PRECONCEITO LINGUÍSTICO: o que é, como se faz (Marcos Bagno) AULA 1

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Felipe Aragão
Aula 1 - A mitologia do preconceito linguístico BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, com...
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[Música] o Olá pessoal nós vamos iniciar agora os estudos do livro intitulado preconceito linguístico O que é como se faz de Marcos bagno O livro está dividido em quatro capítulos nós vamos dedicar aqui uma aula para cada capítulo nas primeiras palavras do livro Marques nos traz que é importante a gente não cometer o mesmo erro que cometi ão os gramáticos tradicionalista suas de estudar a língua como se fosse uma coisa morta em consideração as pessoas vivas que é falam Só existe língua se houver seres humanos que a falem então estudar a língua é estudar a
fala desses seres humanos a língua comparada aqui a um grande iceberg enquanto que a gramática seria apenas uma tentativa de descrever uma pequena parcela que é visível dessa desse Iceberg é porque quando a gente considera o Iceberg nós na verdade visualizamos a ponta do iceberg a base né como se a base que sendo algo muito maior né está em coberta pelas águas então a gramática normativa ela nos traria apenas aquilo que é visível uma pequena parte de toda a língua e essa descrição advinda da gramática normativa ela é parcial e não pode ser autoritariamente aplicada
e todo o resto da língua até porque nós estamos aqui vendo apenas a ponta do iceberg consequentemente esta gramática não está contemplando aqui todos os outros fatores que fazem parte da língua pois bem então é partindo desse ponto de vista da língua como sendo algo vivo né mas que tem vida na fala dos falantes é que nós iniciamos aqui o primeiro capítulo a mitologia do preconceito linguístico é muito comum nos dias de hoje nós nos depararmos com políticas voltadas ao combate de diversas formas de preconceito preconceito racial preconceito em relação a própria sexualidade preconceito religioso
também né para não falar em intolerância religiosa mas um preconceito talvez não esteja sendo tão debatido O que é justamente o preconceito linguístico Na verdade o que se vê é esse preconceito linguístico ser alimentado diariamente programas de televisão e de rádio em livros e manuais que pretendem ensinar o que é certo e o que é errado e preconceito linguístico é tanto mais poderoso porque em grande medida é invisível no sentido de que quase ninguém se percebe dele no âmbito das políticas públicas a gente depara com a criação de instituições oficiais por exemplo de combate ao
racismo de combate ao sexismo né isso entre outras iniciativas semelhantes voltadas para a inclusão social de segmentos historicamente marginalizadas e oprimidos mas não existe no entanto nada que se pareça com uma política linguística oficial planejada explícita Teoricamente bem fundamentada que se e por exemplo dos direitos linguísticos dos falantes de línguas minoritárias e essa falta de política linguística bem engraçada que permite o surgimento EA reprodução dos Comandos paragramaticais que o que a gente encontra por exemplo em programas jornalísticos em propagandas como por exemplo aprender português do zero e Marcos bairros nos traz aqui o primeiro mito
meto o número 1 o português do Brasil apresenta uma umidade surpreendente esse mito é muito prejudicial educação porque uma vez que ele não reconhece a verdadeira diversidade do português falado no Brasil acaba tentando impor a escola né uma Norma linguística como se essa Norma linguística fosse comum a todos os quase 190 milhões de brasileiros e independentemente de sua idade de sua origem geográfica de sua situação socioeconômica do seu grau de escolarização Então pessoal que nós temos aqui não é uma unidade máxima diversidade é negado o que o caráter multilingue do país onde são faladas mais
de 200 línguas diferentes entre línguas indígenas línguas trazidas pelos imigrantes europeus e asiáticos língua surgidas das situações de contato nas extensões zonas fronteiriças com países vizinhos a lei falar os remanescentes das línguas africanas trazidas pelas vítimas do sistema escravista não existe nenhuma língua do mundo que seja una uniforme e homogênea Esse monolinguismo é uma ficção Muitas vezes os falantes das variedades estigmatizados deixam de usufruir de diversos serviços a que têm direito simplesmente porque não compreendem a empregada pelos órgãos públicos é preciso que a escola e as demais instituições voltadas para educação e cultura abandonar esse
mito da unidade do português brasileiro e passa a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para planejar melhor as suas políticas de ação junto à população amplamente marginalizada daqueles falantes das variedades sem prestígio social felizmente essa realidade marcada pela diversidade já se faz presente em instituições oficiais encarregada de planejar a educação no Brasil como por exemplo os parâmetros curriculares nacionais publicados pelo MEC em 98 nós temos a variação é constitutivo das línguas humanas ocorrendo em todos os níveis ela sempre existiu e Sempre existirá independentemente de qualquer ação normativa assim quando se fala em língua
portuguesa está se falando de um e onde que se constitui de muitas variedades pois bem no segundo mito nós temos brasileiro não sabe português só em Portugal se fala bem em português e Aqui nós temos esse complexo de inferioridade o sentimento de nós brasileiros sermos até hoje uma colônia Independente de um país mais antigo e mais civilizado entre aspas que ele cita que o livro língua viva de Sérgio Nogueira Duarte que é uma coletânea de suas colunas sobre a Língua Portuguesa publicadas no jornal do Brasil ele nos traz na página 65 sempre me perguntaram onde
se fala melhor português só pode ser em Portugal Já viajei muito pelo Brasil já estive em todas as regiões Sinceramente não sei onde se fala melhor cada região tem suas qualidades e seus vícios de linguagem bem Marcos bagno não vai concordar com isso ele já não concorda com o próprio tio um livro que está longe de analisar a verdadeira língua viva na que é usado em nosso país e nem mesmo subtítulo do livro uma análise simples e bem-humorado da linguagem do brasileiro seria mais acertado dizer que se trata de uma análise preconceituosa desinformada da língua
falada e escrita aqui Marcos bagno Alerta que não se pode culpar O autor que antes uma vítima do que propriamente um responsável por esse preconceito ele está apenas exprimindo uma ideologia impregnado em nossa cultura muito tempo o brasileiro sabe português sim o que acontece é que nós portuguesa é diferente do português falado em Portugal quando dizemos que no Brasil se fala português usamos esse nome simplesmente foi uma comodidade e por uma razão histórica justamente é de termos se uma colônia de Portugal do ponto de vista linguístico nós poderíamos já dizer que no Brasil se fala
outra língua né nós a língua falada aqui com uma grámatica diferente ou seja nós temos regras de funcionamento que são diferentes cada vez mais se distanciando da gramática da língua falada em Portugal por isso os linguísticas os cientistas a linguagem preferem usar o termo português brasileiro por ser mais preciso e marcar bem essa diferença na língua falada as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão no vocabulário nas construções sintáticas no uso de certas expressões sem mencionar é claro às tremendas diferenças de
pronúncia no português de Portugal existem vogais e consoantes que nossos ouvidos brasileiros custam a reconhecer Por que não fazem parte do nosso sistema fonético até mesmo a sintaxe é diferente do português europeu para o português brasileiro único nível em que ainda é possível uma compreensão quase total Olá mulheres portugueses é o da língua escrita que é mais monitorada por que a ortografia praticamente a mesma com poucas diferenças é mais um texto lido em voz alta por um brasileiro e por um português Vai suar completamente diferente no que diz respeito ao ensino do português no Brasil
o grande problema é que esse ensina até hoje depois de mais 170 anos de independência política continua com os olhos voltados para a norma linguística de Portugal as regras gramaticais consideradas certas são aquelas usadas pelos falantes cultos de lá que servem para a língua falada lá que retratam o funcionamento da língua que os portugueses falam nesse mito está presente a ideia sem nenhum fundamento de que os portugueses Todos falam da mesma maneira como se lá não existisse variação como existem toda em qualquer língua Viva o português europeu piamente não é e nunca foi uma língua
homogênea e uniforme ele apresenta dialetos regionais bem distintos uns dos outros além de exibir variação social pessoas de classes sociais diferentes eu falo de modo diferente pessoas de graus de escolarização diferentes falam de modo diferente afirmar que os portugueses falam melhor do que nós imaginamos a sociedade portuguesa uniforme indiferenciada sem conflitos sociais é muito ingenuidade em Assim como nós estamos aqui mudando e moldando a nossa língua para melhor adaptar as nossas necessidades de interação os portugueses assim como qualquer outro povo também fazem isso só que em direções diferentes das nossas não há porque continuar difundindo
essa ideia mais do que absurda de que o brasileiro não sabe português o brasileiro sabe o seu português português do Brasil que a língua materna de quase todos os que nascem vivem aqui encontra os portugueses sabem o português deles nenhum dos dois é mais certo ou mais errado mais feio mais bonito só apenas diferentes um do outro no mito 3 nós te o português é muito difícil nós temos uma afirmação preconceituosa que nos traz a ideia que acabamos de discutir as que o brasileiro não sabe português justamente porque o português seria muito difícil como o
nosso ensino da língua sempre se baseou na Norma gramatical literária de Portugal as regras que aprendemos na escola igual a parte não correspondem a língua que realmente falamos e escrevemos no Brasil por isso nós achamos que português é uma língua difícil porque nós temos que decorar conceitos e fixa regras que não significou nada para nós tudo falante nativo de uma língua sabe essa língua saber uma língua na concepção científica da linguística moderna significa conhecer intuitivamente e empregar como facilidade e naturalidade as regras básicas de funcionamento dela toda língua é fácil para quem nasceu e cresceu
rodeado por ela se existisse língua difícil ninguém no mundo Esse é um garo chinês O Guarani e no entanto essas línguas são faladas por milhões de pessoas bilhões no caso do chinês inclusive criancinhas analfabetas que tanta gente continuar repetir que português é difícil é porque eu ensino para tirar da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português no fundo a idade que português é muito difícil serve mais como um dos instrumentos de manutenção do status quo das classes sociais privilegiadas é como se estivesse aqui uma Mística Sobrenatural chamada português que só
se revelaria aos poucos iniciados e aos que sabem as palavras mágicas exatas para fazer a manifestar-se com o mito quatro nós temos as pessoas sem instrução falam tudo errado o preconceito linguístico pessoal é decorrência de um preconceito social ao preconceito que contra a fala de determinadas classes sociais antes e tem como se a questão linguística não fosse uma máscara para na verdade questões sociais existe esse preconceito contra classes sociais que são estigmatizados isso pode ser visto por exemplo no modo com uma fala nordestina retratada nas novelas de televisão todo o personagem de origem nordestina é
sem exceção uma caricatura um tipo grotesco rústico atrasado criado para provocar o riso O escárnio eo deboche dos demais personagens e do espectador no plano linguístico a e não nordestinos se expressa num arremedo de língua que não é falada em nenhum lugar do Brasil muito menos Nordeste e interessante que quando a gente analisa a história de todas as línguas as formas inicialmente desprestigiados condenadas passam a ser valorizadas quando as camadas dominantes da população se utilizam delas por isso é bom ter cuidado na hora de combinar alguma forma linguística inovadora surgida nos meios populares ela pode
já ser hoje a língua certa de amanhã no quinto mito nós temos o lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão é sabido que no Maranhão como também no Pará e em outras áreas do Norte ainda se usa com grande regularidade o pronome tú seguido das formas verbais clássicas com a terminação em S característica da segunda pessoa Tu vais tu queres tu dizes na melhor parte e como sabemos devido à reorganização do sistema pronominal o pronome tu foi substituído por você hora somente por esse arcaísmo por essa observação de um único aspecto
da língua clássica literária que conhecido com a língua falada em Portugal ainda hoje é que perpetua o mito de que o Maranhão ao lugar onde se melhor falo português no Brasil acontece aqui os Defensores desse mito não se dão conta de que a utilizarem esse critério de correção para sustentar e cimento se esquecem de que os mesmos maranhenses e paraenses e amar países que dizem tu és tu vai tu foste tu que fizeste também dizem Esse é um bom livro para ti ler em vez da forma correta Esse é um bom livro para tu ires
ou seja eles atribuem ao pronome ti a mesma função de sujeito que em amplas regiões do Brasil as mais diversas camadas sociais é atribuída ao pronome mim quando antecedido da preposição para e seguido de verbo no infinitivo para mim fazer isso vou precisar da sua ajuda uma construção sintática que é abolida nas gramáticas tradicionais então pessoal não existe nenhuma variedade Nacional Regional ou social que seja intrinsecamente melhor mais pura mais bonita mais correta que a outra é preciso abandonar essa ânsia de tentar atribuir a um único local ou a uma única comunidade falantes o melhor
ou pior português e passar a respeitar igualmente todas as variedades da língua que constituem um tesouro precioso de nossa cultura o mito de número 6 nos traz o certo é falar assim porque se escreve assim bem em toda a comunidade linguística do mundo existe o fenômeno a variação Isto é nenhuma língua é falar eu do mesmo jeito em todos os lugares assim como nem todas as pessoas falam própria língua de modo idêntico o tempo todo é claro que eu preciso ensinar a escrever de acordo com a ortografia oficial mas não se pode fazer isso tentando
criar uma língua falada artificial e reprovando como erradas as pronúncias que são resultado da história social e cultural das pessoas que falam a língua em cada canto do Brasil seria mais justo democrático e explicar ao aluno que ele pode sim dizer bolacha ou bolacha mas que só pode escrever bolacha Porque é necessário uma ortografia única para toda a língua para que todos possam ler e compreender o que está escrito mas é preciso lembrar que ela funciona com uma partitura de uma música cada instrumentista vai interpretá-la de um modo todo seu particular é importante destacar que
a escrita é coisa da fala a escrita é uma tentativa de representação gráfica pictórica e convencional da língua falada Quando se diz que a escrita é uma tentativa de representação é porque sabemos que não existe nenhum ortografia em nenhuma língua do mundo que consiga reproduzir a fala com fidelidade algumas fotografias como a do espanhol têm regras mais generalizáveis mais simples e mais coerentes que facilita um ato de ler e escrever outras línguas como o inglês tem mais exceções do que regras e eu preciso aprender a escrever e a pronunciar praticamente cada palavra pois a generalizações
regras ortográficas tem boa chance de falhar a língua escrita é totalmente artificial ela exige treinamento memorização exercício e obedece regras fixas de tendência conservadora além de ser uma representação não exaustiva da língua falada o ou seja tem muita coisa que a gente diz e não escreve e muita coisa que a gente escreve mas não disso a mera forma escrita não é capaz de traduzir as inflexões as intenções para atendidas pelo falante é por isso que os autores de textos teatrais indicam entre parêntesis a emoção sensação o sentimento que o autor deve expressar numa dada fala
além de não dar conta de todos os fenômenos prosódicos a fotografia sempre fixada segundo critérios bastante diversos quase nunca rigorosa do ponto de vista de uma representação mais lógica e sistemática por exemplo a letra h que usamos no início de tantas palavras como hoje homem hotel é uma simples homenagem às Origens latinas da nossa língua no entanto a gente escreve erva 100h mas herbívoro com h e escreve úmido sem h ao contrário dos portugueses que seguem o étimo Latino é uma fase muito remota do latim o h indicavam uma aspiração com até hoje na fotografia
do inglês em House home have aspiração desapareceu já no latim vulgar mas a letra que a representava permanece quando estudo da gramática surgiu na antiguidade clássica grega se objetivo declarado é investigar as regras da língua escrita para poder preservando as formas consideradas mais corretas e elegantes da língua literária Aliás a palavra gramática em grego significa exatamente a arte de escrever infelizmente essas mesmas regras da língua literária começaram a ser cobradas na língua falada O que é um disparate científico sem tamanho o ensino tradicional da língua quer que as pessoas falem sempre do mesmo modo como
os grandes escritores escreveram suas obras a gramática tradicional despreza o que os fenômenos da língua oral e quer impor a ferro e fogo a língua literária com a única forma legítima de falar e escrever como a única manifestação linguística que merece ser estudada vamos agora o mito 7 É Preciso Saber gramática para falar e escrever bem é difícil encontrar alguém que não Concorde com essa declaração é muito comum que os pais de alunos cobrem dos professores o ensino dos pontos de gramática pais como eles próprios já aprenderam em seu tempo de escola e não faltam
casos de pais que protestaram veementemente contra professores escolas que tentando adotar uma prática de ensino da língua menos conservadora não seguiam rigorosamente o que está nas gramáticas E por que não existe lógica nesse mito hora se esse mito fosse verdade todos os gramáticos seriam grandes escritores o que está longe de ser verdade e os bom as dores cheirinho especialistas em gramática hora os Escritores são os primeiros a dizer que a gramática não é com eles Rubem Braga indiscutivelmente um dos grandes de nossa literatura escreveu uma crônica esse respeito chamada nascer no Cairo ser fêmea de
cupim mora as primeiras gramáticas do acidente as gregas só foram elaboradas no século 2 antes de Cristo mas muito antes disso já existe na Grécia uma literatura Ampla e diversificada que exerce influência até hoje em toda a cultura ocidental a elida Ea Odisseia já eram conhecidas no século 6 antes de Cristo Platão escreveu os seus fascinantes diálogos entre os séculos 5º e quarto antes de Cristo na mesma época do grande dramaturgo ésquilo verdadeiro criador da tragédia grega que climáticas eles consultaram nenhuma como puderam então escrever e falar tão bem a sua língua com a gramática
passou a ser um isto o poder de controle social de exclusão social surgiu essa concepção de que os falantes e escritores da língua é que precisam da gramática como se ela fosse uma espécie de fonte Mística invisível da qual emana a língua bonita correta e pura a língua passou a ser subordinada e dependente da gramática no mito 8 nós temos o domínio da Norma padrão é um instrumento de ascensão social é comum encontrar pessoas muito bem tensionadas que dizem que a norma padrão conservadora tradicional literária clássica é que tem de ser mesmo ensinada nas escolas
porque ela é um instrumento de ascensão social hora seu domínio da norma-padrão fosse realmente um instrumento de ascensão na sociedade os professores de português ocuparem o topo da pirâmide social econômica e política do país não é mesmo Afinal supostamente ninguém melhor do que eles dominam a norma padrão é só que é verdade está muito longe disso como sabemos nós professores aqui são pagos alguns dos salários mais obscenos de nossa sociedade Homero domínio da norma-padrão não é uma Fórmula Mágica que de um momento para o outro vai resolver todos os problemas de um indivíduo carente eu
preciso garantir Isto sim o acesso à educação em seu sentido Mais amplo aos bens culturais a saúde habitação ao transporte de boa qualidade a vida é digna de cidadão merecedor de todo respeito Será que doando a norma-padrão a um indivíduo das classes subalternas ele vai automaticamente tornar-se um patrão não é mera coincidência etimológico fato de patrão e padrão serem duas formas divergentes de uma mesma origem como o latim patrono que tem também a mesma raiz de paternalismo e patriarcalismo falar da língua é falar de o e em nenhum momento esta reflexão política pode estar ausente
de nossas posturas teóricas e de nossa atuação concreta como cidadão professor e cientista e nós finalizamos aqui este Capítulo Bons estudos a todos e até a próxima e eu passei oito anos em Portugal me deliciando com o motorista de taxi que fala corretamente querer ele fala a norma culta e uma essa diferença essa polarização entre a norma culta e Norma falado Porque que a gente não consegue fazer um ajuste nisso para que a coisa seja natural para que depois você na Norma culta sim cole como Mário de Andrade fez uma série de relaxamentos algumas coisas
mais elásticas agora que eu quero dizer que as opiniões emitidas aqui até agora revelam o que eu já tinha dito antes né são comentários que não condizem com o estado atual da ciência linguística e da pedagogia de língua então essa história de dizer que em Portugal por exemplo de índios os motoristas de táxi fala Norma culta primeiro em Portugal você fala uma língua diferente da nossa a nossa só se chama português por razões históricas há muitos anos depois o português brasileiro já é muito diferente do português europeu e uma outra coisa também outro comentário que
é uma pura superstição né dois primeiro não existe esse Abismo entre a língua falada e língua escrita elas são muito mais híbridas ela se inter-relacionam muito mais do que as pessoas pensam e a em qualquer língua do mundo existe uma distância entre a norma padronizada codificada e aquilo que as pessoas realmente falam e escreve você deixa por exemplo de início em Portugal é perfeitamente correto dizer a gente fomos a gente queremos né existem milhares de horas gravadas de portugueses falando em que aparece essa construção que no Brasil tremendamente condenada né então nós temos que separar
as coisas português brasileiro alguma coisa mas nós já estamos produzindo a gramáticas excelentes da nossa língua mostrando como é a nossa língua de verdade inclusive a nossa língua culta e as pessoas ainda acham que aquele o que tava com que Eça de Queirós escreveu no século 19 Não é nada disso não existe um português brasileiro culto contemporâneo é muito diferente do que vem empregado nas gramáticas normativas Este é o verdadeiro Abismo antes existe uma língua brasileira em português brasileiro culto contemporâneo e no entanto as gramáticas normativas ainda se prendem uma língua literária muito pra passada
pré-modernista né então a o debate para ter um mínimo de nível ele tem que ter um mínimo de conhecimento de causa
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