#043 - Estudo de Gênesis: Haroldo Dutra Dias

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Deus planta a “árvore de vidas", do Amor que sustenta as vidas, no centro do Jardim. A árvore do co...
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Boa noite a todos, a nossas visitas que estão vindo de longe para conhecer o nosso grupo e também aos internautas que estão nos acompanhando, semanalmente, esse estudo, essas reflexões em torno do texto Gênesis, primeiro livro bíblico. Hoje, nós damos sequência em mais um episódio e vamos comentar sobre um tema muito complexo, cheio de armadilhas, de sutilezas, de colorido e, portanto, nós precisamos pisar devagar, com segurança, para que nós não nos percamos em sofismas, em falsas ideais. Para nos dar a segurança para que possamos ter uma garantia de que nossos passos estão em um caminho mais seguro, nós vamos seguir o conselho que Emmanuel deu para Chico, quando iniciou o trabalho de mediunidade com chico Emmanuel disse assim: ‘Eu pretendo realizar um trabalho espiritual com você.
Nós vamos seguir a Jesus e a Kardec, mas se algum dia eu desviar de Jesus e de Kardec, você procura me esquecer e fica com Jesus e com Kardec. ’ Nós interpretamos esta fala de Emmanuel como uma fala de lucidez, porque seriam tantas obras mediúnicas, tantas obras que aprofundariam em assuntos tão complexos e, aí, o benfeitor já, mostrava para ele o cuidado que ele tinha e que ele mesmo – Emmanuel – poderia se perder no conjunto de opiniões pessoais, de chutes. Para o trabalho que realizariam, não haveria espaço para isto, era preferível ficar um pouco mais conservador, mas trabalhar em um nível de maior segurança do que fazer muito lances e ficar em um campo de pura aposta mental.
Aqui, hoje, nós vamos falar da árvore de vidas (conhecida como a árvore da vida, mas, não é bem isto, porque o texto original fala em ‘árvore de vidas’) e a árvore do conhecimento do bem e do mal. No episódio anterior, nós comentamos sobre o jardim de Éden, porque o povo hebreu sempre interpretou Éden como um adjetivo. Seguindo a raiz do hebraico, as consoantes que formam a palavra Éden são as mesmas que formam o adjetivo ‘delícia’, ‘delicioso’.
Então, é um jardim de delícias, que foi traduzido para o grego como ‘paraíso’ e, entrou na tradição religiosa, sobretudo na tradição católica, como o paraíso. Claro que depois mudaram um pouco o paraíso, começaram por anjo com trombeta e com um monte de coisas que não tem no original. Isto também é comum acontecer: depois de tantos anos, pessoas vão acrescentando fatos.
Mas o certo é que, do ponto de vista bíblico, o paraíso – que é sinônimo de jardim - é uma obra de Deus, foi Deus quem o cultivou, ele se parece com um pomar, porque dá a ideia, não de uma floresta, não se árvores nativas, mas dá a ideia de um local que foi cultivado com vontade, com intencionalidade, com um programa, com um projeto. Então, aqui, não é simplesmente construir uma casa. É chamar um arquiteto que vai desenhar, que vai pensar em cada espaço, refletir e depois chama a engenharia para executar o projeto.
O jardim, o paraíso divino, foi planejado, executado, acompanhado, decorado pelo próprio Deus, é obra Dele. Esta é a grande metáfora. Qual a metáfora?
A metáfora, aqui, é a metáfora da soberania divina. O homem, enquanto ser humano, ele, é colocado no jardim. Quando ele chega, o jardim já está pronto, o jardim não dependeu de uma escolha dele, o jardim não contou com a opinião dele, ele não opinou, ele não foi consultado, ele não participou da execução do projeto, ele foi convidado a habitar e a cuidar, manter.
Esse cuidar – e, aqui, está o elemento fundamental do texto - significa preservar e, não, alterar. Então, o homem é convidado a preservar o jardim, não a alterar o projeto original. Isto é muito interessante.
A que isto nos remete? Nos remete à nossa criação espiritual. Não sabemos – os Espíritos são claros ao dizer isto em O Livro dos Espíritos, em que é o Espírito de Verdade que está dizendo – do momento da criação do Espírito.
do Espírito, não os sabemos, eis aí o mistério. Não adianta perguntar quando a Marina foi criada por Deus. Não sabemos.
Mas, o certo é que, bilionésimos de segundos depois dela ter sido criada, o Universo já existia. E, mais, também está em O Livro dos Espíritos, os Espíritos são criados simples e ignorantes. Vão começar uma jornada no mundo espiritual que nós não sabemos quanto tempo dura e, quando chegam ao mundo material, chegam no mineral.
Imaginem: quando o princípio inteligente chega no mineral, ele já percorreu um longo caminho da descida, porque ele sai de Deus e vai descendo. Nesse caminho, tudo indica, ele é potencializado. Ou seja, nós já conhecemos o destino, porque nós já começamos do fim.
Isto é que é bonito: nós já sabemos o que é estar ao lado de Deus porque é lá que nós começamos. O filho sabe o que é o útero da mãe, porque começou lá. Então, estar em absoluta comunhão com Deus não é um fato desconhecido de nenhum de nós.
Nós já vivenciamos isto. Depois disto, Ele nos entregou para as inteligências divinas e nós fomos potencializando. Quando chegou no mineral, nós já temos a memória da nossa chegada e, aí, começa a evolução, começa a ascensão.
Nesse período que vai do mineral até o hominal e passa por todo o reino das organizações – hoje, a Ciência não chama muito de mineral, mudou um pouco -, vamos imaginar assim: o mundo inorgânico (pedra, cristal, vidro), depois o mundo orgânico (mais para a questão da flora, do vegetal), depois adentra no animal. Quando está no nível do animal, o princípio inteligente não possui pensamento contínuo. Então, ele dá uma desligada.
Ele pensa e desliga, não são como nós. Nesse estágio funciona o instinto, que segundo uma dissertação de Kardec na Codificação (em A Gênese e em O Livro dos Espíritos), ele vai trabalhar com várias hipóteses da origem do instinto (depois vale a pena procurar isto para ler) e conclui com uma hipótese que me parece extremamente plausível. O que é o instinto no animal?
Porque o instinto é infalível, não erra. O instinto é universal, não existe diferença da formiga brasileira para a formiga americana, nem para a formiga africana. Aliás, é um fato curioso: tem um sujeito – no Nordeste, não sei – é especialista em formigas, uma pessoa da roça, não é nenhum cientista.
Foram os pesquisadores, ele chamou e disse: ‘vou mexer nesse formigueiro aqui e na hora em que eu jogar isto aqui, vão vir as formigas que são soldados,’ que são as protetoras. Ele mexeu lá e vieram as soldados. ‘Agora, eu vou jogar uma folha, aqui, e vão vir as trabalhadoras’.
Quer dizer, tem uma estrutura organizacional em um formigueiro. Ou, se você pegar uma colmeia de abelhas, há uma estruturação e uma organização, que é universal e que é infalível. Quando ocorreu o primeiro tsunami, as pessoas estavam lá e começou o tsunami.
O fenômeno começa primeiro no mar e até chegar a água, demora um tempo. Quando começou o tsunami, os elefantes e os bichos da ilha subiram todos para o ponto mais alto e ninguém entendeu porque os animais estavam subindo. Daí, veio o tsunami e todos os inteligentes morreram.
Só ficaram os animais. Considerando essas características, Kardec vai postular que o instinto é o próprio Deus agindo nas criaturas. É a onisciência divina cuidando dos seus filhos que estão no estágio evolutivo onde não há razão ainda.
Se não há razão, não tem discernimento. Por exemplo, alguém já viu um tigre em um consultório com crise de identidade porque ele queria ser um leão? Isto não existe.
Ele não tem o discernimento, ele não atingiu a razão. Como ele não atingiu a razão, ele não consegue refletir sobre o que existe e sobre o que ele é. Ninguém vai encontrar um cachorro refletindo: quem eu sou, porque o mundo é assim, porque existem cães diferentes.
Não tem! Isso não faz parte, ele não atingiu razão. Uma vez atingida a razão, que é quando o princípio inteligente chega no reino hominal, no estágio humano inicial – o homem das pedras, bem antes do Fred Flintstone, o homem da pedra lascada, o primata – nós já começamos a perceber isto na transição.
Você olha, por exemplo, um cavalo, alguns tipos de macacos, já começa a ficar sofisticado, você percebe que a razão está chegando. Em um elefante, no próprio cão – o cachorro é uma coisa impressionante – você percebe lampejos de razão. Quando a razão chega, ele começa exercer as funções que são de Adão, (estágio humano).
Qual é a função dada a Deus ao humano? Que ele: 1- nomeasse as coisas. O que significa isto?
Discernimento. Então, você distingue: isto, aqui, é uma câmera e aquilo, ali, é água, porque dar nome é separar, é discernir, identificar, classificar, refletir sobre, olhar para si e verificar que a cor da sua pele é diferente da cor do outro; 2- exercesse o papel de controle, porque, daí, para aqueles seres que ainda não atingiram isto, evidentemente, ficam submissos a ele, porque esse é um poder extraordinário: o poder da razão e o poder de discernir. Um pouco mais à frente na razão, começa a surgir o senso moral.
o senso moral. Surge, agora, não mais o discernimento racional, mas o discernimento moral: bem e mal. Mas, o que é o bem?
E, o que é o mal? Agora, nós vamos entrar no texto. Isto, aqui, foi só uma introdução para nós chegarmos ao tema.
no Jardim de delicias “O Senhor Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer” (Gênesis 2: 9). O primeiro ponto aqui: tem gente que insiste que o jardim de Éden só tem duas árvores: a da vida e a do conhecimento do bem e do mal. Não!
Tem toda espécie de árvores, Boas de ver formosas de ver (formosura, beleza) e boas (gostosas, saborosas) “Toda espécie”, vamos pensar nisso. Se nós fôssemos parar aqui, só no Brasil, dividir por região e cada um começasse a falar das árvores frutíferas, nós íamos ficar aqui até amanhã, não íamos? Abacate, laranja, maçã, gabiroba, caju, cajá etc.
Todas essas árvores estavam no jardim de delícias. Aqui, é bonito porque, primeiro, ao criar o jardim, o paraíso, o critério de Deus foi a beleza. Este é um critério do Universo: o belo, formosura.
Evidentemente, que nós estamos falando de uma infinidade de belezas. Você não pode comparar um tatu com um tigre. Mas, se você observar o tatu, ele é belo.
Você pode não gostar. Aí, é uma outra questão. Mas, há beleza nele.
Se você observar o desenho, o formato, a estrutura: é um tatu. Então, há uma infinita variedade. Mas, todas seguem um critério de beleza.
Você diz:‘ mas, eu acho o tigre mais bonito’. Tudo bem. Mas, Deus não faz uma natureza só com tigres.
Você olha a beleza da formiga, a beleza do tatu, a beleza do tamanduá, do tucano, da arara, do canarinho. Há uma infinita variedade, mas um critério: beleza, que nós podemos deduzir que a beleza não pode ser definida como gosto. A beleza tem a ver com um critério de organização interna.
Se você pegar os elementos internos do tatu, o que tem no tatu? Tem um rabo, tem um casco, se você pegar esses elementos, você vai perceber que eles estão organizados de uma maneira harmônica. Isto gera beleza.
Ou seja, a configuração está de tão modo harmonioso que nos dá uma impressão (nossa, que interessante! ) . Essa impressão é a beleza.
Outro critério é o prazeroso. A criação divina, o nosso palco de evolução é saboroso e nós temos, aí, os cinco sentidos (e outros sentidos também) que são vias para que nós experimentemos o prazer, o prazer da criação. Quer dizer, a criação é prazerosa.
A primeira coisa que nós precisamos desmistificar, então: tem uma infinitude de árvores. Mas, nessa infinidade de árvores tem duas que são especiais. E, o texto é maldoso.
O texto diz assim: “O Senhor Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer e a árvore de vidas no meio do jardim” (Gênesis 2: 9). Esta está definida: no meio do jardim está a árvore de vidas. No original hebraico é isto mesmo: ‘vidas’, no plural.
O que é isto? Vamos com calma. “(.
. . ) e a árvore de vidas no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2: 9).
Esta está aonde? Maldoso, o texto não falou. Mas, pelo arco dramático, pela narrativa do texto, nós vamos perceber que Adão e Eva colocaram-na no meio do jardim.
Então, brincadeiras à parte, a árvore do conhecimento do bem e do mal você coloca aonde quiser. E, agora, começa o desafio, que história é essa: bem e mal. Vamos lá.
O primeiro ponto que nós iremos abordar está na questão nº 120 de O Livro dos Espíritos, que é a questão modelar, que vai nos dar os elementos essenciais para definição de bem e de mal. Kardec indaga: Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem? Percebemos que é uma pergunta de alta repercussão filosófica.
Para chegar ao bem, é imprescindível passar pelo mal? Quer dizer, o mal é inevitável, ele é uma via inevitável, imprescindível? Esta é a pergunta.
Em um determinado momento, não importa, precisa passar pelo mal para chegar ao bem? A pergunta é forte. Muito filósofos, muitos espiritualistas – pasmem!
– vão advogar que o mal é inevitável, você não conhece o bem se não passar pelo mal. E, eles vão dar um exemplo: você vai aprender a escrever, você não escreve errado? Ou da primeira vez que você aprendeu a escrever, você escreveu tudo certo?
Então, está vendo, tem que passar pelo mal. Como é que você não vai aprender o certo, se você não errar, porque é errando que se ganha experiência, é errando que se aprende, tem até ditado popular. E, milhões de criaturas se embalam nesses sofismos filosóficos.
Isto é pegadinha. Então, vamos lá. O que os Espíritos respondem?
É o Espírito de Verdade, é o Cristo com sua plêiade. Ele responde: “Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância. ” O que os Espíritos estão dizendo?
Não confunda mal com ignorância. Não confunda mal com errar. Errar é uma coisa, mal é outra.
Aqui, começa a complexificar. Mal não é ignorância. Quem ignora não sabe quê existe, portanto, não tem como discernir.
Como é que você vai discernir entre algo que você conhece e algo que você não conhece? Eu tenho três caminhos para chegar em casa, mas eu vou escolher um que eu não conheço. Vai escolher como?
O primeiro ponto que os Espíritos começam a desmistificar: não confundam mal com ignorância, não confundam errar com mal (o erro de quem está aprendendo a caligrafia, o erro de quem está aprendendo violão). Aqui, vamos ter que tornar a coisa mais complexa. Por isso, que Emmanuel diz assim: ‘existe o erro filho da ignorância e o erro filho da maldade calculada’.
O erro filho da ignorância é caminho da evolução porque todos passamos pela fileira da ignorância. Não tem nenhum aluno que não seja ignorante. Ou melhor, mais ignorante que o professor.
Apesar de que – e, aqui, é um ponto – quanto mais você diminui a sua ignorância, mais diminui a sua sabedoria. Esta eu não entendi! Quem propôs isto foi Sócrates, que é um ministro do Cristo.
Sócrates dizia assim: ‘a sabedoria está em cada vez mais dimensionar o tamanho da minha ignorância’, porque o que tem para ser conhecido é infinito. Isto, aqui, é importante: é possível à criatura ser onisciente? A onisciência é um atributo de Deus.
A pergunta é: é possível a um Espírito criado por Deus atingir a onisciência? Nós só podemos responder que não. Por quê?
Porque se uma criatura atingir um atributo do Criador, nós temos dois deuses e nós sabemos que só há um Deus. Onisciência não tem jeito. Então, quanto mais eu enxergo, mais infinito tem.
O que significa isto? Quanto mais eu diminuo a minha ignorância, mais diminui a minha sabedoria. Humildade!
Uma é a condição da criatura, outra é a condição do Criador. Mas, o Sócrates é mais sábio do que eu! Se você comparar ele com você, isto é verdade.
Mas, se for comparar Sócrates com Deus não tem comparação, porque como é que você vai comparar o infinito e o absoluto com o relativo? Não tem como comparar. Não tem como é você pegar um grão de areia e comparar com o Universo: o grão de areia você sabe o tamanho, mas e o Universo, qual o tamanho do infinito?
Nós podemos comparar, nós podemos entender assim: evidentemente que o Cristo tem mais sabedoria que nós, porque ele tem mais estrada. É simples! Ele só tem algumas dezenas de bilhões de anos a mais.
Daí, eu consigo comparar. Mas, e com Deus? Nós temos que imaginar assim: no momento em que você foi criado por Deus, já tinha Cristo.
Quanto mais você ganha amplitude, mais você conhece aquilo que você conhecia. Isto é incrível. Por exemplo, você ficou dez anos no violão.
Daí, você começou a organizar os lítero-musicais: tinha que por o violão, junto com o piano etc. Quando você aprendeu isto, hoje, você sabe mais violão, porque as sutilezas que você conhece do violão – como ele entra, como é que se posiciona - você não conhecia antes de fazer a prática do conjunto. Na medida em que você vai ampliando no conjunto, vai sofisticando também o conhecimento que você tinha daquela parte.
É muito bonito isto! Nós já percebemos, aqui, a questão do conhecimento: o que você ignora e o que você não tem prática, você erra. É a ignorância!
Este é o processo evolutivo. Agora, isto não tem nada a ver com o mal. Esta é a distinção que os Espíritos estão fazendo: vocês estão confundindo fieira (caminho) do mal com caminho da ignorância.
O aluno começou a estudar violino, ninguém consegue ficar perto dele, nem o cachorro não fica, porque o som é muito agudo e o bichinho sai correndo. Ninguém consegue ficar perto, porque ele não controle. É igual saxofonista aprendendo a tocar o saxofone.
Tem uma hora que você fala, pelo amor de Deus, tira esse saxofone da mão dele: entra aonde não tem que entrar, toca alto, mata todos os instrumentos. É a ignorância! Não tem, ainda, aquela sabedoria.
Isto não é mal. É isto o que os Espíritos estão distinguindo. A primeira coisa que nós aprendemos, aqui, a árvore do conhecimento do bem e do mal não está falando de onisciência, porque onisciência é vedado à criatura.
Nós não temos como conhecer tudo. Isto está fora de cogitação. Agora, tem uma outra coisa: vamos para o senso moral.
Quer dizer que não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal significa ser ingênuo moralmente, ser incapaz de discernir moralmente? Não. Também não pode significar isto.
Por que não pode significar isto? Porque uma decorrência da razão é o surgimento do senso moral O senso moral não acompanha a razão. A razão pode avançar muito e o senso moral ficar fraco.
Nós já conhecemos isto, não é? Pessoas que tem até doutorado, pós-doutorado, mas tem um comportamento de homem primata. Um rinoceronte com fome é mais educado do que a pessoa.
Razão não significa mesmo nível de senso moral. E, o discernimento moral o discernimento moral está no cerne da evolução moral do Espírito. Uma asa é a inteligência (sabedoria), a outra é a asa do amor ou da moralidade (senso moral).
Por que, então, foi proibido comer da árvore do bem e do mal? Se nós não podemos ser oniscientes, se o discernimento moral faz parte da evolução não tem nada a ver com bem e mal, discernimento moral não tem nada a ver com bem é mal porque você pode conquista -lo discernimento moral sem passar pela fieira do mal), o que é, então, comer da árvore do bem e do mal? Quem responde?
A serpente. A chave de muitos de nossos problemas está nos nossos obsessores. Uma conversa franca com nossos obsessores nos revelam muito com nós mesmos, muito porque tira as lentes de fantasia que nós temos á respeito de nós mesmos.
Vamos consultar a serpente? No capítulo 3 nós vamos estudar isto, nós só vamos pegar a canja lá para nós entendermos. Ela fala assim: ‘sabe por que Deus te proibiu de comer Você pode comer Infinitas infinitos frutos de árvore (e infinito é muita coisa, hein?
), infinitos e mais um - que é a árvore de vidas - e só um você não pode comer: a árvore do conhecimento do bem e do mal. A serpente fala: ‘sabe por que Ele te proibiu? ’ Oh, que danada a serpente, porque ela sabe.
‘Sabe por que Ele te proibiu? Porque o dia em que você comer desta árvore, você se torna Deus. ’ Matou a charada.
A serpente respondeu. Este é o projeto de serpente, porque essa serpente vai virar o dragão e vai virar o diabo. Este é o projeto do diabo.
É claro que eu estou falando metaforicamente, senão o pessoal vai ficar assustado. É uma metáfora: este o projeto diabólico. Vamos fazer uma aposta?
Depois nós temos que achar um texto, se essa aposta for verdadeira para confirmar, porque interpretação é isto: você elucubra e tem que encontrar, se não encontrar nada, você pode descartar. O que nos atrapalha é a palavra conhecimento, porque nós estamos olhando a palavra ‘conhecimento’ em Português e, não, a palavra hebraica. Conhecimento, para nós, é ‘tomar ciência de algo’.
Não é isto! Isto que nos confunde. O sentido da palavra ‘conhecer o bem e o mal’ é estabelecer o bem e o mal, definir o que é bem e o que é mal, legislar sobre o que é bem e o que é mal.
O que Deus está dizendo? Eu te crio simples e ignorante, você demora um tempão aqui comigo, do meu ladinho (quem gostava disso era o Sr. Leão), depois eu te entrego para um Cristo ancestral, você fica ali com eles, depois você vai descendo, vai descendo, vai descendo e, daí, André Luiz diz assim: ‘e quando a Terra está formada, chegam as mônadas luminosas’, que eram os princípios inteligentes.
Luminosas? É claro, porque elas estão repletas de luz já que estão vindo do reino das luzes e são colocadas lá no primeiro estágio, no mundo inorgânico. Filhinhas, Filhinhas, você já viram tudo, agora, voltam com as próprias pernas!
Depois que tiverem as perninhas, por enquanto, nem perninha tem ainda, tem que construir as pernas, para depois voltarem. Daí, começa a volta. Não é a ida.
É a volta. Vai desenvolvendo e, daí, é aquela história que eu contei no início: com a razão discerne o bem e o mal, discernimento racional que tem a ver com sabedoria e com conhecimento. Aí, vem o senso moral.
Com o senso moral, surge um outro tipo de discernimento: o discernimento moral, o que é bem e o que é mal. Mas, você fala assim: ‘Deus, quero uma audiência com Você: Você está dizendo aqui que isto aqui está mal, mas eu não concordo. Eu quero mudar.
Isto aqui tem que ser bem. Como isto pode ser mal? ’ Igual eu te chamar para jogar xadrez e daí você movimenta o cavalo igual dama.
Você não sabe jogar xadrez? Eu sei, o cavalo movimenta em L, mas o meu cavalo movimenta como uma dama. Então, nós paramos de jogar.
E, se eu não quiser aceitar que o jogo da evolução é xadrez? Se eu não quiser, eu comi da árvore do bem e do mal. Eu vou criar um nicho e vou tentar organizar o reino do Haroldo, é o reino do Haroldo ou melhor, do Euroldo (do ego), o reino do eu o reino do eu gera o egoísmo que é uma força atrativa, tudo para mim, tudo para mim, eu me transformo em um predador e em uma força centrífuga, irradiadora, que é a egolatria, chamada orgulho.
No egoísmo, eu atraio tudo para mim, não escapa nem a luz e, a egolatria é o centro sou eu. Agora, imagina uma formiga Dizendo assim em um navio abrindo os braços e dizendo assim: eu sou o rei do mundo. O centro do Universo infinito – que eu nem sei o que é - sou eu: o reino do eu.
Como é que faz? A regra, agora, é minha. Eu vou definir o que é bem e o que é mal.
Por exemplo, matar os meus inimigos é bem para mim. No meu reino é assim, Receber todos os meus amigos é bom. Alguém me matar é mal, é péssimo.
Não pode. Alguém me prejudicar? Eu estou brincando.
Agora, eu vou falar sério: tirar o dinheiro da merenda de 3. 500 crianças no meu reino é um bem, é bom. O dinheiro vai pra mim, eu vou comprar os carros importados que eu quero, eu vou viajar para os lugares que eu quero, eu vou comer as melhores comidas, eu vou tomar os melhores vinhos e outras coisas que eu não vou dizer aqui.
É ótimo! Para mim, é ótimo! É um bem.
Eu estou definindo o que é bem. Mas, e para as crianças? Problema delas.
O reino é meu. Essas crianças que eu tirei a merenda não são do meu reino. Quem falou que isso é um mal?
Eu não vou aceitar essa regra que dizem que eu não posso tirar a merenda das crianças. Quem criou essa regra? Quem falou que isto é mal?
Eu não aceito isto! Entenderam a lógica? Ah, mas está lá Código Penal.
. . Eu não quero saber de Código Penal, eu não quero saber de lei nenhuma, quem faz a lei sou eu.
Eu fasso á lei. Entenderam a lógica do diabo? Este é o diabo!
Ninguém imagina um diabo bonito, usando um Armani ou usando Prada, que é um diabo mais bonito, ou usando uma saia linda, um cabelo longo. Todo mundo imagina um diabo com pata de animal. Não tem nada disso!
A palavra ‘diabolos’, em grego, e ‘satanás’, em hebraico, significa o adversário. Ele chega e fala: ‘de quem que é o reino aqui? ’ O reino, aqui, é Deus.
‘Ah, para com isto! O que Ele falou? ’ Ele disse que o bem é isto e o mal é isto.
‘Não, Senhor! Fala para ele que eu mudei a regra: o bem, agora, é isto e o mal é isto’. Tornei-me adversário.
Eu crio a regra. É possível fazer isto? Sim.
Se não fosse possível, não haveria a operação Lava-jato, não tinha holocausto, Jesus não tinha sido crucificado, nós não estaríamos resgatando, não teria inquisição. É possível! Eu vou fazer uma pergunta mais profunda: é possível fazer isto para sempre?
Não! Não! É permitido que eu faça isto por um tempo, não para sempre.
Por isso Deus chama e fala assim: há infinitas árvores e a árvores de vidas, pode comer, principalmente a da árvore de vidas, que está no meio do jardim, mas, a do estabelecimento do bem e do mal, se vocês comerem, certamente, morrerão. ‘Morrer’ no sentido de não conseguir dar continuidade, não sustentar, não ir à frente, não se manter, vai se apagar, vai acabar. Este é o sentido de morte.
Mas, Haroldo, de onde você tirou isto? De Isaías Isaías cap5: versículo 20. Isaías vai fazendo uma séria de advertências, mas chega um momento em que ele fala: ‘agora, eu vou fazer a máxima advertência’.
“Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem chamam mal, dos que transformam as trevas em luz e a luz em trevas, dos que mudam o amargo em doce e o doce em amargo; ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e inteligentes na sua própria opinião; ai dos que são fortes para beber vinho e dos que são valentes para misturar bebidas, que absorvem o ímpio mediante suborno e negam ao justo a sua justiça’. O que é isto? É ditar a regra.
Isto é comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, é você falar: ‘Deus, fica na Sua, quem manda sou eu’. Por isso, se você for no livro Ação e Reação, André Luiz e Hilário Silva estão com o benfeitor Sânzio, um Espírito de alta envergadura moral e, de repente, conversando, Hilário Silva faz uma pergunta simples: benfeitor Sânzio, o que é o bem e o que é o mal? Sânzio diz para ele: evitemos os labirintos da Filosofia, qualquer um que observar a natureza será capaz de discernir o bem do mal.
Opa! Não é? A natureza é o livro de Deus.
Mas, podemos dizer que o mal é ó mal é´felicidade, prosperidade, progresso, conforto, alegria. Que é isso! Vou parar de ler este livro.
Segurança só pra mim. Ah, entendi! Só pra mim!
E, o bem? O bem é felicidade, prosperidade, progresso, conforto, segurança, delícias, saboroso, para todos! Este é o bem!
Vamos pensar: faz de conta que você está na nuca de Deus (é uma metáfora) e está olhando para o Universo. Deus vai definir o que é bem e o que é mal. Quando Ele vai definir o que é bem, todos são filhos Dele, então, o bem só pode ser aquilo que é bom todo mundo.
E, o mal? É o que é bom só para um ou para alguns. Não faz sentido essa lógica de Deus?
O reino de Deus não tem infinitos filhos que são filhos Dele? Então, Ele só pode legislar no benefício de todos os seus filhos. Por isso que Pedro vai dizer na Epístola que Deus não faz acepção de pessoas.
Deus não fala: ‘Ah, mas o Luís Gustavo é melhor que o Haroldo. ’ Não tem isso! Emmanuel vai mais além, no capítulo Amor o livro Pensamento e Vida, dele diz que para deus tem o mesmo valor o verme que rasteja no solo, tanto quanto o anjo que o representa junto ao verme, porque concede a ele milhares e milhares de séculos para que ele se aperfeiçoe e se torne anjo.
Não é? É igual àquela piada em que perguntaram a Deus assim: ‘Senhor, o que é um milhão de anos para você? ’ Um segundo.
‘O que é um bilhão de dólares? ’ Um centavo. ‘Oh, Pai, me dá um centavo.
’ Espera um segundo. Então, você olha para o verbo e acha que vai demorar. Demorar, para Deus?
O que é demorar para Deus? Ele olha para o verme e para o anjo igual, a lei é a mesma. Agora, se eu sou um diabo e eu criei o meu reino, o reino do Haroldo Dutra Dias, a lógica subverte, porque o bem passa a ser tudo o que é bem só para mim.
O pior não é isto, porque isto gera uma consequência. Qual a consequência que isto gera? Não me importa o outro.
Importa eu. Esta é a árvore do conhecimento do bem e do mal. Qual é o contrário do conhecimento da árvore do bem e do mal?
Antes de eu falar isto para nós encerrarmos, todos já devem ter assistido o filme Avatar. No filme Avatar, quem sustenta o planeta? é uma árvore.
Se matasse a árvore, todos os seres daquele planeta morriam, porque ela sustentava a todos. E, lá tinha uma coisa bonita porque os habitantes em um nível evolutivo superior precisavam às vezes matar um outro ser para se alimentar, mas o quê ele fazia. Antes, fazia uma prece: ‘eu agradeço o seu sacrifício, eu preciso do seu sacrifício para a minha sobrevivência’ e, daí, sacrificava o animal Alguém já, viu aqui, um grupo de leões que sai, deixa as leoas em casa, e sai para caçar por esporte?
Vamos morder a presa, deixar e se divertir. Isto não acontece! Ele age respeitosamente.
Depois que ele se alimenta, a zebra passa perto dele e ele, saciado, E, esta árvore que sustenta todos, no filme Avatar, é a árvore de vidas. Então, a árvore do conhecimento do bem e do mal é a árvore de uma vida: a minha; a árvore de vidas é de vidas. Por isso, o grande filósofo – coisa rara, elogiado por Emmanuel (olha que para Emmanuel elogiar um filósofo encarnado.
. . custa sair um elogio daquela boa, hein?
) – Emmanuel Kant pegou a regra áurea e a formulou de um modo filosófico e genial. Ele diz que diante de uma conduta (você vai fazer algo), você quer saber se é bem ou se é mal, qual o critério? Pergunte-se: se o que eu vou fazer, começar a ser feito por todos os habitantes do planeta, vai ser bom ou ruim?
Se for bom, é bem; se for ruim, é mal. Olha que coisa sensacional! Você pensa assim: eu vou violentar fisicamente alguém, mas eu não sei se isto é bom ou se é mal.
Para mim é bom, porque eu estou batendo. Daí, Kant vai te perguntar assim: se todos os habitantes da Terra seguirem o teu exemplo e começar a baterem em você? Aí, eu não gostei.
É mal! Bom, então, queda espiritual não é errar. Você pode ter errado por ignorância, por imperícia, por imprudência.
Você está aprendendo, ali, a tocar e você não sabe, você não é um perito ainda. Você vai errar milhões de vezes. Isto não é queda!
Se for por imprudência, eu não levei todos os fatos em consideração, agi precipitadamente, que bobagem que eu fiz, eu não queria fazer isto, se eu soubesse que a consequência era esta, eu não queria. Isto não é queda! O que é a queda?
A queda é: eu não aceito as regras que Deus colocou, para o meu benefício, para o meu conforto, para o meu deleite, eu vou criar uma nova regra, eu não vou seguir a lei divina, quem manda, agora, sou eu. Istoé queda! Queda espiritual tem a ver com prepotência, tem a ver com rebeldia, tem a ver com conflito.
Eu me coloco em conflito com Deus, em guerra com Deus, eu me torno um adversário de Deus, eu me transformo em um satanás, no diabo, eu como da árvore do conhecimento do bem e do mal. Semana que vem, nós continuamos com novas diabruras.
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