Ana Suy: amor, paixão, idealização e narcisismo | Bom dia, Obvious #250

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Obvious
Marcela Ceribelli recebe Ana Suy pela terceira vez no programa Bom Dia, Obvious para falar sobre amo...
Video Transcript:
[Música] é possível amar verdadeiramente alguém sem as lentes da idealização quando percebemos que nos apaixonamos pela imagem que criamos e não pela pessoa real somos confrontadas com uma verdade difícil de engolir nosso desejo de viver uma paixão é capaz de transformar o outro naquilo que gostaríamos que ele fosse invenção uma mistura das nossas idealizações desejos mais profundos torna quem amamos um reflexo das nossas próprias fantasias criando expectativas fadadas a se tornarem frustrações confrontar a realidade de que nos apaixonamos pela ideia que construímos é quase como um grito de liberdade já que o amor nos é
vendido como uma solução para todas as nossas faltas Na verdade ele pode justamente trazer luz para nossa mais profunda solidão Bom dia óbvio eu sou Marcela cibelli CEO diretora criativa da obvious e hoje com a psicanalista Ana sui vamos mergulhar fundo em seu bestseller a gente mira no amor e acerta na solidão Bom dia Ana bem-vinda de volta ao programa terceira vez sim quer pedir uma música quero brigadeir você sabe o que eu fiquei pensando tinha que ser tipo não era amor era solidão sabe como que você tá hoje eu tô ótima muito feliz de
estar aqui de novo e você eu tô muito feliz porque eu tava não só estudando pro Episódio mas eu já destrinchou a paixão ansiedade para o meu segundo livro então assim eu tô tão Ana suiz sou muito fã você sabe então obrigada novamente por estar aqui obrigada por me convidar de novo sou foca também né sua sabe disso volta sempre Toda vez que eu abre alguma caixinha falam quem você quer Ana sui Ana sui falam gente o quanto vocês quiserem ela pode ser fixa nesse programa Ana eu acho que hoje mais do que em todos
os outras entrevistas a gente vai mergulhar a fundo em um trabalho específico que é o seu livro A gente mira no amor e acerta na solidão eu espero que quem escuta esse programa já tenha lido entendeu porque é frequentemente comprado junto com a Aurora Mas se vocês ainda não leram façam isso então eu queria começar com a máxima do título que é me apaixonei pelo que inventei de você e daquele Meu Jeitinho existe amor sem idealização não para ser bem direta não existe nada sem idealização porque o avesso da idealização seria a coisa nua e
crua tal como como ela é e nada é por si só tudo depende do modo como a gente olha da gente interpretar do modo como a gente sente do modo como as coisas tocam em tudo que a gente já foi é viveu ou imaginou então a gente precisa idealizar ã para suportar não só o outro mas a gente também uhum só que o que com frequência acontece é que a gente tende a pensar que aquilo que é idealizado é mente mentiroso que aquilo que é fantasiado é mentiroso e não é disso que se trata acho
que a psicanálise Ela traz uma relação com a realidade que é sustentada pela fantasia então a fantasia ela não é o oposto da realidade ela é uma condição para ela até a fantasia de nós mesmos porque quando a gente tá se apaixonando a gente também se apaixona pelo que o outro está idealizando em nós sim sim é aquela coisa né Eu amo o outro ou eu amo a maneira como eu me vejo sendo vista pelo outro que é maravilhoso do livro da Anne ernault o jovem que em dado momento ela tá num restaurante com esse
namorado mais novo dela e ela fala que de repente ela percebeu porque que os homens sempre gostaram de sair com mulheres mais jovens porque quando ela olhava para ele ela se via mais jovem é como se o tempo tivesse parado então tem um pouco do Olhar do outro perante nós e e o quanto vai fazer a gente se sentir bem ou não Sim e me fala uma coisa Ana a partir da Verdade que será a idealização não necessariamente é mentira mas seríamos capazes de nos apaixonar pelo cru de alguém a paixão ela precisa de um
pouco de eu ia falar mentira Olha o ato falho mas ela precisa ser um pouco mais floreada para que a gente se entregue dessa maneira porque eu eu entendo que o amor consegue conviver com os defeitos a paixão consegue a paixão é que a paixão é doida né A paixão é um enlouquecimento nosso o Freud escreve que no auge ele escreve no no texto chamado ma civilização alguma coisa do tipo no auge do enamoramento no auge do Estado de apaixonamento eh as fronteiras entre o eu e o objeto ameaçam a desaparecer e isso se assimila
muito com os estados de enlouquecimento de diferentes tipos de loucura mas a paixão é uma um tipo de loucura socialmente aceita né parece que quando a gente fica louco apaixonado a gente se identifica com outr as pessoas sabem do que a gente tá falando então tem um lugar social tem um lugar no laço Mas não deixa de ser um certo enlouquecimento né porque por que que é um certo enlouquecimento porque a gente acha quando se apaixona que encontrou no outro alguma coisa que nossa alguma coisa que nos desz respeito e por mais que a gente
saiba racionalmente oh não existe a metade da laranja não existe a tampa da panela saber racionalmente não nos impossibilita não nos impede de viver isso mesmo que a reciprocidade só esteja acontecendo na nossa cabeça Especialmente porque na verdade assim sempre é na nossa cabeça né porque a gente não tem como saber como é que por mais que o outro diga que nos ama que tá apaixonado enfim vai ser sempre uma aposta não tem como ter certeza né não tem como saber você vai recolhendo pistas tá tem pistas né então ajuda a gente a gente precisa
de dados de realidade Claro mas é importante a gente reconhecer que dados de realidade mesmo dados de realidade são pistas Porque mesmo mesmo quando a gente fala que a gente ama ou quando a gente fala que a gente tá apaixonado a gente também não tem uma certeza última a respeito do que é isso é sempre efeito de uma interpretação a maneira como a gente se sente também Amado objeto do Amor Objeto do apaixonamento do outro também não deixa de ser uma interpretação Nossa sobre o que o outro interpreta a respeito então isso tudo é uma
grande confecção de linguagem né Aham uma grande especulação uma grande especulação mas eu reflito se em tempos em que as nossas interações eram todas presenciais ou por um telefone por exemplo em ligação quando eu digo telefone se a gente precisava um pouco de menos imaginação e até Como interpretar um texto porque quando eu penso em relacionamentos contemporâneos uma mesma mensagem você vai ler uma duas 3 4 cinco vezes e aí você pode Possivelmente mostar para uma amiga você pode Possivelmente mostrar pra sua psicanalista para entender o que aquela pessoa quis dizer só que você nunca
vai verdadeiramente saber porque tá no outro e sabe que mais o outro também não sabe o que que ele quis verdadeiramente dizer com aquilo Porque a coisa não é fixa né eu digo uma coisa e dizer essa coisa altera esse algo que eu queria ter dito a maneira como isso chega no outro altera aquilo que eu queria ter dito às vezes eu digo uma coisa eu até acho que era isso que eu queria ter dito mas quando chega o efeito de como isso chegou no outro eu falo opa pera não era isso não era assim
que era para ter chego e vezes eu digo uma coisa que eu posso até Pensar que foi mal dita que não era bem isso mas isso foi recebido de uma maneira que me dá notícias de que foi melhor assim era isso que eu queria ter dito mesmo só que a gente tem uma tendência a querer as coisas estáticas paradas fechadas pra gente poder concluir e passar pro próximo né então é isso fechou partiu próxima coisa próximo nã e as coisas não ficam fechadas Porque a vida é movimento as coisas estão se movimentando mesmo para trás
as coisas estão se deslocando então quando a gente está nesse período do apaixonamento E aí encaixa com o nosso último episódio vai existir uma ansiedade porque a gente lida com o desconhecido sim com um desconhecido ã mesmo nesse sentido do dado de realidade eu não sei quem é esse outro por quem eu me apaixonei essa é uma condição para apaixonamento que eu não saiba muito bem quem é esse outro e essa é uma uma uma condição para continuidade do que vai se transformar em Amor se for se transformar em amor porque uma das grandes causas
da morte do amor é a o final do apaixonamento no sentido último da coisa de que quando já não tem mais mistério quando já não tem mais Ah eu já não sei eu já não pergunto mais pro outro o que que ele pensa o que que ela fez porque eu Suponho que eu já sei E aí vai parando de conversar as conversas vão parando de acontecer por excesso de suposição de conhecer o outro muito bom então tem sempre algo de mistério eu não tô dizendo de fazer tipo de fazer de propósito mas é no sentido
do Impossível mesmo de colocar tudo a respeito sobre si mesmo tudo a respeito a respeito do outro então a a a paixão ela vai se alimentar desse mistério por um lado e por outro lado ela vai se alimentar da sensação de que tem alguma coisa minha no outro ou ainda de que tem alguma coisa do outro em mim mas parece um paradoxo porque quando a gente tá apaixonado ou até amando a gente quer saber tudo sobre a outra pessoa a gente quer sentir que aquele mundo se tornou a nossa nação e e é esse o
ponto eu quero saber tudo sobre o outro porque sabendo sobre o outro eu sei sobre mim então eu quero saber sobre mim através do outro preciso demais no estado de apaixonamento É como se eu tivesse encontrado alguma coisa minha no outro então eu quero tudo do outro porque eu e o outro em alguma Instância somos o mesmo Uhum Então sabendo do outro eu tô sabendo de mim e isso vai me dá um exemplo prático você se apaixonou por uma pessoa que é dos esportes na verdade você tá descobrindo algo de você que gosta desse movimento
por exemplo você não ama que o outro é esportista você ama a possibilidade do esporte na sua vida pode ser mas mas nem tão deem nem de maneira tão direta mas assim no sentido de que e encontrar com uma paixão é encontrar com uma certa Cara Metade né então pode ser que não seja eu eu vou ser esportista Mas e se eu fosse esportista como se eu pudesse ser esportista através do outro sim E e essa essa é a grande a grande conquista a grande coisa da Paixão a descoberta de que a gente pode ser
mais do que a gente supôs até então então que bonito então é claro a gente tá descobrindo sobre nós e são mundos que se expandem Então você fala sobre o momento que existe essa morte da Paixão e possivelmente o fim desse amor mas muitos de nós vivem em negação sobre essa tensão sobre o que é real e irreal então não acho raras às vezes em que uma pessoa está num relacionamento mas busca Memórias de de tempos em que já foi melhor a manutenção da Paixão precisa muitas vezes de uma auto ilusão Auto ilusão de de
não encarar de frente o que tá sendo mostrado para você eu acho que sim eh e eu acho que isso não na verdade assim não é nem sobre a paixão apenas por uma pessoa eu acho que tudo na vida depende disso porque eu acho que a grande coisa disso tudo é justamente as coisas que a gente precisa fazer para se apaixonar e para amar a vida então o o amor o apaixonamento por uma pessoa ele não deixa de ser um caminho possível para esse amor para essa paixão pela vida e as coisas que acontecem na
nossa vida a gente não tem como ter acesso a elas aquel aquilo que a gente falava agora no começo não tem como ter acesso a elas sem uma dimensão dessa fantasia então a todo mundo tem uma todo mundo muita gente né mas enfim muita gente tem uma uma janela que é que carrega a lente de como é que a gente enxerga o mundo uhum a gente Depende do que é que do que cabe nessa lente para poder enxergar só que a ideia que a gente tem de que a gente poderia ter acesso à realidade como
tal ao outro como tal seria essa fantasia de que a gente tem como prescinda fantasia Veja uma idealização de como é que poderia ser o outro sem idealizar só que não tem para onde fugir entenda porque eu não tenho como sair de dentro de mim para acessar o outro para acessar o mundo para acessar a mim mesmo onde eu vou eu vou comigo mesmo então reconhecer que toda toda informação que eu absorver Ela tá de alguma maneira intoxicada por mim mesma acho que é alguma coisa isso é muito importante de lembrar especialmente em conflitos dentro
de relações porque eu penso que a maior parte dos conflitos vem de uma interpretação do que a outra pessoa disse que é um pouco do que a gente falou mais direcionada a relacionamentos amorosos mas aí vale para todo tipo de relação a gente não sabe com qual lente o outro tá lendo a nossa mensagem Uhum E aí tem uma tônica né uma repetição Especialmente quando a gente tá falando de relacionamentos de casais assim né dificilmente um casal briga por motivos diferentes é meio que a mesma coisa são diferentes releituras da mesma coisa e de novo
a mesma coisa e a mesma coisa né A mesma coisa de um a mesma coisa do outra por isso que é muito difícil de sustentar esse mistério que acontece em última instância no outro porque vai se repetindo então um Quando faz uma coisa já sabe mais ou menos o que que o outro vai dizer o outro já sabe mais ou menos como é que um vai reagir né E essa chatice da repetição ela é mortificante mas eu fico em dúvida porque a de que já se sabe tudo sobre o outro me parece uma arrogância um
pouco burra Porque mesmo que você conviva muito mesmo que você já sei lá que você saiba muito sobre o outro a gente é tão infinito internamente você não sabe nunca tudo sobre o outro não não você concorda Concordo concordo em todos os aspectos possíveis mas a gente tem esse lugar em nós que é a [Música] um um Exterminador de tudo dentro da gente e que a gente quer fechar as caixinhas entender e tudo mais e é um exemplo muito banal assim se a gente faz todo dia o mesmo caminho você não presta atenção no mesmo
caminho todo dia porque você supõe que o caminho já é o mesmo mas se você prestar atenção no qual no caminho que você vê é claro que tem uma pessoa que passa que é diferente um bicho que é diferente tem chuva tem sol alguém abriu fechou a janela então tem muitas diferenças só que a gente não consegue dispor de tanta libido para ficar tão atento às tantas diferenças Claro e não consegue assim em certa medida porque acho que é impossível né a gente precisa de uma certa estabilidade na vida e estabilidade é alguma coisa que
depende da gente não fazer de tudo uma grande questão poder acreditar que sabe alguma coisa do outro porque senão como é que você vai dormir com alguém se você achar que em última instância o outro é um mistério né é querer mistério é combustível de de libido mas chega uma hora que esse mistério também acho que você precisa no mínimo se sentir segura exato porque tem um limite entre isso que é essa exitação libidinal esse entusiasmo e o que é o caos né quando a gente falou no episódio anterior de paixão ansiedade a gente falava
disso né A ansiedade é isso não passa não passa não passa não passa dar um ruim então o amor ele precisa de alguma estabilidade ele precisa de alguma certa pacificação ele precisa de em alguma medida de uma certa mortificação do outro então eu adoro quando você fala o termo que te dê notícias na verdade o amor precisa te dar notícias de que tá tudo bem exato exatamente né então a gente precisa disso a questão toda eu acho que é a dose né E aí a gente se empolga na dose do caos da Paixão e daí
né esbanja isso pro campo da ansiedade e acha que isso que é amor ou que isso que é paixão amor de verdade sei lá e aí quando encontra com alguma coisa mais pacífica acha que isso é muito tédio que horror não deve ser isso né então a gente fica achando que as coisas estão erradas ou então a gente vai ficar entediando tudo excessivamente também mas você percebe como é uma coisa muito banal assim a diferença entre você prestar atenção em alguma coisa reconhecendo que sempre tem uma diferença e você não conseguir mais prestar atenção porque
parece que é sempre tudo igual é mas se a Se a paixão e o amor são com tanta ação quando sentimos cheiro de tédio faz sentido que a gente desista um pouco de do do saber do outro eu acho que a maneira como os relacionamentos foram construídos aí socialmente Quais são as grandes conquistas do relacionamento é a fórmula perfeita pra morte da Paixão e eu não tô falando que eu sou contra casamento não é isso eu só acho que a gente precisa reconhecer que que eu acho que o amor como a gente entende o amor
romântico ele tem um um tanto de controle que é isso eu sei onde você tá o tempo todo eu sei quem são seus amigos nós temos amigos em comum Eu sei eu tenho a senha do seu banco sabe tô falando assim bem um clichezão em que você entende que você já tem tudo sobre esse outro e isso destrói a parte que era o descobrir e uma vez que você tem consciência disso como é que você vai respeitar a individualidade do outro mas também como estímulo egoísta eu respeito a sua individualidade não porque eu quero que
você seja livre Eu respeito sua individualidade Porque eu sei que é isso que vai me fazer sustentar o tesão em você que seja melhor que seja assim né melhor que seja assim não é acho mais Digno e isso que você fala é muito importante porque acho que se estende para uma série de relacionamentos como relacionamentos como por exemplo entre pais e filhos a relação que a gente tem com a tecnologia em que os bebês as crianças pequenas elas vão pra escola vão pra creche e elas estão sendo filmadas o tempo inteiro os pais recebem relatórios
infinitos de tudo que a criança tá falando isso também inviabiliza o discurso porque depois a criança vai contar o qu o adulto vai querer saber o que dessa criança se ele tá ali o tempo todo então a gente precisa de espaço em todas as formas de amor muito bom e pensar que até uma criança tem direito à privacidade Posso trazer essa reflexão Claro que sim deixa ela construir o minim mundinho dela Isso se chama respeito muito bom só que no meio desse amaranhado que fazemos internamente idealizações muitas vezes criam expectativas só que se são expectativas
baseadas em idealização a gente pode dizer que o amor de uma forma ou outra eventualmente vai nos decepcionar Claro se tudo der certo sim se tudo der certo o amor vai nos decepcionar se tudo der certo não só o amor como também o amante e o amado todo mundo se decepciona de alguma maneira porque a decepção é justamente aquilo que vai marcar uma disjunção entre aquilo que eu queria que o outro fosse e que só existe na minha cabeça e aquilo que o outro é ninguém tem como ser aquilo que eu queria que o outro
fosse a não ser na minha cabeça e se isso acontece se chama filme de terror sociopatia não é é tem nas cenas imagina coisa mas horrível você encontrar com uma versão sua andando por aí não ou alguém que leia seu pensamento ou alguém que você consiga ler o pensamento dessa pessoa coisa horrorosa é você tem que ter para onde voltar essa que é a a questão a gente fica tentando ser o quando dois se tornam um quando a gente vai ter que ser inteira para ter para onde voltar que é onde vai nos recarregar até
de E aí não falo que é uma outra casa eu tô me retificando porque começou uma onda na internet de falar que eu sou contra casamento entendeu É então que pareça que eu tô me justificando demais para você só porque eu acho que de fato os casais precisam de espaço e isso não é só sobre o espaço físico exatamente sim eu acho que é sobre espaço para ser e e Isso inclui por exemplo estamos no Jardim eu acho que faz parte estarmos lendo livros diferentes você entende e não querer conversar o tempo todo eu acho
que tem vários pequenos momentos que a gente pode nutrir essa individualidade e depois eu posso te perguntar sobre o livro que você tá lendo Dando um exemplo banal mas é que eu vejo um desespero para que isso tudo se torne um só eu não gosto da ideia de Ah então agora temos um mesmo grupo de amigos eu adoro a ideia de que a gente vai cultivar círculos sociais separados que às vezes se encontram Claro mas que eu nunca vou perder o meu eu só sim e isso passa também pela família quando eu vejo que tem
pessoas que se casam e nunca mais saem para almoçar com seus pais sem o parceiro eu não sei para mim é é tão importante poder ter esses momentos você poder no mínimo sei lá às vezes voltar a ser filha direito como que você enxerga essa dinâmica ah a gente tem uma tendência acho que isso é muito especialmente no do lado das mulheres né mais especialmente essa coisa de de est sempre grudado achando que tem que fazer tudo junto tem que dividir tudo tem que dizer tudo né vamos acho que vale lembrar assim que até ontem
a gente era objeto de posse dos homens né oh yes não é não faz assim muito tempo foi tipo ontem então Eh seria uma ingenuidade a gente pensar que de uma geração para outra a gente se livra de tudo que aconteceu né e e e do quanto isso tem de efeitos psíquicos Então eu acho que isso tem duas vertentes possíveis de serem pensadas uma delas é o fato do quão a gente precisa trabalhar para se desvencilhar disso e o quão não é natural não é não é espontâneo pra gente sair disso por apenas porque tá
vivendo né para algumas mulheres sim para algumas tantas mulheres Sim mas para muitas mulheres não é é uma posição de estranheza uma posição que causa um certo malestar no olhar do outro e que causa então um certo malestar no meu olhar para mim mesma Enfim então uma é essa possibilidade que a a gente tem de poder rever como é que a gente vai viver a nossa vida e um segundo é um certo limite disso uhum n acho que a gente facilmente se maltrata muito exigindo mais do que é possível pra Nossa geração então existem limites
e na naquilo que tange a modo como a gente já construiu a nossa fantasia ao modo como a gente já entende que é amor e que não muda de uma coisa de um dia pro outro isso vai aos poucos Então eu acho que a gente precisa ter paciência com a gente também porque senão a gente vai se autorre recriminando mais do que é possível mais do que é necessário e pros dois lados né então assim ah eu já Já entendi tudo sobre a não monogamia E então se eu sentir ciúme meu Deus eu vou a
invés o ciúme já dói né o ciúme é É uma sensação ruim mas aí você sente o ciúme e depois se tortura por estar sentindo ciúmes é se eu sei tanto por Por que que eu não estou conseguindo Exatamente exatamente Tem um limite pro quanto o Saber nos ajuda Adorei e depois passou esse limite Só serve para autor recriminação para auto exigência para autod destituição essas coisas que a gente faz tão bé falamos sobre a idealização do outro mas partindo do princípio que eu idealizo esse outro eu também idealizo o que ele quer de mim
como que o nosso eu narcísico atua no apaixonamento é o rei do pedaço é o rei porque porque é isso né quando o citar o freudin aqui de novo ele diz que eh amar é perder narcisismo porque a invés de investir libido em mim mesmo uma parcela dessa libido eu invisto no outro então eu me sinto em perda tanto é que se a gente ama a gente com frequência amar diz la amar é querer ser amado então é um problema de narcisismo porque você perde amor ao amar que se resolve você recebendo o amor do
outro Uhum Então quando você tá está sendo recíproco você tá se restabelecendo narcisico E aí o eu está feliz né só que isso funciona numa imagem congelada a questão é que como a vida é viva e isso se movimenta Então o meu endereçamento libidinal não é sempre do mesmo jeito aquilo que chega para mim não é sempre do mesmo jeito o jeito que eu amo não é o jeito que eu sou amado e existem todas as outras coisas da vida além do amor nos melhores casos o amor não vai ser tudo e isso vive Aos
Trancos e Barrancos né por isso que essa trabalheira de uma certa transformação da Paixão em amor está ligado a uma certa frustração do eu em não ficar nesse lugar de sendo restabelecido o tempo todo muito bom e muito bom o que você disse sobre o outro não ente nos amar como a gente entende o amor porque a maneira como cada um vai amar é diferente então já começa ali um pouco os ruídos da decepção certo que tem a ver com as lentes que a gente falou anteriormente Total total a isso amor é lente não a
gente fala essa palavra amor e a gente distribui né conversa com muita gente como se a gente tivesse falando de uma mesma coisa a gente não sabe sobre o que a gente tá falando quando a gente tá falando de amor eu amo diferente de você do Lauro da Luísa todo mundo ama diferente só que o problema é que a gente decide amar um aos outros e a gente vai ter que lidar com essas diferenças exatamente que cilada Ana muito e agora muito o Freud diz assim no texto ma na civilização o sofrimento ele vem de
Três Fontes das forças da natureza Porque se o mundo decide acabar acaba não há o que fazer eh vem do próprio corpo porque o corpo caminha pra morte em maior ou em menor medida e é isso é inevitável e do relacionamentos entre as pessoas a gente não tem como sair do mundo a gente não tem como sair do corpo mas a gente teria como evitar os relacionamentos entre as pessoas por que que a gente não evita e ele faz com uma certa ironia que é bem típica do Freud né que não é que ele tá
falando que a gente deveria evitar mas é justamente o quanto essa é a condição para tudo não tem vida sem essa aposta constante nesses relacionamentos que são tão fadados a fracassar de alguma maneira porque na melhor das hipóteses de fracassa porque na melhor das hipóteses eu já tô te parafraseando entendeu no primeiro episódio que a gente fez teve que a gente fez pelo zoom ainda né a gente tá evoluindo o primeiro foi pelo zoom o segundo foi lá no estúdio de áudio e agora o terceiro agora já com vídeo não sei para onde onde Vamos
parar com isso Dona Marcel vai ser uma loucura vamos lotar estádios an E aí nesse primeiro episódio eu me lembro que quando a gente terminou no dia seguinte eu te mandei um texto do do do livro das Cabanas que o amor faz em nós que se chama o amor fracassa é justamente e foi muito importante para mim esse texto por algumas questões pessoais assim mas eu acho que me deu até uma uma sobrevida assim de entendimento sobre o amor mas eu queria te por favor não desculpa só é porque eu acho que essa palavra fracasso
ela é uma palavra boa pra gente pensar algumas coisas que é primeiro uma coisa que a gente tem aversão porque hoje em dia todo mundo quer ser ganhador todo mundo quer ser vitorioso eu tenho que dar certo provar ganhar a likes arrasar o ru né porque nós estamos muito doentes de inveja nessa lógica louca das redes sociais uhum se não é isso é o fracasso a gente desaprendeu a fracassar não sei se a gente soube em algum momento fracassar Mas a gente não sabe fracassar E aí o fracasso ele tá muito localizado naquilo que é
uma desesperança total é que aquilo que ah não tem que fazer a vida é nós vamos morrer mesmo então nem se mexe é o amor amor a tampa da laranja não existe mesmo então vou ficar com ess merda aqui né e não é disso que se trata Nossa mas você tem toda a razão porque tá acontecendo uma um inconsciente coletivo de ceticismo sobre o amor que eu acho muito chato é é isso que essa posição cínica né ai o amor não dá certo mesmo aento igual mesmo ai tá todo mundo num saco ai é impossível
ai vou morrer sozinha Eu só acho um discurso que você tá comparando com o quê é E aí pode ser isso a gente tá doente de inveja porque a diser certa forma Quando eu escuto as pessoas falarem isso eu vejo que elas estão se relacionando e se frustrando muitas vezes e eu me pergunto por que que a gente está se frustrando Mais agora também porque a gente tem direito de escolha a gente como você disse é muito recente existe uma dor na Liberdade que a gente conquistou quando o casamento era algo que nos era dado
então ó Marcela você vai casar com o Fulano porque a gente quer unir terras ok ok Dificilmente eu ia refletir se aquele amor estava me completando se aquilo era a relação certa para mim o que eu entendo é super triste mas conquistamos a liberdade de nos relacionar por amor só que quando o amor Inclusive tem um livro ótimo da Eva ilos que fala the Labor of Love que é o o trabalho do amor né que ela fala Justamente a gente conquistou uma liberdade que foi enxergar o amor como trabalho e a partir de agora essa
liberdade vem com responsabilidades e questões a partir do momento que a gente pode escolher as pessoas e o amor se torna tão idealizado Então a gente tem uma listinha né O que que é um amor saudável o que que pode o que que não pode ele ficou exaustivo e narcísico porque o quão saudável é a minha relação ou o quão com quantas pessoas estou me relacionando ou sei lá o quê diz mais sobre mim do que sobre o outro então é de novo um narcisismo dominando Sim sim e sabe qual que eu acho que é
o a cilada maior dessa dessa dessa questão é que tem se falado muito nessa ideia de amor próprio autoamor Como Se existisse uma possibilidade de eu me amar e ser completo comigo mesmo cara quando a gente tá falando de amor não dá porque mesmo o amor por mim também é frac passado de alguma maneira mesmo eu me Decepciono comigo mesmo eu me me deparo com o fato de que eu não sou aquilo que eu idealizo de mim a gente não idealiza só o outro a gente idealiza a gente também e a gente se decepciona com
a gente então eu acho que essa essa ideia essa posição cínica diante do amor em relação ao outro ela vem muito como efeito dessa idealização do alto amor dessa idealização do amor próprio de que você poderia se bastar Nossa isso é muito M bom porque é muito o um discurso que começa com uma boa intenção Então hoje mais cedo tava conversando com a Natalie neria aqui e a gente fala que a nossa geração cresceu com o maior a maior ofensa que você poderia dizer para uma mulher ela Nossa olha como ela se acha e e
eu vejo que a nova geração já vem com uma bagagem de não eu sou uma gostosa e precisam me respeitar então assim a ideia de um amor próprio se tratar com carinho também foi uma quebra do que que é a mulher metida entendeu hoje você é uma mulher segura e isso começou a ser bem visto porque antes era uma característica atribuída positivamente apenas para os homens Ok Ok só que aí o amor próprio virou uma bagunça a ponto de então não tem amor próprio demais para passar por isso não o amor próprio na minha visão
também é um relacionamento que a gente vai ter que se nutrir eu me Decepciono comigo você vai se decepcionar com você mesma eu acho que é muito comum porque a gente tá também numa num momento em que todo mundo parece que faz publicidade de si mesmo né então fica falando eu faria assim eu faria assado e chega a situação você age completamente diferente do que a teoria porque tem emoção Porque nós não somos tão controlados quanto Gostaríamos e e isso pros dois lados né ou você exagera ou você não fala nada nada e então a
gente também quebra aquilo que a gente se iludiu sobre nós mesmos calma não sou tão poderoso assim ou unânime tem um terror na psicanálise bom para esse para isso não sei você vai ter que me falar imag o André Alves falando é eu o o amor é que assim quero falar duas coisas tempo não vai né Eh o Freud diz sua célebre frase de que o eu não é senhor em sua própria casa Então a maneira como a gente se imagina ela não é a maneira como a gente é o tempo inteiro a maneira como
a gente se imagina falando as coisas que a gente pensa eh antes de dormir que você fica revendo lá o que que você vai falar e como é que você vai dizer e como é que você vai chegar essa maneira ela é ficcionalização idealizada de quem nós somos Na real mesmo né Na realidade quando a gente chega a gente po a gente não ae daquele lugar e o amor no amor a gente depende do inconsciente então a gente não ama com os nossos ideais conscientes a gente ama onde tudo isso titubeia uhum e aí vem
uma certa estranheza junto consigo e a gente fala hã que foi isso que é isso só que a gente vive tempos em que isso precisa ser rechaçado isso tem que ficar de fora porque não compõe essa imagem narcísica do eu sim e o que a psicanálise propõe quando se interessa tanto pelo inconsciente é pegar essa perspectiva e falar pera aí o que isso diz sobre você ali onde você não conhece ali onde você não se alcança porque a gente a gente se relaciona com a nossa imagem como se a gente fosse lá a nossa foto
de perfil né que é a aquela foto né A minha a mesma foto em todas as redes sociais C 10 anos né passa um cometa e eu acho uma faço uma mudança pode ser hoje hein está bem bonita a luz tá boa Obrigado né E aí então todos esses elementos luz dia bom Companhia Boa uma make n n né E aí pá aquele momento a foto do perfil é parada num instante e com essa foto parada num instante é o modo como a gente se relaciona com a ideia de quem nós somos só que a
gente não é essa pessoa a gente é o tempo todo as fotos que marcaram você a maneira como alguém me enxerga me movimentando quando eu tô falando que tô fazendo bico né e e esses prints que tiram quando a gente tá falando né E você sai tudo meio torta isso também somos nós aliás isso somos nós muito mais que a nossa foto de perfil mas muito mais só que a gente quer ficar com uma coisa ou outra então ou não mereço menos do que isso e o outro está ao meu serviço o outro é um
produto que deve me satisfazer numa lógica do Consumidor infantil mamãe e papai estão ao meu serviço ou a gente destrói tudo e fica com Mas eu sou essa merda mesmo não mereço nada e migalhas e tudo mais e é muito interessante você falar isso do do ou e dessa imagem estática e desse nosso ideal porque eu enxergo que a gente deu dois passos pra frente e dois para trás e voltou pro mesmo local no sentido de as mulheres a Três Gerações E aí Me perdoa se eu tiver falando algo de algo de errado de gerações
Mas vamos digamos a três Ger elas não tinham muita permissão ou até espaços para falar de Dores dos relacionamentos delas porque não era não existia Então pelo menos não era tão tão aberto aí começam as revistas femininas a questão das cartas muitas vezes anônimas Olha estou com problema no meu relacionamento então conquistamos esse espaço de Ok a minha relação não está feliz mas quero fazer funcionar e agora parece que a gente voltou pro pacto do Silêncio porque Como tudo se tornou tão idealizado as mulheres que vêm falar comigo e isso recebo muito eu tô morrendo
de de vergonha mas eu queria te falar que a gente teve uma briga eu f sim vocês tiveram uma briga vai ter briga não tô morrendo de vergonha de falar mas eu estou com vontade de ficar com outras pessoas sim porque né vai acontecer eventualmente então a gente foi se podando para caber em algo que ninguém se encaixa então a gente tá com vergonha do que a gente entende que é um fracasso mas a verdade é natureza do amor na verdade é somos nós tudo ferrado a cabeça você não você sabe muito todo mundo Mentira
eu tô brincando quanto mais você sabe mais ferrada aqui há 5 anos às vezes é bom não saber tanto é um limite há um limite há um limite há um limite eu entro em parafuso às vezes de verdade e esse limite é justamente esse ponto de basta que faz barra e fala Eu continuo sendo um ser humano sim eu continuo fracassando eu continuo me decepcionando comigo a questão é que isso não seja um um acelerador para fazer para ir mais rápido pro pior sim mas que a gente possa brecar e falar bom recalcular a rota
para onde que eu tô indo mesmo o que que eu tô fazendo mas sem a pretensão de a gente achar que não vai não vai se decepcionar com a gente e aí no relacionamento amoroso a gente tende a exigir do outro tal como a gente exige da gente né Não por acaso não é tão difícil a gente maltratar as pessoas que são as pessoas que a gente mais ama e tratar bem as falar sobre isso porque isso já foi inclusive pauta na reunião de pauta da obvias sobre porque nós podemos ser terríveis com as pessoas
que a gente desesperadamente mais ama nas nossas vidas por exemplo as mães por qu de onde vem isso da onde vem isso e tô falando de enfim relações mães e filhos que são saudáveis mas às vezes uma explosão uma falta de paciência por que que isso acontece Olha eu acho que em todos as relacionamentos amorosos quando a gente ama alguém esse alguém participa do nosso narcisismo então amar leva a exigir porque assim como Eu exijo de mim se eu amo você Eu exijo mais de você do que dos outros assim como na vida Geralmente eu
perdoo os outros mais facilmente do que eu me perdoo Claro né claro claro doi a facilidade óbvio óbvio então nos relacionamentos amorosos isso acaba sendo quase que natural agora com mãe Marcela é isso elevado a vigésima potência entendi porque né mãe cara eu tô aqui por sua culpa não só literalmente porque mãe de alguma maneira é um um meio de transporte pra vida né não não mas se eu sou quem eu sou É tá Exatamente é o tal do né se já deve ter falado isso pra sua mãe você não porque você é maravilhosa sua
mãe é maravilhosa mas as cuidado mas Mortais na adolescência que a mãe fala menina mal educada é fala tô assim porque você me educou mal então não não isso não mas mas tiveram coisa tiveram coisa não pedi PR nascer que é uma forma de colocar eu sou assim por causa de você eu estou viva porque você me trouxe pra vida né E nós somos muito efeito das pessoas que nos amaram e a gente ama com o efeito a partir dos efeitos do lugar que a gente ocupou de ser o primeiro de ser amado dessa maneira
por pelos nossos primeiros amores então na relação com os pais né Não só com a mãe especialmente com a mãe mas com os pais isso vem muito na voadora mesmo essa hip exigência e também dos pais e das Mães especialmente em relação aos filhos né porque é muito difícil se separar no amor cara é isso a dificuldade do amor é a gente se separar mas não tanto a ponto de acabar com isso essa nossa brincadeira muito séria tá sempre aberta para você muito obrigada Amo estar aqui volto sempre obrigada obrigada lindo por hoje nossa conversa
fica por aqui mas nosso papo ainda não terminou te espera na próxima semana te encontro lá e aí vamos continuar esse papo nos comentários segue a gente aqui para receber os novos episódios assim que chegarem E já aproveita para avaliar o podcast também estamos no Instagram Então vem seguir a gente no @ obvios PCC para conversas corajosas sobre felicidade feminina e no @ chapadinhas endorfina para se apaixonar pelas coisas incríveis que o seu corpo é capaz de fazer enquanto nosso próximo episódio não chega escute também o corre delas com Luanda Vieira nosso podcast sobre carreira
na real até semana que vem
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