De acordo com a Bíblia, o Jardim do Éden a primeira habitação do ser humano. Então, obviamente, qualquer possível mapa bíblico do mundo prédiluviano deve ter o Éden como ponto de partida. O problema é que desde a antiguidade intérpretes e arqueólogos bíblicos têm proposto diversas localizações para este cenário primordial.
O texto registra que o jardim ficava nas circunvizinhanças das terras de Avilá, Cuche e o oriente da Síria. Avilá provavelmente ficava na região da Arábia, talvez próximo ao atual Iraque. Jacuche possivelmente correspondia à parte do norte da África.
Além disso, a Bíblia também relata que um rio saía do Éden para regar o jardim e dali se dividia em quatro braços: Pison, Gion, Tigre e Eufrates. Dois desses nomes são conhecidos até hoje, Tigre e Eufrates, mas a identidade dos outros dois rios permanece disputada. Já foi proposto, por exemplo, que esses rios seriam o Indo e o Nilo, mas tudo passa de mera especulação sem sentido.
Ainda no campo da especulação, muitos estudiosos têm sugerido algumas hipóteses para a localização do Éden. Alguns argumentam em favor de uma localização na Alta Mesopotâmia, na atual região da Armênia e Turquia, onde os rios Tigre e Eufrates têm curso próximo nas montanhas do Cálcaso Meridional. Essa área coincide com antigas terras sumérias e poderiam fornecer plausibilidade histórica para as primeiras civilizações mencionadas em Gênesis.
Outros sugerem uma hipótese na média ou baixa Mesopotâmia, abrangendo regiões onde ficavam antigas terras babilônicas ou próximas à fo desses rios no Golfo Pérsico. Os que preferem a área mais próxima à cabeceira do Golfo Pérsico argumentam que com base em estudos geológicos que propõem que na antiguidade o Golfo Pérsico era um extenso planalto atravessado por esses rios, esse cenário permitiria um jardim junto a um rio único que formava múltiplos canais antes de alcançar o mar. Além dessas sugestões, outras hipóteses também são apresentadas com argumentos que vão desde áreas nas proximidades do Egito até regiões árticas, onde fósseis de plantas tropicais foram encontrados em latitudes elevadas.
Porém, tudo isso trata-se de conjectura frágil, sem nenhum apoio bíblico ou arqueológico. A verdade é que a Bíblia não se propõe a oferecer coordenadas geográficas exatas do paraíso perdido. Até mesmo os nomes de rios que são conhecidos até hoje podem não corresponder mais aos rios originais antidiluvianos.
Muitos estudiosos defendem que o dilúvio deve ter ocasionado grandes transformações geológicas que provocaram uma reorganização drástica de bacias fluviais e relevos terrestres. Fontes históricas e estudos sedimentológicos, por exemplo, indicam que eventos catastróficos de larga escala podem deslocar leitos, entulhar planícies e até criar novas elevações tectônicas. Assim, o tigre e o Eufrates, que hoje conhecemos podem não seguir exatamente os antigos contornos, ou serem apenas rios que carregam em seus nomes referências a antigos rios prédiluvianos que não existem mais.
Isso explicaria também o motivo de os rios Pison e Gion permanecerem completamente desconhecidos até hoje. Portanto, ao projetar qualquer mapa do Éden, devemos considerar não apenas as incertezas de identificação dos quatro rios e de sua área como um todo, mas também a noção de que a própria face da Terra deve ter sido redesenhada após o dilúvio. Em outras palavras, a geografia bíblica do Éden permanece assim, apenas na imaginação teológica, impossível de alinhar a um território contemporâneo com precisão absoluta.
Por isso, a partir de agora, vamos usar um mapa representativo e hipotético que será útil apenas para visualizarmos os deslocamentos dos primeiros personagens bíblicos e os eventos que marcaram suas histórias, sem qualquer pretensão de exatidão cartográfica. A Bíblia diz que após a queda no pecado, o primeiro casal foi lançado fora do jardim do Édenem pelo Senhor. O texto também registra que em seguida Deus pôs querubins ao oriente do jardim do Édenem e uma espada flamejante que rodava por todos os lados para guardar o caminho da árvore da vida.
O uso do termo oriente pode indicar a direção geográfica tomada por Adão e Eva, ou quem sabe apenas o enquadramento do autor bíblico com o objetivo de informar que eles seguiram para longe do jardim, fora da comunhão com Deus, sem significar qualquer coordenada geográfica absoluta. Então, o que se sabe ao certo é que Adão e Eva se fixaram em algum lugar fora do jardim e começaram a lavrar a terra. Eles tiveram dois filhos, Caim e Abel.
Como todos sabem, Caimou Abel e depois disso saiu da face do Senhor e habitou na terra de Node, um lugar atualmente desconhecido que também ficava ao oriente do Éden. A palavra no significa etimologicamente algo como terra dos errantes, sugerindo um território associado ao exílio e ao nomadismo. Seja como for, o texto parece indicar que esse deslocamento de Caimou claramente uma separação inicial entre a descendência Cainita e a linhagem de Sete, o outro filho de Adão e Eva que substituiu Abel.
O texto registra que Caim teve relações com sua mulher e ela concebeu e deu a luz a Enoque. E Caim edificou uma cidade a qual também chamou pelo nome de seu filho. Trata-se da primeira menção a uma cidade na Escritura, marcando a transição de grupos humanos para formas de sociabilidade mais complexas, com sedentarização, divisão de trabalho e estrutura familiar ampliada.
A partir daí, a linhagem de Caim passou a ser associada à urbanização e a diversas inovações culturais, conforme o relato bíblico. Um dos descendentes de Caim foi Lamec, o primeiro bíamo da história bíblica. Ele teve três filhos: Jabal, Jubal e Tubal Caim.
Jabal é descrito como o pai dos que habitam em tendas e possuem animais. Jubal é mencionado como o pai de todos os que tocam arpa e flauta. Jatubal Caim é apresentado como artífice de todos os trabalhos em bronze e ferro.
Esses dados sugerem que mesmo no contexto do juízo divino, por causa do pecado, Deus concedeu ao homem, até mesmo aqueles da linhagem terrível de Caim, a capacidade criativa refletida na construção da primeira cidade e no desenvolvimento de ofícios especializados. Curiosamente, a primeira cidade construída pelo homem foi nomeada em honra a outro homem, esquecendo-se completamente do Criador. Mas em algum lugar, provavelmente um tanto distante das terras dos filhos de Caim, a linhagem de sete também se desenvolveu.
Essa linhagem foi responsável por conservar em parte a comunhão com Deus. Por exemplo, a Bíblia relata que Sete teve um filho, o qual chamou Enos. E nesse tempo o nome do Senhor começou a ser invocado.
Nesse ponto há um contraste interessante. Enquanto a linhagem de Caim se vangloriava de suas realizações terrenas, os descendentes piedosos de sete, no tempo de Enos, se preocupavam em entregar a glória a quem realmente era digno dela, o Senhor. Na linhagem de sete, outros nomes também se destacaram, como o de Enoque, não aquele da família de Caim, mas o homem que andou com Deus e por ele foi tomado sem experimentar a morte.
O filho de Enoque foi Matusalém, o homem mais longevo da narrativa bíblica com 969 anos. Em seguida, veio também o outro Lameque, que foi pai de Noé, o portador da esperança restauradora, no qual Deus encontrou graça e de quem surgiu a nova humanidade após o dilúvio. No entanto, a Bíblia diz que quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, eles nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas e tomaram para si mulheres, dentre todas as que escolheram.
Dessa mistura surgiram os neflins, um termo que costuma ser traduzido como gigantes, mas que originalmente seu significado comunica a ideia de caídos. Existe uma teoria muito antiga de que os nefilins eram filhos de anjos com mulheres. Contudo, essa teoria é problemática em vários aspectos e carece de base bíblica.
Por isso, atualmente, a maioria dos eruditos bíblicos entende que o texto não fala de uma mistura angélica humana, mas do entrelaçar de duas linhagens. A linhagem divina representada pela descendência de sete e a linhagem humana associada à família ímpia de Caim. Dessa forma, os neflins seriam os valentes da antiguidade, os homens de grande fama, que também contribuíram para a crescente maldade na Terra, talvez com sua violência, tirania e promiscuidade.
Como resultado disso, a Bíblia diz que o Senhor viu que a maldade do homem se multiplicara na terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era somente má continuamente. Então, Deus decretou o juízo do dilúvio, fazendo desaparecer da Terra toda aquela civilização corrompida e reiniciando a criação por meio de Noé. Noé foi o homem que achou graça diante do Senhor.
Boa parte dos estudiosos concorda que Noé deve ter vivido em algum lugar na região da Mesopotâmia. Aqui vale lembrar que não se sabe quanto tempo se passou desde o Éden até Noé. Na verdade, qualquer tentativa de cálculo usando a genealogia de Adão através de sete é inconclusiva, pois o objetivo do texto bíblico não é fornecer uma cronologia exata desse período, mas apenas apontar para a preservação de um remanescente fiel dessa linhagem através de Noé.
Os estudiosos que se empenham nessa especulação, por exemplo, divergem, entre hipóteses, que variam desde poucos milhares de anos, até cerca de 200. 000 1 anos de diferença, mostrando o caráter infrutífero dessa discussão. Seja como for, o importante é que a Bíblia diz que Deus ordenou de forma detalhada que Noé fizesse uma grande arca de madeira impermeável com três andares e vários compartimentos.
De acordo com o relato bíblico, Noé recebeu estas instruções enquanto andava com Deus num mundo já completamente corrompido. Imediatamente após a ordem divina, Noé fez tudo conforme o Senhor lhe ordenara, iniciando a construção da embarcação que salvaria sua família e, consequentemente, a raça humana, além de representantes de todas as espécies animais. Curiosamente, outras culturas e escritos antigos também relatam inundação terrena.
A lista de reis sumérios, por exemplo, nomeia governantes anteriores e posteriores a um grande dilúvio, situando essas dinastias exatamente na antiga região da Mesopotâmia. A Bíblia diz que ao sétimo dia vieram sobre a terra as águas do dilúvio e que as comportas do grande abismo se romperam e as comportas dos céus se abriram. O texto registra que choveu 40 dias e 40 noites sobre a terra, de modo que todas as altas montanhas debaixo de todo o céu foram cobertas pelas águas.
Durante o auge da inundação, a arca flutuava sobre a face das águas, percorrendo uma paisagem transformada em um mar sem limites. Segundo o relato, as águas prevaleceram 150 dias cobrindo a terra. Nesse período, Noé e sua família permaneceram dentro da embarcação, protegidos pela vontade divina, enquanto a fúria das águas varria antigas civilizações.
O texto registra que, após cessarem as chuvas, as águas começaram a baixar gradualmente. Então, ao fim de pouco mais de 5 meses, a arca repousou no 17º dia do sétimo mês sobre as montanhas de Ararate. A expressão montanhas de Ararate refere-se a uma cadeia montanhosa no extremo nordeste da Mesopotâmia, tradicionalmente identificada na região onde se divide o território oriental da atual Turquia e a Armênia.
O famoso Monte Ararate, que é o pico mais alto da região, fica em terras turcas já perto da fronteira. Mas não é possível saber em qual parte de toda aquela cadeia de montanhas a arca repousou. Em seguida, Noé lançou um corvo para fora da arca.
Mas ele voou indo e voltando até que se secaram as águas sobre a terra. Noé também soltou uma pomba que voltou sem encontrar pouso. Mas ao repetir o procedimento após s dias, a pomba regressou trazendo uma folha de oliveira, sinalizando o início do retrocesso definitivo das águas.
Finalmente, ao terceiro lançamento, a pomba não voltou, indicando terra firme. Então, depois de ter ficado mais de um ano na arca, a família de Noé pôde sair e pisar em terra seca. Embora jamais se tenha encontrado restos diretos de uma embarcação antiluviana, estudos sedimentológicos da plataforma continental e de sítios arqueológicos no sul do Iraque indicam camadas de sedimentos coerentes com relatos de inundações catastróficas na antiguidade.
Essas camadas combinadas não apenas com os registros bíblicos, mas com relatos de uma terrível inundação em tábuas cuneiformes, reforçam a plausibilidade de um grande evento hídrico que obteve ampla repercussão entre as populações da antiga Mesopotâmia. Bom, este foi um simples exemplo de um mapa de eventos bíblicos que ocorreram no mundo antes do dilúvio. Porém, mais importante do que tentar encontrar pistas ou estabelecer qualquer coordenada geográfica dos lugares que existiram naquele período, é perceber que o propósito principal do texto bíblico não é satisfazer a nossa curiosidade, mas sobretudo mostrar quem somos perante Deus.
Nós somos criaturas moralmente responsáveis e sujeitas ao juízo divino, tal como nossos primeiros representantes antediluvianos. E se a humanidade pôde sobreviver até hoje, é porque Deus não apenas revelou o seu justo juízo naquele tempo, mas também a sua maravilhosa graça. Através da arca pela família de Noé, ele poupou o ser humano do fim certo nas águas do dilúvio, apontando assim, em última análise, para a remissão perfeita que seria revelada na pessoa e obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, em quem são satisfeitas de forma plena todas as exigências da justiça divina, nos livrando da destruição eterna.
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