Eu fico lendo aqui na Bíblia Sagrada as parábolas de Jesus e me encanto com elas. Certa vez, o Mestre disse: “Há que comparar um reino de Deus. ” Você se lembra dessa parábola?
Ele continua dizendo: “É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou. ” Este está em Lucas, capítulo 13, versículos 20 e 21. Esta parábola ilustra o poder de penetração do reino dos céus.
Embora seja verdade que as Escrituras apresentam o fermento como algo ruim, símbolo de corrupção, e que até os rabinos tenham usado o termo neste mesmo sentido, não há razão para crer que Jesus não tenha tido a coragem de ressignificar o símbolo, ou dar um outro sentido para ele, pelo menos aqui, neste caso. É que Jesus queria dar uma nova versão de coisas antigas. Eu sei que alguns intérpretes acabam tendo esse texto como se Jesus estivesse dizendo que o fermento, comparado ao reino, significa que o reino de Deus receberia elementos perversos e se estragaria com o aparecimento de heresias e doutrinas errôneas.
Porém, eu particularmente não penso assim. Parece que algumas pessoas não têm facilidade para admitir a simplicidade das palavras de Cristo, como ele as proferiu. Os símbolos nem sempre são coerentes, mas nem por isso deixam de ser didáticos, e o Mestre poderia sim dar novo significado a eles.
Por exemplo, na parábola do semeador, a semente que cai no solo significa a palavra; porém, na parábola do joio e do trigo, as sementes que ficam representam os resultados da palavra, ou seja, aqueles que são chamados e os filhos do Reino dos Céus nas Escrituras, e também os inscritos habilitados. A serpente sempre é símbolo do diabo ou de algum mal, indica Satanás ou, talvez, um mau caráter de uma pessoa. Porém, se você olhar em Mateus, capítulo 16, você vai descobrir que Jesus empregou este símbolo da serpente com bom sentido.
Outro exemplo: o símbolo do leão é usado tanto para indicar Satanás, em 1 Pedro 5:8, como para indicar Cristo, em Apocalipse, capítulo 5:5. Portanto, esta parábola do fermento ilustra a mesma coisa que a parábola do grão de mostarda, ou seja, desenvolvimento. Só que a parábola do grão de mostarda implica em crescimento do reino observado de fora, ao passo que a parábola do fermento implica em desenvolvimento partindo de dentro para fora e, portanto, se propaga por toda parte e influencia todo o mundo.
Naturalmente, esta parábola não tem a intenção de ensinar que o mundo inteiro vai se converter; não é isso, mas deixa claro sim que, através de Cristo, o pequeno e frágil povo de Deus mexerá com o mundo inteiro. Sabe por quê? Porque, mesmo fracos, eles possuem o poder do Espírito Santo, o poder maravilhoso que acompanha todas as pessoas que em si mesmas não têm forças para prosseguir.
O poder que deve acompanhar você todos os dias da sua vida, testemunhando sempre que, apesar das maldades e dos problemas, Deus ainda tem os Seus filhos aqui nesta terra, e que você, pela graça de Deus, também é um dos filhos de Deus. Todos somos filhos de Deus e, se somos filhos, temos um Pai. E, se temos um Pai celestial, por que nos sentimos abandonados?
Ninguém, meu amigo, é órfão de Deus.