Cidade brasileira tenta evitar seu destino infernal

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DW Brasil
O ritmo do aquecimento global pode condenar Belém do Pará, no norte do Brasil, a um futuro com tempe...
Video Transcript:
Este poderia ser um dia típico numa  das maiores cidades da Amazônia. . .
Estamos em Belém, capital  do Pará, norte do Brasil. Terra de cheiros e sabores únicos. .
. De  raízes indígenas. .
. E cheia de tradições. A chuva, aliás, até pouco tempo era uma delas.
. . “Ela acontecia cronometrada.
Duas e meia, três horas, chovia até umas três e meia,  quatro horas. E nesse horário, quando começava a chuva, as pessoas se acomodavam, escondiam-se  debaixo das marquises e ficavam tranquilas, esperando, porque em meia hora, 40 minutos, a  chuva passa, o sol volta a brilhar e a cidade continua a viver, né? (.
. . ) Infelizmente,  outro dia eu até comentei, essa chuva não acontece mais dessa forma.
Há uns dois, três  anos que não temos mais a chuva da tarde. ” A chuva em Belém tem dado lugar ao calor cada vez  mais intenso. .
. Há previsões de que a cidade está se tornando uma das mais quentes do mundo. O paraense, acostumado a marcar os seus compromissos antes ou depois do que aqui  se chama de “toró”, agora tem de conviver com longos períodos de estiagem.
“Esse ano a gente percebeu que a chuva demorou. Era mais quentura, mais sol, do que  chuva. Porque geralmente começava em outubro, né?
Mas este ano, não. (…) Acho que é o  primeiro ano que esquenta tanto assim. ” “No turno da tarde é que a gente percebe mais  essa quentura.
Por exemplo, antes tinha muito essa chuva à tarde aqui em Belém, né? Agora que  começou a cair a chuva, no mês de dezembro. Mas durante o ano mesmo foram poucas chuvas.
Mudou. ” “O calor, realmente, em Belém, está impossível. Eu saía cinco da manhã e voltava  duas da tarde, praticamente.
Então, é impossível sair sem sombrinha. ” É. .
. a sombrinha passou a ser um acessório comum nas ruas de Belém, principalmente  nas zonas menos arborizadas. .
. Difícil imaginar, né? Numa capital da Amazônia,  a quantidade de árvores por metro quadrado, na verdade, fica muito aquém do tamanho  da população – que já passa de um milhão e trezentas pessoas.
E se somar com os  municípios do entrono, o número de habitantes ultrapassa os dois milhões e duzentos. “A gente está numa comunidade que faz parte da Região Metropolitana de Belém.  Aqui o saneamento é bem precário, e quase não tem árvores na via pública.
As árvores  que a gente vê fazem parte do quintal das pessoas, ou desse parque que circunda a comunidade. ” “Belém é uma das cidades que possui um índice de cobertura vegetal por habitante mais baixo do que  é preconizado pela Organização Mundial da Saúde, que fica em torno entre 9 e 12. Esse índice  de cobertura vegetal por habitante, Belém, por exemplo, ela tem uma média de 2,5.
Isso  traz um desconforto térmico muito grande. ” A cientista social Vic Argôlo vive no centro  de Belém – a zona mais arborizada da cidade. Mesmo assim, aguentar o calor não  é fácil.
Mas ela se adaptou. . .
“Eu ligo aqui. . .
Aí ei ligo esse aqui também.  Ai esse vem para cá e o outro fica assim. .
. dois ventos assim nesse caminho [mostrando  como ela cria uma corrente de ar na casa]” É assim que a Vic consegue passar  a tarde em casa. Ou quase.
. . “Depois das nove da manhã, vai chegando  10h, meio-dia, aí está calor mesmo.
Tem vezes que a sensação está 40 graus. (. .
. )” - Já aconteceu de os ventiladores não aguentarem e tu teres que ir para outro lugar? “Sim.
” Também no centro da cidade, a chefe de  cozinha Sheila Azevedo não abre mão do ventilador. . .
E nem do ar-condicionado  nos momentos mais quentes do dia. “O calor é bem difícil. Como eu sou chefe de  cozinha, eu enfrento o calor diário das panelas e do fogão.
Na minha casa eu procurei instalar o  máximo de ar-condicionado e ventilador em todos os ambientes. Como a gente pode ver, tem em vários  locais. Até mesmo quando estou cozinhando.
” “A gente está agora no centro de Belém, uma  zona nobre da cidade, onde a gente percebe que a arborização é bastante rica. Inclusive, se a gente  circula por essa região, a gente tem a impressão de que a cidade é super arborizada. Eu que  cresci aqui, morei aqui, tenho a sensação de que hoje está muito mais quente do que antes –  mesmo numa região dessa com as árvores.
” Vamos sair da área urbana. . .
Pegamos um barco e fomos em direção à zona ribeirinha da capital paraense. Belém, além da parte continental, é formada por dezenas de ilhas, onde  vivem pelo menos 40 mil pessoas. O seu João Batista é um dos moradores da  ilha do Combu, para onde estamos indo.
Lá os ribeirinhos também sentem  que algo está diferente. . .
“Principalmente esse ano, foi muito quente aí na  ilha. As frutas que tinham flor caíram um bocado. Subiu muito a temperatura.
” A ilha do Combu é o destino favorito dos moradores de Belém principalmente no fim de semana. Tem  muitos turistas também. Os vários restaurantes aqui instalados oferecem comida paraense e banhos  de rio e alguns até de piscina.
Mas, segundo moradores ouvidos pela DW, o turismo de massa  já começa a afetar o ecossistema da ilha. “Temos um turismo muito bom, que vem para somar  com as comunidades. E temos um turismo predador, que vem para sujar a nossa ilha, que  vem para desrespeitar o ribeirinho.
” Fomos recebidos na ilha pela Dayse e  pela Daniele, que são da Associação de Mulheres Extrativistas do Combu. Aqui elas trabalham na coleta e beneficiamento da andiroba, semente típica da Amazônia. O óleo da andiroba é utilizado para fins medicinais.
Mas devido às mudanças no clima,  a sua extração não tem sido fácil. . .
“Esse ano que a gente começou a sentir o  impacto. Na verdade, é o aquecimento global, que há anos a gente falava, mas agora já estamos  sentindo. (…) A produção era bem mais intensa, esse ano já deu uma baixa.
Estamos  sentindo essa diferença agora. ” Devido à baixa produção este ano,  as mulheres extrativistas do Combu tiveram que se adaptar e trabalhar  com outros recursos da floresta: “A gente desidrata a folha do cacau, que  a gente faz a nossa própria embalagem e já estamos vendendo essa  embalagem para outras pessoas. .
. ” Chegamos à casa do Charles Teles. .
.  Aqui ele trabalha com artesanato e com o turismo de imersão. Ele relata a  preocupação de quem vive na floresta: “A gente que está no meio da floresta somos os  primeiros a sentir essa mudança.
Essa quentura desordenada. A mudança da temperatura muito  grande. As nossas frutas, que nós não temos mais em quantidade como a gente tinha antes.
(…)  Camarão no rio a gente não tem mais. Faz mais ou menos dois anos que não temos mais camarão  para gente pescar para o nosso próprio consumo. Então estamos muito preocupados com toda  essa situação e com tudo de ruim que está acontecendo com o nosso planeta.
(. . .
) 02:15:  Apesar de a gente estar no meio da floresta, e estamos rodeados de água, mas a gente percebeu  que o calor esse ano foi desordenado mesmo. Tinha tempo de a gente entrar quase em desespero de  tanto calor. Um calor que nunca sentimos antes.
” “Um calor que nunca sentimos antes”. . . 
É o sentimento de muitos em Belém. A pesquisadora Marlucia Martins  nos recebeu no parque zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi. .
. um  quarteirão verde no coração da capital paraense que abriga várias espécies  da fauna e da flora da Amazônia. Para a pesquisadora, os sinais das  mudanças climáticas se intensificaram: “Os efeitos das mudanças, já estão acontecendo  há 7, 8 anos, mas se intensificaram nos 2 últimos anos.
2023 e 2024 foram os anos mais quentes (. . .
)  Então a cidade ficou muito mais quente. E mesmo essa região da ilha, que é uma região de  temperatura e de clima muito mais ameno, já está muito mais quente. E isso é interessante  porque é perceptível por todas as pessoas.
” Agora vale a reflexão: se o calor está intenso  no centro arborizado de Belém e até mesmo nas suas ilhas, imagina nos locais onde o que  predomina é o asfalto e o concreto. É nas comunidades da periferia, onde o  verde está menos presente, que a população sofre ainda mais com o clima infernal. O professor Rodrigo Rafael, da Universidade do Estado do Pará, fala em “injustiça ambiental”: “São os bairros onde a gente tem um alto índice, por exemplo, de criminalidade, de pobreza.
É o que  a gente fala de injustiça ambiental, né? Então, nós temos uma população que é vulnerável  economicamente, né? E que ela também está mais exposta a esses eventos climáticos extremos, como  para o caso de Belém, ondas de calor excessiva, formação de ilhas de calor, principalmente  na região periférica, com baixo índice de cobertura vegetal por habitante.
Além disso, a  gente tem também frequentemente alagamentos. ” Esta é a Terra Firme, um bairro que cresceu  em cima de áreas alagadas, e hoje enfrenta os problemas de uma grande metrópole e os  desafios das mudanças climáticas. .
. Mas tenta evitar que o futuro seja ainda pior: “Aqui, a gente pode ver, existe o saneamento, foi feito o asfaltamento da via, a tubulação do  esgoto. Mas, o que os moradores estão falando é que as casas estão num nível muito mais baixo  em relação à rua – o que prejudica no período de chuvas, porque a maioria das casas alaga. 
Aqui a gente vê também, a pouca arborização que existe é de iniciativa da própria população. Isso  aqui foi plantado pelos próprios moradores. ” “Oi, boa tarde!
Tá assim porque está  alagando e a gente colocou esse aterro… Acho que tá assim umas duas semanas. Aí  como alagou muito quando choveu, aí a gente fez essa barreira para a água não entrar. ” “Os meus familiares já estão aqui há 30, 40 anos, morando na Terra Firme, e não existia saneamento,  até este ano.
E aí a obra veio com essa promessa para a população de que iria, de fato, resolver  o problema das inundações das casas. . .
Porém eles subiram o nível da rua e deixaram todas  as casas afundadas, elas foram para o fundo. Acabaram não resolvendo e criaram outro problema,  porque as casas viraram verdadeiras piscinas. ” OFF17 Estes vídeos foram gravados por Andrew Leal na noite do dia 25 de dezembro.
E foi assim que a família passou a noite de Natal, tirando água de dentro de casa. A pequena  barreira que construíram não foi suficiente para conter o alagamento durante o período  de chuvas que demorou para começar. “Agora a gente tem visto que as chuvas têm  se intensificado, têm sido mais fortes.
. . Então inunda, entra pelo banheiro, pela  frente.
Isso aqui vira uma piscina. ” O problema do alagamento é algo antigo em Belém.  A cidade, que é cortada por vários canais, tenta melhorar a sua infraestrutura.
A ideia  é torná-la mais resiliente e capaz de evitar um futuro climático infernal, pior do que o  que a população já está vivendo na pele. Boa parte dessas obras tem a ver com os  canais da cidade e acontece em preparação para a Conferência do Clima da ONU – a  COP30, que Belém vai sediar em novembro. Mas a pesquisadora Marlucia  Martins faz um alerta.
. . “Belém é uma Veneza, ou deveria ser,  né?
Ela é muito irrigada, tem 8 bacias, grandes bacias na cidade e, infelizmente,  essas bacias foram, ao longo de muitos anos, muito maltratadas. (. .
. ) Porque a  cidade está sendo impermeabilizada ao longo dos anos. Há uma impermeabilização,  vamos dizer assim, talvez necessária, né, no sentido do processo de urbanização,  mas há uma impermeabilização excessiva, principalmente nas áreas de canais que deveriam  ser vegetadas e não impermeabilizadas.
” Na Terra Firme, a Secretaria de Obras  Públicas do governo do Pará disse à DW que ainda vai concluir a obra de saneamento  e que vai direcionar o escoamento da água da chuva para os sistemas de drenagem. . .
Mas se não bastasse os alagamentos, a família de Andrew também enfrenta o calor extremo. - Como é que vocês fazem aqui para enfrentar o calor? “Aqui tem o meu pai, minha mãe, meu irmão, minha tia.
. . E basicamente tem dois  ventiladores, né?
É o que sustenta a gente no período do verão, na seca. . .
É  esse ventilador, tem outro lá no quarto, então são dois. Às vezes a gente recorre a deitar  na lajota, que é onde está mais gelado. É essa estratégia que a gente usa, e o banho, né?
Só  que a aqui na nossa casa temos uma problema. O sol pega direto no banheiro, então não tem como  escapar, porque a água está sempre quente. ” Calor extremo, períodos de estiagem prolongados,  chuvas intensas.
. . são fenômenos que devem ser mais frequentes e fazem parte de um  futuro infernal previsto para a cidade.
Belém será o segundo centro urbano mais quentes do mundo até 2050, segundo um estudo da  ONG CarbonPlan em parceria com o jornal americano The Washington Post. A projeção é de que a cidade  terá até lá 222 dias de calor extremo ao ano, ou seja, com risco real para a saúde humana.  Como comparação, no início dos anos 2000, Belém tinha 50 dias anuais assim.
Olha o que diz o climatologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de  Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo: “Aquilo que está acontecendo é que os extremos  estão virando mais extremos. Por exemplo, nós temos inícios das estações chuvosas mais  tarde, temos a estação de estiagem mais longa e mais quente. (.
. . ) Temos também eventos  extremos de chuva concentrando-se em poucos dias que podem produzir inundação,  como aconteceu em Belém em 2023, várias da regiões da cidade ficaram alagadas. 
(. . .
) Para o cenários mais futuros de 2050, além de aumento das temperaturas e número de  dias com ondas de calor, também se está prevendo reduções na precipitação na região leste  da Amazônia, segundo vários modelos. Claro, isso não impede de que ainda que a precipitação  esteja diminuindo nós possamos ter dias com muita chuva, aquela que produz inundações”. Especialistas alertam para o fato de as mudanças climáticas estarem afetando o mundo todo.
Só  que cidades e regiões menos resilientes vão sofrer mais com os efeitos extremos. É o caso  da capital paraense, onde a sustentabilidade ainda faz falta. Olha o caso do trânsito: são os carros os maiores emissores de gases de  efeito estufa na cidade e região metropolitana, segundo especialistas locais ouvidos pela DW.
Com  o transporte público precário, muitos optam por veículos particulares. Mas e a bicicleta? “Eu, por exemplo, trabalho de segunda a  sábado e tenho dificuldade de andar no meio dos carros da BR para o centro de Belém.
” A capital do Pará tem cerca de 160 km de  ciclovias, segundo as autoridades locais. Ainda assim, os carros prevalecem nas ruas. A ativista Ruth Costa vive na região metropolitana de Belém e criou o Pedala Mana, projeto  que visa estimular o empoderamento feminino através da bicicleta.
Ela circula por vários  bairros da cidade para incentivar a população a usar menos o carro e mais a bicicleta: “É a periferia, não só no Pará, mas no Brasil inteiro, é que mais usa a bicicleta. E a bicicleta  é um instrumento de mitigação da crise climática. A gente está falando de crise climática e  quem mais polui é o veículo motorizado.
Então, como discutir crise climática se a gente  não pensar em outra forma de se locomover? E não só a bicicleta, mas a mobilidade  ativa, estruturar calçadas, o patinete, enfim. .
. As diversas formas de se locomover, que  não seja por um veículo motorizado, que polui, que esquente. Belém já é quente, e com a quantidade  de veículo que tem na BR, só fica mais quente.
” - Oi, bom dia! A Waleska?  A Waleska já está aqui.
. . “Acho que sim, pode entrar.
. . ” -Obrigado.
Aqui todo mundo sabe o tamanho do problema que  Belém está enfrentando. Este é um encontro que reúne vários grupos da sociedade civil. .
.  um momento em que discutem os problemas, mas também apresentam soluções para a  criação de políticas públicas que visam evitar o destino infernal da cidade. Elas  depois são apresentadas às autoridades.
“Isso mexe muito comigo. (. .
. ) Estou  nessa luta com outras pessoas para buscar lugar de fala, indenizações. ” Aqui encontramos a Waleska Queiroz, que integra os movimentos COP das Baixadas  e Observatório das Baixadas em Belém.
. . Há 15 anos ela trabalha como ativista ambiental  e defende o lugar de fala da população mais vulnerável em meio a crise climática.
“Esses movimentos surgem nas periferias, que são zonas de sacrifício, zonas onde a  gente enfrenta desigualdades todos os dias: a falta de saneamento, a falta de acesso a água,  ao direito à cidade. Então, são problemas do nosso cotidiano que, quando se intersseccionam com o  clima, eles se agravam. Então a as desigualdades se agravam com as mudanças climáticas.
As ilhas  de calor, as secas, as cheias. (. .
. ) Por isso, hoje a gente pauta justiça climática através  dessas pessoas que mais sofrem no seu cotidiano todas essas problemáticas e são as últimas  que conseguem se restabelecer quando um evento extremo chega na comunidade. ” “O deslocamento da população periférica é afetado pela crise climática.
” Com tantos desafios para Belém até 2050, a ativista diz que a pressão social precisa ser  maior. Mas garante que a sociedade civil já tem resultados práticos na luta por um futuro melhor,  como a criação Fórum Climático da cidade: “O primeiro Fórum Municipal de Belém se estabelece  através da pressão da comunidade, da sociedade civil. E hoje é um fórum que integra pessoas das  periferias, quilombolas, indígenas, para discutir as pautas climáticas, mas para construir também  as políticas climáticas pensadas para Belém.
” A nossa equipe conversou em dezembro com  o então coordenador do Fórum Climático de Belém e assessor especial da COP 30,  antes da nova gestão municipal assumir a cidade em janeiro. Sérgio Brazão explicou os  objetivos do plano aprovado no fim de 2024. .
. “Ele não é um plano de um prefeito a nem b  nem c ele é um plano de todos os prefeitos que sucederão na administração dessa cidade  até 2050 e é fundamental que esse plano seja seguido. (.
. . ) É prioridade no fórum combater  a injustiça climática que ocorre nas áreas de alagamento da cidade de Belém e combater  de uma forma que traga arborização.
” Diante de tantos desafios na cidade que  se prepara para promover a COP30 e luta contra o seu destino climático,  o que esperar do futuro? “Resiliência, não é só um decreto do governador,  do prefeito, do presidente. Resiliência é todo o processo, e esse processo inclui reduções de  risco, inclui melhora na distribuição de água e esgoto e melhoras na moradia das pessoas e todo  seria uma revolução na parte social como na parte econômica.
” “Se as nossas ações causaram isso, as nossas ações têm que ser a solução também.  Então se estamos vivendo este contexto das mudanças climáticas, é importante que saibamos  lidar com isso. Não só com iniciativa do poder público, mas da iniciativa popular também.
” “A gente não pode deixar isso para depois, para começar a trabalhar em cima disso e  tentar mudar toda essa história que está aí”. “Não há solução para Belém sem uma  solução internacional. Como não há solução para a Amazônia, como não há solução para  a Inglaterra, não há solução para a Alemanha, por maior esforço local que se faça.
Você  tem que ter uma concertação internacional, porque os efeitos climáticos são globais.  Atmosfera não tem território, você não define, você define território na  Terra, na atmosfera, não.
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