o amante não gostou de ser flagrado levou a sua mão até a face do do marido e continuou empurrando em sua amada era uma madrugada sufocante e úmida na cidade Paulo deitado em sua cama tentava encontrar o sono mas os pensamentos não o deixavam em paz ele olhava para o teto do quarto para as sombras que as luzes da rua projetavam nas paredes cada sombra parecendo um vulto a zombar dele deitado ao seu lado estava Isabel sua esposa dormindo tranquilamente seu rosto Sereno contra estava com o turbilhão que girava dentro dele não era de hoje
que Paulo se sentia assim nos primeiros meses de casamento ele experimentara algo que acreditava ser o auge da Felicidade um sentimento que o preenchia de maneira tão absoluta que mal conseguia respirar mas com o passar do tempo aquele amor começou a mudar o que antes era admiração passou a ser um tipo doentio de obsessão cada vez que Isabel saía para o trabalho cada vez que ela comentava sobre um novo colega o coração dele se apertava ele começou a observá-la com mais intensidade um olhar inocente de Isabel a um homem na rua fazia seu sangue ferver
e ele precisava de uma justificativa para aquilo ela está flertando ele pensava ou pior me traindo essas ideias passavam pela sua cabeça como facas afiadas corroendo transformando de um homem apaixonado em alguém dominado pelo ciúme uma noite sem conseguir mais aguentar ele a confrontou sentados na sala Paulo segurou a mão de Isabel e com a voz baixa e trêmula disse você está me enganando não está ela olhou surpresa e por um momento Ficou sem palavras então soltou uma risada que ecoou dolorosamente nos ouvidos dele enganando Como assim Paulo ela parecia realmente não entender mas ele
se encheu de raiva acreditando que aquela era apenas uma resposta ensaiada uma tentativa de desviar sua atenção você não precisa fingir eu sei eu vejo tudo as palavras saíram dele como um desabafo contido há meses Isabel chocada recuou um pouco como se estivesse lidando com o estranho por alguns minutos ficaram em silêncio ela tentou explicar tentou reafirmar seu amor mas nada do que ela dizia parecia aliviar o peso daquela desconfiança dentro dele Paulo começou a se transformar tornou-se cada vez mais Submisso quase um escravo dos próprios pensamentos ele passou a tratá-la como se fosse uma
espécie de rainha intocável bus and sua aprovação constantemente fazendo de tudo para agradá-la mas sem jamais confiar nela completamente era como se no fundo acreditasse que ao se humilhar e mostrar devoção absoluta pudesse mantê-la ao seu lado ele a seguia pela casa esperando por Qualquer gesto de carinho que pudesse tranquilizá-lo mas bastava ela sair de sua visão para que os pensamentos sombrios voltassem com ainda mais força Paulo começou a evitar os amigos isolando-se convencido de que eles também faziam parte daquela conspiração imaginária que o separ de Isabel em uma madrugada consumido pelo desespero ele sussurrou
para si mesmo sou seu escravo Isabel seu escravo etiope essa frase dita na escuridão do quarto trouxe um estranho alívio como se ele finalmente tivesse encontrado sua função ser o fiel e silencioso Guardião de um amor que só ele sentia de forma tão ardente ela estava ao lado dele dormindo e ele velava seu sono como um servo devotado naquela noite Paulo não conseguiu fechar os olhos a ansiedade em seu peito era uma Âncora que o prendia em pensamentos escuros impossíveis de escapar ele olhava fixamente para o teto enquanto Isabel dormia ao seu lado e um
vazio aterrador o consumia uma noite a mais de angústia uma madrugada que parecia eterna mas dessa vez algo estava diferente ele sentiu um impulso súbito uma urgência inexplicável de sair dali de caminhar de libertar-se das sombras daquele quarto levantou-se devagar vestiu o h e saiu para uma caminhada silenciosa pelas ruas desertas como se tentasse deixar para trás os tormentos que o consumiam as horas passaram lentamente e quando o sol começava a ameaçar o horizonte ele voltou para casa estava exausto física e emocionalmente esperava que Isabel estivesse acordada talvez até preocupada com a sua ausência mas
ao abrir a porta a casa estava em um silêncio absoluto um silêncio pesado que lhe provocou um frio súbito subiu as escadas devagar sem fazer barulho um misto de de expectativa e medo quando se aproximou do quarto ouviu um som abafado que fez seu coração parar ele hesitou prendendo a respiração ouvindo o som um riso abafado um suspiro era inconfundível sua mente tentou negar tentou inventar alguma desculpa racional mas o peito dele já pulsava com a verdade naquele instante cada detalhe de sua vida pareia desmoronar ele avançou empurrando a porta com firmeza diante dele estava
entrelaçada com outro homem no próprio leito conjugal Paulo ficou paralisado como se seu corpo houvesse se transformado em pedra a mente gritava mas seu corpo se recusava a reagir foi quando o amante de Isabel notou e sem interromper o que fazia ergueu-se levemente lançando a Paulo um olhar de desprezo quase de pena como se ele fosse um incômodo insignificante vai embora murmurou o homem uma ordem fria e desdenhosa como se Paulo fosse um criado inoportuno Paulo Ficou ali imóvel Seu Rosto uma máscara de choque e humilhação E então com movimento brusco o amante estendeu a
mão e o golpeou com um tapa firme no rosto um tapa que reverberou pelo quarto e pela alma de Paulo ele recuou sentindo a pele arder mas o golpe que o feria verdadeiramente não era físico era visão de Isabel sua Isabel aceitando o toque de outro entregue de uma maneira que ele nunca vira sem se importar com Paulo o amante continuou ignorando completamente a presença do do marido como se ele fosse invisível Isabel não disse nada não implorou desculpas não mostrou um pingo de remorço o silêncio dela era pior que qualquer palavra um silêncio pesado
que confirmava o que ele mais temia ela o amava tanto quanto se ama uma sombra uma coisa sem importância Paulo estava ali sozinho em sua humilhação despido de qualquer dignidade e naquele instante ele percebeu que todo seu amor sua obsessão sua devoção cega haviam sido vãos ele cambaleou para fora do quarto cada passo pesando uma tonelada o rosto ainda ardendo pelo golpe mas ainda mais pela ferida invisível que dilacerava seu coração Desceu as escadas o olhar perdido sentindo-se Como Um Estranho na própria casa horas se passaram antes de Paulo ter coragem de retornar para casa
o peso do que havia testemunhado ainda parecia dobrá-lo e ele mal conseguia raciocinar o mundo ao seu redor parecia borrado Em uma mistura de Humilhação e desejo torturante ele não sabia ao certo que buscava com aquele retorno talvez fosse um impulso de sobrevivência ou uma última tentativa de entender o que restava de si depois da traição Quando entrou na casa o silêncio se misturava com um Eco distante de risos abafados e suspiros que ainda reverberava paredes do quarto sua respiração estava pesada o peito comprimido por uma dor que não podia ser nomeada ele subiu às
escadas cada degrau parecendo um julgamento silencioso de sua própria fraqueza ao chegar à porta entreaberta do quarto viu o amante de Isabel saindo com sorriso satisfeito sem a mínima cerimônia o homem olhou para Paulo deu um leve sorriso desdenhoso e em um tom cortante disse Terminei pode ficar com ela agora aquelas palavras cravaram fundo na alma de Paulo como se tivessem poder de tornar tudo ainda mais real como se de alguma forma ele fosse apenas um observador naquele teatro de desdém Isabel estava deitada na cama os lençóis desarrumados o perfume do amante ainda impregnado no
ar ela olhou com misto de indiferença e cansaço como se a presença dele ali fosse um detalhe insignificante Paulo movido por uma mistura de desejo e humilhação sentiu as lágrimas escorrerem ele se aproximou dela trêmulo e antes que pudesse se conter ajoelhou-se ao seu lado Isabel encarou surpresa mas sem dizer uma palavra por favor Isabel murmurou ele a voz embargada cada sílaba carregando o peso da derrota deixe-me deixe-me sentir você deixe-me sentir o ras que ele deixou em você do jeito que ele sentiu eu preciso eu preciso de você mesmo assim sua Súplica ecoava pelo
quarto como um lamento Paulo não sabia ao certo o que esperava dela talvez alguma compaixão Talvez um último gesto de rejeição mas Isabel apenas o olhou seu rosto impassível sem esboçar nem piedade nem remorço ele se inclinou e num ato final de entrega deitou-se ao lado dela buscando sentir aquele gosto amargo De Humilhação e desejo que o consumia Isabel não resistiu mas tampouco o acolheu com carinho ela parecia distante absorta em seus próprios pensamentos enquanto Paulo se entregava de forma desesperada buscando nela algum resquício da paixão que em sua mente ainda existia entre eles mas
o gosto que encontrou foi o do vazio o gosto de um amor que há muito deixará de ser recíproco naquele instante Paulo percebeu que estava apenas agarrado a uma ilusão a um sentimento que existia apenas dentro dele a dor o desejo a humilhação tudo fazia parte de um ciclo autodestrutivo do qual ele não conseguia escapar