Queridos, vamos abrir a palavra de Deus no livro de Atos, capítulo 16, e vamos ouvir a leitura do verso 19 até o verso 40. É o relato muito conhecido da conversão do carcereiro de Filipos (Atos 16, 19 a 40). Quando os donos da jovem viram que se havia desfeito a esperança do lucro, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram para a praça, à presença das autoridades. Levando-os aos magistrados, disseram: "Estes homens, sendo judeus, perturbam a nossa cidade, propagando costumes que não podemos aceitar nem praticar, porque somos romanos." Então, a multidão se levantou unida contra
eles, e os magistrados, rasgando-lhes as roupas, mandaram açoitá-los com varas. Depois de lhes darem muitos açoites, os lançaram na prisão, ordenando ao carcereiro que os guardasse com toda segurança. Este, recebendo tal ordem, levou-os para o cárcere interior e prendeu os pés deles no tronco. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto que sacudiu os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as correntes de todos os presos se soltaram. O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as
portas da prisão, puxou da espada e se suicidou, pois pensou que os presos tinham fugido. Mas Paulo gritou bem alto: "Não faça nenhum mal a si mesmo! Estamos todos aqui!" Então, o carcereiro, tendo pedido uma luz, entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois, trazendo-os para fora, perguntou: "Senhores, que devo fazer para que seja salvo?" Eles responderam: "Creia no Senhor Jesus e você será salvo, você e toda sua casa." E pregaram a palavra de Deus ao carcereiro e a todos os que faziam parte da casa dele. Naquela mesma hora da noite, cuidando
deles, lavou-lhes as feridas dos açoites. Logo a seguir, todos os membros da sua casa foram batizados. Então, levando-os para sua própria casa, deu-lhes de comer, e com todos os seus manifestavam grande alegria por terem crido em Deus. Quando amanheceu, os magistrados enviaram oficiais de justiça com a seguinte ordem para o carcereiro: "Ponha aqueles homens em liberdade." Então, o carcereiro comunicou a Paulo, dizendo: "Os magistrados ordenaram que vocês fossem postos em liberdade; portanto, vocês podem sair. Vão em paz." Paulo, porém, lhes disse: "Sem ter havido processo formal contra nós, nos açoitaram publicamente e nos jogaram na
cadeia, sendo nós cidadãos romanos, e querem agora nos mandar embora sem maior alarde? Nada disso! Pelo contrário, que eles venham e pessoalmente nos ponham em liberdade." Os oficiais de justiça comunicaram isso aos magistrados; quando estes souberam que Paulo e Silas eram cidadãos romanos, ficaram com medo. Então foram até eles, pediram desculpas e, relaxando-lhes a prisão, pediram que se retirassem da cidade. Tendo saído da prisão, Paulo e Silas dirigiram-se para a casa de Lídia; e, vendo os irmãos, os animaram. E depois, a leitura da palavra de Deus, mais uma vez: Ó Pai, quanto sofrimento e perseguição
os Teus servos não passaram para que um dia o evangelho fosse estabelecido no mundo! Nos ajuda, Senhor, à medida que nós lemos esse relato e tentamos entendê-lo. Que Teu Espírito Santo nos ilumine e que aplique os ensinamentos aqui revelados ao nosso coração. É o que pedimos em nome de Jesus. Amém. Queridos, nós continuamos a ver aqui o ministério de Paulo e Silas na cidade de Filipos e como esse ministério chegou ao final ali. Depois, agora, nós vamos ver a narrativa da conversão extraordinária do carcereiro da cidade, que ele era responsável pela prisão e pelos apenados.
Antes, vamos lembrar alguns pontos da mensagem anterior para termos o contexto. Nós vimos que Paulo e seus companheiros tinham viajado de barco até Filipos, uma cidade da Macedônia que era uma colônia romana, estrategicamente localizada e um importante centro comercial e militar. Eles tinham sido dirigidos até lá pelo Espírito Santo de Deus e lá encontraram um grupo de mulheres reunidas para orar na beira do rio Gangites, o rio que circunda a cidade. E Paulo, então, anuncia o evangelho ali, e Lídia, uma vendedora de púrpura, se converte. Ela e sua casa são batizados, e ela demonstra hospitalidade
a Paulo, Silas e toda a equipe e os convida para ficar na casa dela, que acabou se tornando o local de reunião da primeira igreja fundada na Europa. Enquanto Paulo ia para aquele local de oração, coisa que aparentemente ele estava fazendo todo sábado como estratégia para alcançar as pessoas, no caminho ele é abordado por uma moça possuída por um espírito de adivinhação. E Paulo, então, ordena que o espírito maligno deixe a moça em nome de Jesus, e o demônio sai imediatamente, resultando na mais completa libertação da moça, ponto de que ela não podia mais falar
a respeito do futuro, ainda que de maneira enganosa para as pessoas. A sua capacidade de adivinhação é cessada e isso acaba sendo a causa de uma grande perseguição contra Paulo e sua equipe, que resulta no final do ministério de Paulo na cidade de Filipos. E de lá ele vai para uma cidade da Macedônia chamada Tessalônica, como nós veremos no próximo capítulo, se Deus permitir. Eu queria, então, nesta noite, dividir aqui o texto que nós temos diante de nós em seis partes. Vamos ver se o tempo vai dar. Primeira acusação, que é contra Paulo e Silas
(do verso 19 a 21), depois os açoites públicos e a prisão deles (do verso 22 a 24), depois a intervenção de Deus através de um terremoto (25 a 26), a conversão do carcereiro e de membros da sua casa (de 27 a 34), Paulo e Silas exigem uma reparação das autoridades por haver sido injustiçados (verso 35 a 39) e, finalmente, eles saem da cidade (no verso 40). Vamos ver se a gente consegue cobrir todo esse espaço aí porque tem muita coisa para a gente aprender aqui. Vamos começar, então, com a acusação. Feita pelos donos da moça
agora liberta contra Paulo e Silas, a moça era uma escrava e seus donos eram romanos que moravam ali na cidade de Filipos. Nós não sabemos quanto tempo eles iam ganhando dinheiro com a habilidade que essa moça tinha de predizer o futuro, que nós já vimos, era alguma coisa que acontecia mediante os poderes de um espírito maligno. O fato é que eles vinham ganhando muito dinheiro e, agora que Paulo havia expulsado o demônio da moça, eles viram a sua renda se perder porque ela não era mais capaz de fazer o que fazia antes, de falar do
futuro das pessoas, ainda que de maneira enganosa. Satanás é o pai da mentira; me engana as pessoas. E aí, diante do prejuízo financeiro, por vingança ou qualquer outra motivação, eles resolvem acusar Paulo e Silas. Eles fazem isso, primeiro, agarrando os dois e levando para a praça do mercado, como está aí no verso 19. Se nós nos perguntarmos: "Por que somente Paulo e Silas e não também Timóteo e Lucas, que faziam parte da equipe?", nós vamos ver que a acusação deles, em primeira mão, era que eles eram judeus que estavam ensinando a religião deles ali, onde
não podiam fazer isso. Da equipe, somente Paulo e Silas eram judeus; Lucas e Timóteo eram gentios. Por isso, a acusação não pesava sobre eles e é por isso que somente Paulo e Silas foram presos, porque eles eram judeus e eram a liderança da equipe. Eles então foram agarrados pelos donos da moça e levados para a praça. A praça era o local central da cidade; é interessante que lá era um mercado. Lá se reuniam as pessoas para fechar negócios, para discutir assuntos; lá tinham fóruns que funcionavam como espécie de tribunal. E lá estavam juízes, os magistrados
da cidade, para resolver disputas e questões civis e administrativas. É interessante que o nome de "praça" em grego é "agora", que depois deu origem ao verbo "agorau", que significa "comprar". Então, foi exatamente porque era lá na praça que estava o mercado e onde todo mundo ia fazer compras; era o shopping daquela época. Só que lá funcionava também o Tribunal de Justiça. Esses magistrados que estavam lá eram nomeados pelo poder de Roma e eles tinham poder para julgar e para infringir penas severas, inclusive como essas que nós lemos aqui. E era para lá, então, que todo
assunto era levado, toda a discussão era trazida para que eles pudessem decidir a respeito dessas querelas dos cidadãos. Bom, então a primeira coisa que fizeram foi pegar Paulo e Silas e levaram lá para a praça, para o fórum, e trouxeram os dois diante das autoridades dos magistrados. E, em segundo lugar, fizeram uma acusação, só que a acusação era de cunho religioso, disfarçando os verdadeiros motivos. Estavam furiosos porque Paulo tinha atingido o bolso deles, né? Que é geralmente quando as pessoas ficam mais furiosas, quando chega no bolso. Então, eles estavam com muita raiva e provavelmente querendo
se vingar, mas a acusação era que eles estavam perturbando a paz da cidade com sua pregação religiosa. Lemos aí do verso 20 a 21 que eles dizem: "Olha, esses homens são judeus! Estão pregando, ensinando costumes que nós, romanos, não podemos aceitar." De fato, na Antiga Roma, era proibida a introdução de novos deuses e os romanos zelavam muito pela religião tradicional, que era o culto ao imperador e o culto às divindades gregas, que eram baseadas nas religiões da Grécia. Então, todo mundo ouviu falar de Zeus, ouviu falar de Apolo, de Afrodite; o nome desses deuses gregos
os romanos simplesmente batizaram com nomes romanos. Por exemplo, Hermes virou Mercúrio, Zeus virou Saturno e assim por diante. E essa religião greco-romana era a religião oficial do Estado romano e era incentivada; os cidadãos eram obrigados a se curvar diante da imagem de César, do imperador, dizer que ele era "deus", que ele era "Senhor" e adorá-lo, fazer ofertas, queimar incenso em homenagem a ele. Praticamente, em todas as cidades importantes da Grécia, havia um templo dedicado à religião romana. Então, eles estavam certos quando disseram que Paulo e Silas estavam pervertendo a ordem, porque eles estavam mesmo; eles
estavam pregando um Deus diferente, um Deus que se revelou em Jesus Cristo e que oferecia perdão de pecados mediante a fé nele, uma vez que os outros deuses não podiam fazer isso porque não eram deuses, eram imaginação humana. Essa era a pregação padrão do apóstolo Paulo. Com certeza era muito ofensiva para os moradores da cidade de Filipos, que nem sinagoga tinham. O preconceito com as outras religiões era tão grande que nem sinagoga eles tinham ali; precisavam do mínimo de 10 homens judeus para ter uma sinagoga. É provável que esse número existisse ali, mas eles não
permitiam a abertura de uma sinagoga porque seria uma religião diferente, nova. O preconceito era grande. Foi isso que eles trouxeram diante dos magistrados: a acusação era essa, que eles estavam ensinando as pessoas a abandonar o culto ao imperador e a se converter ao Deus dos judeus, o único Deus verdadeiro. E aí, estavam provocando desordem, e era dever dos magistrados restabelecer a ordem, manter a paz ali da cidade. Não seria a primeira vez que cristãos são falsamente acusados, ou então a acusação é verdadeira, mas as implicações disso aí são torcidas. De fato, eles estavam perturbando a
paz mesmo, né? Como nós já vimos, e estavam pregando outro Deus que não aqueles deuses tradicionais. Mas a intenção deles, sem dúvida, era não perturbar, mas trazer a paz de Cristo aos corações. O resultado temos aí do verso 22 a 24, a segunda parte do texto, onde Paulo e Silas são açoitados e presos. Está aí do verso 22 em diante. Não é, as acusações dos donos da escrava prevaleceram e acabaram provocando... Um tumulto: os moradores de Filipos, muito zelosos da sua condição de cidadãos romanos e zelosos da Lei, eles então se levantaram. Diz o texto
aqui: unânimes! Não é multidão unida, se levantou contra Paulo e Silas. E quando os magistrados viram que o tumulto estava crescendo e que a causa dos donos da escrava tinha o apoio popular, sem pensar mais, e sem dar quem eram Paulo e Silas, e sem entrar no mérito da questão, simplesmente mandaram apenar os dois. E aqui o texto diz que mandaram rasgar as roupas deles, provavelmente para expor as costas, para que pudessem ser açoitados. A expressão "rasgar" poderia ser entendida como "despir totalmente"; eles ficaram completamente nus. É uma evidência de que talvez tenha sido isso;
é que mais tarde, quando Paulo escreve uma carta aos Tessalonicenses, ele se refere a esse incidente em Filipos e diz que ele foi ultrajado. Ultrajado. O problema não era que ele foi chicoteado, não é? Açoitado com várias, justamente, mas que ele foi exposto nu, ele e Silas, ali, na praça pública, diante das pessoas. Provavelmente é isso que aconteceu quando a gente lê as referências que Paulo faz àquilo que tinha acontecido. E eles foram, então, severamente açoitados com varas. Relatos que nós temos no livro de Atos e nas cartas que Paulo escreveu contando, a gente chega
a um número de mais ou menos três ou quatro incidentes como esse: três ou quatro vezes Paulo foi severamente açoitado, quer pelos judeus, quer pelos romanos, pelos gentios, por causa do Evangelho de Cristo Jesus. E os açoites abriram feridas, feridas que sangravam bastante. E, nessa condição, depois de tudo isso, os magistrados mandaram que eles fossem presos, pensando que talvez essa surra e uma noite na prisão seriam o suficiente para desanimar Paulo e Silas, para que eles pudessem ir embora da cidade, parar de fazer desordem lá, não é? E o carcereiro da cidade, lemos aí no
verso 23, recebeu ordens para prendê-los com toda segurança, fazer tudo para evitar que eles escapassem. Então, por conta disso, o carcereiro tomou duas providências. Primeiro, os prendeu no cárcere mais interior, o que tem levado alguns a pensar que se tratava de uma gruta, de um buraco, era subterrâneo, esse cárcere, não é? Mas, mais adiante, nós vamos ler que, quando o terremoto veio, o texto diz que abalou os fundamentos da prisão, o que sugere que era um prédio, uma casa, e não exatamente uma caverna. Mas a gente não tem condições de saber ao certo. O que
importa é que era a prisão de segurança máxima, onde eram colocados os presos mais perigosos. E é para lá que Paulo e Silas foram, feridos, não é? Todos machucados, sangrando e, além de algemados, eles ainda tiveram os pés presos no tronco. O tronco era realmente um tronco de árvore fatiado no meio, com duas aberturas, onde os pés do prisioneiro eram colocados e acorrentados ali. E eu não sabia disso! Fiquei me interessado, pois estava estudando isso aqui. Se via também como instrumento de tortura, porque você podia fazer com que o prisioneiro ficasse no tronco com as
pernas abertas o máximo possível. Assim, nessa posição, o que é extremamente desconfortável e deve produzir uma dor tremenda, não é? Um pai da igreja chamado Origem foi preso pelos romanos, açoitado, colocaram uma coleira de ferro no pescoço dele e o colocaram no tronco, com as pernas abertas dessa forma. Esse é um registro que nós temos da história da Igreja de como era usado, às vezes, o tronco. A gente não, como apenas os magistrados pediram para que ele fosse mantido em segurança. Pode ser que eles não tenham sido torturados a esse ponto, não é? Apenas os
pés ficaram presos no tronco lá. Mas, de qualquer forma, era uma situação de grande sofrimento e dor que Paulo e Silas enfrentaram ali naquela situação. E ali ficaram um dia todo, com outros presos; havia outros prisioneiros ali na prisão com eles. Agora vamos para a nossa terceira parte: a intervenção de Deus, do verso 25 até o verso 26. Queridos, essa passagem aqui é realmente ilustrativa para nós e desafiadora, não é? Paulo e Silas tinham passado por maltratos terríveis, que nós não temos a menor ideia. Foram acusados falsamente diante do tribunal da cidade, foram açoitados severamente
em público e desonrados. Se a questão da vestimenta é da maneira como eu sugeri. Depois, foram presos e trancados com os pés no tronco. Suas feridas estavam abertas e sangrando, e tudo isso somente porque eles tinham libertado uma moça de um espírito maligno. Eles fizeram isso. Tudo isso aconteceu a eles no cumprimento da missão que Jesus tinha dado de pregar o Evangelho a toda criatura. E, apesar disso, apesar de toda essa injustiça, de toda essa dor, de todo esse sofrimento, nós lemos aqui que não havia no coração deles qualquer rancor ou mágoa contra Deus, ou
um sentimento de que estavam sendo tratados injustamente, ou que Deus estava sendo severo, rigoroso demais para com eles. Porque nós lemos aqui no verso 25 que, já perto da meia-noite, eles estavam orando e cantando hinos a Deus, louvando a Deus. Quantos de nós seríamos capazes? Quantos seriam capazes de fazer uma coisa dessa depois de passar por todo esse tratamento? Nós que cremos que nada acontece sem ser a vontade de Deus, então, com certeza, tudo aquilo havia sido a vontade de Deus para Paulo e Silas. Eles criam nisso; eles criam na soberania de Deus, criam que
Deus estava por detrás de todas as coisas. Sabiam que aquilo aconteceu pela divina permissão. Ainda assim, eles não atribuíram a Deus qualquer injustiça. Ao contrário, eles estavam louvando a Deus, cantando hinos, hinos a Deus de todo o coração. Sem dúvida, uma figura, um quadro impressionante. Diz aqui o texto que os outros presos escutavam e tem uma versão que traduziu, não sei qual foi a básica que ela encontrou para isso. que os outros presos escutavam, maravilhados. Não creio que esteja no texto; isso não é, isso é uma tradução que colocou. Mas eu creio que interpreta muito
bem de que os presos estavam escutando aquilo ali, vendo toda aquela situação, maravilhados. À prova disso é que, quando tem o terremoto, as portas se abrem e as algemas caem. Ninguém saiu; todos os presos ficaram lá. Eles viram que alguma coisa extraordinária estava acontecendo ali. Então, esse testemunho de Paulo e Silas diante do sofrimento é impressionante. É uma daquelas passagens na Bíblia onde Deus nos dá, de forma escrita, o que ele espera de nós durante o sofrimento, durante a injustiça, diante da perseguição e das dificuldades que nós temos: não espírito de rancor, de justiça, de
mágoa, de reclamação, mas de plena submissão, de que Deus está no controle. Ainda que tudo pareça errado, ele continua sendo meu Deus, o Deus do meu louvor e da minha adoração, o Deus a quem eu ofereço orações, não importa o que esteja acontecendo. Os demais prisioneiros, como eu disse, estavam escutando. O carcereiro estava dormindo; eu não sei a que altura ele caiu no sono. Ele deve ter escutado alguma coisa, ou nós veremos daqui a pouco que tudo isso é provável, né? Ele deve ter escutado alguma coisa porque o texto diz que isso foi até meia-noite,
não é? Então, alguma coisa ele deve ter ouvido. E, perto da meia-noite, enquanto Paulo e Silas cantavam e os demais prisioneiros escutavam, lemos aí no verso 26 que veio um grande terremoto. Terremotos eram relativamente comuns naquela região, mas esse em particular foi acompanhado de duas coisas: a abertura das portas da prisão e a soltura das cadeias dos pulsos dos prisioneiros. Então era alguma coisa sobrenatural; não era um terremoto normal, mas alguma coisa extraordinária havia acontecido. Para não falar do timing, né? Mesmo que tivesse sido um fenômeno natural, ele aconteceu exatamente naquele momento, naquele local, e
produziu todos esses efeitos. Sem dúvida, aponta para a intervenção de Deus em resposta à oração. E tudo isso leva à conversão do carcereiro. Está aí, do verso 27 até o verso 34. É bem conhecido o fato de que, na Roma antiga, o carcereiro respondia com a vida pelos prisioneiros. Se os prisioneiros escapassem, ele pagaria com a vida. Nós temos um exemplo disso aqui mesmo no livro de Atos, quando Pedro escapou da prisão. E Herodes, quando procurou Pedro e não o encontrou, viu que Pedro havia escapado da prisão e mandou matar as sentinelas; aquelas 16 sentinelas
que haviam sido colocadas como guarda para Pedro perderam a vida por conta disso. Então, o carcereiro sabia que, uma vez que ele olhou, depois do terremoto, ele acordou e viu as portas abertas. A primeira coisa que vem à cabeça dele é: óbvio, né? Os presos todos escaparam, e eu, que sou prisioneiro, vou ser morto, e vou morrer num circo, jogado na arena para ser comido por leões. Prefiro eu mesmo tirar minha vida, não é? E ele tirou a espada e estava pronto para matar-se, preferindo isso do que uma morte talvez cruel e vergonhosa no circo
romano. Mas a verdade é que Paulo, Silas e os demais não tinham fugido. As portas estavam abertas, eles ficaram soltos, as algemas caíram, mas eles não fugiram. Provavelmente os demais presos não fugiram por conta da influência que todo esse evento teve sobre eles. Eles tinham consciência de que alguma coisa extraordinária estava acontecendo, e eles ficaram ali. E Paulo, então, impede que o carcereiro cometa suicídio. Lemos aí no verso 28 que Paulo gritou para ele: "Não faça nenhum mal para você, porque todos nós estamos aqui". Todos nós estamos aqui. Provavelmente, o carcereiro estava dormindo próximo da
prisão de segurança máxima, e Paulo percebeu o que ele ia fazer. E ele gritou isso para que não se ferisse, porque todos estavam ali, ninguém tinha escapado. O verso 29 nos diz que ele pegou um candeeiro e entrou na prisão. Não é? As prisões eram locais escuros, o sol não chegava lá. Esse é um dos argumentos que o pessoal usa para dizer que era subterrâneo, que era escuro, úmido; as correntes enferrujavam em torno dos pulsos dos prisioneiros. Restos de pestilência estavam lá o tempo todo; era um local terrível para estar. Mas o carcereiro, então, ele
pega um candeeiro e entra para ver o que estava acontecendo. E, de fato, lá estavam Paulo e Silas e os demais que estavam presos no mesmo lugar. Nós lemos aqui que ele se prostrou, tremendo, diante de Paulo e Silas, o que sugere que esse homem entendeu que o que tinha acontecido estava relacionado com aquilo que Paulo estava fazendo, relacionado com a acusação contra Paulo e Silas e com o fato de que eles vinham orando e clamando ao Deus deles. Até ali, muito dificilmente esse homem não teria conhecimento da acusação que havia sido feita contra Paulo
e Silas, que fez com que eles viessem parar sob sua custódia. Então, ele saberia que aqueles homens estavam sendo acusados de pregar a um tal de Jesus, que era um Deus desconhecido ali, e que, através desse Jesus, haveria perdão de pecados. Isso tinha sido, inclusive, profetizado por aquela moça, sabe, aquela moça famosa, pitonisa da cidade, onde todo mundo vai se consultar? Pois ela veio ao encontro de Paulo e, diante de todo mundo, ela disse: "Esses homens são servos do Deus Altíssimo e estão ensinando o caminho da salvação". Com certeza o carcereiro sabia de tudo isso;
ele tinha conhecimento disso. E agora, ao ver o que tinha acontecido, ele não tem mais dúvidas. Não é? Não tem mais dúvidas, ele vendo, inclusive, que Paulo e Silas estão. Ali, ele se prostra, trêmulo, diante, talvez, até de ingratidão, porque não fugiram. Né? Grato porque Paulo e Silas tinham preservado a vida deles. Então, faz aquela pergunta que se tornou uma das perguntas mais conhecidas da Bíblia e está aí no verso 30: “Trazendo-os para fora, disse: ‘Senhores, que devo fazer para que seja salvo?’” Alguns intérpretes dizem que a salvação a que o carcereiro se refere é
a salvação do castigo de Roma. “Como é que eu vou escapar, Senhor? O que é que eu faço para escapar do castigo de Roma?” Mas não faz o menor sentido, porque os presos todos estavam ali. Então, ele não está falando dessa salvação; ele está falando da salvação eterna, da qual ele agora tinha consciência, que o que Paulo e Silas estavam pregando era, de fato, o caminho da verdade. E aí ele faz essa pergunta: “O que eu preciso fazer? Eu entendo que estou perdido. Eu já percebi aqui que estou perdido nos meus pecados, mas o que
eu faço para ser salvo?” A resposta vem de maneira breve, naquilo que se tornou um dos versículos mais conhecidos da Bíblia, depois de João 3:16: “Eles responderam: 'Creia no Senhor Jesus e você será salvo, você e toda sua casa.’” Talvez ele tivesse em mente uma relação de coisas que ele pudesse fazer. “Senhores, o que devo fazer para ser salvo?” Né? Talvez, dentro da mentalidade, claro, daquela época e da mentalidade humana, é natural que ele pensasse que talvez tivesse que fazer alguma coisa: penitência, caridade, fazer algum tipo de coisa para que recebesse o perdão de pecados.
Mas o que ele ouve é essa declaração impressionante que é a mensagem do Evangelho: “Creia no Senhor Jesus e você será salvo.” Somos salvos pela fé em Cristo, sem obras da Lei, não por mérito, por nada que tenhamos ou possamos fazer. Somos salvos pela graça de Deus mediante Jesus. Essa é a pregação simples do evangelho, que vem desde a época do apóstolo Paulo até os dias de hoje. O que eu faço para me salvar? Só tem uma resposta para isso: “Creia no Senhor Jesus e você será salvo.” Será salvo da condenação eterna, será salvo do
juízo de Deus sobre você, da ira vindoura que virá sobre este mundo. Creia no Senhor Jesus e você será justificado, aceito por Deus, adotado por Deus. Você será feito filho de Deus e não haverá mais qualquer condenação contra você. Tudo está dentro disso que Paulo falou ali, nessas poucas palavras, para o carcereiro, de maneira breve, declarando o evangelho de Cristo. E ele diz: “Não só você, mas também todos os da sua casa serão salvos.” Alguns interpretam como sendo uma promessa. Aqui talvez seja necessário fazermos uma explicação. Eu vou começar com o livro de Provérbios, porque
lá temos alguma coisa semelhante. Todo mundo conhece aquela passagem em Provérbios que diz: “Ensina a criança no caminho que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele.” Só que na prática não é bem assim. Nós sabemos de crianças que foram criadas em lar evangélico e tiveram excelente testemunho dos pais, mas quando chegaram a uma determinada altura da vida, tomaram a decisão de que não queriam isso e simplesmente se afastaram, abandonaram e morreram longe do Evangelho. Mesmo que tenham sido criadas. Não adianta você dizer assim: “Não, mas é porque houve alguma falha na
criação.” Pode ter havido, claro que há. Não tem nenhum pai aqui que vai dizer que nunca errou na criação do filho. Mas falou do Evangelho, Deus testemunhou, levou para a igreja, ensinou a Bíblia, orou com ele, por ele, fez devocional com ele, e a criança virou, e virou adulto, tomou a decisão e disse: “Eu não quero. Eu não quero seguir isso aqui, vou embora.” Como é que fica essa passagem do Livro de Provérbios? Então, a resposta é que o livro de Provérbios não está fazendo uma promessa. Ele está dizendo que o Livro de Provérbios é
o registro da observação dos sábios de Israel sobre o que geralmente acontece quando uma pessoa segue os caminhos de Deus. Então, a observação mostra que, geralmente, isso é verdade: uma criança que é educada nos caminhos de Deus vai continuar assim. Há exceções, há exceções. O livro de Deuteronômio diz que a obediência traz a bênção; a desobediência traz o castigo. Se você temer a Deus e obedecer a Deus, você vai prosperar. Se você desobedecer a Deus, você vai ser castigado. Deuteronômio 28 traz lá a relação de castigos para quem desobedece a Deus. Mas em Jó, um
homem temente a Deus, que era obediente em todos os caminhos, perdeu tudo o que tinha. No único dia, perdeu os filhos, perdeu a saúde, perdeu os bens, perdeu a reputação, perdeu tudo; e era um homem justo. E aí, como fica? A resposta é que essa é a regra geral, mas existem exceções. É dessa forma que a gente tem que entender isso aqui que Paulo está dizendo: “Creia no Senhor Jesus e você será salvo e todos os da sua casa.” Quando o chefe de família se converte, o pai de família se converte, ele costuma trazer a
família toda. Os filhos, a esposa acabam vindo. Há exceções, há exceções. Mas era assim que acontecia no antigo Oriente; a religião do pai era a religião da família. Se o pai virasse cristão, a família toda virava cristã, era toda batizada, ia para a igreja e fazia parte da igreja. Era assim que havia naquela época. Hoje em dia, nosso mundo é bem individualista, né? Bem individualista. Esse aspecto coletivo, que é tão importante no Antigo Testamento e no Novo, se perde no meio da cultura ocidental, que enfatiza muito a liberdade do indivíduo. Mas a realidade é essa
que, quando... Um pai de família, como aqui o carcereiro, ele se converte; fica mais fácil trazer a família toda com ele. E era assim que, por isso, casas inteiras eram batizadas no Novo Testamento. Já vimos o caso de Cornélio, né? Conversão de Cornélio, que diz lá que Pedro mandou que toda a casa dele fosse batizada. Vimos o caso de Lídia na pregação da segunda-feira passada, que quando ela se converteu, foi batizada ela e toda a casa dela; e agora, aqui também o caso do carcereiro é feita essa promessa de que ele e toda a sua
família seriam salvos mediante a fé em Cristo Jesus. Bom, depois dessa oração, nós lemos aqui no verso 32 a 33 que o carcereiro lava as feridas de Paulo e Silas, não é? Provavelmente sangrando, então ele lava, aplica ali algum tipo de medicamento, e diz o texto que, em seguida, ele é batizado junto com seus familiares. No final do verso 33, logo a seguir, todos os membros da casa dele foram batizados, né? Talvez até um contraste, ou não sei o que Lucas queria dizer aqui. Mas é interessante, né? A mesma água, quase que estou dizendo, né?
A mesma água que foi usada para lavar as feridas de Paulo e Silas é a mesma água que foi usada para batizar o carcereiro. Obviamente, eu estou pensando como presbiteriano, né? Porque eu não sei onde estava o tanque, onde é que eles foram todos mergulhados ali, mas se foi na mesma noite, né? Se foi na prisão, logo em seguida, você tem que admitir a possibilidade de que pode ter sido por aspersão, não é? Pode ter sido. Então, pelo menos, essa possibilidade fica aberta. A não ser que foram mergulhar no tanque da cidade, né? Que eu
não sei como isso teria sido possível. O rio Ganges era pelo lado de fora, né? Isso aqui aconteceu dentro. Bom, está aí para vocês pensarem. Em seguida, Paulo prega, como nós lemos. O carcereiro lava as feridas, ele é batizado com seus familiares. De onde é que eles vieram? Porque isso aqui parece que é na prisão ainda, não é? Naquela mesma hora da noite, cuidando deles, lavando as feridas dos açoites. Logo a seguir, todos os membros da casa dele foram batizados. Aí veja o verso 34, então, levando-os para sua própria casa. Então, isso aqui aconteceu na
prisão, não foi na casa dele. Agora, os familiares, onde é que entraram nisso? Resposta: provavelmente moravam na casa ao lado da prisão, como uma casa pastoral. Não tem casa pastoral? Então, era a casa do carcereiro, né? Por assim dizer, era onde morava o carcereiro. Quando houve o terremoto, né? Que todo mundo acordou com o terremoto, a família dele corre para a prisão para saber como é que ele estava, como é que estava a situação. Eu sei que essa é a melhor explicação para esse versículo aqui, que vai dizer que aí Paulo pregou para todo mundo,
batizou todo mundo ali, e em seguida, o carcereiro os levou para a sua casa. Então, é a única explicação para a gente entender esses movimentos aqui. O próximo cenário é agora, já na casa do carcereiro, onde nós vemos que ele deu de comer para eles, no verso 34, e a família toda regozijando, feliz, porque tinham crido em Deus. Mas, especificamente, eles tinham crido no Deus que Paulo e Silas pregavam, que era o Deus dos judeus, era o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó, que tinha enviado seu Filho Jesus ao mundo para ser o salvador
daquele que nele crê. A família creu e foi batizada. Mais uma vez, fica a pergunta: se tinham crianças no meio, será que foram batizadas? Não sei. O texto aqui não fala. Nós não vamos usar o texto nem para provar nem desprovar absolutamente nada, porque não é esse o ponto. O ponto é que toda a família se tornou cristã, toda a família se tornou cristã a partir daquele momento. Que coisa maravilhosa, não é? Coisa maravilhosa a graça e a misericórdia de Deus. Mas, agora, vamos para o final, onde Paulo e Silas demandam uma reparação dos magistrados.
Está aí do verso 35 até o verso 39. Parece que, durante a noite, os magistrados pensaram um pouquinho: "Peraí, a gente deve ter se precipitado, não é? Isso aqui não é muito bom." Ou talvez eles ouviram o que aconteceu lá na prisão, de que havia um Deus poderoso por detrás dos prisioneiros. De qualquer forma, qualquer que seja a razão, eles acharam que a melhor coisa para fazer era se livrar de Paulo e Silas o mais rápido possível. Então, chamaram lá os oficiais de justiça e disseram: "Vão lá na prisão e digam ao carcereiro que pode
libertar esses homens para eles irem embora. Vamos tirar esse abacaxi aqui da cidade. Esse pessoal está causando essa confusão toda." E o carcereiro até recebeu a ordem com alegria, né? Ele comunica a Paulo como sendo uma boa notícia: "Olha, vai em paz, né? Vocês agora estão livres, né? Vão em paz, não estão mais prisioneiros." Aí, Paulo disse: "Não, não é assim. Precisa haver uma reparação." Por que Paulo queria uma retratação dos magistrados? Primeiro, porque ele foi humilhado em praça pública. Aqui é o reforço daquela nossa tese de que talvez ele e Silas tenham sido despidos
completamente, expostos, não é? Lembremos que, naquela época, no antigo Oriente, era uma cultura de honra e desonra. Eles estavam mais preocupados com honra e desonra do que com consertar o que estava errado. Então, Paulo e Silas tinham sido desonrados em praça pública e queriam uma reparação. Era necessária uma reparação, não tanto por conta da questão pessoal, mas por conta da religião que estavam pregando, porque qual era a impressão que ficou na cidade de que ele e Silas, junto com a sua equipe, eram... Judeus errantes que saíram por todo lugar pregando uma falsa religião e que
haviam sido desonrados em praça pública. Era preciso reparar isso aí, e a maneira de fazer isso, Paulo manda o recado de volta: "Vocês venham e vocês nos tiram da prisão na presença de todo mundo, para que a nossa inocência fique comprovada." E, além disso, fiquem sabendo que nós somos cidadãos romanos. Então, quando a notícia chega aos magistrados, diz aqui o texto que eles temeram, porque o cidadão romano tinha muitos direitos e, entre eles, o de ter um julgamento antes de ser apenado. Qualquer cidadão romano podia apelar para César, inclusive se ele não ficasse satisfeito com
o resultado do seu julgamento; ele podia apelar para ser julgado pelo próprio imperador. Então, a ideia de que um cidadão romano fosse açoitado sem que ele fosse julgado antes, sem ter tido a oportunidade de defesa, era inconcebível. E os magistrados, quando souberam que os dois eram cidadãos romanos — Paulo tinha cidadania romana herdada do pai dele; Silas, a gente não sabe como, o texto não informa, mas ambos eram cidadãos romanos —, quando os magistrados souberam disso, temeram. Primeiro, porque iam perder a autoridade diante da cidade, já que foram precipitados; segundo, sofrer sanções, porque Paulo e
Silas iriam fazer uma denúncia e eles poderiam perder o cargo e sofrer algumas penalidades, fora a perda da credibilidade deles, que a carreira deles estaria manchada com aquele episódio. Então, quando tomaram conhecimento de que tinham feito isso com cidadãos romanos, eles vieram apressadamente e publicamente libertaram Paulo e Silas da prisão, como que dizendo: "Desculpas, nós cometemos um erro. Vocês estão livres, vocês são cidadãos romanos. Só pedimos uma coisa: por favor, que vocês vão embora da cidade, vão embora da cidade." Isso é o que nós lemos aqui no final do verso 39, relaxando-lhes a prisão. Depois
de pedir desculpas, pediram que se retirassem da cidade; algumas traduções trazem "rogaram". Aqui não é nenhuma ordem, é um pedido para que eles se retirassem da cidade. E, de fato, eles fizeram isso. Lemos aí no verso 40 que, depois que eles saíram da prisão, foram direto para a casa de Lídia e, vendo os irmãos, os animaram. Não é interessante? Eles é que precisariam ser animados pelos irmãos, né? Mas eles animam os irmãos, dizendo: "Irmãos, não fiquem desanimados por conta disso. Nosso sofrimento é pelo evangelho." E o Senhor Jesus disse que a porta é estreita, o
caminho é apertado e que quem quisesse segui-lo tomasse sua cruz e viesse no caminho da renúncia e do sofrimento, e que, através de muitos sofrimentos, nos importa entrar no reino de Deus. Então, não se desanimem por isso. Quem realmente precisava de encorajamento eram os irmãos, os crentes de Filipos, né? Lídia e sua família, o carcereiro, talvez algumas outras mulheres que tinham se convertido lá no rio Gangites, daquele local de reunião, e talvez alguns dos prisioneiros, né, que se converteram com o testemunho de Paulo e Silas. Mas aqui, na casa de Lídia, se reúne a primeira
igreja da Europa. Está falando aqui dos irmãos, seguindo o padrão que já acontecia em outros lugares em que as casas serviam como local de reunião das igrejas. E continua assim enquanto o cristianismo era considerado uma religião ilegal, até que Constantino, no início do século IV, passa o édito de Milão, considerando liberdade religiosa para todas as religiões e facilitando, então, para os cristãos que se tornaram — que se tornou o cristianismo — uma religião legal. Eu quero terminar com algumas aplicações para nós aqui. Irmãos, é tanta coisa, né? Primeiro, aqui nós aprendemos de que maneira Deus
deseja que nós nos comportemos diante do sofrimento injusto e das vicissitudes dessa vida. Como é que a gente deve reagir? E a resposta é essa daqui: pensando no exemplo de Paulo e Silas, sem atribuir a Deus qualquer culpa. Mesmo sabendo que Deus é Senhor, nada acontece sem a vontade dele. Se alguma coisa nos toca, é porque essa é a vontade de Deus para conosco. Então, mesmo que eu saiba que é Deus quem está por detrás de tudo que acontece, ainda assim eu devo crer nele o suficiente para saber que ele não comete injustiça e que
ele tem um propósito, que nem sempre ele revela, mas que eu posso confiar nele, que ele sempre vai buscar o meu bem. Como está escrito que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Então, o que Deus quer de nós é uma atitude de confiança, de louvor, de gratidão, mesmo no meio de todo sofrimento que a gente está passando. Mas, em segundo lugar, o fato de que eu sei que o sofrimento injusto vem permitido da parte de Deus para mim não impede que eu lance mão dos meus direitos, como Paulo efetivamente
fez. Ele estava louvando a Deus, cantando, não é? Mas ele não estava passivamente aceitando o erro. Ele podia fazer alguma coisa e, então, apela para os seus direitos como cidadão, seus direitos civis. Eu penso que esse episódio todo é emblemático e é um referencial para como a igreja deve agir. Se algum dia nossos direitos começarem a ser tirados como cidadãos brasileiros, por um lado nós vamos continuar servindo a Deus, ainda que no tronco, todo lanhado, né, sangrando. Vamos continuar louvando a Deus e, por outro, nós vamos lutar de todos os meios legais possíveis para que
tenhamos liberdade e tudo aquilo que, como cidadãos, nós temos direito garantido pela constituição. E foi o que Paulo fez aqui: ele apelou para a lei. "Está tudo errado aqui e eu exijo que seja feita a forma correta." E eu creio que nós podemos fazer isso. A nossa submissão a Deus não quer dizer abrir mão dos direitos que nós temos como cidadãos brasileiros. Se algum dia essa liberdade vier a ser... Ameaçada! Está correto a gente lutar por isso dentro dos meios legais. Dentro dos meios lícitos, podemos fazer isso e eu penso que isso aqui é um
bom exemplo para nós a respeito disso. A segunda lição que eu queria tirar para nós é que você tem aqui o exemplo do que haveria de acontecer não muito tempo depois em muitos lugares, quando Nero promove a primeira perseguição contra os cristãos. Em meados da década de 60, foi nessa perseguição que Paulo morreu e Pedro também. Centenas e milhares de pessoas foram martirizadas no século I. Aqui, como Paulo e Silas, eles não chegaram a ser mortos, não é? Mas o caminho estava aberto para isso. Milhares de pessoas foram martirizadas no século I pelo Império Romano.
Até o século IV, efetivamente, foram 10 grandes perseguições movidas pelos imperadores contra o cristianismo, onde milhares de pessoas perderam a vida por conta da fé em Cristo Jesus. E desde então, o cristianismo não parou de ser perseguido. Enquanto nós estamos aqui, nessa segunda-feira, reunidos livremente para falar do Evangelho de Cristo Jesus, irmãos nossos em países fechados para o evangelho estão sendo perseguidos, estão presos, estão debaixo de vigilância da polícia, de questionamento, presos para serem questionados e alguns, inclusive, sofrendo pena de morte. O cristianismo é a religião mais perseguida do mundo e continua sendo até o
dia de hoje. Por quê? Porque os donos da escrava estavam certos. A mensagem do cristianismo é revolucionária, ela perturba a paz de cemitério do mundo, ela desperta as consciências, ela mexe nos ídolos das pessoas, ela promove um único Deus e um único caminho de salvação, que é Jesus. Os donos da escrava, nesse ponto, eles estavam corretos quando denunciaram Paulo e Silas diante da autoridade. É claro que eles fizeram isso com outro propósito; torcendo, a intenção era outra, mas a verdade é verdade, não importa na boca de quem esteja. Então, é verdadeiro aquilo que eles falaram:
esses homens estão perturbando a paz. E é isso que o cristianismo faz. E é isso que, no sentido, o cristão faz quando ele prega o evangelho de Cristo. Amém? Que Deus nos ajude, irmãos, quando os dias difíceis chegarem, para que nós permaneçamos fiéis ao Senhor. Amém! Vamos ficar em pé e vamos orar. Vamos ter um tempinho aí para umas duas ou três perguntas antes de nós terminarmos. Em seguida, nós iremos descer; tem um cafezinho ainda lá embaixo, eu espero, né? Vamos orar. Ó Deus querido, obrigado pela Tua palavra, obrigado pela disposição de Paulo e Silas
em sofrerem pelo evangelho. Te agradecemos pelo Teu poder para converter corações e nós oramos que Tu abençoes a igreja brasileira. Ó Deus, que nós não temamos o inimigo, que nós não recebamos, de forma alguma, os que se levantam contra nós, mas que estejamos firmes na fé do evangelho. Usa-nos para Tua glória, para levar Tua palavra a esse país tão querido. Em nome do Senhor Jesus, amém. Queridos, vocês podem sentar. Nós temos ali o Jorge com o microfone, então, se você tem uma pergunta, lá atrás também, se você tem uma dúvida sobre o que foi dito
aqui, você pode levantar a mão que o Jorge ou o Daniel vão até você. Alguma dúvida? É só levantar a mão, vamos dar oportunidade, e às vezes alguma coisa não ficou muito clara, né? Não, então, ficou claro, né? É um texto fácil, né? Conhecido, né? Bem... dificilmente levantaria algumas questões. Lá atrás tem uma moça. Sinal, minha filha? O carcereiro se postou diante dos discípulos e, geralmente, quando isso acontece, Paulo ou outro discípulo fala para não fazer isso, porque eles não são Deus, que deveriam só postrar-se a Deus. Porque quis, não fez isso. Eu acredito que
é porque a prostração do carcereiro não foi uma prostração religiosa. Ele não estava ali ajoelhado diante de Paulo e Silas, ele não estava numa atitude de adoração, numa atitude religiosa, como provavelmente ele fazia com seus deuses, mas era de gratidão, de temor, de medo ou uma combinação dessas coisas, né? Mas não era temor religioso, não era uma adoração religiosa. Você tem razão! Lá em Atos, capítulo 10, quando Paulo chega na casa de Cornélio, Cornélio se ajoelha e diz ao texto para adorar. Não é para ter uma atitude religiosa com Pedro, e Pedro diz: "Não, levanta,
que eu sou homem também". Levanta, que eu sou homem. Então, não creio que a atitude do carcereiro representava uma atitude de religião, ou seja, de adorar Paulo e Silas. Se não, eles teriam repreendido na hora, como os outros fazem aqui, tá bom? Obrigado! Depois, em casa, eu explico mais para você. Reverendo, é sobre a escrava que tinha adivinhação. Eles ganhavam muito dinheiro. Então, ela devia acertar até 50% de chance de acertar ou errar. Então, nesse 50% dava muito dinheiro, era isso? É exatamente! Nós falamos na segunda-feira passada que Satanás não é onisciente. A onisciência é
um atributo incomunicável de Deus. Os atributos comunicáveis são aqueles que Deus passa para Suas criaturas: amor, bondade, generosidade, criatividade, consciência moral, então, o que nós temos e que Deus nos passou, né? Por isso que somos a imagem e semelhança de Deus. Tem alguns atributos que são só de Deus, algumas qualidades que só Deus tem: onisciência, onipotência, onipresença, eternidade. Deus é eterno, nós somos criados, mas Deus nunca foi. Então, essas coisas só Deus é! Satanás é um anjo, um anjo caído. Então, como tal, ele tem alguns dos atributos de Deus, mas não onisciência. Com certeza, ele
não é onipotente, onipresente nem onisciente. Mas ele conhece a raça humana. Ele é mentiroso, é enganador, é de uma raça superior à nossa, porque a carta aos Hebreus diz que os anjos, sendo maiores em força e poder, então define a raça angelical como sendo superior à raça humana. A gente sabe que os anjos têm habilidade para fazer certas... Coisas como Satanás fez para o mal não é. Então, eu imagino que a moça era possuída por um demônio que tinha um conhecimento muito grande da raça humana, né? Os demônios têm esse conhecimento e eram capazes, razoavelmente,
de dizer o que é que ia acontecer. Não creio que acertasse todas, mas acertava bastante para ganhar algum dinheiro. Como hoje também não é? Se você for a uma cartomante ou for a um médium, ou qualquer outra pessoa que pretenda ter o dom da adivinhação, incorporando espíritos dos mortos, não é? Por exemplo, como acontece em algumas religiões, você vai ver que vai ter gente que vai dizer: "Rapaz, aconteceu mesmo!" Elas ficam convencidas por isso. Satanás é o pai da mentira e ele é capaz de enganar as pessoas através desse meio, né? Alguma coisa ela acertava,
acertava. Se não, não dava dinheiro. Certeza, isso é verdade. Mas alguma coisa lá atrás, da oportunidade. Na lei presbiteriana, quando tem uma assembleia, quem está mais atrás fala primeiro. Graça e paz. Meu nome é Tafines e eu estava refletindo aqui sobre o texto lindo. Tudo que Paulo e Silas sofreram, passaram, e assim, eles não abandonaram a fé. Eu queria saber do seu ponto de vista. Hoje em dia, as pessoas deixam a Cristo, renunciam à fé por coisas muito pequenas. E aí eu queria saber o seu ponto de vista, assim: o que você acha disso? É
verdade, tem muita gente que entra na igreja ou que foi criada na igreja e tem uma decepção, né? E simplesmente chega à conclusão de que Deus não existe, e se Deus existe, não se interessa por ele ou pela nossa vida e simplesmente abandona o evangelho. Inclusive, tem casos de ateus famosos que contam que se tornaram ateus porque... eu quero me lembrar agora, não sei que ateu específico é esse. Não sei se foi o Hitchens, que morreu há quatro anos atrás, que era um dos quatro cavaleiros do Apocalipse, dos quatro maiores ateus da nossa época. Se
não me engano, foi Hitchens. Mas ele conta que foi criado na igreja anglicana na Inglaterra e queria muito alguma coisa. Não lembro agora o quê, mas ele subia no telhado da casa dele, passava a noite orando, clamando a Deus, e Deus não respondeu. Então, ele chegou à conclusão de que Deus não existia. E essa é a história de muita gente: sofre alguma decepção, quer alguma coisa que não acontece, espera algum benefício que não ocorre e aí pensa que isso significa ou que Deus não existe, ou que se Ele existe, não ouve orações ou não está
interessado em minha vida. Então, tem muita gente nas igrejas por motivos parecidos. Eles querem receber de Deus alguma coisa: "Quero uma libertação, quero melhorar a saúde, quero a cura de um familiar". E nem sempre Deus responde de maneira positiva. Nem sempre. A verdade é essa: Deus, às vezes, dá um "não" mesmo ou Ele simplesmente nos deixa em silêncio para refletir a respeito de uma série de coisas. Então, quem não estiver firme na fé, quem não estiver seguindo a Deus e o Senhor Jesus pelo motivo correto, é muito tentado a abandonar o cristianismo, a profissão de
fé em Cristo e simplesmente se tornar "não acredito em mais nada". Isso é frequente. Tem um livro escrito pelo Paulo Romero. Ele era da Assembleia de Deus, depois passou para uma igreja pentecostal, está numa igreja independente. Paulo é cientista da religião, amigo pessoal meu. Ele escreveu um livro que foi a tese de doutorado dele, chamado "Decepcionados com a Graça", só que a Graça aqui é a Igreja do RR Soares, a Igreja Mundial da Graça, né? Se não me engano, tem o nome desse jeito. E ele fez um levantamento de campo, fez uma pesquisa de campo
com ex-membros dessa igreja. A grande maioria dos ex-membros disseram que saíram da igreja exatamente porque se decepcionaram, porque venderam que tinham feito campanha, fizeram propósito, investiram, deram dízimo e tudo mais e não receberam recompensa nenhuma financeiramente. Então, ficaram decepcionados com a graça. A tese de doutorado dele foi esse livro, que foi publicado, e vocês podem adquirir. Vocês vão ver. Então, é o tipo de coisa que acontece. Se a pessoa não está seguindo... É o caso de Jó. Satanás apostou que Jó seria um desses, Deus tirou tudo, permitiu que tudo fosse tirado de Jó, e Jó
ficou firme. Então, é assim que a gente deve ser, e pela graça de Deus seremos. Amém.