou por rádio, é um sinal de ELT, o, né, um sinal, um equipamento de emergência que fica embarcado, emite em 406 MHz. Eh, o que, qual é a última informação que eu tenho desse cara? Isso é a base pra gente definir tal da área quente,
né? Como é que como é que você define uma área de busca? é por é por probabilidade. É como se eu colocasse um grid e eu definisse eh o que a gente chama de eh pod, né, que é a probabilidade de detecção. Então eu defino, pô, eu tenho uma maior probabilidade de detecção nesse ponto aqui, nesse quadrado. Eu vou voar esse quadrado aqui, vou maximizar esforço. Encontrei? Ótimo. Não encontrei. Eu tenho agora uma uma probidade de detecção diferente nos quadrados que estão próximos e ele vai impactando e assim que vai indo a busca, né? Eh,
nesse caso do Robson, na verdade, eh, ainda existem outras coisas, né? Por exemplo, eu posso puxar o sinal de telefonia quando ele foi a última vez que ele captou um 5G do celular, não posso. É dado restrito isso. Então, isso é uma briga grande que ainda se tem. Ah, para aí precaria de autorização judicial. Judicial. Exatamente. E aí ela não é rápida. Com amorosidade que aí ela dá 48, 96 horas, você perdeu o timing, entendeu? Então a gente faz a solicitação, mas ainda tem essa demora. Então tem muita coisa que ainda é um pouco amarrada,
né? Lei da privacidade, tudo mais, tal. É super, eu entendo essa parte, né? Óbvio, né? Mas eh isso também atrapalha, né? O trabalho, na verdade, a eficácia, né? Ou a efetividade do da prestação do serviço de buscalamento. Uhum. Mas mesmo assim, eh, a gente sempre tem história, né, Litor? O lounge é para isso, né? É, o launde é para isso. Não vamos lá, vou te contar uma aqui, ó. Eh, existiu um helicóptero, eh, marido e mulher. Ele decola da casa dele e vem embora para São José dos Campos e desaparece no meio do caminho. Decola
da onde? De Angra. Da casa dele de Angra e vem para São José dos Campos e desaparece do meio do caminho. Ninguém sabe o que aconteceu. Eh, esse caso foi gerenciado por Brasília. Eu tava dentro do salvo Brasília nesse momento. A missão começa a acontecer. Eu falei para você, tinha um controlador e um comunicações. Eu eu era coordenador, mas eu não tava ali para isso. Na verdade, eu tava dando um treinamento, esperando para começar o horário. E aí a inicia a operação de busamento e eu assumo ela. Um dos primeiros contatos eu passo a mão
no telefone e ligo pro filho do piloto e converso com ele e ele fala assim para mim, eu eu pergunto para ele, ele falou assim, ó, a situação é a seguinte, me apresento e tudo mais, tal, ó, nós estamos com uma situação, tem uma maneira de você fazer isso, né? E aí eu explico para ele a situação, ó. eh, seu pai e sua mãe estavam dentro de um helicóptero. Eh, hoje de manhã eles decolaram de da casa de vocês pra empresa em São José dos Campos e até agora a gente não tem onde ele onde
ele pousou, né? Eh, a autonomia já acabou, então assim, ele tá pousado em algum lugar, isso é fato. Se tá acidentado ou não, a gente não consegue afirmar nesse momento, mas eu preciso da sua ajuda. Você já fez esse caminho com seu pai? Me conta por onde ele sobe a serra. Uhum. Aí ele olhou para mim e falou assim: "Olha, Silvio, meu pai tinha 28 caminhos que ele fazia para fazer esse trajeto". Ô louco, é um trajeto 1 hora e meia Litro de helicóptero. 28 caminhos diferentes para subir a serra. Foram 31, 32 dias de
busca e não encontramos esse helicóptero. Passou do anos, isso é a história real. Passou dois anos, um mateiro perdeu uma cabra, achou um helicóptero. Qual é a pergunta mais importante? Onde é que estão os corpos? Dentro ou fora? Porque se tivesse fora, quer dizer que eles tinham sobrevivido à queda, concorda? Sim. E a gente não tinha localizado com sucesso quando a gente fez a busca. E aí seria aí por situação do destino, a violência do acidente aéreo que normalmente vitima realmente as pessoas que estão a borda, eles estavam dentro do helicóptero. Helicóptero realmente acidente foi
um acidente feio e tudo mais, tal. e os dois estavam dentro do helicóptero. Mas veja, num espaço de 1 hora meia, serra do mar do lado, ou seja, teoricamente espaço de terreno pequeno, só que é muito vale essa área aqui onde caiu o Robson 44 voltando para ele. É muito vale. O cara entra voando, a árvore em cima fecha, que é a mesma característica de Amazônia, por exemplo, e você não consegue, você faz a busca por cima, você não pega, você tem que começar a pegar ela em diagonal, na verdade, o visual dele em diagonal,
entendeu? Passou 24 horas, 12 horas, 24 horas, você já não tem mais assim a possibilidade do, ah, vou fazer com diferencial de calor, né, com thermal, com NBG, você já não tem mais como usar muito essa tecnologia. A cobertura de de árvore já acabou. Exato. Então é é uma o a dificuldade é muito grande, né? Quando a gente fala do Airf 447, eh, a gente demorou seis dias, né, para encontrar os primeiros destroços dele, assim, né, eh, três dias de destroço, seis dias o primeiro corpo. E no, naquele momento ali do início foi muita, muito
dedo assim apontado. Pô, serviço de buso do Brasil, né, não sei o quê, pô. OK. Com a ICAL, a gente estava zerado na ICAL. Bom, não demora tanto. Aí você olha pro MH370 ali em 2014, nunca achou nada, entendeu? Porque é um avião grande, mas é um avião grande num oceano que é muito maior. Então assim, ele ele fica pequeno na verdade dentro do oceano. E o Less N Position, tá aquele lá, tudo bem, ele mandou lá a mensagem de ei caras, aí tinha lá latitude, longitude. É isso aí. Mas ele ainda tava em voo
antes de impactar. Táa aí depois tem vocês t que levar em conta a corrente marítima. É isso aí. Eh, e é o é o cálculo de drift. Na verdade eu tenho eh a gente pode falar assim vários vários casos, né? Eh, o Refrance 447, o primeiro corpo foi localizado no sexto dia e o último corpo que a gente conseguiu localizar foram 51 corpos durante a operação de busamento. Eh, foi no 17º dia. Então são 11 dias de intervalo. Só que só pra gente lembrar, esse avião, como é que ele tocou na água? Ele tocou na
água inteiro. É, tocou de chapa. Se ele tocou na água inteiro, você concorda que em tese todos os corpos estão no mesmo lugar, né? Essa distância aqui, ó, entre o sexto dia e o 17º dia, 11 dias, deu 185 km de de drift, né? De é de drift. É isso aí. Então, em 11 dias, esse mar espalhou tudo que você pode imaginar numa certa direção, porque ele abre, na verdade, essa direção, 185 km entre um corpo e outro. Então, foram recuperados 100 peças aproximadamente de debri, né, do avião em em 26 dias de operação de
busamento e 51 corpos. Mas assim, é um era um desespero porque assim você se a gente tem uma operação de busana na terra, gol 1907, outubro de 2006, depois que você encontrou os destroços, vocês estão ali, OK, chegou de noite, pô, hoje eu não consigo fazer mais nada, amanhã no nascer do sol eu tô aqui, mas o destroço tá lá. né? É, porque esse é o complicador, né? Quando, tipo, o a busca encontrou lá o o pedaço do avião. Encontrei, você tem a latitude e a longitude que você pega do sistema inercial do avião, mas
até alguma coisa chegar lá para resgatar aquele pedaço, ele não vai estar mais lá. Ele não tá mais lá. É isso aí. Aí você tem maneiras de trabalhar isso. Você joga, por exemplo, que a gente chama de boias, eh, é um nomezinho complexo para S, LMDB, self locator marca Boy. É uma boia, na verdade, que você joga, ela tem vários sistemas que fazem isso. A hora que você, ela bate na água, ela abre um paraquedinhas e ela começa a dar informação via satélite de corrente, vento, temperatura da água e temperatura do ar. Praticamente são essas
quatro. E aí ela joga isso aí por 30 dias, se você quiser, alguma coisa assim. Ah, então, quando chegou um momento que a França usou muito isso no Airfance 447, eram 20 aeronaves, 14 eram brasileiras, seis eram estrangeiras e a França tinha essas boias em muita quantidade. Naquele momento o Brasil não tinha essas boias. Te digo mais, eu posso falar isso porque a responsabilidade era minha. A gente não sabia nem da existência delas. A gente foi aprender sobre boia marítima marcadona com eles no Air France 447. Olha só. Aí desde 2012 ou 13 o Brasil
tem as boias já. Já faz 10 anos que a gente usa essas boias, tudo mais, tal, mas em 2009 a gente não sabia da existência delas. Então vamos lá. A França tava participando da bolsa. Sim. Estos também. Espanha também. Você também. Quem coordenava? Brasil. Brasil. Então você era o Sim. O coordenador na verdade ele obrigatoriamente por força da legislação da ICAL, ele tem que tá em Recife, né? E eu trabalhava já no DECE. A divisão de buscamento é dentro do DEC no Rio. Então a gente se organiza, na verdade é que é assim que funciona.
Então assim, o coordenador fica em Recife, num momento desse, lembra aquela equipe de três? Não dá mais como, né? não tem mais como. Então, a gente já tem que trabalhar com mais gente fazendo rodízio. E eu fiquei na supervisão da operação. Então, quando o acabou o Brasil assumiu a coordenação, logo no primeiro dia, eh, eu bati um papo com os colegas franceses, a gente sempre tem uma rede muito forte, porque tem que coordenar e aliar o que que cada um vai fazer. É, logo logo no primeiro dia, né, o o colega francês que era o
representante brasileiro ou representante francês para busca salvamento, me ligou, né, Silvio, vocês estão confortáveis, tá tudo bem, a gente pode assumir? Eu falei, depende de vocês, assim, se vocês quiserem assumir, a gente não tem problema com isso, mas a gente já está trabalhando no caso. Não, então fica com vocês, eu vou colocar avião à disposição e vocês usam conforme vocês precisarem. Aqui é manobrar. E quando fala de busca salamento é muito legal, Lito, porque eh existe um um umas teorias, né, que falam o seguinte: não existe um marketing melhor se olhar pra pessoa, né, e
falar assim: "Você me ajuda?" É porque é muito difícil o cara falar assim: "Não, não te ajudo". quando tem gente morrendo, né? Então assim, e dentro dessa comunidade de busca salvamento, existe um apoio mútuo absurdo, assim, todo mundo sempre tá muito disponível, né, a compartilhar dados, a a trabalhar juntos. Então, assim, não tem muito esse ego, sabe? Essa coisa do ah, eu tô fazendo, isso aqui é meu ou Não, eu eu acho que é é uma doação esse trabalho, todo mundo que participa de Galv, é uma doação de um ser humano para outro seres humanos.
É, é, é o juramento da busca sal no mundo, ele acaba com uma frase que é para que outros possam viver. Não é à toa. Aham. Né? É, ou é seu propósito de vida e você tem esse compromisso com a vida ou você não tá ali, entendeu? Você não você não serve para aquilo lá. Essa que é a verdade. Então, quando começou a operação, a gente assumiu, né, a operação de buscamento propriamente dito. Eles já colocaram os aviões à disposição na hora assim, a França, Espanha, Estados Unidos, a gente usa eles. Isso aí não é
problema, entendeu? Tem acordo operacional para isso, tudo mais, tal. E aí a gente começou a dar volume, na verdade, para colocar, maximizar eh busca na região, né, para poder entender. Só que a dinâmica do acidente também, ela tem uma dinâmica própria no meio do Oceano Atlântico. Então assim, nos primeiros dois dias a gente não encontrou nada. Foram 26 mensagens da Cars, né? Então a gente tinha um trajeto e tinha uma perspectiva de última posição conhecida. A partir da última posição conhecida, se você olhar o mapa de busca dos três primeiros dias, é isso aqui. Você
quase não enxerga o mapa de tanta de tanto padrão que foi feito cruzadinho naquela região e simplesmente não encontrava, cara. Fom encontrar o primeiro destroço na na no terceiro dia de busca só, né? Então assim, aí que a gente, pô, agora estamos fazendo certo, então agora agora dá mais jogo. No sexto dia veio os primeiros corpos, né? E aí a a a França entrou muito com o lançamento das boias marcadoras. Isso pra gente foi um divisor de águas, porque como ela lançava a boia, a gente também acompanhava, né? Então a gente conseguia entender como é
que o drift tava rodando agora. E aí começa um outro trabalho, né, de recolhimento, porque não é só você localizar. Localizei e agora tem que pegar. Que que eu faço? Como é que é a logística disso aqui? Então eu tenho que deslocar um navio até aquele lugar onde tá o destroço ou o corpo. Aquilo tem que vir a bordo, tem que ser transladado para um outro navio que vai trazer mais próximo de Fernando de Noronha dentro do raio operacional do meu helicóptero que tá em Noronha para ele poder pra vertical do navio, fazer o picap,
tira do navio, traz pra Noronha para embarcar num avião e aí distinguir para IML, eh, para fazer guarda de de material, que foram as peças recuperadas. Então, a logística, na verdade, é muito grande. Muito grande, gigantesca. Gigantesca. São histórias boas aí. É, não, essa e eu fico, eu fiquei abismado assim, por exemplo, as pessoas falam assim, né? Eu já falei isso em podcast, né? Ah, vão, já começou de novo a busca pelo Maleja, o MH 370. Sim, 370. E eu sempre falo assim, não vão encontrar. Por que que eu falo isso? Porque você tinha o
less no position do Air Friends e foi dois anos para encontrar a caixa preta. É isso mesmo. O Ninguém tem o o LKP LKP, né? Ninguém tem o LKP do MH70. tem uma umas teorias matemáticas baseadas em pings e satélite que geram uma área gigantesca enorme e numa região de oceano que também não tem a mesma característica do Atlântico e alta profundidade mais é Paífico Sul aqui é a onda começa em 20 25 m, né? é extremamente violento. Tanto é que é o é a é a porção porção de água que a gente tem no
globo terrestre com menor navegabilidade. É, não passa quase ninguém ali na não passa ninguém ali. Então assim, você tem você tem outros desafios aí no meio do caminho. É, já se passou muito tempo, quando aconteceu uma leja, eh, a coordenação inicial obviamente ficou da da Malásia, né, para pra operação de busamento e com uns 13 dias mais ou menos, se eu não tiver enganado, agora a memória pode me trair aqui, passou paraa Austrália. Quando passou paraa Austrália, a gente tinha um jogo muito bom com a Austrália, sempre fui amigo dos caras lá. E aí um
deles me ligou, falou assim: "Porra, Silvio, não sei o quê, me manda o material do Air France". Como que você, como que foi o processo de raciocínio de vocês em relação ao drift? E a gente mandou o material todo para ele. Aham. Tá aí, vamos, vamos trabalhar juntos. Se quiser compartilhar comigo, a gente trabalha junto, vamos lá, tal. Mas já tinha passado 15 dias. Então, assim, dependendo da teoria que você acredita, é do MH 370, né? Eh, com 15 dias já não ia ter muita coisa já na superfície, né? É. E os car buscando lá
no lado errado e já sabendo que não tava lá. E isso que me é é a revolta de metade da do do da aviação, acho que é essa, né? O Mas o o o caso do Air France assim, eh, ele ele foi emblemático, eh, primeiro porque ele tava aqui mais perto do, né, da da nossa da nossa costa. E na e na capa do teu livro tem o Sim. Isso aqui, isso aqui é um negócio gigantesco. Então você tava falando de logística, né? Então você tem que ter porque isso aqui é uma evidência importante paraa
investigação, porque até não terem encontrado a caixa preta, que durou 2 anos, isso aqui indicava como é que o avião tinha batido no sol no na, né, na superfície doce. da aeronave quando ela tocou a superfície do oceano. Exato. E aí, como é que faz o navios que recuperam isso aqui? Eles fazem parte do da busca de salvamento ou eles são contratados? Olito é legal porque a gente não combinou esse jogo antes, né? Essa pergunta é fantástica. É o Vamos lá. Os navios os navios da Marinha são navios de guerra. É, é, é bom ter
essa, essa, esse entendimento, né? O Brasil é um país constituído de uma maneira que a gente não tem guarda costeira. Então, o que a gente tem é marinha. E a marinha é uma marinha de guerra. Então os navios eles não têm essa esse perfil de ser um navio de passageiro, por exemplo, onde você tem cinco câmaras frias ou você tem uma tripulação com mais gente do que você precisa. Ele é um navio funcional. É. É isso, né? Então, como é que funcionava? A gente como é que funcionava? Como é que funcionava? O avião ele fazia
a busca a partir do momento que você eh identificava uma peça ou o corpo. Então essa essa informação agora ela desce pro centro de coordenação, coordena-se com a marinha para que o navio mais próximo chegue até essa região e faça a recuperação da peça ou do corpo. Só que é um navio grande. Como é que ele faz isso? Ele desce a lancha rápida, né? Vai até a peça, vai até o corpo, recupera isso, coloca, se for peça, vai colocar dentro do dentro do barco, se for corpo, vai colocar no saco preto, essa que é a
verdade. E agora ele volta pro navio, certo? E agora ele tem que issar isso para dentro do navio e aí alguns problemas acontecem, porque, por exemplo, é um navio de guerra. Então assim, eu vou comentar coisas aqui, é, vou comentar coisas aqui que eu não escrevo no livro, estão em está em relatório, não tô falando aqui de achismo, né? Mas assim, eh, esse saco preto agora com o corpo, ele passa numa borda dentro do navio, ele rasga. Rasga, acontece o quê? Sai o líquido de dentro. Aham. E aí você começa a ter um impacto social
naquela tripulação psicológica que não é preparada para isso. Ela é preparada para a guerra. É, é isso que tem que ter esse entendimento, né? E a hora que você começa a ter esse tipo de situação, então você tem que ter a condicionar corpo aonde dentro do navio. Então você começa a ter uma uma sequência de de fatos que aí você tem impacto psicológico, você tem afastamento psicológico, você tem você tem várias várias ações que vão acabar sendo tomadas, né, por questões que a gente não conhecia. E é e e eu não tenho nenhum problema de
falar isso aqui. Isso é é é fato. Isso, né? Eu acho que faz essa essa transparência faz parte da melhoria do processo. Exatamente. Se a gente não discutir isso, a gente não vai melhorar nunca. Eu não tenho problema nenhum de falar que em 2009 a gente não conhecia as boias marcadoras. O que que O que que seria vergonhoso é se a gente não fez nada além disso, depois disso. Então o que que nós fizemos na reunião de lições aprendidas, né, copiando o gringo, né, que adora os americanos, tudo que ele faz tem uma reunião de
lições aprendidas, né? Então a gente tem que aprender também isso, né? Então vamos lá, fizemos uma reuniões de lições aprendidas, colocamos isso em relatório, fizemos um processo de aquisição e depois o Brasil passou a ter boias marcadoras de mar e OK. Aham. Acabaram sacos de despojos geral na força era inteira. Caramba. É porque a gente entregava os sacos de despojos, né? E isso acabou sendo usado para colocar peça, colocar corpo, rasga, pega outro, rasga, pega outro, vai colocar, coloca dois para isar. Então assim, e aí chegou uma hora que eu recebi um telefonema, falou: "Silvio,
cara, a gente tá sem saco de espos aqui em Recife". Eu falei assim: "Não, deixa comigo, vou ligar pra Brasília". Aí a resposta foi assim, era um colega, a gente era muito amigo, né? Aí o cara, pô, Silvão, Brasília já zerou e já vou te adiantar aqui, ó. Nem Curitiba e Manaus mais tem, car. Eu falei: "Não, não tem problema, vou ligar para Campo Grande, quadrão de busamento, eu já liguei, já zerou também". Aí, caramba, e agora como é que faz? Aí saí correndo pro meu chefe, aí começa, né? Não, vamos fazer um processo eh
de compra de emergencial, é uma situação totalmente diferente. E aí você compra de dentro do processo previsto mais tal com dispensa licitação na hora do precisa pago hora, querido. Não dá para esperar até 24 horas, 48 horas, entendeu? A gente tem que fazer, tem que fazer correto, mas tem que fazer. Aí a gente aprendeu com isso, pô. Eu tenho que ter um um estoque maior do que eu tinha antes. Aham. Quando acabou tudo, meu chefe virou para mim e falou assim: "Vi pô, legal, acabou, acabou, pô, fizeros uma reunião de lições aprendidas, tá aqui, beleza?
Tal, se acontecer outro daqui um ano, eu olhei para ele, falei assim: "A gente não tá preparado ninguém tá. Você não tem um país no mundo que tá preparado para pegar 230 pessoas no meio do Oceano Atlântico?" Não, você não tem, você tem que ser realista. É, é, eh, a gente fala assim, né? É, o acidente aeronáutico, ele rompe a rotina da sociedade porque não é esperado. O esperado é um avião decolar e pousar. É isso. É o esperado. É, a rotina é essa. São milhões de decolagens e pousos por dia. Então assim, você não
você não tem como você se preparar para um MZ operation, né, para uma operação de grande porte como o Air France 447 e manter esse sistema inerte esperando acontecer. É, nenhum país tem isso, não. O que você faz, na verdade, é depreender o máximo esforço, ou seja, colocar tudo que você tem, ter um plano bem feito para você ter como acionar tudo que você tem disponível, né, e colocar à disposição quando você precisar. E eu acho que é meio inédito esse o Airfence, não é assim, da na pelo menos na sociedade moderna, é no meio,
porque assim, você tava mais de 2 horas de distância de um lugar, de uma terra, de qualquer coisa. Então, tá além da autonomia de um helicóptero, porque as pessoas podem se perguntar, pô, por que que já não leva o helicóptero para capturar o corpo? Porque não chega, não chega. Então você tem alguns navios da Marinha que tem helicóptero embarcado e eles faziam até, mas na verdade a gente usou eles muito mais para fazer a busca do que para fazer o salvamento propriamente dito, porque o salvamento às vezes é peça grande, eh são vários copos, eu
vou colocar um helicóptero no meio do do Atlântico, mão no motor deslocado do da base do navio, é um risco que você tem que pensar, entendeu? Então assim, a logística disso daí tudo foi um grande desafio dessa operação, né? a gente fala: "Ah, maior foi maior operação de busçamento que a gente teve no Brasil, não tenho dúvida nenhuma". E até pelo número de vítimas, 228, né? E tem gente que fala assim: "Ah, mas o acidente não era brasileiro, né? Não, se ele aconteceu dentro da região de responsabilidade brasileira, ele é considerado brasileiro, né? Ah, mas
a empresa é francesa, o avião é francês." OK, mas ele a ele é considerado a maior operação de busca que a gente teve no Brasil. Sim, sim. E você falou, né, da ICAL, eh, uma vez eu tava lendo sobre isso. Eu não sei se porque eu li o teu livro, eu comecei a me interessar e também fui ler, porque eu sou curioso, né, lendo essas coisas. Mas, eh, esses protocolos, existe toda uma ciência por trás de você fazer uma busca, né? Eh, isso você lembra quando isso foi definido já na época lá do teorias, é,
na verdade as as grandes teorias de de sobrevivência no mar, por exemplo, né? Existe um negócio chamado Code Exposer Survival Model, né? Então você tem uma modulação de exposição ao frio. Basicamente eu tô falando de quê? Alguém que sobreviveu a um acidente e ele tá no mar agora, quanto tempo ele dura no mar? Aham. Então assim, depende da roupa, depende do estado de fadiga, depende se ele tá machucado, eh depende da temperatura da água, da temperatura do vento, se tem corrente, se não tem, se ele tá no bote, se ele tá na água, quanto que
ele tá submerso, tô submerso peito, tô submerso cabeça. Então isso são teorias. Essas teorias elas são década de 80, assim, são muito antigas assim. E as primeiras teorias que incorporaram o manual internacional aeronáutico e marítimo de busca salvamento, elas já vêm da década de 90 num trabalho conjunto da guarda costeira canadense com esses caras que eram teóricos, né? Então eles desenvolveram, na verdade essa primeira primeira parte. Eh, o manual internacional Aeronáutico de Marítimo de Bussalamento, na verdade, ele incorpora o anexo 12 ou como a gente fala, ele suplementa o anexo 12, que é o anexo
12 da Convenção de Aviação Civil Internacional, que é o anexo da busca deamento em 2005 só. Então, a partir de 2005 é uma é uma declaração da ICAL pro mundo. Fala assim, ó, o jeitão que vocês estão fazendo aí, acabou. Todo mundo agora vai ter que fazer assim, ó. Esse aqui é o manual. E aí são três volumes. Primeiro volume é um é um volume de gestão de sistema, praticamente que era o meu a minha biblizinha de boo braço ali, porque eu trabalhava já na gestão, né? Então assim, como é que eu estruturo o sistema
de buçamento? Onde que posiciono os helicópteros, eh como é que você faz ação de marketing, como é que você trabalha a parte de documentação, eh o avião que desapareceu e não foi localizado, aí tem lá uma pessoa que tava lá a bordo e ela não é morta, ela tá desaparecida. Como é que funciona? Então ele ele ensina isso, ele dá o como fazer nessas situações, né? O volume dois é o coordenação. Aí esse sim fala assim, ó, eh, como é que se faz uma busca? Então, aí ele tem a teoria da busca. Aí ele vai
vir quais padrões de busca você emprega, dependendo do tipo de avião que você tem de busca, dependendo da situação que você tá, se é uma região montanhosa, região de praia, se é mar, se é terra, eh se é selva, muda, muda, muda um, muda um, na verdade, eh eh muda a maneira de você raciocinar, né? E aí você vai para tal da dos três conceitos, que é a probabilidade de detecção, probabilidade de de contenção, né, de estar contido ali dentro e a pós que é a probabilidade de sucesso. São três são dois fatores que influenciam
no probabilidade de sucesso, né? E aí por isso que o curso dura 7 semanas. O curso de coordenador de operação de resgate são sanas. Aí você fala assim: "Ah, mas é um curso ralado?" Não, o cara não paga meu flexão de braço. É um curso militar só sentado na cadeira condicionado ligado. Lão, mas é um negócio fascinante isso, porque eu assisti recentemente o saiu um documentário daquelas quatro crianças sim que se perderam na selva da Colômbia, né? Na selva amazônica da da Colômbia. Sim. E é impressionante o o a teve um pouco de falta de
coordenação total ali, né? E mas também pelo fato de ter guerrilheiros numa parte que o governo não queria entrar e tudo mais, mas se aplica ali. É é um é um fato eh que eu acho que é emblemático, porque o avião foi localizado alguns dias depois e as vítimas não estavam lá. E esse é um negócio que não se fala muito assim, né? Para as pessoas falar, se você sofreu acidente aéreo, fique perto de onde tá o avião, então, porque a sua chance de sobrevivência é maior, não é? Ou de resgate, né? Não, de sobrevivência,
você já sobreviveu, mas a sua chance de resgate é maior se você ficar próximo ao destroço, não é? Tem o curso para isso ou não? Então, eh, pô, a gente tá, eu adorei esse modelo aqui, vi, eu vou confessar aqui, ó, porque a gente fica velho, né? O que que a gente faz hoje? A gente conta história. É, né? Assim, basicamente conta história, então você virou um contador de história, né? Tem um caso emblemático dentro da Fábi, assim, ele virou um caso didático pra gente, assim, ó, Fox Fox Romeu. Esse avião, ele ele decolou para
uma missão de transporte eh aeromédico, tudo mais, tal. Ele sofreu um um acidente região de, se eu não tiver enganado, é Roraima. Eu preciso puxar na memória aqui, mas eu acho que é Roraima. Aham. Eh, o que onde eu quero chegar, né? Esse avião ele ele ele caiu, ele fez um poço forçado na verdade e todo mundo sobreviveu. E aí passou dois dias, aonáo de busca veio, localizou ele. Pô, o avião tava inteiro, inteiro, assim, se olhava de vertical, inteiro, né? Soltaram dois paraquedistas. Quando eles chegaram no avião, tinha um bilhete dizendo que eles tinham
abandonado o avião para ir em direção ao rio branco. É um rio porque eles estavam escutando barulho de onça. Só que tem uma grávida e tem uma mulher com um bebê de colo escutando barulho de onça. Eles abandonaram o avião e decidiram caminhar. a operação de busca que tinha se resolvido ali começa uma segunda agora, porque agora eu tô procurando cinco pessoas andando no meio da selva e não mais um avião branco com marca vermelha. Eh, então dobra-se o esforço e eles tomam mais uma noite, que a gente não consegue localizar eles naquele dia, fica
mais uma noite dormindo no relento, no meio da selva, escutando barulho de onça, que eles mesmos falaram, por conta de uma decisão dessa. Então, assim, abandonar o avião, é, isso é é uma decisão muito muito crítica, né? Aí você ainda mais ouvendo barulho de osso, eu iria ficar dentro do avião. Só que aí você tem que trazer para mim o caso do Uruguai, do avião lá do Uruguai lá caiu nos anos. Se ele não abandona o avião, eles morrem. Aí você vai pegar o Varig, os caras saíram andando do Varig e chegaram na fazenda. Então
a história ela ela não é não é preto no branco, né? Não tem assim, não tem uma regra de ouro. Exato. São muitas variáveis, né? São muitas variáveis. Agora a regra, se você falar assim, ó: "Ah, mas define para mim, se eu tiver que escolher agora". Falei: "Pô, dentro da condição normal fica dentro do avião, você tem proteção física, né? Eh, teoricamente você tem alguma outra coisa, ele tem estofado, você pode ter um facão de um kit de emergência, você pode ter uma fiação para fazer fogo, você pode ter uma estrutura ali que te ajude,
né? Eh, existem alguns casos, né, didáticos, né? Tem um caso Bravo Alv. Eram três a bordo. Eh, ele saiu de Catrimani para esse eu lembro bem, Catrimani para baixo, Catrimani. E não chegou. Não chegou. Mau tempo, veio olhando para baixo e entrou voando. Piloto morreu na hora, sobrevive um, ele sai do avião, escuta o grito do amigo, volta, pega o amigo, traz, traz de fora do avião. Só que o tempo tá muito fechado. Primeiro, o segundo dia, né? Segundo dia, na verdade, o primeiro dia da busca. Nada. Ele diz que escuta o avião, mas a
gente não vê ele. Ele não vê o avião. Segundo dia, a mesma coisa. Terceiro dia, a mesma coisa. Terceiro dia, o amigo dele que ele tinha tirado dentro do avião morre no braço dele. Aí bate o desespero. Uhum. Ele vai lá, pega um facão, começa a cortar pedaço do avião e bater a árvore para abrir e ter uma maior chance de de possibilidade de ser encontrado. Isso acontece no quinto dia. Quando o helicóptero entra na vertical e retira ele, chega perto dele, ele tá com uma fratura de fêmo. Ixe. Fez tudo isso com uma fratura
de fêmor, instinto de sobrevivência. Aham. Então assim, esse foi um cara que ele saiu do avião, certo ou errado, ficou no relento, ele montou um tapizinho, montou lá um lugarzinho para ele ficar. Era uma, era um sanitarista, né? região amazônica, né? Conhece do assunto, né? É o o ambiente dele, né? E ele ajudou, na verdade, no próprio salvamento. Essa que é real, entendeu? Ele ele foi muito colaborativo nesse aspecto. Mas não tem uma regra. Se você perguntar assim, o que que você faria? Ficaria dentro do avião. Acho que é é mais seguro, é mais zona
de conforto maior, chance de visualização maior, eu consigo trabalhar um um uma situação de resgate de forma mais adequada. O, você não tava, né? Você na época do Varig 254. Eh, não, 254 mais. Não somos tão velhos assim, né? Mas você tava no 1907. Tava no 1907. Como que foi a coordenação do Porque 1907, eh, ele como é que como é que ele foi localizado? Porque se sabia que tinha eh vê as informações primeiro, ó, tem um avião que pousou lá com inglé quebrado e tem outro que não chegou em Brasília. É isso. É, a
primeira a primeira informação era assim, tem um avião de grande porte, né, que era o Gol e a gente não sabia onde ele tava, na verdade. E pousou um avião num lugar aleatório que não era para ter pousado, com a a pontinha da asa corroída, né, quebrada, mas ninguém sabia o que que tinha acontecido. Eh, eu tava em São José dos Campos nesse dia, tava tendo curso de formação, né, dos coordenadores de resgate. E parte desse curso a gente coloca os coordenadores para entender o que que é uma missão do salvamento. Então vai um helicóptero
para São José dos Campos e os alunos eles passam pela experiência de seremados pelo guincho para entender quanto tempo demora, qual é a dificuldade. Eh, quando o piloto informa para ele, ó, eu tô fazendo o iniciamento por maca e não por estropo, por exemplo, que é aquela alça de resgate, eh, quanto tempo mais demora? Qual é qual é a especificidade daquela ação? Então, a gente tá coordenando tudo isso na cabeceira da pista de São José dos Campos. Eu coloco sempre na época, né, quando eu tava nessa função, colocava alguém sempre dentro da torre para fazer
a coordenação bilateral comigo. E aí vem a informação, pô, Jorge, dá para é porque era uma J, dá para colocar o helicóptero um pouquinho pro lado, não sei o que, tá, porque tá decolando um legacy e ele vai embora paraos Estados Unidos. Aí eu, você não fica muito feliz porque tem que parar, eu vou interromper no meio, vou gastar mais hora de voo, eu tô ali no meio de uma instrução e, pô, não tava previsto, era para ter decolado muito depois, tudo mais, tal. Ah, beleza. Então, leva para todo mundo para, tira, face, tem que
afastar todo mundo da pista, tira o helicóptero, e tudo mais, tal. Vem o legis, a gente vê o legis taxiando e ele decola. Volta o helicóptero, continua tudo. Duas horas depois acabou o treinamento e aí eu recebo a telefonema. Falei: "Pô, ó, estamos com situação aqui, tá diferente aqui. Eh, pô, desapareceer um gol, estacionando uma busca. Eh, o meio que tá mais próximo é o Hércules disponível no Rio de Janeiro. E aí então decola o Hércules eh para fazer uma busca a princípio de rota, na verdade, da última posição conhecida do LKP até Brasília para
ver onde onde ele poderia estar, entendeu? E aí quando ele faz a busca, ele já acha no primeiro, na sexta-feira, no final do dia mesmo, ele já já localiza, né, os destroços, né? Ali a gente já tem um problema maior. Agora agora eu sei onde tá e eu preciso agora maximizar o quê? salvamento. Então tem que colocar a maior quantidade de helicóptero infiltrando homens de resgate, né, para poder maximizar a cena. E uma região remota também, né? Remota, sem apoio nenhum. Ali o desafio logístico foi outro, porque a hora que você coloca, a gente, eu
não vou, seria, eu não vou lembrar em número assim, quantidade de resgateiros que a gente botou na cena, mas foram muitos ali, mais de 50. Ah, aham. Aí você fala assim, beleza, coloquei e agora come onde? banheiro onde dorme fal. Pô, os caras são homem de resgate. Ele é duas árvores aqui, ele faz o o jeito dele aqui, ele dorme uma noite, dorme. É verdade. Só que na hora que você coloca uma cena para tirar 150 pessoas num raio que você ainda não sabe qual é, de uma cena de desastre, não, não dá para eu
falar assim, ó, pega aí 50 árvores cada um aí e se vira. Eu tenho que começar a criar uma estrutura logística para dar suporte para essas equipes de resgate. Eh, a gente estava falando essa semana, é, quem cuida de quem cuida. É, então assim, o resgateiro tá lá, beleza. Mas quem tá aqui preocupado com a alimentação dele, onde que ele vai no banheiro, onde ele toma banho, onde ele dorme, eu tenho que ter uma estrutura para isso também, para dar suporte para ele executar a função fim dele, né? Então, as coisas vão acontecendo dessa forma
e aí tem a logística toda ali envolvendo isso e começa-se realmente o o trabalho de identificação do local, de recuperação de corpos, de separação de material, muita bagagem, eh, muita coisa que vai envolver também, que vai precisar para por conta da investigação. É tenso. É. E o o prepo esse pessoal, ele é um voluntário, ele entra na força na na força aérea e ele é voluntário para fazer o resgate. O Sim, no mundo inteiro, todo mundo que trabalha com busca salvamento, o primeiro ponto é assim, ser voluntário. É, é, é na largada esse, porque ele
vai demandar mais, Lito, né? Isso é fato, entendeu? Sim, eu não tenho nenhum problema de falar isso, até porque não é uma coisa que me dói, mas assim, durante muitos anos eu não sabia o que que era assistir uma sessão de cinema até o fim. O telefone vai tocar, vai chegar uma mensagem, eu vou precisar sair no meio, mas isso faz parte da vida e é uma escolha sua. Ela tem que ser uma escolha sua, né? Ela tem que ser assim, é minha opção trabalhar com isso. E aí você entender também o quanto isso vai
te demandar. Tem um custo, né? Tem um custo pessoal nessa história, entendeu? Então, e aí você tem as várias portas de entrada. Então assim, quando eu falo assim, ó, o homem de resgate, que é o resgateiro, então o homem de resgate, ele tem um curso, é um curso de 3 meses, eh, direto, eh onde ele vai aprender técnicas de eletransportadas, ele vai aprender, eh, muito atendimento préhospitalar, muito atendimento préhospitalar, mas ele também vai passar por algumas restrições, privação de fome, privação de sono, porque quando você trabalha numa operação de resgate, é isso, você não tem
essa coisa do, ah, deu 8 horas de trabalho aqui agora, agora vou dormir aqui um pouquinho. É bater o cartão e não tem não dá. Não dá sim. É, é o que a gente fala pros coordenadores de resgate, os caras se coordenam a operação, você fala assim, pô, o cara que coordena e tá no ar condicionado o tempo todo. É verdade, mas como é que você para e vai dormir ou vai chegar em casa para jantar sabendo que você tem um avião com cinco desaparecidos? Então assim, o dia que você falar assim: "Pô, eu tô
é ruim, eu tô numa situação ruim, eu tô cansado, eu tô em angústia". Você começa a pensar na família da vítima. Então assim, você tem que ter essa percepção, entendeu? Eh, agora, por outro lado, não adianta eu te colocar no burnout, né, subir a curva do stress, cruzar o limite, entrar nele do burnout, porque ele já não rende mais. Exato. É, então é é esse é o papel da supervisão, né? Você tem que, na verdade, ter aquele olhar cuidadoso de trazer ele pra performance máxima dele, mas não deixar ele pular o lado de lado da
curva. A hora que ele vai pro lado do burnout, aí você substitui, troca, troca em em terços a equipe, fica trazendo rodízio, né, para voltar para aquela situação onde você tem a máxima performance da equipe. Em em casos assim desses grandes desastres, entra como como é que é o apoio psicológico do resgateiro? É, dentro da FAB existe o Instituto de Psicologia Aeronáutica, né? Então ele, na verdade, é o grande formador eh desses profissionais que vão atender as pontas, né? Só que assim, eu eu sou muito sincero em relação a isso, né? Isso aí é estruturalmente
falando, é muito legal. E hoje, hoje já tem aí 20 anos, a gente tem um documento que é são os protocolos de atendimento, emergências, desastres e acidentes. Ou seja, você tem um suporte psicológico previsto para isso. E isso é muito interessante e é fundamental ter. Agora eu vou te levar pra realidade, né? Coloca aí o cara que tá prestando um serviço em no interior de Roraima e aí lá agora entrou um helicóptero, cena real, tá? Ele é um caso jurídico esse, né? Então assim, você teve lá um um avião, posso contar aqui a história com
muita tranquilidade, de Juína para Sinope, tá? E quando ele vai chegar em Sinope, ele tá fazendo um transporte aeromédico. A gente não sabia exatamente o quê. Então assim, eh, tem um piloto, tem um pessoal a bordo, a gente sabe que tem um médico a bordo, tem uma pessoa ali que tá precisando de cuidado e a gente só sabia disso, na verdade, cinco pessoas. Quando ele define que ele vai pousar em Sinope, eh, Sinope não opera noturno, ele não é eh habilitado noturno e a aeronave não é certificada noturna, mas vai dar noturno. Aí ele canta
no rádio, faltando 10 minutos, coloca uns carros na pista e acende o farol que eu vou pousar. E obviamente ele não pousa, então ele cai em outro lugar. Quando ele cai, ele faz um pouso forçado, o avião até fica bem inteiro assim, a gente fica sabendo na hora, dispara a informação, engaja, eh, avião, helicóptero, vem o helicóptero atendimento, bombeiro tenta chegar, não consegue chegar, área muito fechada de mato. E aí o helicóptero vem, consegue posicionar e e avança dois resgateiros. O primeiro resgateiro e eles tomam um ataque de abelha tão forte que o primeiro resgateiro
já é afastado. Caramba. Aí o corpo de bombeiros que tava aqui para tentar chegar no ocidente e não conseguia chegar já atende esse esse gateiro, já passa um só. Chegou no avião, duas incubadoras, dois, duas crianças recém-nascidas e uma tinha sobrevido e a outra não. E o piloto já tava morto na asa. Então assim, são cenas, entendeu? Aí você fala assim, aí onde o Por que que eu tô contando essa história, né? Porque agora eu tenho um resgateiro que começa a se sentir assim, pô, impotente, eh, frustrado de não ter ido pra cena porque ele
não conseguiu e ele quase fica brigando para tentar chegar lá e os caras não, não vai não, não vai não. Ele tava quase entrando em choque anafilático. O que foi pra cena? Pegou duas crianças, um sobrevive e outro não. Isso aqui agora acabou a cena, né? Retirei todos os sobreviventes. O piloto, infelizmente, faleceu. OK. Já recuperamos ele, já colocamos IMR, fizemos toda a tratativa. Acabou a missão. Esses caras estão lá em Sinope, certo? Uhum. Como é que fica de noite? O helicóptero pousou, fez o debrief da missão, calço e agora? É, é isso que eu
fico imaginando. Cadê o suporte psicológico? Não tem, não vai est lá em Sinopia o suporte psicológico. Então entra tal da cultura informal, né? onde quem tem um pouquinho mais de experiência, né, dá um tapa no braço assim, fal assim: "Ô, para aí, vamos tomar uma hoje, calma, relaxa." Não, mas eu quero saber. Você não tem que saber, você tem que fazer seu trabalho. Eh, a regrinha, né, da prestação do serviço de bolsamento é trazer de volta a segurança sobreviventes de acidentes aeronáuticos e marítimos. É isso que tá na lei. Então assim, a hora que você
pegou o sobrevivente, entregou ele pro suporte de apoio, o serviço de apoio, ou seja, seja corpo de bombeiro, seja ambulância, hospital, aquele é seu trabalho, deixa eles fazerem o trabalho deles. Se você entrar numa de criar um laço afetivo, ligar de noite pro hospital para saber se sobreviveu ou não, é, aí teu dia de amanhã tá comprometido. Então você tem que aprender, não é endurecer o coração, porque esse princípio humanitário ele não vai te abandonar jamais. Uhum. Mas é entender qual é o limite também que você vai se se expor a isso, entendeu? Para poder
se preservar psicologicamente, porque 2700 tá arriscado amanhã ter outro. É. É. Então assim, eu vou é é lidar com isso no dia a dia, não? E quando você falou, né, desse do lance da pô vovô, eh, você acha que você tá cansado? Você acha que você tá ferrado aqui, mas pensa na família da família. Pensa na família. Pensa família. A gente teve o o o lance aí, né? Tem uns dois anos já. Isso, talvez que sumiu um aviãozinho aqui na na no litoral que a mãe saiu de Campinas, Amarais para Jacarapaguá. Dois pilotos a bordo,
foi encontrado um piloto e uma uma cadeira. Isso é desse que a gente tá falando. É desse que a gente tá falando. A mãe não posso te decepcionar não. Quando eu falei lá para você que do Mamonas até eu vou e paz eu tenho que responder a mãe. Porque eu eh até hoje eu penso na mãe desse. Eu eu até eu acho que eu eu dei um repost, alguma coisa que ela falou que ela tava querendo financiar para encontrar assim. É é uma história que não tem fim. Eu acho que isso pro pro pra família
que é então você não tem o corpo. É. Aí ele é considerado desaparecido e aí judicialmente ela tem que solicitar e já foi feito, tá? Ela solicita na verdade uma declaração formal do que foi a operação de busamento. É uma certidão que é emitida pelo departamento de controle do espaço Aéreo para que judicialmente ela ela tenha a declaração de que a pessoa que tava a borda está desaparecida oficialmente. É, não é um processo doloroso porque você não passa pelo luto. Isso. E também eu tenho o lado ou passa pelo luto de uma forma diferente, né?
É. tem o lado assim dela falar, mas por que que pararam de buscar? Sim. Qual é o critério? Qual é o critério? Qual é o critério? Primeiro, existe um critério aí. E se existe um critério, qual é o critério para suspender uma operação de buscamento? Então assim, a operação de buçamento, ela é muito fácil o início dela, né? Eu tenho várias portas de entrada, várias situações que me levam a iniciar uma operação de busamento. Aí a pergunta de ouro é: OK, como é que eu paro? Então assim, você tem duas situações, o encerramento e a
suspensão. Encerramento é quando eu encontro o objeto da busca e principalmente todo mundo que tava envolvido nesse objeto da busca. Aí eu consigo encerrar sobrevivente ou falecido, mas eu encerrei a operação. Quando eu não encontro o objeto da busca ou encontro o objeto da busca nesse caso e só encontro um dos dois que estavam a bordo do POB, né, que chama, né, persono, né, eu só encontro uma delas, eu não posso encerrar a operação, então eu suspendo a operação. Mas o que que me leva a suspender a operação? Então vamos lá, vou falar do Air
France. Por que que a operação do Air France 447 durou 26 dias? Porque quando depois do 17º dia, na verdade, a gente já não encontrava mais nem destroço, nem corpo. A gente, pô, vamos rodar mais 48 horas, rodou mais 48, 19 dias, não encontra, 20, não encontra, 21, não encontra, 22 não encontra, 23, não encontra. Você vai ter que tomar uma decisão uma hora de falar assim: "O esforço que eu tô empreendendo aqui agora, ele já não tem mais capacidade resultado." E a prestação do serviço de bustamento, ela ela traz o quê? de volta à
segurança, sobreviventes. Essa é a prioridade. Com 20 dias de Atlântico, eu já não tenho mais, na verdade, entre nós aqui, e eu até explico isso, os cálculos matemáticos, na verdade, dos protocolos de sobrevivência, eles indicavam que na quarta-feira, o avião desapareceu de domingo para segunda, na quarta-feira de manhã, 7 e pouco da manhã, eu já não tinha mais chance de sobrevivência. O que se fez ali é, por conta do princípio humanitário de dar uma resposta pra sociedade, trazer conforto para as famílias desenvolvidas, você continua na operação de busamento, mas é uma decisão de continuar, mesmo
sabendo que você já matematicamente falando, você não tem chance de sobrevivência. Aí você vai virar para mim e falar assim: "Ah, Silv, mas tem um cara lá que afundou no barquinho, ele ficou preso dentro do banheiro 32 dias e sobreviveu." É verdade, mas ele é exceção a regra. A regra no mundo não é essa, né? Então assim, os protocolos de sobrevivência eles são feitos com base de uma regra, né? Do que seria a normalidade, né? Então assim, no caso desse do Amaris que decolou o Amarais Jacaré, se eu não tiver enganado, já quero paguar, você
empreende o esforço de busca, localizou algumas peças, só localizou um corpo, na verdade, porque foi logo depois do acidente, ele ainda tava na superfície e a partir dali você começa a continuar o esforço de busca e já não tem mais resultado. Então você faz um dia, você faz dois dias, três dias, quatro dias. Aí quando você fala assim, quando para não tem um critério objet, na verdade não existe critério nem no anexo 12, nem no manual internacional. Não existe um critério. O o que a gente fala, na verdade, o que a gente ensina e é
como é é o mindset, né, que o coordenador tem que ter, é assim, ó. Quando você já fez todos os cálculos, então o cálculo desse daqui de deriva marítima e em tese, ele já teria que estar todo mundo na praia. Então assim, a a maré, na verdade, a corrente e a maré ali são duas, né? Ele tinha empurrado esse acidente para praia. E aí você, se ele tá na, ele já tinha que ter chegado na praia, não chegou, já não encontro na praia, não encontro nesse espaço aqui, passa um, passa dois, passa três. Aí chega
uma hora que você fala assim: "Eu já não tenho mais. Por que ficar procurando aqui?" Quando você fala de busca subaquática, nós estamos mudando o cenário. Aí já busca subaquático. O Beia birrogando Danqueda análise conduziu durante dois anos. Você vai trazer um navio, vai descer um robô subaquático. É um esforço diferente. Uhum. Entendeu? Então assim, é a dor da família, a gente não mede dito. Eu falo isso, ensino, né, no curso de formação de coordenadores, estudo, você não consegue mensurar a dor da pessoa que tá do outro lado. Eh, você pode ter empatia de entender,
mas você não consegue se colocar no lugar daquela pessoa jamais. Então assim, o essa mãe que perdeu um filho, né, eh, é natural essa essa reação dela, né, tanto de revolta, do tem que continuar porque parou de questionar, ela ela tá no direito dela, ela tem lugar de fala dentro da dor que ela tem. Uhum. Só que, por outro lado, em algum momento tem que existir uma explicação também técnica para que ela entenda que tudo que podia ser feito foi feito e de e que agora em diante tudo que for feito do jeito que tava
sendo feito, não precisa, não adianta mais. Não tem resultado positivo. Agora, ah, mas eu quero fazer diferente. OK. O que que seria fazer diferente naquele caso específico? Eh, W, é o whisko, ó, veio agora a matrícula. Acho que é o whisk Romeu Sierra, se eu não me engano. Ah, o o a matrícula desse avião. Eh, você teria que trabalhar com subaquático. No Brasil você tem aí três, quatro empresas que fazem isso, entendeu? Mas é uma recuperação de objeto subaquático e que também é complexo, porque você não tem o RKP, custoso, complexo, custoso, eh, disponibilidade máquina.
Então assim, não é não assim, não existe no mundo um país que se organize como busca e salvamento com esse tipo de de serviço agregado, porque você já sabe que você não vai trazer sobrevivente. Se você partiu para essa solução, ela já não é mais para trazer sobrevivente. Ela é passa a ser uma outra coisa e não é exato. Incrível, ó. Dá, dá pra gente conversar aqui o porque tem muito, tem muito assunto. É, eu ia até entrar agora que não é da sua área. Você nunca participou do SENPACI do Senipa, porque esse também é
um é um tipo de acidente que ele fica sem solução. É porque ele é inclusivo. Você ele é inconclusivo. você não tem o material, né, a evidência e para fazer a suficiente no Efan 447, quando o SENIPA montou uma equipe para representar, né, e o coronel Lupi, na verdade era era o chefe da delegação e aí se compôs uma equipe, eu fiz parte dessa equipe, né, para representar o Brasil junto a Ubeia na investigação do acidente aéreo. Mas a minha especialidade, na verdade, sempre foi busca salvamento. O que eu sempre explico é assim, e são
dois sistemas que eles são sistemas irmãos, assim, o sistema de bução aeronáutico e o sistema de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, eles trabalham extremamente colados pela natureza deles. Eu tenho que prevenir sepaer. Aham. OK. Minha prevenção em algum momento aqui teve uma falha e teve um acidente sistema de buseronáutico. Eu vou localizar onde foi o acidente. Vou tirar os sobreviventes, vou tirar quem não conseguiu sobreviver, vou preservar essa cena, vou colocar o cara do Seripa, que é o regional do SENIPA para iniciar o processo de investigação. E agora os o CIPA volta, porque agora
ele tem que investigar esse acidente. Ele investiga esse acidente com que objetivo? gerar recomendações para prevenir. Voltamos no início do conversa. Aham. Então são dois sistemas que eles trabalham juntos o tempo todo. Toda vez que eu encontro o local de um acidente, na verdade, toda vez que eu abro uma operação de busamento, um dos contatos que o coordenador faz já é com o serpa da região, porque a hora que eu encontrar o objeto da busca, eu vou ter que pegar a equipe do CIPA e colocar na cena. Então a gente trabalha juntos o tempo todo.
Aliás, eu tenho que agradecer o brigadeiro Moreno, porque foi por causa do Moreno que eu acabei conhecendo você. Ele me ele me falou desse livro aqui e ele falou que eu fui o primeiro a ler também, né? Com orgulho e realmente é é sensacional. Tem aqui na logo na introdução aqui se fala que é dedicado ao seu filho Davi. Como é que ele tá? Quantos anos ele tá agora? Tá, vai fazer 12 meses que vem. Elit 12. É, daqui a pouco ele já tá entrando aí também na É, vamos ver que caminho que ele vai
seguir aí. Mas é o que a gente fala, a gente brincou que com o negócio de contar a história, mas é isso, né? Eh, o livro, na verdade, é um projeto pessoal, né? Eu eu falo isso para todo mundo, pô, você não faz livro para ganhar dinheiro? Jamais, né? Você faz livro, na verdade, porque é um projeto pessoal para deixar um legado, que é o que a gente deixa, né? Eh, a gente vai passar nessa passagem aqui, né? E o que que vai ficar da gente, né? Vai ficar aquilo que você deixou de legado, vai
deixar aquilo, vai ficar aquilo que você eh deixou de exemplo, né? que você tentou ajudar alguém. É isso. Quantas vidas foram resgatadas? É, quantas eu perdi também. É tudo, tudo faz parte, né, do É, são as histórias, né? Eu trabalhava na Transbrasil 1996. E aí eu cheguei para trabalhar, eu tava e a gente, eu trabalhava no Coman. Comá é o centro de de controle de manutenção. É tipo, eu cuidava da frota inteira, quando dava problema, alguém ligava para mim. Eraí basicamente o trabalho do Coman. Eh, e eu trabalhava torno de 12 horas. E eu cheguei
de manhã e aí o cara que tava saindo de 6 horas da manhã, aí ele falou do de alguma coisa do avião que tinha caído lá com mamonas assassinas. Eu, cara, eu nem gostava muito do Mamona. Hoje, hoje eu gosto, hoje eu gosto, mas na época eu não, não curtia muito. E eu falei: "Caramba, me pegou de jeito aquele negócio lá, né?" Falei: "Pô, um acidente aqui perto, não era a gente é, né? Acidente é tão longe da gente da da que trabalha na aviação. Sim. E isso me pegou um pouco. Você também participou desse
do É, em 96 eu trabalhava como piloto de busca salvamento já, mas eu tava baseado em Campo Grande e como o acidente foi aqui do lado, né, região urbana, né, os primeiros a atender o acidente, na verdade foi o Corpo de Bombeiros, mas eles não conseguiram chegar na cena do acidente no primeiro momento. E só que aqui do lado na época e eh era baseado o esquadrão Gavião, que era um esquadrão de helicóptero que ficava em Santos e tinha um alerta nesse esquadrão, ficava na baséa de Santos. Na base era de Santos. É que na
verdade basé de Santos que fica em centar lado que é hoje que eu fiquei sabendo que você tem você foi tinha lá, só que eu fui criado quase lá sou de Campinas, quase criado ali na no Guarujá ali, né? Eh, e aí decolou o helicóptero então de Santos, né? Decolaram dois helicópteros de Santos para ajudar nesse nesse processo de chegar no local. Eh, os primeiros a serem infiltrados na cena de resgate foi a equipe de resgate de Santos dos Corrou super rápido, né? super rápido. É super rápido. Já se sabia a localização eh visual, né?
Só não se conseguia acesso, na verdade. E aí eles conseguiram eh eh tiveram que fazer, né? Eles criaram, na verdade, uma área, né? Ou seja, você derruba a árvore, literalmente, você não tem o que fazer, né? Você derruba ela para poder criar uma região onde você consegue tirar eh gente e colocar gente, entendeu? E aí o Corpo de Bombeiros ajudou muito, né? Polícia Militar também fez uma fez uma uma proteção muito boa da área e aí se conseguiu fazer o rescaldo, né? Ou seja, o trabalho de recuperação dos corpos. e destroços e infiltração da equipe
do Seripa, tudo mais, tal. A grande a grande fofoca daquele acidente, né, que depois fica todo mundo falando na internet, né, é assim, o Dinho tava na cabine, não tava, né? Isso aí o relatório resolve, né? O relatório já fala que não, né? Ele tava lá na cabine de passageiro e tudo mais, tudo normal, né? Teoricamente, né? O acidente, na verdade, tem outras outros fatores contribuintes aí, né? Não era ele presente na cabine, nada. Eu eu contei esse sobre esse acidente, mas você chegou a participar e f você tava lá, você já fazia parte do
grupo. É, exatamente. Eu eu só que eu tava em Campo Grande. A coincidência, na verdade, é que no final desse ano de 96 é quando eu venho transferido para Santos. E aí, a partir de 97 eu acabo assumindo a chefia da equipe de resgate. Ou seja, os caras que tinham trabalhado no Mamonas no em 96 acabaram trabalhando comigo, né, como como chefe deles a partir de 97. 97. E você ficou baseado em Santos de ah de 97 até 2003. É, eu fi de 97 até 2000 eu fiquei no Esquadrão Gavião mesmo como chefe da equipe
de resgate. Em 2000 assumi o comando do destacamento de controle do espaço aéreo, aquela parte da torre, pista, NDB de Santos, tudo mais, tal. Quando foi em 2003, aí eu fui pro Rio de Janeiro para fazer um curso de carreira, que era um curso de 4 meses, ia voltar para Santos e aí recebi o convite para ficar para ficar no departamento de controle do espaço aéreo na divisão de buscar aumentamento. Aí o olhinho brilhou, né? Ah, já era. Tenho condição de ficar na divisão de bruçamento, né, que é onde é a gestão da prestação do
serviço, tudo mais, tal. E aí falei: "Pô, vou ficar, né?" Então, tinha família no Rio, não tinha nada no Rio. Fui para lá por conta do trabalho mesmo, do envolvimento. E a família morava onde? Em Campo? Em Campinas. Em Campinas. É, meus pais eram de Campinas, na verdade. Então, assim, sempre o meu vínculo foi pro lado de cá, né? É, hoje eu moro em Campo Grande porque quando eu saí da Força Aérea, eu acabei voltando para Campo Grande e meu moleque hoje e mora em Campo Grande, enfim. Então, aí é mais fácil para eu me
estruturar lá, né? Aham. E o busca, né? O busca e salvamento foi. Eh, esse é um negócio que a pessoa nasce com ele, não é assim? É, é, não, não, não. Você você se identifica, né? A gente fala, é cachaça, entendeu? Eh, eu acho que são coisas que são marcantes na vida. A primeira vez que você vai num acidente, né, e você tem a possibilidade de ver um sobrevivente ou participar de um momento desse, é uma coisa que marca sua vida mesmo. Ela tem um antes e o depois, assim, eh, você não você não consegue
mais se desvincular daquilo. E aí tem gente que se identifica muito e fala assim: "Pô, vou continuar a vida inteira". Você fala assim: "Ah, você ficou a vida", pô, tenho vários amigos que ficaram a vida inteira. Eu não sou o único dessa, não sou nenhuma espécie me rara assim, não. Tenho muitos amigos, né? que antes de mim, depois de mim, que estão aí eh que estão hoje na ativa, que são, eh, literalmente assim apaixonados pela atividade e já definiram que é isso que os caras querem fazer pro resto da vida. Eh, mas é uma coisa
que de identificação mesmo, é você se identificar com aquilo que você se propõe a fazer, né? Não, eu eu acho que como você falou, né, tem tem muitas vidas foram salvas e tem muitas vidas foram perdidas, mas eu acho que a a gratificação de você encontrar um sobrevivente, porque a vida que foi perdida não é culpa sua, é, mas a vida que foi resgatada dói o coração. A gente fala assim, porque você sempre vai se cobrar, né? A gente fala assim: "Pô, eu sempre vou assim, eu sempre vou se eu tivesse chegado, se tivesse decolado
antes, entendeu? O que e assim é que é característica do acidente aéreo, né? Vitimar quem tá dentro. A característica é essa. É, é o acidente aéreo não é um acidente de carro. A violência que vem e eh a energia, né, que tá engajada ali dentro, né, é muito maior. Então, a violência intrínseca de um acidente aéreo, normalmente a regra fala que você não vai sobreviver. né? Eh, o que a gente, na verdade, tenta é contrariar essa essa essas teorias, né? Então, decolando o mais rápido possível, engajando o mais rápido possível, eh voando sempre da melhor
maneira, com melhor cálculo, para tentar maximizar a chance de sobrevivência, né? Eh, e aí quando você chega na CN, pô, infelizmente não tem sobrevivência, é extremamente frustrante, extremamente frustrante, né? Aquele dia é aquele dia ruim, né? de você pousar, faz o debrief, todo mundo com aquela cara de, né, de ruim, né, que deu errado, né, que tipo assim, você não conseguiu fazer, né, e muitas vezes você não tem responsabilidade nenhuma sobre aquilo, né? Eh, mas bate, né, bate, mas bate, bate sem dúvida nenhuma, entendeu? E você tem que respirar. Ah, é o que eu falo
assim, o psicólogo não vai estar do seu lado. Você vai ter o suporte psicológico quando você voltar pra sua unidade, que pode demorar no dia seguinte, mas pode ser dois, três dias depois. Você pode emendar numa outra missão que não tem nada a ver com buamento, que é assim, né? O giro de força aérea mesmo. Eh, e quando você voltar, você vai ter o suporte psicológico, mas como é que você vai sobreviver até lá? É o cara mais velho, muitas vezes que dá o tapinha no ombro, fala assim: "Oxe, para com essa cara aí, olha
pra frente", entendeu? Vamos, esquece isso. Já foi, vamos pro próximo. É, é na é a imandade que se forma por quem trabalha nesse meio, né? Você realmente tem eh o grau de confiança, né, que você trata entre as pessoas é é muito muito forte, né? E tem que ser assim, Lito, não tem como ser diferente, entendeu? Eh, assim, eu brinco muito no bom sentido, né? A gente vai formar os coordenadores de resgate, né? Eu tenho que pensar assim, ó. Se meu filho tiver a borda e desaparecer, esse cara é o cara que eu quero ver
formado coordenando a operação? Sim ou não? Uhum. É, esse esse é um bom ponto de partida. É, é assim, entendeu? Assim, eu, eu a gente olha nos na cara dos instrutores e faz a mesma pergunta. Então, assim, a sua avaliação, ela tem que ser essa daí. Aham. Porque pode não ser o seu filho, mas pode ser o filho de alguém. Então, você tem que ter o critério tem que ser esse, entendeu? Eu falo, é, é semelhante ao que eu falo, eu dou palestras para para mecânicos, para mecânicos que são alunos ainda, que serão mecânicos. Eu
falo mais ou menos isso. Falo assim, ó, eh, você vai se formar aqui na minha escola e quem vai entrar no avião que você vai despachar em segurança sou eu e meu filho. Então, a minha responsabilidade é você ter uma formação. É isso, né? É isso, é isso. Se Se a gente conseguir colocar isso como padrão, né, a tendência é que a gente tenha um um mercado profissional mais comprometido, eh, mais responsável, mais profissional mesmo, né? Sim, sim. Possível, ó. Sensacional, cara. Eu adorei. Estamos aqui acedendo perguntas. Ah, tem mais perguntas. Tem mais perguntas. Tem
coisa ainda. A gente só tem uma hora de episódio. Tem coisa conversar. É que ele fala muito rápido. Dá vontade de Eu falo rápido mesmo. é verdade isso? Isso, né? Não, não é possível que só tem uma hora aqui, ó. É que ele fala em 2 x, né? Ele fala em 2 x. Também tem que desacelerar lá. Eh, eu eu vou perguntar porque puxa muito no assunto que eles já estão. Eu acho que vai dar uma deixa melhor. Não, não. O meu é mais fácil deixar quando for. Não era justamente sobre essa questão psicológica, porque
assim, a gente teve recentemente, eu tive com L, a gente foi lá no Cavex, ele foi dar uma palestra OK, e a gente conversou com a com algumas pessoas lá que trabalham também com a questão de busca salvamento. E ela falou para mim assim que você vê tanta coisa que você acaba criando meio que uma casca assim. Ela falou que ela participou de Brumadinho, da das enchentes do Rio Grande do Sul e de outras coisas assim, de Mariana. Eh, mas ela falou assim que na hora você tem que fazer o que você tem que fazer,
não tem como você deixar o psicológico interferir, mas que depois no fim do dia, quando você vai ali para um hotel, para uma base para descansar, muitas vezes é a hora que desaba né? Como é que é para você essa questão psicológica de principalmente num acidente grande assim como 1907? Não que o pequeno não seja, mas quando tem esses casos de grande repercussão, porque vem muita pressão da mídia em cima também, ah, tem que achar logo, tem que tudo é logo. Como é que vocês lidam com isso? Legal. É, vou começar mais do início aqui,
tá? É, isso. Quando você quando você se assim se compromete em fazer isso, você não não é assim, eu comecei hoje, me formei daqui três meses ou daqui dois meses e aí na semana seguinte eu já tô na linha. Não, não é assim que funciona. Eh, o coordenador de operações de resgate, por exemplo, ele demora dois meses para se formar. Ele volta, ele inicia um estágio, na verdade, de adaptação operacional. Aí ele vai acompanhar algumas operações de busalamento, só acompanhar, ele vai ficar olhando aí. E aí ele começa, passa para uma avaliação, aí ele vai
começar a coordenar com gente observando ele, cuidando, né, supervisionando até o momento que ele faz isso aqui sozinho. Então são processos de transição. Quando você trabalha com sou resgateiro, sou piloto de busamento, é a mesma coisa. você se forma aí, você vai começar um processo onde vai ter gente mais experiente que você te carregando, entre aspas, né? Depois você entra na sua operacionalidade, cresce nessa operacionalidade para que em algum momento você comece a fazer sozinho, né? Então são são esses momentos eh de formação, né? Eu tô falando, ah, o suporte psicológico, ele sempre tem o
tempo todo nessa nessa fase da formação. Depois o que que você tem? Os esquadrões da Força Aérea de helicóptero, todos eles têm um médico de esquadrão de aviões também, mas tu falar especificamente do helicóptero, que aí eu consigo fazer analogia, né? Ah, então os esquadrões de helicóptero da FAB tem um médico de esquadrão, é um profissional de saúde que cuida das tripulações dos helicópteros. Muito bem. Como que funciona no exército da Marinha? Os esquadrões de helicóptero do exército e os esquadrões de helicóptero da Marinha não tem médicos de esquadrão, eles têm psicólogos de esquadrão. Então
é o psicólogo, na verdade, que é o profissional de saúde, que vai fazer esse monitoramento eh das tripulações que estão envolvidas nas ações. E aí o psicólogo faz essa triagem e se for um caso de saúde ou médico, ele leva para dentro do hospital. E na FAB é um médico que faz a triagem e se ele identificar que é um caso psicológico ou psiquiátrico, ele traz para dentro do hospital pro tratamento. São maneiras diferentes de enxergar a mesma coisa, né? De enxergar o mesmo problema. Eh, agora, como é que você lida com isso no dia
a dia? Você aprende. Aprende como, Silvio? Um dia depois do outro. Não tem regra. Eh, eu já cheguei em casa chorando, desesperado. Eu já não cheguei em casa porque eu preferi dormir no trabalho. Eh, eu já cheguei em casa que eu não queria falar com ninguém. Já cheguei em casa super feliz, né, porque tinha dado certo. E você vai vivendo um dia de cada vez com calma e trazendo sua, tentando trazer isso, eh, como parte da sua realidade. O grande erro, endurecer o coração, normalizar. Isso não pode ser normal. né? Então que eu acho que
até o pouco que acontece com o médico, com cirurgia, normaliza às vezes a gente acha, né? A gente que não é médico, né? A gente pode olhar pro pro cara que é médico, falar: "Ah, esse cara normalizou demais, banalizou, né? Virou virou normal para ele, né? Eh, é o que a gente sempre fala, isso não é normal, né? Eh, você está numa operação de buçamento com gente desaparecida, não é normal. Você não pode normalizar isso. Não adianta você achar que você vai chegar em casa e vai fazer a tarefa com o seu filho com a
cabeça zerada, vai bater papo com a esposa, com o marido, com a cabeça zerada, porque sua cabeça não está zerada. É, a gente não é máquina, né? Você não é máquina, você não vai conseguir chavear. E eu nem quero que você aprenda a chavear desse jeito, porque se você começar a chavear demais, eu tenho você desconectado demais daquilo que você precisa estar conectado, né? Então assim, eh, isso eu falo qualquer linha de profissional, né? resgateiro, piloto, tripulante, operador de equipamento, controlador de tráfico aéreo, comunicações, coordenador de emissão, é um sistema todo, né? Então assim, as
pessoas que estão envolvidas naquela situação tem que estar conectadas. É porque todos estão expostos a ver coisas, né? E é em diferentes níveis. É, é. Não, não tem fácil, né? Certo. Tá. O resgateiro é o cara que vai chegar na cena. Ele vai ver ou sobrevivente ou ou falecido. O cara que tá aqui operando equipamento é o cara que vai posicionar. Eu tô fazendo o caminho da engenharia reversa, né? O o cara do equipamento que opera o equipamento é o cara que opera o guincho, que se ele errar ele mata o resgateiro. O resgateiro entra
vando dentro da árvore, né? Ele tem que posicionar exatamente naquele ponto. O piloto é um cara que não pode mexer o helicóptero enquanto esse procedimento tá acontecendo. Para esse helicóptero tá nessa posição, teve toda uma equipe de busca antes. Então eu tive dois pilotos no avião que tiveram que fazer a rota certinha do padrão de busca sem errar nada. Os caras que estão olhando pros lados, são dois de cada lado do Amazonas, por exemplo, né, que é o aeronave que o segundo décimo, que é o esquadrão pelicano, opera. Então, eu coloco dois observadores de cada
lado. Ele tem que fazer a varredura visual exatamente na quantidade certa para localizar, para poder identificar o objeto da busca. Esse avião tem que fazer tudo certinho. Para esse avião, tá aqui, a equipe de coordenação tem que ter feito um trabalho excepcional. E é o coordenador que vai ligar pra família para dar notícia boa ou ruim. Então, todo mundo aqui tá engajado de uma maneira e você tem que tá focado 200% naquela missão. Se você não tiver, ah, meu filho tá doente, eu prefiro que você não vá na missão, substitui, vai outro, não tem problema
nenhum, tá tudo bem. É, é um trabalho em equipe. Essa é essência de teamwork, né, assim, de porque a gente fala muito em trabalho em equipe que é uma um dos fatores humanos que levam acidentes é a falta desse do teamwork, né, de trabalho em equipe. E quando a gente vê assim, eh, e isso é um exemplo prático de como as coisas têm que funcionar, todo mundo engajado ali na mesma missão, com o mesmo foco de ter o resultado, entender o que que você tá fazendo ali, né? É o que que é esperado de você,
né? E assim, a gente fala para todo mundo, isso é é a tal da confiança, são relações de confiança, né? Eu tô olhando aqui pro meu lado do avião, sou observador, eu tô olhando só para isso aqui. Eu tenho eu tenho desconfiar que o cara que tá do outro lado do avião, olhando pro outro lado, ele tá tão comprometido quanto eu, porque senão não adianta o que eu tô fazendo aqui. É, então assim, a relação de confiança que gere, né, o que alimenta toda essa equipe é é um ambiente só apaixonado, né? ambiente fantástico de
trabalhar, né? São assim, são pessoas que eu eh realmente eu tenho prazer de conviver, de trabalhar, de ah, hoje não deu tempo de almoçar, tá tudo bem. Hoje vai ter que dormir só 3 horas, tá tudo bem também, entendeu? Porque tá todo mundo ali naquele mesmo, vivendo aquele aquele mesmo momento, né, de de da operação da da operação, enfim. E eu atesto isso. O que você tá falando assim, eu uma vez alguém do esquadrão pelicano entrou em contato comigo assim por e-mail ou não sei se a gente conseguiu, a gente acho que até se falou
pro WhatsApp e era esse espírito assim, não, você precisa vir conhecer o que a gente faz aqui, você precite tá estendido. É porque primeiro que você hoje, né, é coincidência, mas assim, o atual comandante do esquadrão pelicano é um amigo pessoal meu, foi meu aluno, o operações é meu amigo pessoal, o esquadrão inteiro assim é meu quintal de casa, né? Eu moro em Campo Grande, né? Então assim, eu eu tenho uma convivência maravilhosa ali com o esquadrão, né? Não só com esse esquadrão, assim e eu brinco com todo mundo, Lito. Se você tiver em Brasília
e Brasília, Curitiba, Manaus ou Recife, você fala assim: "Pô, quero tomar um café". vai visitar o Salvaero, pô. É 24 horas por dia, entendeu? Sempre vai ter alguém lá trabalhando, sempre vai ter um café pronto. Então assim, eh, são ambientes, na verdade, né, que a gente fala assim, eles não param, né? São literalmente 365 dias no ano, 24 horas por dia, eh, sempre guarnecidos, sempre com esse esse processo, né, de de atenção, tudo. É, é um é legal assim, é uma é uma atividade diferente. Agora, pô, para visitar o Pelicano, vamos marcar a data. Eu
já sugiro duas aqui pro pro seu calendário aqui, ó. Assim, eu gosto de coordenador assim, já coordena. Tem ó, tem 26 de junho, é o dia da busca salmamento. 26 de junho já tá, já tá agora. É, então assim, e 6 de dezembro é o aniversário do esquadrão pelicano. Então assim, são dois momentos que são muito muito emblemáticos ali na história do esquadrão. Eu não estarei no Brasil 26 de junho, mas 6 de dezembro já anota aí na agenda. Pô, engraçado, extremamente prazeroso para mim. É, obviamente não faz coção. E até é legal demais, não
é? Eu não digo nem para fazer conteúdo. Conteúdo vai sair também, mas é é ter o prazer de conversar com pessoas assim. Ô, tem vários porque, sabe, são é uma abnegação eu, eu dou muito valor a isso, sabe, de quem de quem tem esse esse compromisso com a vida, porque eu sou o cara, eu sou sou urbanista também, sabe? assim de eu o que eu puder fazer, o que eu puder ajudar pessoas, eu ajudo pessoas. Isso é que ter criado uma escola é isso. É assim, eu quero mudar a vida das pessoas. É quando você
trabalha com educação, é isso, né? Que o que que é trabalhar com assim, eu sou sou sócio hoje de uma escola de idiomas, né? Eh, conectado de alguma forma com a educação, né? Eh, pô, faço um mestrado conectado com a educação, porque eu acredito que realmente é o caminho, é o caminho de você eh tentar contribuir para uma geração melhor é você trabalhar com educação, é você investir na área de educação, né? Eu eu vou tentar compartilhar aquilo que eu vivi para que outras pessoas que venham depois de mim eh não cometam os mesmos erros
e melhorem os resultados. É porque eu eu fico pensando lá de Vicente Carvalho, né, de que eu saí andando a pé ali até chegar no hangar da base aérea lá para fazer o estágio. Eu estudava de noite, o curso de técnico de manutenção e e as dificuldades que eu tive de depois vir em São Paulo, entrar na várg e tudo mais. Pô, eu já passei por isso e eu o caminho hoje é mais fácil, então por que não mostrar o caminho mais fácil para as pessoas? Isso, isso, isso tá no, no núcleo de quando eu
criei a a academia junto com a minha esposa que falou: "Pô, a gente a gente vai facilitar para as pessoas e a gente vai mudar a vida das pessoas, porque o que me deu a vida que eu tenho não foi o YouTube, essas coisas. Isso aí veio depois. O que me deu o que eu tenho foi a aviação. É o caminho lá atrás. É a aviação, pô. foi o ser mecânico de avião. E aí a tem um monte de gente que nem sabe que pode, não sabe nem que existe a saxa, eu posso, eu posso
ser mecân de avião, pô, eu tô aqui para expand e o mercado hoje carece, né? Hoje você tem um mercado de aviação expansão, na verdade, né? Brasil aí com maior frota de helicóptero, segundo maior frota dejados executivos, Guarulhos batendo recorde ano passado com 43 milhões de pessoas sendo transportadas. É, então assim, você tem um mercado de aviação, eh, as empresas de offshore, todas elas contratando. Então, assim, você tem um mercado de aviação aquecido hoje, eh, e faltando gente, e faltando gente qualificado. Qualificado, faltando gente, qualificado. Natan, sua vez, tá todo mundo querendo fazer pergunta pro
Silvio aqui. Minha chance agora. Não, eu gosto muito da parte operacional em relação ao busca salvamento. Como você tá, é uma terça-feira, você tá no seu trabalhando lá, daí como é que funciona todo o processo de você, a partir do momento que você sabe que tem um avião ou uma operação e um curso, como é que são as primeiras horas disso? Como é que funciona? Já começa a chamar a gente para pegar, pega o avião, vai fazer a rota? Como é que é essa operação? Vamos trabalhar com eh agora a gente tem que criar um
didático aqui, né? Vamos lá. Então vamos lá. Vamos pensar aqui numa realidade do salvé amazônico. Então o Salveiro Amazônico, ele fica em Manaus, né? Eu vou ter o tempo todo duas pessoas trabalhando, um comunicações e um controlador de tráfego aéreo. E agora é o Savero Amazônico, o Centro de Coordenação de Salvamento Amazônico, esse controlador de tráfego aéreo, ele faz parte do Ele é um controlador, ele é um controlador, ele se formou na Escola de Especialistas, controlador de tráfego aéreo, tá? Mas ele é exclusivo do salvaero. É. Aí muitas vezes o que acontece é o seguinte,
ele se formou na escola ensino eh ensino médio, né? Fez o técnico com sou controlador de tráfego aéreo. Aí eu vou ser distribuído para algum órgão de controle do espaço aéreo. Então vamos supor que ele cai em Manaus no ACC, tá? Então ele vai ser controlador de de tráfego aéreo do centro de controle de área de Manaus. Muito bem. Aí ele fala assim: "Pô, eu queria trabalhar com busca de salvamento". Vai pedir pro chefe. Aí tem uma uma seleçãozinha ali. O chefe vai definir, né? O normalmente ali é o é o COI, né? é operações,
eh, o chefe de operações ou do, enfim, alguém vai decidir quem serão os militares que vão poder fazer o curso. Aí ele vai para São José dos Campos, vem aqui pro lado, pro ISE, Instituto de Controle do Espaço Aéreo, que é onde você eh executa, né, o curso de coordenador de operações de de busamento. passa 7 semanas, 7/8 semanas, a gente tá num momento de transição aí agora, se formou no curso, ele volta, entra no estádio operacional dele, depois que ele tiver tudo pronto, aí ele começa a trabalhar dentro do centro de coordenação do salvamento
como controlador de tráfego aéreo. Ah, então ele ele sai do DC, ele sai do ACC, não, ele é do DC, ele sai, ele sai do sai doc. É o o controlador, ele pode trabalhar na torre, ele pode trabalhar na no app, no CC, COPM, parte de operações militares, busca salvamento, você tem várias vários lugares, né, que ele pode ser e empregado, né, como controlador de tráfego aéreo. E aí ele trabalha com busca salvamento. Então esses dois estão lá. Aí o cara do ACC que é do lado em Manaus, né, é o mesmo centro ali, né,
é a mesma, é a mesma sala, é um salão enorme, né? Eh, ele vira e fala assim: "Ó, ô Salvao, é o seguinte, ó. Eh, recebi uma informação aqui de um cara que tá voando no trajeto X de que um avião declarou emergência, o papatango e fala matrícula". Aham. O salvaério quando fica sabendo disso, esse é o start de uma operação de busca salvamento. Muito bem. Já existe uma percepção de insegurança que envolve uma aeronave. Então eu tenho uma operação de busamento iniciada. Que que acontece na prática? Ele vai levantar. Tem plano de voo sim
ou não? Se eu tenho plano de voo, eu já sei de onde ele decolou para onde ele vai. Então vamos supor que eu tenha plano de voo. Então eu vou entrar em contato com o aeródromo de origem, ou seja, de onde ele decolou e confirmar. Ele saiu mesmo. Ele decolou mesmo. Ah, você você recebeu aí o papatango tal, não sei o quê. Ele decolou mesmo? Decolou que horas? OK. Ligo no destino. Ele não pousou, não pousou. Ligo numa alternativa. Não pousou. Não pousou. Muito bem. Então agora eu já tenho essa operação. Agora ela tá crescendo
de volume, né? Eu já começo agora. Eu já sei que aeronave que é porque eu tenho o plano de voo e já sei quanto que ele tá abastecido. Então já tenho o cálculo de autonomia dele. Pelo cálculo de autonomia é um dos indicadores que eu tenho na fase de emergência. E é isso, vai desenvolvendo de tal maneira que eu coloco o cara da comunicações agora, ele vai começar agora a fazer a investigação via telefone, vai pedir rejogo radar, ele vai eh ligar nos vicinais, nos aeródromos da região. Deixa, deixa eu dar uma pausinha agora porque
veio o negócio aqui na cabeça. Então, quando quando a gente tá passando um plano de voo, pedindo autorização para voo, que a gente que a pergunta da torre é autonomia e o POB. Uhum. Então, essas informações, na verdade, são pro salva, elas elas também servem pra gente depois. É isso aí. É, olha só. E é fundamental, né? É fundamental. É porque assim, se eu tenho um Vamos pensar aqui, eu tenho caso real aqui, né? Delta Bravo Mike, ele decolou para um aero levantamento em Oriximiná, no Pará, decolou para um voo de 3 horas, piloto e
um técnico, né? E aí começa prospectar área, prospectar área, prospectar área, 5 horas me de autonomia e ele deu pane seca. 3 horas de voo, 5 horas me de autonomia, pane seca num CCA, caramba, bimotor para os dois motores, ele vem para um pouso, vê uma área verde, fala assim: "Pô, é aqui que eu vou pousar, né? Área verde no Pará é mangu". É isso aí. Quando bateu, nariz entrou, calda subiu, já pilonou e começou a afundar. Região urbana. Bombeiro chega na região, não consegue chegar nele. Todo mundo vê o avião e não consegue chegar
nele. É surreal a cena. E aí o papai do céu, ou outro nome que a gente queira acreditar aqui, tem um helicóptero da Fabi uma hora dali fazendo outra missão. Nada a ver. Nada a ver. Outra, outra coisa, é acionado o helicóptero da Fabi. O helicóptero da FAB vem pra vertical. A cena é lama, lama, lama. Não tem como você chegar ali por terra, barco, nada. eh galhada embaixo da lama, né, do mangue. Desce o resgateiro na vertical, vem, tira piloto, tira o o técnico, sobe para dentro do helicóptero e pousa do lado. Você olha,
você fala assim: "Cara, isso aqui era uma ace quinta-feira aleatória, né? Não, assim, qual a chance disso aí acontecer, né? São acidentes, né? Eles rompem a essa rotina que a sociedade vive. Voltando pro didático lá, esse caso foi coordenado pelo Salvar Amazônico. A gente pode pegar até ele como didático. E essa aeronave, na verdade, ela declarou emergência, chegou pro ACC que ela tinha declarado emergência, levanta-se o plano de voo. O plano de voo dele era quase local, porque ele decolou para pousar no mesmo lugar. Ele só ia fazer uma uma prospecção de terreno, ia voltar
para onde ele tinha decolado. E aí as o que que você tem de meio na região? Eh, você não sabe onde ele tá, então vai ser busca, certo? Só que você tem um avião aqui em Campo Grande, você tem avião no Rio de Janeiro. Pô, mas aí você nesse nesse contato com quem gerencia os recursos da FAB, né, que é o comai, né, eh, você o cara entra em contato, o coordenador, né, faz a solicitação, né, ó, tô com uma operação de busamento, bá, o cara decolou de tal para tal, tanto a bordo, autonomia já
se esgotou, tá se esgotando, ele declarou emergência, ele ele explica a situação e ele e ele questiona, né, o que que você tem perto, né, o que que nós vamos acionar agora nós vamos combinar aqui a guerra, né? O que que você tem para me dar e o que que eu preciso, né? E aí o o o a informação foi, não, você tem um helicóptero, tá uma hora dali, pô, pelo amor de Deus, pega o helicóptero, bota para ir para lá e vamos ver se a gente localiza, né? O helicóptero veio na vertical, pegou, fez
o salvamento, tirou todo mundo, os dois sobreviventes. E isso é um um negócio eh importante de falar que você falou no início, isso é isso é um serviço que é gratuito. Gratuito, indiscriminado. Indiscriminado, gratuito. E assim, sabe que nos Estados Unidos não é assim, né? Não é assim. [Música] Os caras chegam rápido lá até na guarda coceira tudo, mas depois chega a conta também do do resgate. É, você tem eu vou pegar esse gancho, Litor, e vou vou falar de uma coisa que a gente eh em algum momento muita gente pergunta, né? Ah, mas e
se for uma aeronave, por exemplo, que ela tá traficando droga? Ah, como que funciona buscar aumento nesse caso? Então o avião ele decolou de um país vizinho qualquer, entrou no espaço aéreo brasileiro e declarou emergência ou sofreu uma ação de força aérea que levou ele a um acidente aéreo e a gente não sabe aonde. Isso é busca de salvamento, não é? Como é que funciona isso? Isso é busca de salvamento. A busca de salvamento, ela é indiscriminada. Não me importa quem tá dentro. Não importa qual era a missão do avião, se era uma missão de
transporte de órgãos ou transporte de drogas. Eu tenho ali dentro seres humanos. né, que estão numa atividade aérea e eles agora têm uma situação de risco real ou iminente, gera uma operação de busamento, vai ser feita a missão de busca, vai ser feita a missão de salvamento com alguns cuidados. Se você tem essa informação inicial, por exemplo, ah, foi uma ação de de força aérea que derrubou o avião, como a gente tem acontecido até com frequência hoje, você já sabe o que tem ali dentro, certo? Ah, não é um avião que tava cruzando a fronteira,
sem plano de voo. Pô, esse avião ele é ele ele levanta uma certa suspeita. Então, para não expor a tripulação da missão de salvamento do helicóptero, então você tem algumas medidas protetivas. Uma delas é o quê? Você leva a Polícia Federal junto, então você cria um cenário, na verdade, de proteção para quem tá indo prestar a missão de salvamento. Mas a missão de salvamento ela é prestada. Acontece muitas vezes hoje em dia de você chegar no avião, o avião tá abandonado, o cara fez um posto forçado e evadiu, largou o conteúdo para trás ou alijou
o conteúdo. Você tem várias várias situações, né? Mas e é isso, mas a missão, a essência da missão a essência da missão é é essa aí. É Aham. O que você comentou dos Estados Unidos, eh, na verdade é uma abertura, teve durante muito tempo um movimento, né, de principalmente se cobrar ou se aplicar uma multa para acionamento indevido, né? Então, eh, recentemente teve um um caso aí, eh, um chinês, ele foi fazer um, saiu, né, foi mediático o caso, tem uma semana, eu acho, ele foi fazer um um voo de parapente, pegou uma corrente ascendente
e ficou preso não sei quantos milos de altura. Pô, se eu não resgate, o voo não era autorizado e não era a primeira vez que ele fazia isso. Aí esse cara, aí vem, vem aquela coisa, né? Pô, vou aplicar uma multa. Aplica assim, aí cada país de NC, cada estado, né, tem uma política de se de se aplicar à multa por acionamento indevido. No Brasil a gente ainda tem muito acionamento indevido. De ELT? Tem tem mesmo. Eh, existe uma política da Força Aérea de educação, de divulgação de informação para que as pessoas quando vão fazer
o teste do equipamento do EL que façam Exato. Avisem antes o BRC. Isso é no ler o que tá escrito no manual, né? Exatamente. Tem uma maneira de você fazer o teste, o sinal não subir pro satélite para ele só gerar um teste interno. E aí eu, esses são os problemas, né? você tem um equipamento a bordo e muitas vezes as pessoas não sabem que tem esse equipamento a bordo para começar e quando sabe que tem um equipamento não sabe como ele funciona. Então assim, às vezes são três luzinhas e aí se der duas vezes
uma vermelha, você tem que pegar o manual para saber o que que é. Então cada combinação de cores ali, ela ela indica e essa esse desconhecimento é, infelizmente ainda é muito grande, né? Eu tava antes da gente começar, né? Eu tava comentando um caso aqui, existe uma competição, né, que é mais, na verdade não é bem uma competição, porque não é quem chega em primeiro, na verdade é fazer o evento, né, que é de barco a remo que conecta da cara a Natal. Nossa. Então o cara cruza de barco a remo oceano Atlântico. Aí tem
um caso clássico que a gente teve de operação de buçamo, que é um um senhor e ele ele sai com esse barco a remo e em determinado momento a onda vem, bate, vira, joga ele para fora do barco. Ele volta para próximo do barco, mas ele ainda tá na água, no meio do Oceano Atlântico. E ele pega o satelital e aciona o sistema de emergência da do evento. Ah, que na verdade é um telefonista, né? Porque ele encaminha a solicitação de emergência pra marinha brasileira, que naquele momento não sabendo onde tem um cara com barco
a remo no meio do Atlântico e com um navio que desloca 20 nós, 18 nós, 10 nós, que que ele faz? C dias vai demorar, ele aciona a força aérea para mandar um avião. Para onde? Você não tem como saber isso. Aí a história, né? É a história real isso, né? Aí o coordenador de missão entra, passa a mão no telefone satelital do cara que pediu o socorro de dentro do Salvério Recife, liga para ele, fala assim: "Quem tá falando é o Samor José Toledo Pisa. Seu José, tem alguns nomes que eu não esqueço, né?
Seu José, onde o senhor tá?" "Não, tô aqui do lado do barco." "Senor José, que barco? Onde o senhor tá no mundo?" "Não, a gente saiu, não sei o quê". Já tinha saído tinha 20 tantos dias já. Vixe, seu Zé, volta para dentro do barco. Não, não consigo. Tô, eu acho que eu quebrei o Volta para dentro do barco. Não, não tem outra opção, né? E aí acontece uma situação, ele volta para dentro do barco e aí nesse voltar para dentro do barco, o equipamento de navegação dele se perdeu. Ele não tinha posicion, ele não
sabe mais onde ele tá. Perdeu GPS, perdeu tudo, tem remo água, tem o distalinizador interminável, comida, ele tinha estoque para 60 dias, não era problema. Só que a gente tem que descobrir onde ele tá, né? E aí o coordenador vai conduzindo ele, né? Que mais que o senhor tem? Olha pro lado. Vamos lá. Me dá, me dá mais informação. Eu preciso descobrir onde tá. Ning bússola ele tinha nada. Daqui a pouco ele fala assim: "Não, eu tenho aqui um outro equipamento aqui que é laranja. Era um EPIB. O EPIB, na verdade, é o mesmo equipamento
do ELT que fica dentro do avião. Aí o coordenador fala assim: "Seu José, liga o ON aí. É verdade, Lito. Verdade. Verdadeira. Isso. Quando ele liga o ON, cara, é milissegundos. É literal isso. É milissegundos. Sai um sinal do meio do Atlântico, bate no no nos satélites, né? eh de órbita polar média, órbita polar baixa e geoestacionário, entrega pro BRMCC, que é o centro de de controle do Missão Cassar SAT, que fica em Brasília, que automaticamente tá conectado a uma console operacional dentro do Salvoer Recife. É assim, ó. Liga o aí. Ligou um faz assim,
ó, na tela. Eu sou que a piada pronta. A piada pronta é que esse cara, ele tirou uma foto segurando o EPIB. no porto de Dakar e tem a foto dele segurando o epíbio do equipamento de emergência que ele não sabia o que era. Que legal, hein? Beleza. Então assim, o desconhecimento da atividade ainda gera muita história, entendeu? Tem tem um comercial, isso me lembrou um comercial muito engraçado que fizeram da da FedEx. Eu não sei se comercial da FedEx ou não, se é uma sátira, mas tem o sabe o filme náufrago, né, do Tomá?
Então aparece um cara com barbão assim, né? Aí ele vai entregar o o aqueles negócios da FedEx, porque era da FedEx caiu, né? Ele toca na casa da mulher, a mulher abre, ela fala: "Ó, eu trouxe aqui, né, Fedex nunca deixa de entregar as coisas, né?" E aí ele entrega para ela aquela caixa, né? Com as coisas e aí ela já vai fechar a porta. Ele: "Mas só um minutinho, só para eu saber que que tem dentro da caixa". A mãe fala: "Ah, não tem nada demais, tem um telefone via satélite". E era ele lá.
E era ele umas umas sementes para plantar, né, de que ele só comia coco. Só comia coco. É tanto isso. É não saber. Isso é falta de consciência situacional. Exato. O cara, o cara vai para uma situação dessa, se ele se propõe a fazer uma atividade dessa, que é cruzar o Atlântico num barco a remo e não sabe o que tem dentro do barco. Uhum. É, é, é, é meio surreal isso assim no assim. OK, já não é tão já faz tempo isso, mas tal, mas você vê isso acontece toda hora. É, é, é a
gente que vai fazer uma expedição Monte Roraima e não tem um preparo, não tem, não tem um suporte necessário. Planejamento. Planejamento. Sabe que isso é uma coisa que assim, você dá palestras também, eu dou palestra assim, é, é, é impressionante ver como algumas áreas assim da do trabalho de empresas não tem um planejamento como tem aviação assim, fazer as coisas. É verdade. É verdade. Acho que assim, a gente sempre fala isso, né? A aviação, ela pode emprestar vários modelos pro pro meio corporativo. Eu eu acredito muito nisso, L. Eh, o processo de investigação de um
acidente, por exemplo, a gente tem eh várias empresas eh produtos químicos eh combustíveis, produtos pressecíveis que estão sujeitos a um acidente específico, né? O mercado, as empresas de aviação, todas elas, óbvio, né? Mas você tem modelos, por exemplo, de segurança, eh, que são estabelecidos por protocolos internacionais dentro da investigação do acidente aéreo, que esse modelo pode ser emprestado pro meio para qualquer. Exato. Exato. Eu eu falo muito isso. A gente tem um exemplo agora acontecendo real de agora, os correios foram proibidos de Sim. de despachar coisas, despacha e e assim simplesmente porque não segue o
protocolo, sabe dentro, ele não sabe o que tem dentro que ele tá transportando. Então aí você fala assim: "Pô, eu vou eu vou eu, você, a gente vai viajar aqui, entra aqui em Guarulhos, é raio X, é detector de metal, passa mala, passa não sei o quê". Se eu tiver com espuma de barba, não pode. É. É. Agora se eu colocar a espuma de barba dentro de um negócio da Cedex e ele mandar pelo avião, pode. Pois é. E aí a gente sabe por que que existe esse protocolo na aviação de Dangerous Good? por causa
do acidente lá de Everglades, 1982, né? Isso. É isso mesmo. Aí, pô, mudou tudo. Aí a gente tá em 2025 e o correio não segue uma normativa de aí agora fica reclamando, né? E fora o prejuízo que vai ter, vai ter que parar a operação. Mas a gente teve aí um, eu imagino que é por causa disso, né? O avião que pegou fogo aí. Então, enfim, mas é isso. A gente, a aviação tem muito para emprestar pro para para todas as áreas. Tem muito. A gente tá falando de teamwork. que eu vou puxar um outro
exemplo aqui que você falou do Tom Hanks, agora que eu lembrei, né? A hora que a gente olha lá do do Rio Woodson, né? É, do Sully. Pô, o Sully foi um herói, né? O que ele fez como piloto inquestionável, né? Colocar no outros pilotos, no simulador, ninguém consegue e tal. Mas eu sempre falo o seguinte, mas quem foi o grande herói daquele acidente lá? Tripulação. A equipe de comissário, quando esse cara pousou, eles conseguiram cheirar todo mundo, todo mundo. Treinamento antes, execução na hora da crise, sem pensar. é executar o que tem que ser
feito, aquilo que você treinou, a hora que entrou a crise, você tem que executar aquilo lá. E é comando de voz, é olhar no olho, eh, você não precisa ser grosso, você não precisa empurrar ninguém, você tem que ser assertivo e executar aquela função. Você tem que, as pessoas têm que entender, nós estamos numa crise. Então, se a gente tá numa crise e a minha função é gerenciar essa crise e te falar para onde você vai, eu falo para onde você vai e você vai para onde eu falar que você vai. É isso. E aí
dá certo. Então assim, para mim é um é um case. É um case. Eu também eu uso bastante isso. O próprio inclusive eu tenho um vídeo aqui no canal que fala do copiloto, porque todo mundo fala do sala do copiloto. Eu falo do copiloto que ele também foi sens. Isso que falar agora. Eu ia puxar o CRM agora. O CRM dos dois ali. Espetacular, né? Né? Não, não tenho o que falar, né? E eu eu acho que antes ontem ou anteontem eu fiz um rios dessa, teve um kingir que veio pousar aqui com pouso. É,
tem três, quatro dias isso. Agora é e aí falaram um monte de coisa, a imprensa falou: "Vo para Marte e aí ficou para Jundiaí". É isso. Isso. Ele foi aí foi até Atibai e depois escolheu o Jundiaí. Decisão foi posar Jundia por causa de menos tráfego e tudo mais. Várias decisões corretas ali, várias. E aí o final foi feliz. Aí eu eu puxei esse gancho assim um pouquinho história, só falando um pouquinho assim. Primeiro falar que eu gostei eh dois momentos. Eu odiei a cobertura da imprensa que fez um ultra sensacionalismo enquanto o avião ainda
estava fazendo o trouble shooting ali de saber se é pousado ou não, porque hoje em dia a a comunicação sempre foi aberta, mas hoje em dia todo mundo tem acesso. Sim. Então, as pessoas não entendem o que tá sendo falado e e aí passam a a interpretação, é interpretar isso. E aí teve o caso da atriz que tava a bordo e ela fala: "Não, eu até liguei pra família para me despedir da família e era uma coisa simples, mesmo que não funcionasse, o avião ia pousar de barriga e não ia ter vítima". simples que não
é que é uma coisa simples, mas é uma coisa que a engenharia já pensou que um dia um trem de pouso não ia baixar, aí coloca um sistema secundário. Se o secundário fala falhar, então existe um checklist para fazer um pouso de barriga. Dentro de uma situação de emergência fora da normalidade, eu tenho uma solução prevista. Exato. Exato. E aí eu, né, eu falei mal dessa parte do sensionalismo, eu falei bem da conduta da tripulação. Era uma comandante que saiu uma matéria falando que ela tinha 23 anos. Falei, não quer dizer nada, nada. A idade
não quer dizer nada. Mas a tomada de decisão e ela soltou uma nota oficial e na nota oficial ela fala: "A minha tripulação". Ela e o neto, acho que é neto o nome do do copiloto. Pronto, aquilo para mim já definiu. Tinha duas pessoas e ela fala o nome dele. Então eles fizeram CRM e ela tomou decisões de eu vou alternar Jundia, não vou pausar em Marte com esse problema. resolveu o problema usando o sistema secundário, seguindo o manual e aí o trem indicou, ainda assim ela manteve emergência, óbvio, e aí tinha bombeiro, tinha tudo
e tudo deu certo. Então, as tomadas de decisão, se forem com aderência a procedimentos, a gente não vai ter um um salvao tendo que com tanto trabalho, tanto trabalho. É verdade. A gente fala muito assim, é batendo papo, né, entre amigos, né, cara, as pessoas ficam chateadas às vezes porque não, o voo vai atrasar por conta da meteorologia ou não, eh, não, o avião, não, isso é um absurdo. Eu tava no avião e ele arremeteu. Que bom, que bom. É, que bom que ele arremeteu. Eu até falo assim, você ganhou 15 minutos a mais de
voo de graça, não pagou mais isso aí, isso aí não é verdade, isso podia dar mais milha, né? Combinar, né? Mas assim, isso aí na verdade é decisão segura. É decisão de vou ficar um pouco mais, esperar o tempo melhorar. É decisão segura. Lembra daquele Latan decolou Chile para Suncion, pousou no meio do caminho e aí tomou a decisão de decolar de novo três anos atrás, tirou, arrancou tudo da frente do avião. Os os o a filmagem dentro do avião dos passageiros é é cena de terror, entendeu? Por conta de uma decisão errada de encarar
uma metrologia ruim. Ele já tava pousado. O Robson 44, o primeiro que a gente tava conversando, tava pousado. É, volta, dorme em casa, vai amanhã, joga seguro, né? joga dentro do dentro da daquilo que a gente tem de nomes, de procedimentos, das boas práticas de segurança. Acho, eu acho que a grande sacada dos próximos treinamentos, porque a aviação ela é é uma evolução constante, né, assim, uma melhoria constante, ela é dinâmica, mas acho que a grande sacada pro futuro é é realmente essa doutrina de tomada de decisão, processo decisório. É processo decisório, cara. E já
existe treinamento disso, já tem pelo menos uns 7 anos que existe processo decisório, mas ainda não é implementado. Ainda estão assim, a gente perde tempo com algumas coisas ainda que são do passado, muito remoto, que o cara tem que ficar estudando aquilo e isso já foi resolvido pela tecnologia e aí não se não tem o tempo necessário para uma coisa dessa, para trabalhar o processo decisório, né? Coeração de cabine, processo decisório, consciência situacional. É, são os grandes fatores aí que a gente vê aí, né? Aham. Quem gosta de relatório, sei que você gosta, você também
gosta. A gente vai olhando o relatório, é o que você mais vê, né? Assim, são são são situações que poderiam ser evitadas, né? Sim. Eh, e às vezes, voltando, né? Solução talvez esteja exatamente no processo de educação, né? trabalhar a base de uma forma melhor, trabalhar a educação de uma forma um pouco melhor, tentar colocar no mercado profissional que tenha eh não só o comprometimento, mas que tenha uma base de formação mais estabelecida, mais eh mais elaborada nesse aspecto para ele tomar decisão. É que é o piloto é isso, ele é um tomador de decisão
o tempo todo. O tempo todo ele toma decisões. Essa que é a verdade, né? Eu fiquei feliz com meu filho esses dias. Ele tem se anos. Tem se anos, né? Tem seis anos. Aí ele foi ligar a TV no quarto dele para ele jogar videogame e a TV não ligou. Aí ele foi no quarto da e tem a mesma TV no meu quarto. Ele foi no meu quarto. Eu tava tomando banho, foi no meu quarto, aí pegou meu controle remoto, foi lá e a TV não ligou. Aí ele foi lá no banheiro, me encheu o
saco, falou: "Ô pai, eu eu liguei a TV lá do meu quarto, ela não ligou e aí eu peguei o controle remoto, também não ligou". Então eu acho que o problema não é o controle remoto, né? Olha aí, tá tomando decisão e tá resolvendo o problema. Anos, acionei o primeiro equipamento, não deu. Vou pegar o reserva. Peguei o reserva, não deu. Ok, vou pro segundo nível. Houston. tem um problema aqui. Mas eu fiquei muito orgulhoso. Eu falei: "Meu Deus do céu, é o filho que eu sempre quis". Aí a molecadinha de hoje parece que já
vem formatada diferente. Verdade. Molecadinha de hoje é esperta, cara. É outro, é outro. Tem acesso, né? É muito mais informação do que, pelo menos que eu tive no passado. Tem. É. E fica vendo, ele gosta de ver uns vídeos de ciência no YouTube e ele vem falar umas coisas que eu não sei de onde ele tirou. É isso aí. É, a gente se surpreende com eles, né? Então já fica preparado pra próxima geração dos dos rescateiros e salva aí. É, é. Não, e vai ter muita coisa assim que vem pela frente. A tecnologia ela evolui
muito, né? Eh, acho que o grande desafio é você entender essa evolução tecnológica, se adequar, né? Então, hoje você fala de IA, você fala de várias coisas hoje, né? Eh, se adequar essa evolução tecnológica, mas não deixar de trabalhar essa questão doutrinária, né, do processo decisório, da consciência situacional. Agora que a gente tá falando disso daqui a a tecnologia ela vai melhorando. Tô falando, a gente vai ficar conversando aqui um tempão. Hoje em dia, né, o você tem um vai vou chamar de movem que tem o mapinha ali, que você tem o aviãozinho e você
sabe mais ou menos por onde você tá passando. Então você fazer um um uma percurso de busca baseado em navegação inercial, em em navegação inercial é tranquilo hoje. Mas como que era esse padrão de busca quando o cara tava no meio do oceano lá buscando alguma coisa com régua e era diferente. É diferente. É. E até assim envolvem outras coisas, né? Quando eu falo assim, ah, eu vou planejar uma operação de busca. Então assim, até 2006 isso era na carta, no mapa. Você colocava uma folha de vegetal por cima e traçava no lápis os cálculos.
Você fazia os cálculos matemáticos e vinha desenhando a área de busca. em cima do mapa. Aí vou botar o cara para voar. Outra folha de vegetal. Qual é o padrão que ele fez? Aí você fala assim: "Porra, se você tá de brincadeira?" Eu falei assim: "Não, não tô de brincadeira, mas agora que eu vou te surpreender." Porque em 2006, o Brasil entrou num hall de países que coordena operações de busamento de forma digital. Quantos países fazem isso no mundo hoje? 2025, menos de 30. Ô louco, hein? Então assim, menos de 30 países hoje, 2025 no
mundo tem essa capacidade de você coordenar tela, mapa, trago o padrão, crio o padrão, voou aqui, eu remarco para cá, trago o padrão para cá, faço o que eu quiser, é tudo digital, menos de 30 no mundo. Olha só. Então assim, eh, Brasil, isso a gente não tem para se orgulhar de algumas coisas no nosso país tem vários, tem várias coisas, é vários. o índice, o índice de localização, por exemplo, eh, do sistema de buscar aeronáutico brasileiro, ele é top três, top cinco aí há mais de 20 anos. Lito, é muito legal isso aí. E
é assim, é realmente fator de muito orgulho, né? O a parte do que a gente chama, a gente tava falando de ELT, né? Acionamento de ELT e tal, né? Isso é o sistema CPA sarsat, né? Eu eu gosto de falar isso e fica parecendo que eu tô tirando não é isso, pelo amor de Deus. Mas eu fui representante brasileiro para esse programa. Então o cospas é comicheskema a avarin sudov que é o que é o russo e o sarsat é o componente americano se and rescue satellite aided tracking. Então quando eles se uniram na década
de 80 eh o russo e o americano, entrou aqui ainda o francês e o canadense. Então são quatro países que compuseram desde o início esse programa chamado COSPA Sarsat, que virou um sistema, vários países se agregaram, né? eh pediram para interagir com esse sistema. Esse sistema hoje tem aí seus 44 países, mais ou menos, flutua um pouco, mas em torno de 44. Eh, e o Brasil agora semana passada declarou eh, foi um dos, se eu não tiver enganado, são só cinco países no mundo hoje que integram eh todos os sinais de órbita de de satélites
captados por órbita polar baixa, órbita polar média e geoestacionário. Tudo isso conjugado no mesmo na mesma console, trazendo pra visualização de quem presta o serviço de busamento uma localização cada vez mais precisa. Aham. São pouquíssimos países que tm essa capacidade. Então assim, isso é um motivo de super orgulho assim pro pro estado brasileiro, né? Mas é isso da mídia, não? E ninguém sabe, isso isso é silencioso, isso é isso é um backstage, entendeu? Eh, a hora que você tava falando assim, pô, que saiu na mídia errado, tudo mais, tal, eh, a minha, o meu projeto,
na verdade, de pesquisa nesse negócio do mestrado é justamente essa questão da desinformação durante os acidentes aéreos. Maralinha Mendonça, primeira notícia do Maril Mendonça é o quê? que ela tinha sobrevivido ao acidente. Voi paz 61 ou 62 a bordo era 61, virou 62, voltou a ser 61. Isso deu uma bagunça, porque ficou controle de espaço aéreo, eh, empresa, pessoal que fez o embarque, famílias discutindo se alguém não tinha embarcado. Então, assim, você tem você tem vários eh eh várias situações, né, que relacionadas a acidentes aéreos, né, que são muitas vezes veiculadas pela mídia e de
forma errada. Não, eu eu não tô falando que é eh veja, eu não tô dizendo que é não é de propósito, não é de propósito. Então é isso. O o resultado final é uma informação errada, entregue para uma sociedade que muitas vezes fica cada vez mais insegura em relação a um sistema de aviação que é altamente seguro e sem confiança num sistema perito SENIPA, sistema de buão aumamento que é altamente eficiente. Sim, sim. Dou um exemplo real disso. A gente acabou de sair uma série na Netflix falando do Congonhas. Eu vou pegar só um exemplo
aqui, né? Só um exemplo para gente não bater muito. Eh, bateram na questão da lista de passageiros. Sim. Que não saiu a lista de passageiros, não sai a lista de passageiros. E aí eu eu tava tentando explicar isso. Falei: "Moçada, no passado aconteceu uma vez um acidente em que soltaram a lista de passageiros e tinha nome de gente que não tinha embarcado. Então pense na situação de uma família que recebe um nome, de uma pessoa que não embarcou e ela não sabe porque ela não hoje em dia todo mundo tem celular, mas na época não
tinha. Então é por isso que demora para sair uma lista de passir positiva. Todo mundo que era suposto embarcar embarcou. Todo mundo foi escaneado. Todo isso é um processo demorado. Não adianta a imprensa ficar e todas as famílias de todo mundo que tá embarcado tem que ser contactada e tem que ter ciência disso antes de ir pra mídia. Exato. São aqueles aquelas eh eh assim, eu hoje convivo muito mais nesse meio do jornalismo, né? Porque tô fazendo o mestrado em comunicação, mas assim, é óbvio que existe aquela coisa do eu tenho que entregar a notícia
o mais rápido possível, né? Eh, só que esse imediatismo, ele acaba corrompendo a qualidade muito. Então, existem existem algumas coisas relacionadas ao acidente aéreo, por exemplo, essa é uma delas, lista de passageiro. Eu não vou te entregar lista de passageiro enquanto eu não tiver todas as confirmados todos os nomes e todas as famílias cientes do que aconteceu. Não vou relatório de discutir causa de acidente. Essa é a primeira coisa. Que que pode ter acontecido? é especulação, é é encontrar eh uma maneira de ficar dando sobrevida paraa notícia ao longo dos dias, né? Uhum. Eh, em
função de de de situações que você não tem, você não tem essa informação, vira só especulação, vira vira achismo, né? E aí começa uma um fluxo, né, de notícias agregadas, né? Todo acidente aéreo tem aquelas aquelas situações assim, ó, eh, ah, é a pessoa que ia embarcar e não embarcou. Eh, o que que tinha dentro do do avião? Aí vem as teorias de conspiração. Eh, por aconteceu isso, porque aconteceu aquilo? Ah, precisa ver se eu tenho um vereador lá. Aí começa os julgamentos, entendeu? de, "Ah, mas eu deveria, você não tá a bordo." Então, assim,
eh, julgar se um piloto deveria ter feito X ou Y sem estar lá vivendo o que ele viveu. E, e eu assim, eu eu muito respeito, respeito mesmo os caras com experiência na aviação, que fizeram a mesma função, tudo mais, tal, mas ele não tá vivendo aquela crise daquele momento. Eu posso ter 20.000 horas num determinado tipo de avião. Muito bem. Mas quem passou aquela situação de emergência não fui eu. É, então eu posso conhecer absurdamente daquele avião, divido muita coisa diferente, mas aquela emergência naquele momento, naquele dia, naquela situação com aquele outro piloto que
tava do meu lado, vindo daquela situação de voo, de pré-voo, só ele viveu naquela escala, só ele viveu. É, então é muito difícil de você se posicionar ou ou emitir opinião, deveria ter feito isso ou aquilo. Aí é o momento que tem um um passinho para trás, vamos ter um pouco mais de calma. E é por isso que eu f o pessoal tudo ah, foi o gelo, foi o gelo, foi o gelo. Eu eu tenho que falar, gente, o gelo, se gelo derrubasse avião, só gelo derrubasse avião, na Europa não voava. É, não via esse.
O ATR voa na Finlândia, Groenlândia acabou, não tem terre lá. É, então vamos esperar. É, mas ainda assim você lê os comentários lá falando, por que que você não fala? Você tá protegendo quem? Não é proteção. Não é proteção. Isso não é verdade. Se a gente não entender, eh, o, né, as tomadas de decisões, tudo que contribuiu para aquele avião entrar em stall, a gente não protege as gerações futuras. É exatamente isso. E e é assim, o que te fala assim, é confiar no no tal do sistema perito. Quem que é o sistema perito de
aviação? Ah, são os investigadores do acidente aéreo que são parte do sistema de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, que no Brasil é o SENIPA. Já existe um sistema perito. Se eu quero fazer uma pergunta ou quero escutar alguma coisa de alguém, que seja dessas pessoas, porque se eu não se eu não escutar dessas pessoas e começar a colher depoimentos lateralizados, eu vou começar a formar opiniões e entregar notícias para uma sociedade que não vai contribuir. É, eu vou só gerar mais especulação. Exato. E não, e eu a gente vai continuar inseguro. Vai, aí começa
aí você você tem a insegurança na sociedade em relação a um sistema que é extremamente seguro, um dos melhores do mundo. Se não for o melhor. Se não for o melhor, é, se não for o melhor. Eu vivo falando isso. A a expertise do Senipa é um negócio, não são litro, são são coisas assim que a gente durante SH France 447, por exemplo, um dos questionamentos é o seguinte: por que que a caixa preta não foi analisada no Brasil? Por que que ela foi, se o acidente foi coordenado pelo Brasil, né, a operação de buçamento,
a investigação foi conduzida pelo Beia Birrog Danqu da análise, que é o Senipa francês, mas por que que a caixa preta não veio pro Brasil e foi pro pra França? Porque naquele momento a gente não tinha, na verdade, a capacidade, né, de decriptação, de análise dos dados de uma caixa preta, que hoje temos quantos países tem? 12. Pouquíssimos no mundo. 12. No hemisfério sul, só Brasil e Austrália. já indica bastante coisa, né? O o nível de expertise que você tem que ter de formar o ser humano que vai fazer esse esse serviço e a capacidade
técnica, a tecnologia em si, entendeu? Então, eh eh as pessoas têm que entender que assim, não é por acaso, né? CPA tem um trabalho aí de anos, né? eh de evolução, de desempenho, comprovando, sendo avaliado pela ECAL frequentemente. É, eu pego o Eu gosto muito de de contar histórias, né, de de e ver esses acidentes do passado. E às vezes eu pego uns relatórios que foram eh principalmente os da época ali de 50 até 76 por ali, tudo datilografado. Datilografado e e são, né, escaneados e o CPA disponibiliza isso. Alguns não têm, eles gentilmente, eu
peço, eles conseguem encontrar naquele arquivo gigantesco, eles disponibilizam de maneira digital, mas você vê que a qualidade do que é hoje comparado o que era no passado, o quanto evoluiu a investigação, sem dúvida. Tanto tanto tecnologicamente como de formação de seres de de profissionais mesmo, né? É, as equipes multidisciplinares hoje para análise de, por exemplo, de fatores de fatores humanos, é, cara, é uma consegue uma estrutura, o o pela voz, é uma bata, uma baita de uma estrutura, entendeu? Se assim, não é de um dia pro outro que você forma um um profissional desse, são
anos e anos ali, né, de formação, de experiência, manda para fora, vai trabalhar com quem já trabalhou com isso, volta. Então assim, tem tem que ser respeitado o sistema perito. Não é toa que eles estão lá no pô Silvio tem mais aí hoje não vai acabar hoje. Pede uma pizza lá. O padre do balão. O padre do balão. Quando vocês falaram que o cara do barco lá da Remo não sabia o equipamento de segurança, o padre do balão foi muito semelhante, né? Que ele pegou o telefone satelital, não sabia usar, né? GPS, não sei que
que é. É, é o satelital. É o o padre Balão. Na verdade, ele ele quando ele definiu que ele ia fazer aquilo, né, eh se questionou muito, né, de deixa, não deixa. E aí, só que você não tem como impedir isso. Essa que é a verdade. No naquele momento, né, que aconteceu, você não tem uma uma norma que fala assim: "Não, eu vou chegar aqui e vou te prender." Você não pode fazer, não existe isso. Existe. É igual fosse nos aviões experimentais. Você não tem como, tem uma plaquinha lá dizendo, né? Pela sua conta de
risco. É, pela sua conta e risco. É isso aí, pô. Do experimental tem uma boa. O cara decolou de Hiperlink. É, hiperlink. Decou de Ubatuba para Rio Claro e um um experimental Zulu até o Tango. E aí ele ele decolou, perdeu o controle e entrou voando. Infelizmente os dois faleceram assim, né? Eh, situação extremamente tensa, porque ele ele entrou voando na serra do mar, aqui próximo, né, de onde a gente tá. E é uma parede assim, ó. Só que é uma parede tão verticalizada que quando os helicópteros do bombeiro chegaram e da polícia chegaram para
tentar localizar, não consegue parar ali, porque o vento o grráfico que bate de baixo para cima na montanha sobe e não deixa o helicóptero pairar. E aí aciona-se então de Santa Cruz e de Santa Maria vem dois de é de Santa Cruz e de Santa Maria vem dois helicópteros da FAB, trabalha numa numa tripulação conjunta. O avião da da do Pelicano que tinha feito a busca e a localização faz o desembarque, compõe a equipe de resgate e eles tomam uma decisão que é o seguinte: a única maneira de chegar nessa cena não dá para ser
pelo helicóptero. Eles vão fazer uma ancoragem na parte de cima do do morro e desce. Lit, eu eu conto essa história porque o a maneira como os caras ficaram posicionados para fazer o resgate e remoção dos do dos dois corpos tudo mais, tal, e foto, né? Porque não tinha como colocar o cara do seripa lá. Então você tira foto, retira equipamento, tudo. É surreal. Era quase vertical assim. É impressionante. E aí isso vai correndo ao longo do dia, quando eles voltam pro pra base de pra base alta da montanha, ou seja, o topo da da
do do morro onde eles estão, né? Tá chegando lusco fusco já, ou seja, já tá no final do do dia, não tem nada perto. Aí toma uma decisão, vai deixar os caras dormirem no mato ao relento ou vamos tirar, vamos tirar cabo do guincho em pane. Eita! no cabo do guincho, como é que tira corda estendida, pendura dois caras aqui embaixo, um resgateiro de Campo Grande e um resgateiro de Santa Maria, né? E ele tem uma técnica chamada Maguari. Então você tira o helicóptero com os dois cabos estendidos, as duas cordas e os caras pendurado
aqui. Cara, voar aqui embaixo pendurado é uma situação que eu falo para assim, eu já tive a oportunidade, eu falo assim, pô, ela é desconfortável, ela não é isso lá na base de Santos, não é insegura, mas ela é desconfortável. E aí você um voo aqui de x minutos aqui, ok? Esses caras voaram 35 minutos de noite, não tinha onde pousar. De noite de noite. E os caras lá embaixo pendurado na corda voando e só mato, só breu até chegar num num eu não lembro exatamente onde que eles pousaram aqui, mas já na próximo aqui
da cidade, né? Aí acharam um lugar para colocar os caras no chão. Os caras assim, é, foi um dia diferente, entendeu? Então assim, são situações ali, né, que a gente a gente faz o hiperlink aí da do dia a dia. Aí voltando pro pro padre, o padre, na verdade você não tem muito o que fazer com ele, é um experimental, né? É o que você falou. E aí ele ele se propõe a fazer um uma atividade que todo mundo sabia que tinha um risco altíssimo envolvido, né? Eh, eu tive na época eu tava como responsável
pela prestação do serviço. Eu pedi pro coordenador ir até a cena. Eh, o coordenador eu coloquei, ele viu o padre decolar. entendeu? Conversou com o padre, porque assim, pelo menos para garantir o mínimo de segurança. E aí o coordenador quando perguntou para ele, falou assim: "Pô, o senhor sabe usar isso aqui?" Ele: "Não, eu dou um jeito lá na hora". Ai aí se cara, a chance de dar certo é baixíssima, né? É. E aí, infelizmente, aconteceu o acidente, tudo, mas assim, vira meme, né? Vira piada. Vira meme. É um ser humano, né? No final das
contas, né? Pô, longe de querer que isso aconteça, entendeu? Mas assim, acho que ele pulou muito, muitos passos aqui de planejamento, entendeu? E nunca foi encontrado, né? Não. Eh, tem uma, existe uma possibilidade, né, de ter encontrado restos de um equipamento que ele que ele que ele tinha na época, mas isso passou muito tempo ali, ninguém nunca comprovou se era ou não era. Uhum. Uhum. Ficou uma dúvida aí no ar aí desse caso dele aí. Ah, dois meses atrás, teve um caso do Marcelo, ele tinha um, o apelido dele era o segundo nome, que era
um piloto. Eh, eu tava em eu tava em casa e aí um um colega de Instagram, eu não não conheço ele pessoalmente, o Rogério de Manaus, mandou uma mensagem para mim falando assim: "Mas era alemão? Não lembro agora". falou: "Pô, pô, coronel, cara, tá com uma situação aqui, ó, todo mundo tá falando aqui na nas zerovias aqui que o fulano desapareceu. Caramba, não era não era fim de semana, era uma sexta-feira na hora do almoço. Passei mais no telefone, liguei pro Salver amazônico. Aí, pô, quem tá falando? Era o Cristian, amigo meu, a gente é
instrutor junto, foi meu aluno. Cristian, cara, vou te passar uma situação aqui completamente aleatória. Eu não sei qual é o avião, eu não sei de onde para onde, eu não sei nada. Eu só sei o nome de um piloto e uma fofoca, mas eu não vou ficar dormindo com essa fofoca e esse nome, entendeu? Você tem que compartilhar com alguém. E aí se perguntou, né, como é que começa, né? Começa assim. Aí o Cristian falou assim: "Cara, saindo de nada para lugar nenhum, né?" Aí ele começou a a mandar no ACC para caçar no plano
de voo quem teria o nome de piloto como Marcelo, fazer um Mas da região amazônica inteira, não sabe de onde tá trabalhando. E aí isso vai a tarde inteira. Quando chegou no final do dia, eu falei com o Cristian, Cristian. E aí ele falou: "Cara, pô, Coronel, até agora é água, a gente não tem, não tem informação nenhuma desse cara". Quando foi de noite, eu tô no grupo dos Pelicanos, né? Os caras postaram uma imagem do avião que tava decolando para uma busca e eu falei: "Pô, legal, né, pô? Mais uma, né, esse ano." Mas
eu não conectei, Eu acordei com isso na cabeça. Falei: "Cara, acordei, liguei lá, liguei lá, falei: "Coordenador, você abre". Eu falei: "Tinha sido meu aluno também, pô, turmão pô Z, cara". Pô, Cornel, fica me dando trabalho aqui, né? O senhor que acionou isso aqui, né? Falei: "Cara, eu nem sabia". E aí virou a busca. Infelizmente ele ele faleceu, né? foi encontrado o avião, ele faleceu, mas era o segundo acidente dele já. Caramba. Então assim, região de Garimpo, região de eh ali não, eu vejo uns vídeos aí, Mato Grosso, Rondônia, mesmo Mato Grosso do Sul ali
é o lateral esquerda ali, muito próximo da fronteira, parte de cima do norte, é muita coisa. Vião, aviação agrícola muito pesada, né? é uma aviação que tem uma uma cultura informal, talvez diferente, tem desafios diferentes, né? E assim, pô, eu respeito para caramba esses caras, porque também as condições que eles vão também são muito desafiadoras. Aham. Então, mas você tem muita coisa, né, para evoluir nessa questão doutrinária da dessa desse conceito de segurança, dessa filosofia de segurança de voo. Sim, muito, muito. Tem muito campo aí para poder trabalhar, para poder ser explorado mesmo. Uhum. E
eu já quase encerrando aqui, eu falei que ia falar do livro. Voltamos para falar do livro. Cara, esse livro é maravilhoso. Desmistificando. É uma palavra que eu gosto muito. O maior acidente aéreo brasileiro, porque ocorreu em águas eh nacionais, né? Sério? Então é do Silvio, esse livro é dele. Fala onde é que as pessoas encontram esse livro. Esse aqui, né? Esse aqui é meu, porque, ó, tem uma dedicatória toda especial aqui. E quem me me apresentou esse livro, como eu falei, foi o Brigadeiro Moreno e que é um cara que eu eu sou apaixonado pela
pela filosofia dele, eh, de como ele conduz o Senipa. Eh, então, sem palavras pro Brigadeiro Morena, não apena que eu as coisas vão e tem um tempo só que pode ficar lá. Tempo, é, é, em algum momento ele vai ter que transitar e sair da frente do Senipa, né? que é uma pena, mas virar outro tão competente quanto, porque o Senipa é uma é uma escola assim, um celeiro ali de de profissionais espetaculares. É, mas fala um pouco desse teu livro. O livro, o livro ele tá na Amazon, ele é da da editora Life, também
tem como ser adquído pelo site da própria editora. Eh, e acho que é isso. Liv, na verdade, é um projeto pessoal, é um é um testemunho mesmo do que eu passei, do que eu vivi ali naqueles naqueles dias de como eu me senti em relação a esse acidente. Eh, tem toda uma questão logística, ele tem algumas coisas diferentes, como tem um monte de QR code espalhado, que você pode, é, você pode ter acesso a algumas coisas diferentes. Então, só para vocês terem uma ideia, eh tem os as cartas e onde foi localizado, tem as equipes
que participaram, tem muita foto muito interessante, tem todo o progresso, né, da das coisas que vão acontecendo, é muito muito legal. E aí você vai ter uma ideia da dimensão que foi esse essa busca e e salvamento do do Air France. Então, recomenda o livro aí mesmo, recomendadíssimo. Então, você encontra na Amazon, se vire, ganhe cultura, porque conhecimento não ocupa espaço. É bem isso. E é através dele que a gente vai melhorar essa aviação. Exatamente. Bom, pessoal, eu sei que vocês queriam ficar conversando aqui mais 5 horas, eu sei disso, mas a gente tem que
terminar aqui com Silvio, que, pô, foi maravilhoso, realmente adorei. Aí grande aprendizado para todo mundo aí. entender também a importância do salvoero, dá mais valor pro a gente tem e e aprender. E eu vou lá no Pelicano, a gente vai fazer um conteúdo para mostrar que que vocês fazem. Pô, como eu falei no início, assim, é minha honra de estar aqui, assim, de eh realmente assim trabalhar para que a gente tenha aí um mundo de aviação com menos desinformação, com mais cultura aeronáutica, trazendo luz realmente a aviação, que eu acho que é um trabalho que
você explica, principalmente para quem não é da aviação, de forma excepcional. É um prazer. Obrigado. Obrigado. Obrigado. Deixa o like aí, compartilhe. Vai, já viu que vai ter vários cortes desse episódio aqui, né? E tem o botãozinho aí, ó. Seja membro, ajuda a gente continuar criando conteúdo aqui para você. Um grande abraço e até o próximo voo.