[Música] [Aplausos] quem sou eu uma pergunta que muita gente se faz ao longo da vida talvez uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas o sujeito contemporâneo se interroga a respeito de si mesmo nem sempre foi assim em sociedades tradicionais o sujeito era determinado pela família pela igreja por seu lugar na sociedade escolher quem somos traz liberdade e angústia este café filosófico vai debater sobre um novo indivíduo vivemos novas formas de estar no mundo novos horizontes novas tristezas e novas perguntas afinal quem somos nós a gente queria conversar conversa colocando essa questão muito primária o
que é que faz de um ser um sujeito eu acredito que o sujeito ele é produto do meio em que ele vive então ele pode ser um sujeito diferente dependendo da época todo o contexto em que ele está a família que ele vive a sociedade em que ele aquele convive as pessoas com que ele participa compartilha o que torna o sujeito uma pessoa o sujeito é a capacidade de dar significado das coisas do universo simbólico pertence tão somente ao humano diferentemente do robô podemos programa todos os robôs iguais dando mesmo comunicado a todos eles enquanto
que o indivíduo ser humano sujeito não universo simbólico pertence a ele a sua cultura a sua esfera de atuação o sujeito ele se constitui mais a partir do contato com o outro com a interação do outro a resposta à pergunta o que é ser um sujeito ela está sempre é exigindo uma elaboração ser um sujeito tem uma dimensão digamos universal no entanto essa essa dimensão digamos universal da subjetividade que implica a gente poder ter linguagem para poder se expor se expressar e conhecer a realidade psíquica do outro ela é apenas digamos essa dimensão universal que
todos temos em comum nós temos evidentemente cada um de nós nessa sala tem coisas que são singulares são próprias de cada um a trajetória de cada um de nós é obviamente irrepetível e nesse sentido a vida subjetiva de que nós temos e num certo sentido mais profundo a experiência do mundo do eu do outro do corpo que cada um de nós tem é absolutamente singular então num plano universal somos todos iguais no plano do singular somos todos diferentes mas há um outro plano entre um e outro o plano do particular do contexto sócio histórico no
qual nós ou muitos de nós temos coisas em comum diferentemente de outros grupos humanos é diferente ser um sujeito no brasil no século 21 uma cidade grande como campinas ou ser um sujeito na arábia saudita no século 8º quando maomé estava começando a sua pregação você é um sujeito no deserto de gobi no dou nas montanhas do himalaia ou na grécia antiga no século de de péricles ou de platão porquê porque o contexto sócio histórico em que cada ser humano é emerge determina e muito o que a visão dele do mundo do que existe de
que não existe de do que é certo eo que é errado do que é bom do que é ruim então na sociedade tradicional onde o indivíduo ainda não é o valor fundamental o que rege a vida o que rege o sentido da existência é uma dimensão transcendente de onde vêm os significados que são compartilhados é o sentido de um conflito pessoal sentido de uma tragédia é aquilo que organiza o que deve ser feito que não deve ser feito o que é ruim o que é bom que é puro ou impuro não é tarefa a cargo
dos indivíduos é tarefa a cargo da religião da tradição dos valores que são passados de geração em geração aos quais os indivíduos se submetem então durante muito tempo uma série de instituições relativamente sólidas né é ajudaram a construir ou se viram de referencial relativamente estável para que os indivíduos respondessem a essa pergunta é quem sou eu no mundo essas instituições obviamente eu estou falando é de instituição mas como a religião ou a igreja as ideologias né há o sentido de pátria o patriotismo o trabalho é a noção de uma carreira é ea família é na
principalmente no sentido da noção de filiação não é o sentido de de alguma maneira ter um sobrenome a zelar na sociedade contemporânea o passado tem pouco valor o que vale é o que nós vamos inventar não o que nós já enfrentamos nós temos uma imensa expectativa do que a ciência vai fazer por nós a gente espera da ciência muita coisa a gente espera do futuro quase tudo esperando do futuro quase tudo e acreditando no passado quase nada não só porque a tradição tem muito pouco valor na sociedade contemporânea mas como nós após duas guerras mundiais
hiroshima holocausto algumas besteiras depois de tudo isso fica muito difícil acreditar que os antepassados eram bacana de um tempo pra cá e é isso é o que marca o que alguns autores chamam de pós-modernidade modernidade líquida modernidade é tardia esses referenciais se fragilizaram eles não são mais tão seguros para que nós para que cada um de nós não corrermos nossa identidade mesmo só muito recentemente se criou essa idéia de que o indivíduo é um valor universal os valores dos direitos dos indivíduos devem ser defendidos a todo custo isso é muito recente na verdade só se
expandiu a partir do século 18 embora as raízes sejam mais antigas criou-se s no imaginário ocidental a idéia de que a vida é aquilo que os homens fazem dela individual e coletivamente a idéia de que a história não é regida pela tradição por leis divinas por lei da natureza é por aquilo que os homens fazem na sua vida em sociedade isso também criou a ideia e daí vem toda a psicologia toda toda a psicanálise herdeira disso a idéia de que os indivíduos podem eles sozinhos se auto criarem a uma potência faltou criação em cada um
de nós precisa só ser tratada cuidado estimulada todos nós podemos ser narradores nós próprios nós podemos ter uma vida que é uma obra isso era impensável numa sociedade tradicional e no mundo moderno se abriu como horizonte isso também tem a ver com o nosso modo de sofrer porque porque quando nós nos interrogamos porque é que eu estou deprimido porque é que eu estou pelo menos nos interrogarmos até pouco tempo atrás porque eu estou deprimido porque eu tenho medo de falar em público porque eu tenho vergonha de ser como eu sou pouco porque eu sofro o
indivíduo moderno em estado a virar os olhos pra dentro como um grego não faria e se perguntar sobre o que é que eu tenho a ver com a construção da minha vida tal como ela se apresenta pra mim eu me interrogo sobre a minha trajetória pessoal o homem moderno quando pergunta o que aconteceu comigo na minha vida porque ela seguiu esse rumo ele tem que se interrogar sobre o que ele fez da própria vida nós estamos vivendo nas últimas poucas décadas um processo muito acelerado de transformação de certas certos temas certas noções melhor dizendo é
muito axiais na nossa vida e cujo sentido é nem sempre foi tão contestado como tem sido hoje então novos horizontes novos problemas as formas de sofrimento físico e mental no século 19 é colocavam o corpo de uma maneira flagrante assim como hoje também se coloca só que era um de um jeito muito particular isso não é sem motivo se hoje em dia nós temos outras formas de sofrimento corporal e físico e mental é porque o mundo mudou e os bastiões que sustentavam que colocavam o século 19 em pé não estão mais em pé como naquele
momento o que não está em jogo nestas novas formas qual é um mundo qual é o solo do mundo que a gente vive que permite que novas formas de sofrimento como adicções somatizações síndromes funcionais transtornos da imagem corporal emergência a loja do individualismo foi levada ao ponto em que a gente não só como aconteceu com os modernos é capaz de contestar o mundo que a gente vive e criar possíveis como a gente hoje é capaz de contestar a absolutamente qualquer valor a gente começou a ter dificuldade em admitir que haja valores aos quais a gente
deva referência a gente tem dificuldade em perceber a que coisas a gente deve é obediência porque sim a idéia de transcendência é hoje cada vez mais bombardeado nós somos de um mundo humano é no qual os indivíduos se acham na possibilidade de colocar em discussão absolutamente qualquer coisa um outro ponto importante que marca essa mudança nesse é no sol da contemporaneidade é o que a gente chama de uma certa retirada do estado de bem estar social que levou a uma certa soberania do indivíduo é que a gente pode chamar se que a gente pode entender
como uma tomada de frente de cada um um de nós que passou a ter que se responsabilizar por todas as esferas da vida nós temos que nos gere a nossa saúde a nossa educação e educação dos nossos filhos ea saúde dos nossos filhos isso tudo passou a ser responsabilidade exclusivamente nossa com essa retirada do estado de bem estar social o que acontece aqui hoje mais do que em outros momentos nós temos mais nós estamos mais imbuídos de ter que te catar ter que ter iniciativa ter que ter sucesso ter que empreender ou tratar a própria
vida como um empreendimento uma empresa que tem que dar certo isso faz com que nós sejamos mais bem servidos mais felizes não isso se expressa por exemplo na epidemia de pressão típica da nossa sociedade ao contrário da histeria da epe foi a depressão porque é um sintoma social isto é revela alguma coisa escondida da nossa sociedade porque ela é a expressão do fracasso desse imaginário que nos convida a sermos absolutamente bem sucedidos todos nós somos cada vez mais inclinados a varrer da nossa experiência tristeza melancolia contemplação é qualquer coisa que não seja a gasolina pra
a vida continuar no pique que nos dizem a gente tem que ter é muito facilmente conotada tão pejorativamente que a gente é tenta resolver é todo um quanta gente tem dificuldade para dormir antes de pensarem porque está tendo dificuldade para dormir já aciona os mecanismos biológicos psicofarmacologia necessários para que tenha garantido o sono todos nós estamos assim na beira de tomar alguma coisa sempre para evitar algo que por ser diferente do que se espera que aconteça é visto de maneira estranha a nossa dificuldade de conviver com aquilo que escapa aos padrões de normalidade de que
a gente é convocado a [Música] os tempos atuais trazem novas formas de identidade nos dias de hoje o sofrimento da alma são traduzidos em sintomas do corpo no lugar das angústias temos baixa serotonina saem as tristezas entre o estresse deixamos de buscar nossa identidade na vida interior e vamos buscá-la no corpo a biologia substitui aos poucos a psicologia floyd já não explica muita coisa tem neurotransmissores logo existo o meu tema então é o tema das bio identidades na verdade esse termo é faz referência a uma mudança na forma do sujeito contemporâneo ele o sujeito contemporâneo
não tô falando também não estou falando só do outro não está falando de cada um de nós uma mudança na forma desse sujeito se descrever se experimentar né e se apresentar ao outro uma forma e de certa maneira marca a transição de uma cultura onde o critério da identidade estava referindo principalmente aos marcos interiores do eu não seja a cultura da interioridade a cultura da subjetividade morando no interior do sujeito para uma outra cultura onde o referencial da constituição das identidades vai gradualmente se deslocando em direção à escolha dos parâmetros vindos do corpo da biologia
da ciência do discurso científico como um todo na formatação das identidades contemporâneas é o fenômeno onde a subjetividade vai se colar no corpo e uma série de fenômenos sociais culturais psicológicos vão ser começam a ser redescobertos num vocabulário fisicalista no vocabulário da biologia no vocabulário médico o vocabulário da corporeidade é de uma maneira geral esse acesso assombroso que a medicina nos proporciona faz é coloca uma questão nos dá uma impressão no contemporâneo de que a medicina pode responder a qualquer pergunta que se possa fazer a ela que ela pode responder não somente sobre as doenças
faz sobre os comportamentos sobre as escolhas sobre as preferências sexuais sobre os nossos gostos sobre a subjetividade humana pode ter por ter a biologia né a corporeidade a ciência de uma maneira geral mas principalmente as ciências biológicas elas aparecem nesse início no final do século 20 no início do século 21 como a última grande utopia da humanidade é talvez a última grande narrativa último grande projeto que interessa coletivamente a todos e aí seja do ponto de vista da saúde individual seja do ponto de vista da saúde do planeta é de certa maneira é isso é
único o último até agora pelo menos né grande projeto que de certa maneira serve como referência para que os indivíduos ancorem as suas identidades talvez mais do que em qualquer outro momento seja impossível hoje que a gente se inscreva e que a gente tenha uma experiência do nosso corpo sem fazer associações ao vocabulário médico isso significa que a gente tem manejado hoje em dia o vocabulário e os cacoetes da medicina muito mais mesmo como leigos muito melhor do que em alguns outros momentos nós manejamos e nós usamos muito bem em certas palavras e certos termos
que há um tempo atrás era eram restritos aos especialistas então a gente sabe sobre as nossas taxas de colesterol nós sabemos se a gente está deprimido não está deprimido a gente sabe se está estressado a partir do momento que uma série de tecnologias químicas que são os medicamentos começaram a estar disponíveis começaram a ser usadas e começaram a se mostrar eficazes na modulação na alteração de uma série de estados de sofrimento psíquico isso reforçou essa noção de que esses estados psíquicos esses sofrimentos correspondiam ou podiam ser reduzidos né a estados físicos a estados cerebrais e
o campo da psicofarmacologia hoje está tão desenvolvido que hoje a gente não só tem questões relativas à ao tratamento do humor e da cognição mas questões relativas a isso que se chama de dop mental que é o uso para aperfeiçoamento da cognição e do humor de drogas psicofarmacologia tamanho é o desenvolvimento e o acesso que se pode ter a esse tipo de tecnologia médica de tecnologia química já a gente defendendo a idéia de que se deve admitir que usar ritalina para as pessoas têm mais concentração estudarem melhor porque se as pessoas aprendem melhor usando ritalina
porque isso deve ser proibido pra que apenas os que têm dinheiro e acesso ao mercado negro possa usar excluindo a maioria da população ou ao contrário o ministério da saúde deve considerar que se nós estamos o tempo todo tomando coisas tomam vitaminas tomamos ritalina para ficar mais atento começa a acontecer o que a gente pode chamar de uma superficialização da subjetividade né o que eu sou não é mais o que eu sou internamente o que eu sou é o que o aparento ser são as marcas que meu corpo porta é é o indivíduo começa a
retirar as normas de conduta às normas de certo e errado de bem e de mal não de outras fontes como tirava antes né da religião das ideologias da moral porque enfim não importa mas começa a querer distrair da corporeidade né a a as regras para o comportamento é social isso tudo tem uma decorrência interessante e perigosa que é o fato de que a gente passa há um certo processo de auto vigilância porque a gente de algum modo domina esse vocabulário percebe que é importante cuidar do corpo e começa a adquirir uma postura de uma certa
culpa a cada pequeno doce que come uma um certo mal-estar se você é sedentário é uma série de práticas de auto vigilância e também de vigilância do outro se outro fumante o outro como demais se o outro bebe demais então não só a gente passa a planejar muito bem esse vocabulário que antes eram vocabulário de especialistas mas nós passamos a fazer julgamentos morais sobre nós mesmos e sobre as pessoas dos nossos pares o grupo de saudável começa nessa identificado como é o bom né o correto eticamente desejável o moralmente imitável nem as condutas saudáveis então
passam a ser aquelas que dia uma boa vida de outro lado é claro que vocês imaginam todos aqueles que não se enquadram nesse grupo então é obesos sedentários fumantes glutões né inveterados os flácidos não botou cados enfim a gente pode criar uma série d e de categorias a uma série de pode levantar uma série de qualidades desse outro grupo que não é o grupo é dos netos dos chamados saudáveis parece que isso que é do campo da subjetividade ou do anímico ou do psicológico virou uma derivação fosca sem graça e desencarnada dos processos neuroquímicos como
se no limite tudo pudesse ser traduzido nesses processos físico químicos ou biológicos que a gente tem tido acesso e tem descoberto com esses avanços da ciência esse discurso de que né a aap psiquiatria biológica vamos chamar assim né psiquiatria medicamentosa dar conta de tudo né isso não se sustenta nem na própria clínica né é a gente que faz clínica ver isso é claro que os medicamentos hoje são parte indispensáveis no cenário eles existem eles provocam modificação em boa parte dos casos a modificação é pra melhor nem pessoas que têm é quadros de né de de
sofrimento mas olha só eu são raras as pessoas né é que eu vejo pelo menos na clínica hoje em dia que se submetem completamente a essa descrição de que há não só há um problema errado no meu cérebro das pessoas é por isso que eu digo que essa nesta constituição da sua identidade ela acaba de alguma maneira competindo com as formas mais tradicionais de neve constituição da da subjetividade os indivíduos ainda tentam buscar um sentido para aquela experiência é nem aqueles que estão vivendo há explicação biológica ainda não é o suficiente para convencer os indivíduos
e para apaziguar o os indivíduos mas não só continua vendendo depressivo para as depressões graves para quem precisa mas continua vendendo depressivo para tudo pra quem perdeu o pai está de luto pra quem está ansioso quer fazer vestibular pra quem é não conseguir aumento de salário tá triste para quem se separou da mulher quer dizer tratamos é como se a vida de vencer um percurso sem turbulências sem é imprevistos sem crises vamos amar se a vamos fazer aqui e aí ela fica uma vida sem acontecimento épocas acontecimento da vida são isso né altos baixos o
jeito que a gente inventou para sair de um problema que nos enriquecem você é medicá você considerar que a vida é uma espécie de patologia que você tem que medicar todos os excessos dela pra botar ela numa espécie de normalidade o que você faz a empobrecer extremamente aí sim você produz de pressão no sentido de perda de qualidade subjetiva da vida [Música] a modernidade possibilitou novas formas de estar no mundo mas a procura pela identidade se tornou fonte de responsabilidade e de angústia a vida ficou mais acelerada e foi acompanhada por uma epidemia de depressão
um mundo mudou o ser humano mudou e com isso conhecemos novas formas de sofrimento a vida moderna cobra seu preço o ano passado eu li na internet mas espero que seja nem parece ser a sina uma pesquisa da da área de psicologia social do king's college dizendo o seguinte que as profissões que sobrecarregam o trabalho desse sistema percepção consciência que exigem então atenção constante respostas velozes assistimos muito variados durante muitas horas por dia ea o paradigma seria a profissão dos corretores das bolsas de valores mas não é só essa né todas as profissões de lidar
com a velocidade enfim provocam estresse até aí tá tranquilo a gente sabe esses profissionais mas além do stress depois de um tempo de profissão esses profissionais precisam de se retirar no afastamento por questões de saúde que eles sofrem de desânimo falta de prazer na vida sentimento de vazio inutilidade e falta de sentido de estar vivendo agora tudo isso caracteriza um quadro depressivo é justamente quando a gente tem que é obedecer a uma eficiência e irrestrita que a nossa eficiência começa a se restringe hoje se vocês pensarem bem nós somos muito convidados a usar o nosso
tempo de lazer da mesma maneira que a gente usa sempre trabalho nós trabalhamos o nosso fazer para produzir efeitos de de felicidade de alegria de ram tanto que nós temos que registrar o tempo todo com o celular que nós estamos sendo fazer que se não tiver acredita que lazer nós é que nos fotografar rapidamente uma mesa cheia de gente rica e agora vamos pra outra vão para a balada é então nós vivemos o tempo todo na f1 né vítima como vá eu vou indo de você tudo bem tudo bem eu vim correndo pegar meu lugar
no futuro você tudo bem eu vou indo em busca de um sono tranquilo quem em sã e quanto tempo conhecer quanto tem justamente no momento em que nós somos incitados ao sucesso a felicidade e dizer não só o sucesso ea felicidade mas que a nossa felicidade o nosso sucesso fique visível aos outros né pra isso seja demonstrado publicamente é justamente nesse momento que começa a uma assombrosa uma vertiginosa um vertiginoso aumento das depressões na contemporaneidade a depressão é como se fosse um sintoma social de alguma maneira depressão ela é o avesso disso tudo que nos
é requisitado a depressão ela vem com uma lentidão psicomotora ela vem com uma dificuldade em decidir sintomas de dores corporais difusos que às vezes até impedem a ação ou dificultam a ação vejam bem ela é uma descrição do avesso desse homem produtivo gestor da própria vida e cheio de iniciativas e retratando a vida como um grande empreendimento de sucesso está na sociedade essa coisa da sociedade de consumo é engraçado que começa a repercutir a opção de slogans publicitários a gente acha que querer é poder frente que gente vai ter você merece e vai na loja
compra não é isso e costuma se dizer que os consultórios médicos psicanalíticos psicoterapêutico estão sendo invadidos por novas formas de sofrimento como as adições como os transtornos ligados à a poligamia anorexia transtornos ligados à imagem corporal como as depressões elas também são classificadas como novas porque de fato elas são diferentes das formas mais clássicas de sofrimento físico e mental lado do século 19 e aí pra lembrar um pouco vocês no final do século 19 para o 20 a gente também tinha formas de sofrimento com uma histeria a neurastenia apsi kcna que eram as doenças assim
os personagens é que faziam parte da medicina da época e eram eu era o modo como os médicos classificavam os modos de sofrimento lado novo cientista vamos dizer assim aí o pessoal vai lá em são paulo está acostumado etapa final da campanha efe espero que tenhamos que deixou um gostinho de água em dezembro e segundo o rapaz ele inter e ainda responsabilizada atravessa o rio promete muita festa na rf está suportando bem a despeito dessa imensa de se discutir o que a gente consegue as é fazer com o corpo hoje a gente pode virar um
pouco o corpo de ponta cabeça e ter acesso a diversas informações a despeito disso o corpo continua misterioso e insa em com certo grau insondável a prova talvez mais sua grande disso é de que há uma série de doenças para as quais não se consegue encontrar substratos físicos achados neuroquímicos para que se possa justificar os sintomas dessas doenças a gente está confiando no olho infalível das máquinas a tal ponto que quando as máquinas não vêem nada parece que nada existe e que o paciente não tem nada o depressivo é aquele que faz tudo para evitar
o conflito a fazer tudo para evitar o conflito ele começa a recuar de desejos convicções vontades que poderiam causar problemas para o outro poderia então ser menos querido ou ficar isolado não ser não agradar papai e mamãe enfim começa a ser da coisa claro que não é a única razão que nos deprime mas ceder como diz lacan na via do nosso desejo produto de pressão alguns autores a começar por um francês chamado ela planche escreve um livro sobre depressão e que o deprimido vive no tempo que não passa esse tempo que não passa não é
necessariamente um tempo mais lento ele pode ser um operador da bolsa de valores esse tempo não passa porque ele não tem essa perspectiva do depois ele não deseja nada no depois é como se então nada acontece em 1963 uma dona de casa na época com pretensões intelectuais chamada black friday descobre que as outras mulheres no seu entorno estavam todas tomando barbitúricos elas eram mulheres da primeira geração nascida do baby boom que nós temos no baby boom mas tem mulheres que foram se entrosaram no trabalho de de guerra neto trabalharam os esforços de guerra de alguma
forma em vários lugares do mundo lutar o mesmo né não foram uns para a resistência tiveram uma série de funções no front e essas mulheres tiveram que recuar depois da segunda guerra para repovoar o mundo essas mulheres foram alemães amargas elas tinham é conquistado o mundo que na mesa na seqüência imediata perder as ilhas dessas baby boomers se prometeram que elas não seriam mais tristes como suas mães essa leitura da black friday que elas amariam ser mães que elas seriam mães entregues à sua função que elas abandonariam suas carreiras onu mas faria o tempo necessário
para ser mães maravilhosas para se dedicar aos seus filhos só que elas que viviam nas primeiras casas automatizadas dos estados unidos que não pensava em ser a não só combater o que não fazer conservas elas são muito tempo ocioso e ela já tinham muita coisa muitas conquistas feministas já estavam falando nelas muito alto muitas delas haviam trabalhado antes da maternidade havia estudado antes da maternidade e quando se entregam à mesmice rotineiro elas começam a se sentir reduzidas elas próprias a nada é isso o que abete frida chama de a mística feminina são as mulheres que
têm tudo e se sentem sem nada e se deprime [Música] [Música] [Música] a betty frígida dizia que resultado da da libertação feminina eles vão dizer assim eles cresceram esses homens crianças de que a gente é as gerações de mulheres cuidadoras infantilizar os homens que eram quase de capaz de limpar o seu próprio traseiro que irá lavar suas roupas de baixo ela dizia que da libertação feminina os homens necessariamente vão também sair mais amadurecidos porém eles também se sentem desamparados por isso né essa e se essa figura do desamparo masculino ela é muito presente agora o
homem não só tem que cuidar de si como ele é chamado também cuidar do filho ele é chamado interceder e também participar dos cuidados maternos primário ele que se sente tão desamparados além disso ele é se sente muito prejudicado pelo fato de que ele não pode falir ele é reivindicado pelos filhos pela mulher pelo patrão pelo pelos colegas de trabalho pelos amigos da família ocupar um lugar patriarcal que já não existe mais [Música] vivemos em um mundo em constante transformação e temos que nos reinventar ao longo da vida viver é difícil mas aí pode estar
a alegria da vida nessa necessidade de o tempo todo nos recriarmos buscar respostas para a pergunta quem eu sou pode revelar novas maneiras de existir um sujeito contemporâneo pode mudar o seu destino ea nossa experiência da vida e do mundo é regida pelo tempo lembramos do passado e projetamos um futuro somos porém sujeito do presente nosso tempo é hoje nossa vida é agora esse mundo que nos traz esses problemas também traz coisas novas possibilidades novas de ser sujeito desse homem descer é alguém é socialmente reconhecível é mudanças que fará deveriam fazer a gente pensar sobre
nossos conceitos mais básicos de vida e morte não mais patológico é diferença e doença é a mente corpo etc para essas coisas todas diz respeito a todos nós um dos problemas com os quais a gente se vê às voltas hoje em dia é o fato de que aparentemente essas questões são tão complicadas que a gente delega para algum especialista resolver por nós em geral os chamados bioéticos ou os especialistas em isso ou aquilo eu acho que se eu posso falar se eu fizesse uma aposta numa clínica bacana numa clínica interessante eu pensaria que qualquer especialidade
médica ou não mas pensando nas especialidades médicas que qualquer especialidade poderia sustentar uma atitude isso que a gente pode chamar de uma atitude psicossomática então por exemplo você ser recebido e ter e tem uma compreensão holística do seu adoecimento e não precisaria por exemplo procurar um homeopata ou procurar um terapeuta oriental se poderia procurar um especialista alô pata em 1 gastroenterologista 1 clínico geral ele poderia ter uma visão a respeito da sua doença mesmo sendo um biomédico que fosse holística então essa atitude psicossomática ela poderia perpassar as especialidades esse refúgio no mundo sem coração o
esse coração no mundo sem refúgio ela é um lugar do qual a gente precisa para poder falir e isso é muito estranho de se dizer eu acredito que é possível se a gente não tiver tanto medo da tristeza porque hoje a gente tem muito medo tristeza gente médica ela como se ela não nos movimentar se para a gente conquistar coisas eu não sou contra a medicação aos pacientes quando necessário tomar os antidepressivos como todos os barbitúricos tomam que precisar porque eu tenho terror de angústia eu acho que grandes dólar torna a vida impossível mas muitas
vezes a gente tem tomado antidepressivo com uma espécie de viagra do ânimo isso é uma pena é uma grande pena porque é a base desse sentimento de fale que a gente vai preencher o nosso quarto a gente se dá conta de ocupar moita se dá conta que o quarto vazio para passar uma vida preenchendo ele e se a gente tiver muito distraído sendo feliz ou não se dando conta de nada a gente vai morrer com quarta vai ser tem vez que nós sentimos um vazio aterrorizante angústia medo e esse recurso mental de fantasiar de imaginar
o que nós queremos de imaginar inclusive que vai ter um futuro que não vai ser sempre assim que aquele momento está terrível uma perda um luto uma morte mas que um dia nós vamos nos sentir melhores essa perspectiva do tempo que transforma as coisas de que nós no tempo somos capaz de transformar as coisas nos ajuda a suportar inclusive os momentos de angústia de terror de de nada de vazio de desânimo essa possibilidade de suportar esse tempo vazio através de um encadeamento de idéia de representações de fantasias é que faz com que o tempo para
humano seja um percurso ele sempre transcorre de um passado pelo menos recente nesse evento pensando no nosso passado remoto mas em um passado recente que nós acabamos de deixar uma ação que nós acabamos de fazer uma pessoa que acabamos de falar um filme que acabamos de ver enfim o sono do qual acabamos de sair ela acordar o tempo sempre um percurso mas essa vivência objetivo do tempo na entre um passado recente que ainda deixou em nós uma marca que pode ser satisfatória angustiante ao que quer sair fora ou não e um futuro que nós somos
capazes de representar uma frase de um paciente meu que eu usei como epígrafe do livro uma hora em que ele diz assim nossa percebi que eu vivo assim olha vamos dar logo com isso acabar logo pra casa logo para dormir logo a cor da moto começar a trabalhar logo revelou que não renove é ele mesmo fazendo ironia de que não vai dar para interpelar outra coisa se você continua exatamente assim o que está pedindo pra morrer logo claro que você vai morrer na idade que tiver que morrer não é mas a sensação de morrer logo
é como se eu só corri e achando que ia chegar em algum lugar você continue só correndo cheguei no norte antes havia um relógio d'água antes havia um relógio de areia o tempo fazer parte da natureza agora é uma abstração unicamente denunciada por um tique taque mecânico como acionar contínuo de um gatilho numa espécie de roleta russa por isso é que os antigos aceitavam mas naturalmente a morte vou tomar apenas um conceito do bergson que é o conceito de duração a duração ela é algo mais interessante do que o presente o presente na verdade ele
não existe presente é uma mínima partícula que vem empurrada pelo passado e já roendo o futuro ele então é como se o presidente não existe o que é que nos cria a sensação de estar no tempo presente é essa experiência subjetiva assim imensurável aqui o bug se chama de dura essa moça não há palavras têm um senso comum mas ele tenta explicar o que ele vai dizer o seguinte entre um antes e um depois a única coisa que naturalmente experimentada e talvez não dependa de culturas é a própria duração porque o presente não passa de
um instante imenso e incomensurável que é impossível me medir o que é esse instante ora o que prolongou antes no depois o que nos dá um sentimento confortável de continuidade da existência que até uns canales inglês chamado iníqua dá muito valor a isso o sentimento de continuidade da existência em parte à memória porque o futuro não existe futuro é só uma projeção ele só existe enquanto projeção né o futuro não há nada no futuro não será nossa fantasia mas eu só posso projetar no futuro alguma coisa desejável e não ficar somente aterrorizada que no fim
da linha é a morte se eu tenho a memória de alguma coisa que me constituiu e vem constituindo até aqui do passado que é isso que dá a duração entre si antes e depois que depois pode ser agora e agora e agora cada vez que eu falo agora eu já passei por um depois né mas depois que se prolonga e a gente tem uma certa confiança que esse prolongamento que eu quero continuar nele não é que eu quero continuar vivendo veja nem vai dizer que o homem contemporâneo perdeu o valor da experiência o homem moderno
e fazendo perder o valor da experiência é ele contrapõe a palavra experiência palavra vivência que é simplesmente esse presente continua absoluto que não produz narrativa não produz duração passando a produzir a pisada da vida no produto transmissão um pouco a velocidade das transformações que nós valorizamos tanto achamos que temos está sempre atrás da do que é de ponta nem nós vivemos um tempo em que a velocidade é muito maior a velocidade como as nossas cidades se tornam irreconhecíveis em menos de uma geração né faz com que de repente aquilo que tenho de mais familiar em
você pode reconhecer seja não venceu no horizonte social e político que a gente vive hoje é muito difícil encontrar onde é que está o fermento de um movimento que diga vamos mudar o mundo do jeito que ele é para inventar um mundo diferente vamos mudar as relações entre as pessoas de modo que elas sejam outra coisa que não essas e isso a gente só vai poder mudar na medida em que todos nós pudermos assumir assumir de maneira forte o que é a posição do sujeito aquele que não só se deixa regra por valores mas aquele
que é capaz de interrogar se sobre esses valores e função das dos dilemas que a vida coloca modificar condutas modificar valores modificaram a vida modificar o mundo em sociedade esse é o desafio que a gente tem o café filosófico de hoje fica por aqui para assistir às palestras na íntegra e acompanhar a nossa programação acesse o site da cpfl cultura esse o nosso twitter até o próximo café filosófico [Música]