Linguística 1 12 Análise do discurso

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João Paulo Eufrazio de Lima
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a análise do discurso na aula de hoje iremos tratar da gênese e de alguns pressupostos fundamentais de uma disciplina análise de discurso também referida como a de que surgiu na frança na década de 60 a análise do discurso surgiu a partir fundamentalmente das reflexões críticas que os seus fundadores o francês michel peixe fez tanto em relação a linguística quanto às ciências sociais como o nosso interesse é o campo da lingüística nos deteremos em abordar a relação que a análise do discurso mantém com esse campo a problemática da linguística e da análise de texto o filósofo
michel pg em um texto intitulado análise automática do discurso afirma que antes da chamada lingüística moderna cuja origem é marcada pelo curso de lingüística geral estudar uma língua era na grande maioria das vezes estudar textos e colocar a seu respeito questões de naturezas distintas provenientes ao mesmo tempo da atividade do dramático e da prática escolar naquele momento costumava se perguntar sobre o que fala o texto quais são as ideias principais contidas no texto ele está de acordo com as normas da língua na qual foi escrito quais são as normas próprias a este texto todas as
questões tanto as relacionadas ao sentido do texto quanto as relacionadas às normas da língua eram colocadas simultaneamente por que remetiam umas às outras por exemplo as questões relacionadas aos usos semânticos e sintáticos colocados em evidência pelo texto ajudarão a responder às questões referentes ao sentido do texto isso porque a ciência da linguagem antes o cir pretendia ser ao mesmo tempo a ciência da expressão ea ciência dos meios dessa expressão o estudo gramatical e semântico era um meio de se chegar à convenção texto este analisa que o deslocamento conceitual realizado por soci consistiu em separar a
prática da teoria da linguagem a língua ao ser pensada como um sistema deixa de ser compreendida como tendo a função de exprimir sentido porque ela se torna um objeto do qual uma ciência pode descrever o funcionamento da aplicação desse deslocamento é que o texto não pode de modo algum ser um objecto pertinente para ciência lingüístico porque ele não funciona o que funciona é a língua por esse motivo o deslocamento a partir do qual a linguística constituiu sua cientificidade deixou a descoberto terreno que ela estava abandonando isto é o terreno do estudo da compreensão do texto
mas as questões que linguística deixou de lado teve de abandonar para se constituir em consciência questões do tipo o que quer dizer esse texto continuarão a se colocar para responder a questões como essa pessoa e afirma que em primeiro lugar é preciso considerar que os fenômenos da dimensão do texto não podem ser tratados a partir dos mesmos instrumentos conceituais utilizados para analisar fenômenos de ordem inferior ao texto isto é fenômenos referentes ao funcionamento sintática funcionamento morfológico é o funcionamento fonológico da língua não é certo que o objeto teórico que permite pensar a linguagem seja uno
e homogéneo mas talvez a conceptualização dos fenômenos que pertencem ao alto da escala necessite de um deslocamento da perspectiva teórica uma mudança de terreno que faça intervir conceitos exteriores à região da lingüística moderna no caso de p g e da análise do discurso portanto que pretendia e pretende tratar da questão do sentido e nessa perspectiva responder em alguma medida a questão o que quer dizer esse texto os conceitos exteriores a linguística advieram do materialismo histórico altos e ano e da psicanálise lacaniana vamos compreender um pouco de cada um desses dois exteriores teórico o materialismo histórico
officer e ano o grande projeto do filósofo cef foi a releitura do livro o capital de karl marx com o intuito de romper com a leitura dramática predominante que se fazer a obra mais que isso o intuito era contra por si a vulgata marxista que reduzirá max a chavões que nada representavam seu pensamento o projecto de auto ser tentava livrar o marxismo dos escombros a que estava preso devido às escolhas e barbaridades do regime stalinista o conceito central para teoria australiana é a ideologia entendida como uma relação imaginária que os homens mantêm com suas condições
reais de existência em ideologia e os aparelhos ideológicos do estado um dos textos mais relevância ao tsé o autor se propõe a investigar o que determina as condições de reprodução social partindo do pressuposto de que as ideologias tem existência material ou seja devem ser estudadas não como ideias mas como um conjunto de práticas materiais que reproduzem as relações de produção trata-se do materialismo histórico um exemplo no modelo econômico do capitalismo as relações de produção implicam divisão de trabalho entre aqueles que são donos do capital e aqueles que vendem a mão de obra esse modo de
produção é a base da formação social capitalista na metáfora marxista do edifício social a base econômica é chamada de infraestrutura e as instâncias políticas jurídicas e ideológicas são denominadas superestrutura a infraestrutura determina super estrutura ou seja a base econômica determina o funcionamento das instâncias políticas jurídicas que ideológicas de uma sociedade a ideologia parte da super estrutura do edifício portanto só pode ser concebida como marie produção do modo de produção uma vez que é por ele determinada ao mesmo tempo por uma ação de retorno da superestrutura sobre a infraestrutura a ideologia acaba por ter peto ar
a base econômica que a sustenta muitos teóricos reconhecem nesse modo de funcionamento do edifício social uma base estrutural a lista na teoria de óbitos é na medida em que a infraestrutura determina super estrutura e ao mesmo tempo perpetuada por ela como um sistema cuja circular idade faz com que seu funcionamento recaia sobre si mesmo o modo de apreensão do funcionamento da ideologia como modo de apreensão do funcionamento da ideologia que tem realidade material o conceito de aparelhos ideológicos de estado proposto para o tc é bastante esclarecedor retomando a teoria marxista de estado o autor afirma
que é preciso distinguir o poder do estado isto é sua posse por este ou aquele grupo político do aparelho do estado por exemplo pode ocorrer aqui um grupo político tony o poder mas não detenham o aparelho do estado ainda nas mãos de um outro grupo político o aparelho do estado compreende dois corpos o corpo das instituições que constituem o aparelho repressivo do estado que funciona pela violência e o corpo das instituições a escolhe a religião por exemplo que constituem o aparelho ideológico do estado que funciona pela ideologia é pela maneira como se estruturam e agem
esses aparelhos ideológicos isto é por meio de suas práticas e de seus discursos que se pode depreender como funciona a ideologia esse ponto da proposta de alves é possibilitou uma certa confluência entre seu projeto e linguística o seguinte sentido com uma ideologia deve ser estudado em sua materialidade a linguagem se apresenta como um lugar privilegiado em tecnologia se materializa a linguagem se coloca para os air com uma via por meio da qual se pode depreender o funcionamento da ideologia entretanto não é difícil imaginar que uma linguísticas o syriana uma linguística da língua não seria suficiente
para o projeto de altos é apenas uma teoria do discurso concebido como lugar teórico para o qual convergem componentes lingüísticos e sócio histórico ideológicos poderia acolher este projecto foi nesse contexto que michel peixe desenvolveu como já vimos aula de hoje um questionamento crítico sobre linguística e fez isso a partir da intervenção de conceitos exteriores à região da lingüística moderna o caso aqui considerar não é a partir de pressupostos do materialismo história o marxismo indica portanto presidem o nascimento da d mas ainda há um outro exterior teórico a psicanálise lacaniana de hoje vem outro conceito exterior
a linguística fundamental para genes e da análise do discurso 10 um pouco esse respeito a psicanálise uma teoria do sujeito pertinente ao projeto da análise do discurso a partir da descoberta do inconsciente por floyd o conceito de sujeito sofre uma alteração substancial porque seu estatuto de entidade homogênea passa a ser questionado diante da concepção freudiano de sujeito privado dividido entre o consciente eo inconsciente lacão faz uma releitura de floyd recorrendo ao estruturalismo risco numa tentativa de abordar com mais precisão um consciente muitas vezes tomada com uma entidade misteriosa adoção laca assume que o inconsciente estrutura
como uma linguagem como uma cadeia de significante latente e se repete e interferem no discurso efetivo como se houvesse sempre sob as palavras outras palavras como se o discurso fosse sempre atravessado pelo discurso do outro isto é inconsciente a tarefa do analista seria de fazer vir à tona através de um trabalho na palavra e pela palavra é essa cadeia de significante essas outras palavras esse discurso do outro o inconsciente é o lugar do desconhecido do estranho de um dia e mandam discurso do pai a família da lei enfim do outro em relação ao qual o
sujeito se define ganha identidade nesse sentido o sujeito da ordem da linguagem apoiado em alguns critérios do estruturalismo lingüístico placa aborda esse inconsciente demonstrando que existe uma estrutura discursiva que é regida por leis dessa sua proposta decorrem algumas implicações para a psicanálise animais diretamente interessa a de diz respeito ao conceito de sujeito definido em função do modo como ele se estrutura a partir da relação que mantém com o inconsciente com a linguagem portanto já que para lá cá a linguagem é condição do inconsciente qual é então a relevância do projeto lacaniano para de um sujeito
lacaniano levado dividido mais estruturado a partir da linguagem fornecia para de uma teoria de sujeito condizente com um de seus interesses centrais de conceber os textos como produtos de um trabalho ideológico não consciente o terreno fecundo para a gmc da análise do discurso calcada no materialismo histórico análise do discurso com o cérebro discurso como uma manifestação uma materialização da ideologia recorrente do modo de organização dos modos de produção social sendo assim o sujeito do discurso não poderia ser considerado como aquele que decide sobre os sentidos e as possibilidades e iniciativas do próprio discurso mas como
aquele que ocupa na oposição uma formação social ea partir dela e anuncia em outras palavras o sujeito não é livre para dizer o que quer mas é levado sem que tenha consciência disso e aqui se pode reconhecer a propriedade do conceito lá caminhante o jeito para de não é esse sujeito é levado a ocupar seu lugar em uma determinada formação social e anunciar o que lhe é possível a partir do lugar que ocupa como explica o share a ideologia um sistema de representações que na maior parte do tempo nada tem a ver com a consciência
as representações podem ser imagens ou conceitos mas é sobretudo com estruturas que elas se impõe aos homens sem passar por suas consciências foi nessa perspectiva que o materialismo histórico ao que seriam ano ea psicanálise lacaniana ambos caucionadas no horizonte do estruturalismo lingüístico constituir um terreno fecundo para michel peixe pensar a constituição da análise do discurso mas não um progresso natural permitido pela lingüística como se o estudo do discurso se desce com base numa passagem natural da lexicon grafia isto é do estudo das palavras para o estudo do discurso o nível mais alto da escala do
objeto de estudo da linguística ao contrário à constituição da dea é concebida por peixe com uma ruptura epistemológica que coloca o estudo do discurso num outro terreno em que como já dissemos aqui em tv em questões relativas à ideologia e ao sujeito nesse sentido o objeto discurso de que se ocupa de shea não é uma simples superação da língua só seria han mas implica nas palavras do próprio autor uma mudança de terreno que faça intervir conceitos exteriores à região da lingüística moderna mas se há uma ruptura da decon o campo da linguística como a língua
pensada pela análise do discurso é o que vamos ver agora na nossa aula a liga para análise dos fluxos analista do discurso brasileiro sírio possenti afirma em um texto intitulado teoria do discurso um caso de múltiplas rupturas publicado no livro introdução linguística fundamentos epistemológicos fome 3 dessa coleção que os textos de adn e apresenta uma concepção de língua e indireta na medida em que se busca conceitual a mais se negando que propondo características por exemplo uma das definições clássicas de língua para de é a língua não é transparente o fundamental dessa tese de acordo com
o paciente é que a análise do discurso não aceita e dado uma palavra seu sentido seja óbvio como se estabelecido por convenção ou como se a palavra pudesse se referir diretamente a coisa há-de propõe que a língua tem um funcionamento parcialmente autônomo ou seja uma língua funciona segundo regras próprias e fonologia morfologia e sintaxe mas que são postas a funcionar de uma forma ou de outra segundo o processo discursivo de que se trata uma certa conjuntura em outras palavras a de reconhece a especificidade da língua que ela tem regras próprias de funcionamento limita seu domínio
porque o sentido conforme afirma peixe não é da ordem da língua e por isso não se submete aos seus critérios na análise de peixe e linguísticas oscile ana permitiu a constituição da fonologia da morfologia e da sintaxe mas não foi o suficiente para permitir a constituição da semântica lugar de contradições e linguística para ele o sentido objeto da semântica escapa às abordagens de uma linguística da língua já que a significação não é sistematicamente apreendida devido ao fato de sofrer alterações de acordo com as condições de produção e com as posições ocupadas pelos sujeitos que não
se vamos ver duas análises que esclarecem um pouco mais sobre a relação de constitutivo idade entre condições de produção e sentido e entre posição do sujeito que anunciam e sentido uma delas refere-se ao bordão ah eu tô maluco que ecoou no brasil por muito tempo nas mais diferentes condições de produção o gordão foi criado pelo camelô carioca jorge da silva no bairro de madureira subúrbio do rio de janeiro conforme relata jorge em uma entrevista à veja publicada em 18 de junho de 1997 ele apostou com os amigos que subiria no palco e gritaria qualquer coisa
ele subiu e gritou a eu tô maluco referindo-se às dançarinas que estavam no palco o grito foi gravado e mais tarde mixado na música a montagem do desesperado do movimento funk clube uma banda que se apresentava naquela noite no local a faixa com grito começou a tocar nas rádios cariocas e em pouco tempo invadiu o brasil o bordão é cor por exemplo no ibirapuera diante do telão que mostrava a vitória do tenista gustavo que tem na frança e apareceu num cartaz em uma passeata de aposentados em brasília o cartaz dizia com oito reais fhc a
eu fico maluco ou seja o bordão foi coroado em diferentes condições de produção e por isso seu sentido não é o mesmo o baile funk um dos sentidos possíveis para o enunciado a eu tô maluco seria por exemplo eu não acredito no que estou vendo é de mais ou algo semelhante tem portanto uma conotação positiva de surpresa boa na passeata de aposentados ao contrário a conotação não é essa a surpresa que está relacionada à indignação diante do aumento irrisório de salário proposto pelo governo há portanto uma certa instabilidade de sentido que decorre do acontecimento novo
que traz para o enunciado novas possibilidades de efeitos de sentido o sentido portanto não é da ordem da língua se fosse a eu tô maluco não sofreria alterações de sentido que sofre a depender das condições em que é produzido no sentido da ordem do discurso uma outra análise interessante para esclarecermos sobre a natureza do sentido para de foi apreendida pelo analista do discurso brasileiro ademar alves fernandes no livro retratos discursivos dos sem terra analisando o conflito instaurado em torno dos sem terra na época de constituição do movimento no brasil ele observa que os termos ocupação
e invasão são sistematicamente encontrados em revistas e jornais que circulam pelo país para se referirem a prática dos sem-terra de se instalar em terras improdutivas entretanto esses termos não são usados indistintamente como sinônimos o que a análise de fernandes demonstra é que o tema ocupação é empregado pelos próprios sem-terra e por aqueles que os apóiam e defendem enquanto o tema invasão empregado por aqueles que se opõem o movimento dos sem terra que os contestam e os consideram invasores assim apesar de os termos ocupação em invasão referirem-se a mesma prática dos sem terra não se pode
dizer que são termos sinônimos nas condições históricas sociais em que são produzidos possuem sentidos distintos que revelam a existência de conflito entre grupos de sujeitos que ocupam posições sociais distintas frente à questão dos sem terra essas análises nos mostram que da perspectiva teórica da análise do discurso não é possível dizer a priori qual o sentido de um termo ou de um enunciado porque o sentido o efeito das condições de produção do discurso nesse sentido é que pg considerando que as condições de produção de um discurso são constitutivas de suas significações propõe uma semântica do discurso
no lugar de uma semântica da língua a especialidade da de portanto é o campo do sentido de modo que as questões em torno do funcionamento da língua somente serão relevantes e são na medida em que afetarem esse campo assim sendo a de não é anti linguística ao contrário conforme esclarece o docente não a de 100 linguística francês é analista do discurso do mínimo enganou faz uma análise do campo da lingüística bastante esclarecedora para entendermos a relação da análise do discurso com a linguística ele afirma que o campo da lingüística de maneira muito esquemática opõe o
núcleo rígido a uma periferia de contornos instáveis que está em contato com a sociologia psicologia história filosofia etc o núcleo rígido se ocupa do estudo da língua como se ela fosse apenas um conjunto de regras e propriedades formais ou seja não considera a língua enquanto produzida em determinadas conjunturas históricas e sociais a outra região de contornos instáveis ao contrário se refere à linguagem apenas à medida que ela faz sentido para sujeito inscritos em estratégias de interlocução e posições sociais ou em conjunturas históricas a análise do discurso pertence a essa última região ou seja considera esse
último modo de compreender a linguagem o que não significa que para ela a linguagem não apresente também um caráter formal como apontava o próprio fischer ao afirmar que existe uma base linguística regida por leis internas conjunto de regras fonológico o morfológico sintático sobre a qual se constituem os efeitos de sentido vamos agora as nossas dicas de estudo [Música] eu digo pra vocês três referências de leitura uma delas um livro de dominique menino intitulado novas tendências em análise do discurso nesse livro enganou apresenta como se constituiu a análise de discurso francesa e também apresenta conceitos bastante
relevantes para se entender a natureza o funcionamento do discurso uma outra referência um texto intitulado análise do discurso publicado no volume 2 de introdução linguística domínios e fronteiras nesse texto eu trato um pouco da água momento constituição da nasa discurso linha francesa fala um pouco dos seus percursos e também apresenta conceitos fundamentais que embasam a não só a teoria mas também as análises feitas em análise do discurso e por último outro texto de sírio possenti intitulado teoria do discurso um caso de múltiplas futuras esse texto está publicado no volume 3 de introdução linguística fundamentos epistemológicos
e ali o autor apresenta quais são as rupturas que a análise do discurso realiza em relação ao campo da lingüística para se constituir novos estudos
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