Ao menos duas explosões em Brasília, perto do Supremo Tribunal Federal, mobilizaram a capital do país. E aumentaram a preocupação com um Poder que esteve em rota de colisão com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ala mais radical dos seus aliados. Uma pessoa foi encontrada morta – é Francisco Wanderley Luiz, o homem que, segundo a polícia, seria o autor dos atentados.
Eu sou Giulia Granchi e neste vídeo explico em três pontos o que se sabe até agora das explosões, da pessoa que morreu e dos impactos desse caso. As explosões aconteceram por volta de sete e meia da noite de 13 de novembro. A primeira bomba estava em um carro parado num estacionamento em um anexo da Câmara dos Deputados.
A segunda bomba disparou na frente do STF. O prédio foi evacuado, e uma votação que acontecia na Câmara foi suspensa. Imagens das câmeras de segurança do Supremo mostram a dinâmica das explosões.
No vídeo, Wanderley Luiz aparece se aproximando do prédio do Supremo. Ele lança algo em direção à estátua da Justiça. Um segurança do STF se aproxima e aborda Wanderley Luiz, que recua.
Mas pouco depois, ele lança um artefato em direção ao STF. Depois, lança outro, que explode instantes depois. Em seguida, acende um terceiro e parece se deitar com a cabeça sobre o explosivo, que é detonado.
Uma nota do STF diz que “dois fortes estrondos” foram ouvidos no final da sessão, e que os ministros foram retirados do prédio em segurança, junto com os demais funcionários da Corte. Já a PM do DF divulgou uma nota dizendo que todos os principais prédios de Brasília e o aeroporto tiveram reforço no policiamento. No momento das explosões, o presidente Lula estava no Palácio da Alvorada, onde tinha reunião marcada justamente com alguns dos ministros do STF.
O Gabinete de Segurança Institucional disse que o Palácio do Planalto também foi inspecionado e está liberado para Lula despachar de lá. E quem era Francisco Wanderley Luiz, o homem morto na explosão, que era também o dono do carro detonado. Na última eleição, ele tinha concorrido com ao cargo de vereador em Rio do Sul, cidade de Santa Catarina, pelo PL, partido de Jair Bolsonaro.
Luiz, que nas urnas usava o nome de Tiu França, recebeu 98 votos e não foi eleito. Um perfil no Facebook com esse nome, que não está mais no ar, mostra uma foto dele durante uma aparente visita ao STF em agosto, com a legenda, abre aspas: “deixaram a raposa entrar no galinheiro, ou chiqueiro”. Segundo o governo do Distrito Federal, Wanderley Luiz tinha tentado entrar no STF pouco antes das detonações, sem sucesso.
O que nós temos informação é que primeiro explodiu o carro Depois ele teria saído e se dirigiu ao Supremo Tribunal Federal Testemunhas e seguranças disseram que viram Wanderley Luiz portando nas mãos e no corpo objetos que pareciam ser explosivos. O boletim de ocorrência do caso menciona postagens nas redes sociais ou no WhatsApp em que ele fazia ameaças e alusões a bombas contra o STF e contra, abre aspas, “comunistas de merda”. Outras postagens dele falam em auditoria das urnas eletrônicas.
Segundo a TV Globo, Wanderley Luiz havia alugado recentemente uma casa em Ceilândia, perto de Brasília. Familiares e pessoas que tiveram contato com Wanderley Luiz dizem que ele estava afastado da mulher e apresentava ter problemas psiquiátricos. O caso volta a jogar luz sobre a segurança do STF, que foi um dos principais alvos de manifestantes pró-Bolsonaro na invasão de 8 de janeiro de 2023.
A segurança dos integrantes do STF já vinha sendo reforçada desde o governo Bolsonaro, que várias vezes destratou os ministros ou ameaçou descumprir ordens da Corte. O principal alvo das animosidades é Alexandre de Moraes, relator de processos que incluem os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. E isso nos leva a uma primeira aparente consequência das explosões.
Bolsonaro e aliados pressionam o Congresso para aprovar uma anistia às pessoas condenadas por terem participado do 8 de janeiro. Agora, muitos articuladores acham que essa proposta de anistia não vai mais andar. Luís Roberto Barroso, também ministro do STF, afirmou que as investigações sobre as explosões em Brasília podem ser anexadas ao processo sobre o 8 de janeiro, caso seja estabelecida uma conexão entre os dois episódios.
Em seu perfil no X, Jair Bolsonaro disse que lamenta e repudia qualquer ato e violência e disse que ‘passou da hora’ de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente. O atentado também coloca em estado de atenção a segurança de autoridades no Brasil, que se prepara pra receber, no Rio de Janeiro, a Cúpula do G20, que reúne as maiores economias do mundo. São esperados líderes mundiais como os presidentes Joe Biden, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China.
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