a minha história começa numa sessão de terapia Eu imagino que vocês não devem achar muito original né um psiquiatra falar de sessão de terapia mas espero que vocês gostem da históriaa É bem interessante ela começa há mais ou menos 10 anos atrás 10 15 anos atrás era um Março muito quente desses marços Super Quentes que a gente tem aqui em Porto Alegre final do verão o paciente Então chegou à sessão e me contou das férias que ele tinha tido era a primeira sessão depois das férias dele e da minha até o meio da sessão ele
me contou de pessoas que ele conheceu de lugares bacanas que ele conheceu lá pelo meio da sessão ele tirou o celular e começou a me mostrar fotos dos lugares e das pessoas que ele tinha conhecido Na época eu fiquei horrorizado eu disse mas que estranho porque na minha formação como psiquiatra e como terapeuta a gente aprende que a palavra é importante a cura pelas palavras a palavra que simboliza a foto o celular era uma coisa absolutamente concreta bom algum tempo se passou 10 a 15 anos e hoje hoje os pacientes mostram muito mais do que
fotos né os pacientes trazem celulares e leem textos do Whats contam que conheceram pessoas pelo Facebook contam de encontros secretos pelos Tinder trazem áudios em que nos mostram para nós ouvirmos juntos o mundo mudou de fato o mundo mudou mas de que mundo eu tô falando acho importante a gente fazer um parêntese porque eu tô falando do mundo da inclusão social nesse slide aqui vocês podem ver os lugares do mundo incluidos pela internet basicamente é o hemisfério norte Existem muitos pontos obscuros não é em que nós estamos existe de fato 50% da população mundial que
não tem acesso a computador e à internet existe um fosso digital entre nós apesar disso eu quero deixar claro que eu vou falar neste momento e a partir de agora das pessoas que são incluídas no mundo digital mas eu rendo a minha homenagem àqueles que ainda não estão bom as redes sociais elas provocaram mudanças profundas na forma como a gente interage e na forma como a gente se comunica com os outros o Facebook foi criado em quro e ele tem 2 bilhões de pessoas usuárias do Facebook é interessante que ele tem crescido especialmente em países
subdesenvolvidos por exemplo Bangkok na Tailândia é hoje a capital do Facebook ela tem 25 milhões de usuários em Bangkok do Facebook agora a pergunta que fica para nós é qual é a associação que tem entre Esse aumento crescente do nosso acesso às redes sociais e a nossa saúde mental os resultados das pesquisas eles são absolutamente contraditórios Provavelmente por diferenças metodológicas e outros problemas pelo menos três conclusões mais ou menos se pode chegar até esse momento existe uma associação entre o uso excessivo das redes sociis e sintomas depressivos uma outra Associação das redes sociais com autoestima
e finalmente uma associação de dependência com as redes sociais V começar a falar da depressão os sintomas depressivos eles podem acontecer em pessoas que utilizam muito as redes sociais especialmente tristeza e solidão são muito sentidos por pessoas que se utilizam muito das redes sociais Mas por outro lado pessoas que fazem a comunicação online por exemplo WhatsApp com familiares amigos muito íntimos elas se sentem menos só ao contrário elas se sentem menos tristes acho que esse é um exemplo dos efeitos benéficos das redes sociais com as pessoas em relação à autoestima a autoestima é um elemento
absolutamente importante e Fundamental desenvolvimento e de manutenção da nossa saúde mental parece que aquelas pessoas com autoestima diminuída fazem muito mais uso das redes sociais também principalmente costumam postar conteúdos de autopromoção e pensando em autopromoção tem um estudo muito interessante publicado recentemente com 2000 moças meninas de 16 a 25 anos na Inglaterra Olha que interessante elas permanecem 5 horas por semana envolvidas no seus selfies isso dá uma média de 48 horas de 48 minutos por dia envolvidos em atividades com selfie e um dado bem interessante a cada sete selfies que elas pensam em postar elas
escolhem apenas um selfie perfeito então é muito tempo né na autopromoção se a gente colocar na no Instagram # selfies nós vamos ter hoje em dia 275 milhões de imagens isso é um selfie não é um autorretrato da fida calo não é eh e é interessante a gente pensar nesse autorretrato observarem todos estão com o lado esquerdo da Face em fevereiro desse ano foi publicado um artigo sobre isso um artigo que pesquisa qual lado das pessoas da face é mais postado como selfie incrível Qual é o resultado a face esquerda tanto no espelho né na
média entre o espelho e o selfie normal a face esquerda é a mais postada Talvez seja uma teoria meio espúria algo meio bizarro e curioso mas talvez seja isso talvez a gente esteja iniciando na questão do conhecimento sobre as redes sociais o terceiro aspecto que eu queria falar com vocês é sobre as dependências dependência às redes sociais é muito interessante a gente poder ver essa questão dentro de um contínuo onde pessoas fazem uso muito adequado das redes sociais e outras são dependentes dependentes porque tem craving tem fissura dependentes porque tem abstinência dependentes porque tem Recaídas
como alguém que usa nicotina álcool drogas e é bastante importante que na realidade só uma minoria das pessoas que acessam as redes sociais são dependentes mas isso dá muito interessante em torno de 6% da população mundial tem alguma dependência ou os Smartphone ou aos games ou as redes sociais essa dependência coloca as pessoas muitas vezes em situações de risco pessoas correm risco ao dirigir o carro e acessar suas redes sociais outras situações também são muito estranha quando as pessoas acessam as redes sociais como é que a gente avalia essa dependência pesquisadoras da Noruega fizeram uma
um instrumento especificamente para avaliar a dependência ao Facebook Esse instrumento tem 18 itens o que é mais importante Um item específico desse instrumento porque ele avalia a qualidade do Sono resultante do acesso às redes sociais especialmente ao Facebook a gente sabe que pessoas dependentes do Facebook Facebook passam Noites em claro e isso tem um impacto fundamental sobre a saúde mental a pergunta que se faz isso é um diagnóstico psiquiátrico não segundo a C 10 dsm5 a adição a dependência à redes sociais e a dependência da internet ainda não é um diagnóstico psiquiátrico o diagnóstico psiquiátrico
realizado no dsm5 é o diagnóstico de dependência aos Games agora a gente tem que pensar em fatores de riscos Qual é a população que tem mais risco de se tornar dependente das redes sociais mulheres jovens pessoas com descontrole de impulsos introvertidas perfeccionistas com baixa autoestima e aquelas pessoas com necessidade de aprovação Agora quando se fala em cuidados de saúde o tema do que a gente tá conversando aqui hoje é importante pensar assim que não não está dizendo que as pessoas devem usar ou são proibidas de usar as redes sociais a questão que a gente está
falando é de um uso mais comedido das redes sociais e quais são as perspectivas sobre a gente entender melhor essa relação entre redes sociais e saúde mental as perspectivas dizem respeito a um melhor delineamento de estudos todos os estudos que se conhecem até agora são estudos de associação por exemplo eu falei para vocês que as pessoas que têm mais acesso às redes sociais Elas têm mais sintomas depressivos Isso é uma Associação isto não é uma causa efeito não significa que as pessoas que fazem mais uso de redes sociais têm mais depressão para gente fazer estudos
de causa efeito a gente tem que acompanhar as pessoas por um longo tempo a maioria dos estudos são feitos com pessoas normais nós precisamos saber de estudos com pessoas com transtornos psiquiátricos por exemplo depressão transtorno bipolar e outros os estudos são feitos de uma forma em que generalizam as redes sociais as redes sociais são muito diferentes o Instagram o Facebook o Whats A ideia é que se Necessita fazer estudos muito específicos para cada rede social provavelmente que a gente tá falando então é de uma educação para os novos usuários isso passa pelas escolas passa pelos
estudos fundamental passa pelos professores e passa especialmente pelos pais e no Brasil gente no Brasil a gente tem um problema muito sério o Brasil é um dos países que que as crianças a acesso à internet mais precocemente Aos 9 anos de idade na média que elas ficam mais vulneráveis vulneráveis a situações de exposição a automutilação por exemplo a baleia azul elas ficam mais vulneráveis a ao comportamento Fitness que pode originar transtornos alimentares como bulimia e anorexia elas ficam mais vulneráveis ao saber buling o que que se espera o que que se precisa fazer nós precisamos
encurtar as pontes entre as gerações entre os nativos digitais que hoje TM menos de 30 anos e nós os imigrantes digitais é muito importante que se feche esse diálogo que esse diálogo seja mais próximo para isso a gente tem que estimular um diálogo absolutamente aberto honesto e genuinamente interessado na tecnologia genuinamente interessado em saber como é que o game funciona como é que a rede social fon Olha que interessante atualmente 60% das crianças que T 2 a 5 anos elas T capacidade de jogar games capacidade de jogar games em computadores 20% delas conseguem jogar em
aplicativo Smartphone e só 11% tem capacidade de atar os seus sapatos que mundo é esse o mundo Mud mudou absolutamente cidade as redes sociais nos tornaram menos privados por outro lado a gente tem muito mais transparência o substantivo mudou o que era privação que era privacidade se tornou transparência eu vou terminar lembrando da história que eu comecei contando para vocês eram Março verão quente em Porto Alegre que eu tava numa sessão de terapia atendendo um paciente que me trouxe fotografia e eu fiquei absolutamente abismado Que coisa né quanta coisa passou hoje o que se sabe
isso É bem interessante é que as redes sociais se por um lado tem Associação com sintomas depressivos com baixa autoestima e com dependência elas também estão proporcionando a pessoas que tem muita dificuldade de interagir uma possibilidade muito diferente de interagir Então tem que poder pensar de um lado e de outro fazer um equilíbrio a gente tem que se despir dos preconceitos olhar as redes sociais de uma outra forma com uma visão muito menos alarmista e muito menos reducionista e esperando que as futuras pesquisas possam nos dar luzes para a gente entender melhor essa relação entre
saúde mental e redes sociais obrigado [Aplausos]