[Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos] Essa é mais uma reunião clínico-científica do departamento de psiquiatria da Escola Paulista de Medicina Unifesp e do caism a reunião de hoje foi organizada pelo programa de psicoterapia psicanalítica do departamento e já quero agradecer aqui ao Ricardo a Patrícia e a Paula que constam aqui como organizadores da reunião e eu vou deixar para o Ricardo que possa fazer apresentação da nossa convidada de hoje muito obrigado pela presença e vamos lá bom dia a todos e todas é muito bom ver a casa cheia assim né É muito bom vê-los aqui hoje residentes
especializados colegas psiquiatras psicólogos assistentes sociais docentes enfermeiros profissionais do nosso departamento de psiquiatria hoje teremos o primeiro de dois Encontros com a psicanalista e Professora Doutora Izildinha Batista Nogueira eu vou falar um pouquinho sobre o percurso dela né Izildinha durante o mestrado na psicologia da PUC orientada pela Sueli hominick foi fazer um estágio em Paris recém-formada na época em uma escola experimental para crianças e adolescentes que foram afundada por uma última Noni quando teve oportunidade de trabalhar conviver discutir grandes temas e estudar com ilustre filósofo Félix célebre psicanalistas como François Doutor admila zigures com quem
ela participou de atelier de psicanálise é e por uma inusitado ocasião de uma apresentação e um congresso em Paris latino-americano de psicanálise numa mesa cujo tema fora o psicanalista sobre terror A psicanalista François Doutor ao final da fala da recém formanda na época exildinha ela pede a palavra fez-se um silêncio me perdoe não tenho o que falar sua fala sangra sua fala é você a psicanálise lhe deve isso temos que pensar sobre isso há mais de duas décadas isso aconteceu e acho que nós temos hoje que pensar sobre isso aqui penso que essafetuosa receptividade que
receberá lá na França bem como o que pode ali elaborar tem ali proporcionado grande impulso a concluir seu mestrado e realizar seu doutoramento posteriormente sobre orientação de ir aí Carone na psicologia da USP nós aqui do próprio psique programa de psicoterapia psicanalítica da Unifesp resolvemos convidar a professores ildinha também em função de estarmos numa instituição acadêmica de ensino pesquisa e assistência em Saúde Mental que atende o SUS no nosso país no Brasil portanto uma população prioritariamente de negros e mestiços de afrodescendentes temos de aprender pesquisar ensinar como atender em psicoterapia e psiquiatria o paciente negro
mas cientes do pano de fundo histórico da violência relacionada ao racismo um passado escravocrata e a um presente com tal violência e humilhação ainda infelizmente cotidianas temos de estar mais cientes do plano inconsciente seja do ponto de vista intrapsíquico ao sujeitos negros brancos seja do ponto de vista intersubjetivo nas relações que se estabelecem entre terapeutas e pacientes quando a cor da pele apresenta-se na cena clínica quando convidamos de Zildinha para falar aqui para nós propusemos que ela viesse discutir um caso clínico Eis que ela nos surpreende diz assim bom acho que eu poderia ir discutir
um caso Clínico mas talvez fosse mais proveitoso se a gente tivesse pelo menos dois encontros um que eu pudesse falar sobre a meta psicologia do sujeito e um segundo Aí sim que a gente pudesse se debruçar e discutir um caso clínico nós Ficamos muito contentes com essa proposta é e resolvemos então atender né então programamos esse primeiro encontro hoje e um segundo encontro no dia 29 de setembro né é bom eu gostaria muito de agradecer a professora Izildinha ter podido aceitar o nosso convite a vocês que hoje puderam estar aqui conosco né é a toda
a equipe do propsick principalmente a Paula Ramalho a Patrícia gaziri pela elaboração desses dois encontros que teremos agora eu vou passar a fala para esse eu tinha Bom dia a todos eu queria agradecer né a todos as pessoas que me convidaram e organizaram essa fala é muito importante falarmos dessa questão uma questão que a gente nunca pode pensar com afinco né porque tínhamos um parâmetros né com psicanalista minha fala vai muito dentro da psicanálise né mas pensavam sempre o sujeito Branco 150 anos de psicanálise 150 anos pensando o sujeito branco pensarmos o sujeito negro demanda
né também não sei pensar não sejamos brancos ou negros o racismo nos atravessa todos brancos e negros não racismo não está evidentemente estamos diferentes desse lado existem dois lados do racismo pensarmos desta forma é muito recente né ontem o Atílio tava conosco lá no sedes e estamos empenhados em discutir essa questão e eu tenho discutido com todas as escolas né com a sociedade dos canais daqui do Rio Porto Alegre todas as escolas né eu tenho conversado não tenho me poupado a sentar conversar e trazer um pouco daquilo que eu fui pensando no meu trajeto né
como psicanalista Então vou trazer para vocês um pouco na verdade é quase que um resumo do meu Capítulo 4 do meu livro né aonde eu vou trabalhar a meta psicologicamente Essa questão aí depois a gente pode conversar bastante espero Então vamos lá Aliás o preconceito racial espera um pouquinho só que eu acho que eu Aliás o preconceito racial parece aumentar a proporção que os negros deixam de ser escravos e a desigualdade se crava nos costumes a medida que se apaga nas leis abolição do princípio de escravidão não significa necessariamente a libertação dos escravos e a
igualdade distributiva apenas contribui para fazer deles desgraçados destroços destinados a destruição Esta é uma fala que está no livro do Arte ele me bem e a Crítica da Razão Negra ele faz uma citação de alex-toquevi que conclui isso a liberdade como nos diz me baby não nos permite compartilhar direitos Prazeres trabalhos dores e muito menos a morte podemos ser assassinados aos olhos da Lei sem que seja de fato um crime que permanecerá sem reparação possível num acordo cordial perverso a morte dos negros não importa a escravidão vergonha o corpo e a alma o cativeiro o
brutalizou o desonrou desconstruiu sua raça tirou-lhe a noção de pertencimento a uma nação a África se torna uma lembrança distante da qual ele deve esquecer sua religião a língua dos seus pais e sua cultura sua língua não insere nesse mundo desconhecido mas o coloca na categoria de ser mil anos o negro escravizado e a representação da degeneração que moral se torna um ser objeto portanto naturalmente depositário de uma justificada violência que não cabia na fantasia de superioridade da raça Branca a lembrança desse passado sócio-histórico o desabona racialmente e o aprijona no eterno devido escravo de
um corpo negro excluído de um lugar numa cultura que o elegeu como serviu e depositaram de todas as mazelas que justificam sua exclusão Abolição embora ele tenha atribuído a cidadania na realidade não libertou pois não lhe garantir as condições necessárias para o exercício da Cidadania E além disso não obstante Abolição permaneceria por tempo indeterminado o cativeiro psíquico de uma imagem que com o crivo da ciência justificaria uma inumanidade do negro não faltaram estudos e pesquisa específicas que tendo estudado a conformação do cérebro africano pretendiam a testar sua incapacidade mental ciente desse passado sócio-econômico histórico me
propõe a partir da psicanálise pensar esse corpo negro como categoria imaginária e simbólica afinal e enquanto o corpo Imaginário e corpo simbólico que o corpo vai se inscrever na dimensão psíquica questões que desenvolvem no meu trabalho de tese acordo do inconsciente significações do corpo negro para psicanálise o corpo enquanto o tal aí representava impossível de ser capturado numa representação o real do corpo permanece fantasmaticamente ligado às experiências arcaicas e despedaçamento anteriores a frase a fase do espelho o corpo Imaginário corresponde a imagem totalizadora que a conquista na fase do espelho e que lhe advém pelo
reconhecimento do outro é nesta experiência fundadora que se produz nas estruturas de identificação seu corpo Imaginário constitui um todo uma imagem um contínuo de ligações o corpo simbólico corresponde a forma significante Isto é há algo que como parte representa numa relação simbólica aquilo enquanto tal escapa a representação na dimensão simbólica será portanto um pedaço um aspecto do corpo devidamente simbolizado Isto é investido e significação que emerge como marca de uma totalização impossível dimensões imaginárias e simbólicas do corpo negro que do meu ponto de vista produzem vivências psíquicas singulares das quais entendi que produzem para o
negro uma condição subjetiva particular a complexidade da sua vivência do processo do espelho que para o negro produz um processo de identificação com a brancura enquanto justamente aquilo que na imagem especular lhe escapa considerei a pele negra como significante do ponto de vista do corpo simbólico como aquilo que representa a condição de negro para e não menos explorei os sentidos Que tal significantes se associam nas redes simbólicas da formação social explorando as dimensões imaginárias e simbólicas que a experiência de portar um corpo negro produz as vivências psílicas que experimentam os negros franceses do corpo estabelece
uma distinção entre os conceitos de imagem do corpo e de esquema corporal cujo sentido São confundidos o esquema corporal indica a condição de representante da espécie do indivíduo sendo em geral o mesmo para todos o de pertencimento a raça humana a imagem do corpo não se define a partir desse inexorável pertencimento genérico a espécie humana ela é única a cada um singular está ligado ao sujeito a sua história inconsciente e sustentada no narcisismo a imagem do corpo é uma construção imaginária determinada pelo fato de que o espelho psíquico que o aparelho psíquico se estrutura nas
instâncias psíquicas do ID do Ego e do superego tal como propôs Freud para Doutor o mediador das instâncias psíquicas e de ego super ego nessa representações metafóricas expressas por um sujeito é a imagem do corpo nesse sentido em todas as do aparelho psíquico quanto ao esquema corporal desdotou é uma realidade de fatos sendo de certa forma nosso viver carnal no contato com o mundo físico sendo assim as experiências que vivenciamos serão determinadas pelas condições físicas do organismo conforme este Se apresente um estado de integridade ou lesões passageiras ou permanentes de caráter neurológicos fisiológicas dolorosas viscerais
ou circulatórios a simbolização de uma imagem de corpo no enfermo depende da ação pelos pais do problema da criança para que apesar do problema esta possa ser reforçada positivamente em suas possibilidades garantindo a humanização da criança problemas orgânicos precoces mesmo que circunstanciais resulta em perturbações do esquema corporal mas por falta ou interrupção das relações do que Doutor denominou da imagem falante do corpo pode resultar em modificações passageiras ou permanentes da imagem do corpo não é incomum a coexistência de um esquema corporal enfermo e uma imagem sendo o corpo ou um corpo saudável como uma imagem
doente Quando a mãe é incapaz de falar para criança de sua diferença enquanto a criança no decorrer de seu desenvolvimento vai se dando conta das Diferenças reais entre seu corpo e das outras crianças haverá dificuldade para que a criança passe pelas várias etapas do desenvolvimento as mães negras se Calam acerca do corpo negro resultados de uma sociedade que se cala acerca do racismo produzindo para o negro um processo de negação da diferença fenotípica em relação ao branco como forma de evitar a dor da exclusão e do apagamento que acontece justamente pela cor que porta o
seu corpo negro a imagem do corpo é a cada instante para o ser humano a representação imanente inconsciente em que se origina seu desejo a partir de Freud Doutor pensa que as funções que visam a realização de desejo são de vida e de morte as funções de vida estão invariavelmente ligadas a uma representação ao contrário da pulsão de morte que escapam a representação a porção de morte não representa o desejo de morrer mas se caracteriza pelo desinvestimento erótico nas relações com o outro tal como se pode perceber em Estados de repouso de sono profundo de
ausência e de coma sendo assim a relação da criança com seus progenitores é de grande importância para que a porção de vida na criança se sobrepõe a poção de morte Isto é para que seu investimento erótico e Auto erótico aconteça nas relações com o outro ao invés de investimento e consequente uma cisão consigo mesmo que não permitiria a criança a elaboração de sua imagem do corpo que se constrói na história do sujeito até que ponto na medida em que o negro é atravessado pelas representações depreciativas em relação ao corpo negro é possível para ele a
construção de uma imagem de corpo em que a condição genérica esteja preservada penso que até mesmo o que por herança nos daria um sentimento de humanidade e pertencimento fica abalado quando muitos negros rejeitam sua conformação física e se tornam desejantes e características físicas que nos aproximes do branco e os humanismo não é incomum os negros que lançam mão de cirurgias plásticas numa tentativa de vida flagelo corporal modificar suas características físicas não raro as mães negras através de mé deploráveis tento modificar as características físicas e seus bebês para que não cresçam com os seus narizes chatos
ou nádegas volumosas que sujeito desejante ao negro que vê no seu equipamento para a satisfação de desejo o corpo desde já um entrave a sua cor um corpo que é A negação daquilo que deseja Pois seu ideal de sujeito sua identificação é o inatingível o corpo branco há uma dissonância aí entre esquema corporal e imagem do corpo que se expressa quando Negro idealiza para si uma imagem de corpo que não corresponde ao seu esquema corporal quando é este que Teoricamente daria o negro o sentimento de universalidade de pertencer a espécie humana para os brancos os
sentimentos de universalidade está posto porque se reconhecem o nosso para o negro não há esse sentimento porque não é semelhante nessa visão que humaniza e o universaliza o branco e segrega o negro seu esquema corporal é retalhado pela cor da pele pelos tipos de cabelo etc e essa diferença Não é aplacada pelos pais mesmo quando trabalham uma imagem de corpo mais saudável porque seus corpos também estão atravessados pelo mesmo estigma enquanto faço as do trabalha a imagem inconsciente do corpo diferenciando a imagem do corpo esquema corporal sabia ali trabalha que é um psicanalista também trabalha
a questão do corpo a partir da dialética entre o real e o Imaginário fique e soma para entender a unidade psicossomática constitutiva do homem a partir do referencial psicanalítico para Samia ler na Constituição da imagem do corpo o rosto e o sexo sexo se destacam como pontos relevantes o rosto é o lugar onde se afirma a dupla identidade sexual e simbólica do sujeito mas o rosto só pode ser percebido no plano da visão por um outro ou pelo próprio sujeito através do espelho para o sujeito só é possível ter acesso direto ao rosto pelo tato
e não pelo olhar o rosto é o invisível onde se revela o visível é fato que o sujeito tem para si um rosto que transcende a série de manifestações que possa ele mas não se trata da simples possibilidade de um ser que supera o parecer trata-se antes de uma ambiguidade radical que é o se apropriar de um rosto que esboça e passa a ter existência e que a partir do ponto de vista dos outros Samia ali recorre ao mito de Narciso para explicar essa ambiguidade radical no mito de Narciso o conhecimento de si é sinônimo
de morte o que segundo semeia ali mostra ambiguidade desse conhecimento o mito cidades em torno do rosto que representa o corpo e sua totalidade quando o Narciso vê o reflexo do seu rosto na água na medida em que a imagem que ele reconhece é de um outro Narciso sem se dar conta deseja a si mesmo o que ele vê ele não sabe mas o que vê o consome o mesmo erro que engana seus olhos e citam a exatidão do reflexo da imagem do Narciso Fascino impedindo-lhe um distanciamento mantém a ilusão destruindo-a ao mesmo tempo quanto
mais ele tenta se aproximar mais se afasta do objeto Narciso não se engana por muito tempo mas essa criança sou eu Narciso se reconhece como um outro que é ele mesmo e essa alteridade pela qual se mede o fato de que ele é estranho assim mesmo em vez de libertá-lo do Fascínio do objeto vai ligá-lo a ele até a morte Narciso morre diante de sua imagem a qual Aliás não cessará de contemplar sua permanência no inferno nas águas distingem deixando um corpo que se transforma em uma flor cor de açafrão cujo o centro Está rodeado
de brancas pétalas se a minha Lia aponta aqui se atentarmos ao mito de Narciso tal como se expressa no poema de Ovídio pode se reconhecer Além Do Narciso formal que coloca o sujeito em confronto com sua imagem o narcisismo material que Funda a identidade do sujeito e do objeto Narciso é a fonte que o separa a si mesmo e sua imagem fazem parte do engano das origens o espelho é um rosto e o rosto é um espelho o rosto no início é um dado constitutivo do mundo externo uma forma significativa mas surpreende por um vazio
ao nível da imagem do corpo sem que haja uma perda da identidade pessoal nesse vazio da não constituição o sujeito é aquele que não tem rosto isso significa o reconhecimento do estrangeiro em si mesmo ser sem rosto e possuir um rosto que se perde em seguida são duas maneiras de expressar uma intuição fundamental do ser a partir dos três meses quando se instala a visão binocular a criança passa a ter a visão do rosto da mãe sendo a mãe objeto de identificação primária o rosto da mãe coincide com o campo visual imediato dificultando discernimento entre
a experiência de ver e há de ser visto entre visão e órgão da visão trata-se de um processo inicialmente caótico onde não há diferenciação de sujeito e objeto inicialmente a criança percebe o rosto do outro o da mãe como sendo seu próprio rosto o que corrobora as observações as observações que atribuem a criança o rosto visível a partir do Olhar do outro no primeiro tempo do processo de reconhecimento sujeito do sujeito ele não tem um rosto num segundo ele tem o rosto do outro no terceiro ele percebe o rosto como sendo o outro neste terceiro
momento não se trata para criança de uma percepção do outro em si ou do outro em relação a ela mesmo mas do outro que se diferencia em relação a outros assim a mãe e o pai da Perspectiva da criança são percebidos como estranhos entre si esta percepção da criança de que existem outros rostos diferentes da sua mãe significa para ela pressentir a possibilidade dela mesmo ser um rosto diferente da mãe angústia do oitavo mês se dá no momento em que a identificação do rosto dá lugar a uma projeção e nesse momento se estabelece simultaneamente a
diferença e a distância entre relação a um outro selfie daí decorre a profunda identidade entre o familiar e estranho revelada por um sentimento de inquitude sempre que se opera objetivação incerta do rosto do outro que foi de início o rosto do sujeito é nesse processo que o sujeito Se descobre como duplo pois a imagem de si garantida num primeiro momento pela identificação com o rosto da mãe se vê afetada pela dimensão de alteridade que produz para o sujeito uma perda de si mesmo no estranho é esse processo que se a minha ali chama de angústia
de despersonalização a partir desse processo a criança passa a reconhecer no rosto da mãe um outro com o qual ela anteriormente se identificou o que produz um sentimento estranho e inquietante em que a criança percebe a distância entre si mesma e o outro Mãe sou e não sou o rosto do outro o estranho que é o outro em relação ao outro Isto é o próprio sujeito ao projetar seus impulsos a criança disporá das noções de estranho e ruim de familiar e bom aqui Bom e ruim se relacionam a elaboração da Criança em relação à presença
e ausência da figura materna representando uma clivagem do sujeito e do objeto para família ali é sobre esse fundo que se dá para criança a experiência do espelho se de um lado ela dá acesso para o sujeito a identidade enquanto o rosto essa uma vez atravessada pela dimensão da al produz uma vivência ambivalente o sentimento de possuir um rosto enquanto um dentro e ao mesmo tempo não possuí-lo enquanto um fora a experiência de espelho segundo ali coloca desde o início sujeito em contraposição com o outro com outro que ainda não é o próprio sujeito essa
experiência portanto se caracteriza por um processo de desneidentificação do rosto da mãe para um processo de identificação com o rosto do próprio sujeito se a minha li lança a mão de um conceito de Lacan a Assunção para explicar que a criança da fase do espelho depende da mãe para se alimentar em processo de desenvolvimento de suas funções motoras está longe de colocar em Ação todo o processo dialético da identificação com o outro no entanto dá-se aí deslanchar de um longo processo de projeção que tem como objetivo formar sua diferença o rosto do outro com o
qual a criança se identifica de início a assunçãos obrigatória adquire então uma Tríplice significação é a culminância da Separação primordial entre o dentro e o fora e a separação do estranho inquietante primitivamente ligado à percepção do duplo e é a confirmação do primado absoluto dessa mesma percepção por ser a experiência do espelho derivada do duplo e não ao contrário por mais eventual Que ela possa ser não deixa de ser uma experiência onde a criança vivencia a perda da sua subjetividade enquanto o rosto Isto é a perda do rosto que ela imagina ter as proposições teóricas
de Alice ali me permitiram perceber uma nova luz nas discussões em torno da condição subjetiva do negro o modo como negro pensado pode ser exemplificado pelo comentário de Jurandir foi ele Costa quando afirma que ser negro é ser violentado de forma constante e Cruel sem pausa ou repouso por uma dupla injunção a de encarnar o corpo e os ideais de ego do sujeito branco e a de recusar negar e anular a presença do corpo negro para Jurandir é a violência racista que como um peso insuportável se impõe ao negro através de uma Norma psico sócio
somática criada e imposta por uma classe dominante Branca a violência racista se baseia na destruição da identidade do negro a medida que o negro se depara com o esfacelamento de sua identidade Negra ele se vê obrigado a internalizar o ideal de ego Branco a identidade do sujeito depende grande parte do corpo ou imagem corporal eroticamente investida Isto é a identidade depende da relação que o sujeito cria com o próprio corpo Jurandir conclui que a partir do momento em que o negro toma consciência do racismo seu psiquismo é marcado com o selo da perseguição pelo corpo
próprio e em função dessa consciência que o sujeito passa a controlar observar e vigiar o corpo que se opõe a construção da identidade branca que foi obrigada a desejar e é aí que o sofrimento pela consciência da diferença do seu corpo em relação ao corpo branco faz energia A negação e o ódio ao seu próprio corpo negro eu no entanto penso que essa condição é mais que uma injunção injunção com uma firma Freire a meu ver trata-se de algo que ultrapassa os limites do Imposto mas que se caracteriza como o que propõe chamar de sobreposto
negaria anular o próprio corpo não torna o sujeito outro visto que só existimos com o sujeito em relação ao outro alteridade portanto ser sujeito é ser o outro e ser o outro é não ser o próprio sujeito no caso do negro o que somos nós os negros os ser negro corresponde a uma categoria incluída num código social que se expressa dentro de um campo etno semântico onde significante cor negra inserir encerra vários significados o signo negro remete não só a posições inferiores mas também a características biológicas supostamente a quem do valor das propriedades biológicas atribuída
aos brancos não se trata está claro e significados explicitamente assumidos mas de sentidos presentes restos de um processo histórico ideológico que persistem numa zona de associações possíveis e que podem a qualquer momento emergir de forma explícita só que substitui o sujeito e olhar do outro como fica o negro que se confronta com o olhar do outro que mostra reconhecer nele o significado que a pele negra traz enquanto significante resta o negro para além de seus Fantasmas inerense ao ser humano o desejo de recusar esse significante que representa o significado que ele tenta negar negando-se dessa
forma a si mesmo pela negação do próprio corpo todo esse processo pelo qual vídeo Negro corresponde antes a uma sobreposição pois o encontro com racismo enquanto experiência consciente vem se sobrepor a um real de recusa do corpo negro que corresponde a uma lembrança arcaica ao contrário do que afirma Freire não há para o negro um momento mítico original anterior ao encontro com a dimensão social mais Ampla na qual racismo se manifesta para o sujeito negro esse encontro se sobrepõe a lembrança arca de encontro anterior a partir do qual suas estruturas narcíficas imaginárias se determinam como
afirma Jerusalém a criança existe psicamente na mãe muito antes de nascer e ainda mais muito antes e ser gerada o bebê negro está claro não é menos desejado que o bebê branco para sua mãe que inconscientemente deseja o filho mas a criança do projeto e do desejo da mãe negra certamente não está representada no pequeno corpo negro que o olhar materno inconscientemente tente tende a negar a mãe negra desejo o bebê branco como deseja para si a brancura isto se explica porque o eixo central do processo que constitui o sujeito não está na satisfação nem
na frustração das necessidades para o sujeito humano não há nenhum mecanismo genético que possa garantir esse processo a operação que o define se situa ao contrário em outro significante as falas fundadoras que envolvem sujeitos é tudo aquilo que constitui seus pais seus vizinhos toda a estrutura da comunidade que constituiu não somente como símbolo mas no seu ser são leis de nomenclaturas que determinam ao menos até um certo ponto e canalizam as alianças a partir das quais os seres humanos copulam entre si e acabam por criar não só outros símbolos mas também seres reais que ao
chegarem ao mundo logo possuem essa pequena etiqueta que é o seu nome símbolo essencial do que ele está reservado Isso significa que todo ato da mãe para com a criança é parte de um discurso que se expressa em todos os movimentos e atitudes do outro com quem a criança se identifica e no qual se manifesta o desejo materno sendo que esse desejo se articula no que falta a mãe o falo esse fica sendo orientador dessas identificações que utilizam imaginar como significante partindo das proposições lacranianas entendo falo como que representa o poder a Plenitude a felicidade
ao transpor essas proposições para a situação da mãe negra cuja falta se expressa enquanto o desejo de ser branca portanto do desejo desse poder que ela não detém que ele falta vemos que a criança negra sofreria na relação original sua primeira varia pois o que a constitui como sujeito nesse momento original o desejo da mãe já estarei impregnado de um significado que é negado no discurso da própria mãe assim não dispondo de qualquer possibilidade de disfarce da diferença que o constitui o negro passa por um processo de identificatório forjado no desejo do que seria ser
Branco projeta Portanto o branco que nunca será por condição biológica o negro sofre do Medo permanente da perda da sua imagem tal qual ele a mantém em sua representação imaginária a de branco mantida por um ideal de brancura intro que o olhar do outro reflete para o sujeito negro e a imagem que o negro tem seu próprio corpo negro a Na verdade uma coincidência o que o olhar do outro lhe mostra desse desse modo é o que no seu desejo o sujeito negro recusa o fato de que ele é a Encarnação do significado negro na
medida em que ele traz no corpo significante negro a experiência do espelho para criança negra se dará de modo muito singular como para qualquer e na experiência que lá com denominou o estádio do espelho que produz a experiência de domínio do corpo como uma totalidade Em substituição aquilo que anteriormente era vivenciado em pedaços mas a particularidade que a experiência do espelho na criança negra envolve diz respeito ao fato de que o fascínio que essa experiência produz é acompanhado simultaneamente por uma repulsa a imagem que o espelho virtualmente oferece nesse movimento as funções vibratória que falava
Lacan é necessariamente acompanhada de um processo suplementar que envolve a negação imaginária do semblante que a imagem especular oferece pois a criança negra reluta em aderir a essa imagem desse mesmo que não corresponde a imagem do desejo da mãe ao tornar-se pela imagem que aquela imagem é ela mas não reconhecendo ali a imagem do desejo da mãe a criança se vê desde então inconscientemente mobilizada a procurar nessa imagem o que reconcilia com desejo materno nesse movimento produz-se um mecanismo complexo de identificação não identificação que reproduz para a criança negra as experiências do adulto negro o
fato de sua identificação imaginária ser atravessada pelo ideal da brancura para se reconciliar com a imagem do desejo materno a brancura a criança negra precisa negar alguma coisa de si mesmo porque o que lacrans chamou de identificação primordial com uma imagem ideal de si mesmo na experiência da criança negra ocorre de forma conturbada porque a imagem que o espelho lhe dá exige para ser introjetada uma operação suplementar é preciso projetar nessa imagem o ideal de brancura para afastar dela o componente rejeição que a pele negra envolve no desejo materno a criança negra desenvolve uma relação
persecutória com o corpo negro para semear ali no processo de despersonalização o sujeito vivencia uma alternância entre perder e recuperar a sensação de ter um corpo o que acarreta uma angústia se refere ao medo de perder a forma humana na possibilidade de uma Possessão que o faria se transformar em um animal ou algo inominável daí resultam imenso pavor da loucura estado permanente de angústia de despersonalização desencadeia-se então para o sujeito uma ânsia desesperada por estarem em relação em relações transferencialmente positivas é o caso de se perguntar se tá o processo de personalização não é algo
que o negro guardadas as devidas proporções vivencia de uma forma crônica e que estranhamente não leva as suas últimas consequências Ou seja a loucura lembremos que é um processo inconsciente que essa Gene se dará como resultante de um duplo processo de identificatório projetivo ser o sujeito sendo concomitante concomitantemente o outro ser o outro não sendo o próprio sujeito evidentemente no confuso processo Porque passam os negros ser sujeito no outro significa não ser o real do seu próprio corpo que deve ser negado para que se possa ser o outro mas esta imagem de si forjada na
relação com o outro e no ideal de brancura não só não guarda nenhuma semelhança com o real do seu corpo próprio Mas é por este negada estabelecente sair uma confusão entre o real e o Imaginário o sujeito assim fragilizado civis posto a uma situação em que nada separa o real do Imaginário as fantasias estão concomitantemente dentro e fora na despersonalização Por conseguinte o sujeito trata Suas Fantasias como objetos reais e trata os objetos reais como fantasias duas particularidades que remetem por ocasião da formação da imagem do corpo aos inícios impressos da Separação midiatizada por uma
projeção primordial do dentro e do fora o sujeito vive no mundo o sujeito vive o mundo no corpo e o corpo no mundo despersonalização estranha inquietante são as duas faces de um mesmo e único processo de realizante estranho inquietante inquetante porque é ao mesmo tempo simultaneamente estranho e familiar Esse é o conceito freudiano de das Honrar um jogo dialético complexo onde o familiar o inquietante se localizam no mesmo e o único objeto o estranho que se dá ao nível do espaço sensorial espaço esse organizado pela visão que dependendo das modificações que esse espaço possa vir
a sofrer pode tornar o objeto familiar estranhamente inquietante o sentimento de estranho inquietante é um confuso retorno a uma organização espacial onde tudo se reduz ao dentro e ao fora e onde o dentro é também o fora penso que esse movimento do estranho inquietante pode bem caracterizar o tipo de experiência que marca a relação do negro com o dia a dia no meio social impossível para o negro não se perturbar com as ameaças aterradoras que lhe chegam via racismo dentro desse universo de terror mesmo que o negro Acredite conscientemente que traz ameaças racistas não se
cumpriram o pavor não desaparece porque ele traz no corpo o significado que incita e justifica para o outro a violência racista é justamente porque o racismo não se formula explicitamente mas antes sobreviver não deveria interminável enquanto uma possibilidade virtual que o terror de possíveis ataques de qualquer natureza desde física a psíquica Por parte dos brancos cria para o negro uma angústia que se fixa na realidade exterior e se impõe Inexoravelmente quando o processo de despressurização de que nos falasse a mim ali é levadas as últimas consequências o indivíduo sofre a perda da condição de sujeito
e é uma quebra no processo de simbolização é uma quebra no processo simbolização ocorre a perda do simbólico que implica na impossibilidade de elaboração de qualquer situação do seu cotidiano tal forma extrema pode levar ao processo de especialização depende está claro da Constituição psíquica estrutural do sujeito que o torna mais ou menos vulnerável a possibilidade de uma cisão psíquica essas considerações se aplicam idênticamente ao conceito de vergonha que pode levar ao ódio de si proposto por radiominas e gohas que pode funcionar tanto como uma etapa intermediária antes da possibilidade da instauração propriamente dita do processo
de especialização Como pode funcionar como um processo pontual eventualmente experimentado pelo sujeito em função das experiências vividas a vergonha de si desligou isso não habita o recém-nascido esse sentimento começa a existir a partir da percepção do que ela denomina o julgamento moral do outro e produz como consequência para o sujeito de angústia vigorris estabelece uma correlação entre o sentimento de vergonha de si e a experiência original da angústia a angústia nasce do medo de perder o objeto amado ou de sua espera devastadora a vergonha é uma decadência social ainda que o social seja reduzido a
sua mais simples expressão um olhar que julga esse olhar pode ser o da própria mãe desde os tempos primordiais de uma parente dele mas que não lhe pertence esse olhar que julga já é a Instância Qual a mãe se submeteu e que a criança percebe como estrangeira ao território de ambas zigorriza aponta aí a origem da primeira experiência do sentimento de exclusão da primeira sensação de derrota do bem para si em proveito do bem para o outro para zigorrice não importa qual tenha sido a causa nem qual o objeto de vergonha de si nem se
trata de vergonha por um outro sempre será vivido como uma vergonha de si mesmo toda situação onde a vergonha se faz presente é uma situação de violência real ou simbólica violência feita ao psiquismo e em consequência da impossibilidade de uma resposta eficiente ao próprio corpo é nesse sentido que a vergonha de se já tá terminando gente é nesse sentido que na vergonha de se há um aspecto funcional que lhe dá fundamento corporal assim a vergonha de se aparece como um desastre visceral que não pode ser esquecido que demanda o tempo todo um agir que não
pode acontecer levando o sujeito a uma sensação de impotência ela desencadeia a angústia e se apodera do corpo provocando o rubor o suor e o desejo de desaparecer é impossível esquecê-la porque ela está inscrita no sujeito não só como uma representação uma lembrança de dor mas como uma experiência traumática inscrita no próprio corpo mas quando essa situação desencadeia para o sujeito a vergonha de si é impossível a reação da pulsão agressiva uma vez que o sujeito nesse caso se vê numa situação de impotência e a pulsão agressiva ao invés de externalizar em direção ao outro
encontra como saída o próprio corpo do sujeito o sujeito é assim duplamente atingido e seu objeto de amor do qual sempre é apenas parcialmente separado e sua capacidade de resposta sofrendo desse modo a violência da pressão da pulsão contra si próprio seu corpo sua face seu nome no projeto de vergonha no processo de vergonha de se a denominação é a figura por Excelência pois comumente a denominação marcada pelo sentido da vergonha como ocorre nos casos exemplares do Insulto ou da injúria ocupa no discurso que produz a ofensa o lugar do nome próprio do sujeito dessa
forma a denominação proferida pelo outro reduz o sujeito a não ser mais nada resultando para ele na perda simultânea do nome próprio e da identidade quando o negro é designado por exemplo como macaco a vergonha invade o negro ensaia uma resposta mas o impacto da situação paralisa a fantasia no entanto é de poder dar uma resposta à altura e se vingar do agente dessa situação de Humilhação a designação macaco vem ocupar o lugar de seu nome próprio pois toda denominação ocupa lugar do nome próprio do sujeito nesses momentos aquilo que o sujeito encontra no olhar
do outro a reprovação assume o significado particular expresso na denominação e mostra o quanto aquela marca a cor negra que o sujeito negro porta imaginariamente crer poder esconder neutralizar está sempre lá nesses momentos o sujeito negro se dá conta de que o lugar social que porventura veio a ocupar condição Econômica elevada presídio social etc não põe a salvo do estigma que faz da cor negra uma mancha um defeito não conseguindo se ver incluído o negro acaba por ser excluir como única alternativa para eliminar aquilo que é impossível de ser eliminado somente os processos autodestrutivos podem
significar para ele a eliminação daquilo que exclui seu próprio corpo sua própria condição de sujeito a alienação resultados um longo período histórico de subordinação e humilhação faz com que os negros padeçam de um terrível sentido de inferioridade que chega até mesmo ao ódio em relação a sua condição de pessoa negra não Imaginário social produzido pela sociedade Branca escravocrata o negro funcionou como significante catalisador dos fantasmas e perversidades dessa mesma sociedade que exteriorizando esses núcleos internos que é terrorizam construiu representações e que traz horrores são presentificados no corpo negro é assim que a representação da sexualidade
do negro para tal Imaginário coloca o na dimensão da violência Selvagem o estupro por exemplo ou na dimensão do gozo invejado na figura de uma extraordinária potência sexual do homem negro ou da sensualidade exacerbada da mulher negra a essas imagens sociais obviamente o negro não está imune e seu efeito é confundir e perturbar o sujeito que na sua tentativa desesperada de não ser apresentificação do mal adere de forma fantasmática os valores brancos pela negação de sua características étnicas que chega no limite como vimos A negação de seu próprio corpo bom tudo isso que eu li
para vocês espero não ter cansado vocês excessivamente mas só para mostrar um pouquinho do que eu penso como vou organizando esse pensamento quando eu pensei em fazer esse trabalho foi a partir de uma experiência real quando eu morava na França um grande amigo meu estava na Bélgica dando aula na universidade na Bélgica ou cabinho ele munanga que é um grande antropólogo e nós no finais de semanas e às vezes eu ia para lá para ficar com ele a mulher porque Ficava muito sozinha às vezes na França e eles tinham um casal de amigos de brancos
um casal de brancos que adotaram uma criança africana Negra e um belo dia essa criança ia bem com todos os brancos com os negros ela não reconheci era um bebê um belo dia um belo final de semana nós estávamos lá e tinha outros amigos brancos e amigos negros e por acaso a mãe estava com ela no colo e passa com ela na frente do espelho e ela desmaia a criança desmaiou quando ela se viu no espelho né Eu disse não é preciso pensar essa questão né essa criança e a mãe foram para um processo terapêutico
né Nem ludoterapia já com oito meses para ela não se aceitava todas as vezes que a mãe ela tinha horror a chegar perto daquele local onde tinha espelho todas as vezes que a mãe insistia está próximo daquele lugar elas tremia né ficava com a boquinha tremendo chorava né ou desmaiava literalmente foi um horror aquele dia ficamos todos preocupados foi quando eu pensei não é preciso pensarmos essa questão de um outro lugar porque é muito grave né somos todos racistas brancos e negros a diferença é como somos atravessados pelo racismo temos que pensar essa questão não
dá mais para não pensar os pacientes negros trazem certas configurações sub diferente dos pacientes brancos como trabalhar como ler né eu me lembro de uma experiência amarga isso foi pouco antes de morar na França fiquei lá quatro anos depois fiquei indo e vindo para fazer a formação eu fui para o meu primeiro primeira experiência no de fazer uma análise com analista Branco era um homem e a gente fez bons três meses lá pelo terceiro mês ele me disse quando eu falava das minhas dores em relação e como eu me sentia em relação ao racismo lá
pelo terceiro mês ele me disse olha eu gostaria muito que você fosse visitar um psiquiatra porque você tem sentimentos perceptórios eu falei nossa não é aqui que eu vou ser ouvida né E quando eu cheguei na França incrivelmente a primeira primeiro contato meu né psicanalistas e toda a gente deve psicanálise que por sorte eu tive como dizia o meu amigo também dele você caiu na Sopa certa né eles me já me disseram logo de cara vamos falar da sua negritude vamos conversar sobre isso né tinha um corpo tinha um sentido né e eu fiquei pensando
que sorte a minha né porque se eu tivesse ficado aqui eu jamais teria conseguido fazer esse trabalho ou começaram um processo analítico que fosse de um outro lugar né então eu acho que tive sorte em relação a muito dos meus né de ter tido esta oportunidade eu gostaria agora de conversar com vocês que vocês me perguntassem ou falassem né mas o pouco do que eu trouxe para você para vocês agora né o que eu penso e o que eu entendi essa luta já tem mais de 25 anos portanto pensando essa questão e é interessante só
agora essa questão aparece de uma forma em relação a mim como profissional de uma forma tão demandada né Depois da publicação do livro quando eu escrevi minha te se tanto a banca que era o cabeleireiro pessoas muito interessantes como minha própria orientadora me disse essa tese você publicada hoje e aí eu fui né a uma primeira Editora levei Minha tese e a resposta foi esse assunto não nos interessa a partir daquele momento eu disse não quero mais e a editora nenhuma a tese circulou mais do que circula o livro Talvez né e 23 anos depois
aí eu tive mais de cinco editoras querendo publicar meu livro né então nesta luta é muito importante não perder a calma não é amanhã que o racismo sairá o racismo está no tecido social ele está na língua né vez por outra eu até me pego falando uma coisa racista aí eu falei nossa como eu posso falar isso né quer dizer então a gente precisa se observar a gente precisa se pensar cada um de nós brancos Unidos de que maneira nós mantemos e reproduzirmos essa o racismo né o racismo Tem uma função muito clara né de
nos Separar de nos colocar em lados opostos não somos todos seres humanos a gente sofre é atravessado por várias questões nessa luta até pela identidadeismo é uma etapa da luta né Ela é necessária para que a gente se reconheça no lugar e da nossa Cultura né é a melhor coisa do mundo não porque a identitarismo também serve para separar né os grupos sejam eles de negros de gays ou seja de mulheres feministas se supondo né e lutando pela sua causa própria né fazendo esquecer que humano é humano ser cor-de-rosa azul verde feminista gay o hétero
orientado não importa né seres humanos são seres humanos e todos nós merecemos o respeito meus heróis meus grandes heróis né martelo Luther King na Luta pelos Direitos Humanos ele dizia essa luta está fundada na no direito do humano não no direito do negro por isso que a gente vê né lá naquele tempo já tinha TV aquela coisa toda na marcha para o Washington foi quando ele tem a Vitória dos direitos civis a gente vê brancos e negros caminhando né porque ele dizia se eu lutar pelos negros ou fizer uma proposta a partir da minha Negritude
ou dos negros isso não será pensado na categoria de humanos então todos temos direitos brancos e negros é a luta é essa né assim também pensou Mandela outro Meu Grande Herói espero não ter cansado vocês e que a gente possa dialogar sobre essas questões [Aplausos] Muito Obrigada pela receptividade por me ouvir Obrigado Zildinha pelo que você nos traz e nos faz pensar né acho realmente uma colocação acho que dá no nível de quem não tem tanta familiaridade não só com a questão do racismo como com a questão da própria psicanálise assim a vontade que a
gente tenha de pegar o seu texto e poder ter mais tempo de poder digerir um pouco tudo isso que você tudo isso que você falou né Eu talvez fosse colocar para você uma uma primeira uma primeira pergunta partindo do pressuposto que você tem uma experiência clínica de atendimento como psicanalista sendo docente do sérios Eu imagino que é possivelmente muitas das pessoas que de alguma maneira são ali atendidas São pessoas que têm uma situação socioeconômica diferente por exemplo daquela que a gente vê no consultório aonde é o parto do Pre que você também possa ter uma
prática e quando você falou da questão do quanto essa essa questão da cor da pele da negritude acaba moldando impactando de uma certa forma o desenvolvimento psíquico de uma criança eu queria te perguntar se você vê diferença quando essa criança é de negra é de um extrato socioeconômico mas desprivilegiado comparado por exemplo com aquelas crianças que já de alguma forma nos dias atuais possam pertencer A famílias negras com uma boa condição socioeconômica porque eu vejo que essa questão da discriminação do estigma tá muito ligado também a uma questão social né talvez não é por acaso
que o continente Africano além de ser a grande casa da negritude é um continente mais pobre de todos os que a gente tem no mundo então eu queria que você comentasse um pouco essas relações entre isso e a situação socioeconômica escolar e cultural dessas famílias e vou abrir a palavra em seguida esse sofrimento independe no para o negro da condição socioeconômica dele né Eu acho que os movimentos o movimento negro de uma certa forma foi maravilhoso para nós os negros porque trouxe essa discussão fala de um lugar político né e de políticas que não são
feitas para nós etc e tal então a gente deve muito ao movimento negro nesse sentido independe da condição Econômica porque na verdade é todo um processo inconsciente da Auto rejeição né E quando nós temos uma condição melhor digamos assim nós somos da mesma forma discriminar sexta-feira como vocês estão vendo eu estou de branco eu me visto de branco na sexta-feira e eu atendo e trabalho sempre trabalhei num bairro de classe média tendo em branco na sua grande maioria mas também tendo negros da supervisão gratuitamente psicólogos negros na minha vida toda é uma questão política para
mim e subindo o elevador tem um mês um mês e pouco isto eu entro no elevador com uma senhora e ela olha para mim e diz você pode me indicar uma babá né Então na verdade essa eu me lembro de uma paciente também Eu sempre tive boas relações na luz né e especial com os psiquiatras também fiz estágio lá no pq e na ocasião né o psiquiatra que dirigir porque me faz uma indicação de uma paciente uma senhora branca e meu consultório nunca teve secretária não sou psicanalistas secretária prefere trabalhar sem secretária secretária faz confusão
e ela chega eu vou abrir a porta para ela e ela diz eu vim para ter uma uma entrevista uma consulta com a doutoresildinha eu digo para ela sou eu ela vira as costas e sai né foi embora né passado um tempo ela remarca a sessão e vem para mim e diz para mim você me desculpa mas eu não estava acostumada a ver negros nesse lugar né então a gente não tem como não pensar todos os meus pacientes eu atendo uma classe média alta branca e diz que sobrevive bem graças a Deus né mas essa
questão tá nos atravessa também e eu vou falando né a gente fala a gente eu não fico escamoteando que não existe uma diferença entre eu e meu paciente a gente fala dessa questão as crianças negras sofrem independente da condição social porque a todo um processo inconsciente né que faz desta subjetividade o racismo atravessa essa substância subjetividade portanto há uma construção né Aonde a angústia o medo a perda a perda de identidade sobre tudo né Nós somos pessoas que perdemos a nossa identidade com muita facilidade né então deixamos de ser quem somos ou as nossas aquisições
não nos pertence a de eterna pertence momentaneamente então nós somos sempre retirados desse lugar né sim a condição econômica e a maioria dos Pobres são negros a gente sabe bem porque né egressos do processo de escravização sem condições de acesso né Ontem mesmo eu tava lendo na Folha de São Paulo que é um atraso de 10 anos entre secundaristas né no colegial de 10 anos entre adolescentes negros e brancos né não existem políticas públicas e o movimento negro faz esse essa luta permanente por políticas públicas que nos permita chegarmos até termos acesso à escolaridade Mas
mesmo quando a gente tem acesso à escolaridade é muito difícil ou uma boa formação é muito difícil que a gente possa ser tomar posse disso né todo tempo a gente é visto evidentemente com as características que nos depreciam você se sente feliz eu psiquiatria do terceiro ano aqui da Unifesp e a isojin até pegando um pouquinho do gancho que você colocou né da sua experiência como terapeuta com pacientes brancos queria que pudesse comentar um pouquinho em relação da transferência e conta a transferência né do terapeuta Branco um paciente Negro do terapeuta branco com do paciente
branco com terapeuta negro e como é que o racismo Pode surgir na transferência e conta transferência nessa relação Clínica ele está presente né porque a medida que nós somos todos atravessados pelo racismo ele está presente o negro quando procura um médico ou um psicólogo geral Ele é branco hoje em dia há uma demanda muito grande dos negros quererem analistas negros né Eu costumo dizer nas minhas falas militância não é Clínica Clínica não é militância o analista precisa ter um bom processo de análise uma boa formação teórica e resolvido para si essa questão porque senão vai
acontecer ali um processo de militância negro e negro né ah você ler livro tal você vai em tal lugar faça parte de tal movimento Mas é isso mesmo que acontece com a gente nós passamos por isso sem fazer uma escuta né a escuta é uma ela é muito refinada nós somos seres singulares não somos seres todos iguais né enquanto negros ou brancos nós somos seres singulares o que o analista ou psicólogo ele deve trabalhar bem a própria escuta para perceber de que maneira o paciente está chegando até ele de que forma essa transferência acontece quando
o negro vai procurar um branco ele já vai na condição de prioridade Total não porque aquele branco necessariamente ele não tenha lidado com essa questão e sim porque essa é uma outra questão no Brasil é feio ser racista então né a gente diz eu não sou racista o racismo não existe né desde Casa Grande senzalas tu fez que diz que aqui era uma democracia por conta disso eu vou contar uma história para vocês muito engraçada depois por conta disso eu sofri na França fui rejeitada pelos negros africanos que diziam para mim no seu país não
tem problema de racismo né Tem uma democracia racial eu falei nossa eu tô de fora era o comitê de luta pela Liberdade do Mandela e eu tava de fora porque não podia entrar porque eu era uma Negra eu era uma melancia era uma negra não retinta como eles são e além do mais enfia no país deu uma Cassia racial né não existe isto né o analista ou psicólogo deve pensar nessa questão ouvir de que lugar o paciente gente eu tenho horror essa palavra desculpe o lugar de fala do que diz de Jamila Ribeiro é o
lugar da epistemológico o lugar do conhecimento Quem produz o conhecimento para quem Para nós psicólogo psicanalista é a fala que diz de onde o sujeito tá falando tá falando no lugar do pai da mãe Sei lá quem mais né e não é o lugar físico de onde ele vem ou que ele vive que desde de onde ele tá falando né vou dar um exemplo Claro para vocês Ou aquele moço que estava na Fundação Palmares Camaro eu conheço bem a família dele e ele desde que nasceu eles são vizinhos os meus tios ele vem de uma
família de militante Seu Osvaldo Camargo que é o pai dele é um militante histórico importantíssimo para nossa comunidade e ele e mãe professor e militante e ele dizia a negro faz mimimi racismo não existe né ouvindo essa figura dizendo essas coisas quer dizer de que lugar ele fala do lugar do negro na Negritude dele né racismo não existe negro faz mimimi e outras barbaridades que ele dizia ele fala do lugar de um supremacista branco sendo ele negro né Então a nossa escola não é a fala propriamente dito né ou Ah esse Fulano tem esse senso
de inferioridade porque ele vem da favela ultrapassa isso né ele já chega para você analista branco ou psicólogo Branco né do lugar da própria doença ele já se vê muito doente ele já se vê muito desvalorizar muito desconstruído né E a sua escuta que vai poder né falar disso eu acho que os textos do Freud sobre clínicas públicas fala muito sobre atitude do analista do analista em relação a pessoas que vende classes diferenciadas etc e tal ele diz o analista precisa tomar cuidado para não ser um modelo para o seu paciente né fazer uma escuta
mas muitas vezes até orientar porque ele não tem acesso né mas orientar não significa se colocar lá como modelo para pessoa modelo a ser seguido né então não dá para ignorarmos essas diferenças né como isso deve ser feito deve ser feito no processo de escuta né de que ele tá falando do lugar do Medo propriamente né da discriminação da dor pelo racismo né da diferenciação e a gente não deve negar isto né porque isso adoece o racismo adoece né pensarmos o racismo agora a gente começou a pensar o racismo também do lado da branquitude né
obviamente a gente do lado da branquitude Quais são os efeitos né tem efeitos ali psicológicos também tem adoecimentos né porque tem brancos que são absolutamente perversos em relação aos negros isso é um traço doente né quando nós vimos recentemente na televisão uma Ex jogadora de vôlei que tira a coleira do cachorro e bate num trabalhador um homem negro fosse ele trabalhador ou não ela tá reproduzindo né um inconsciente coletivo digamos assim para usar um pouco do Jung né Desse Lugar da escravidão quer dizer eu posso fazer isso e se ele reagisse obviamente ele estaria perdido
já condenado né de de sem que passasse até por um julgamento né Então isto tudo está obviamente né na memória e no tecido social até que isso passe né os efeitos do racismo para negros estamos começando a pensar começando a dizer começando a estudar mas também estamos pensando a Negritude né também tem uma vez que né quando o Freud Vai pensar o narcisismo das pequenas diferenças ele fala né essa fantasia de grupo de igualdade que não existe isso irregularidades né mas como essa essas fantasias estão a serviço da manutenção sempre né de um raciocínio absolutamente
perverso né de que o outro eu tiro o outro da humanidade né seja ele judeu negro gay né tira a humanidade do outro e portanto justifica toda a perversão e toda a violência em relação ao outro obrigado se identifique por favor eu quero cumprimentar vocês meu nome é Felipe eu sou supervisor do ambulatório de psicoterapia do abordar é um outro ambulatório quero cumprimentar o professor Mário Jorge que coordena né E todos vocês aqui Miguel Jorge desculpa eu tô nervoso eu vou dizer um pouquinho nervoso acho que faz parte aqui né então professor Miguel Jorge e
todos que coordenam aqui o próprio psique eu tô bastante nervoso né Eu acho que essa coisa assim é interessante porque eu cheguei na para sua palestra eu tava um pouco atrasada eu não consegui sentar sabe e eu achei eu preciso sentar porque é algo que é fala do corpo e a gente sente no corpo eu senti muito essa palestra né eu fiquei sentado ali e não sei se o frio que passa ali mas eu tremia assim eu falava gente que coisa assim como como é profundo e eu via você falando assim eu já tô terminando
eu falei assim não eu tô aqui tão hipnotizado aqui por exemplo usando um termo né mas assim é algo que realmente é passa pelo corpo eu acho que a gente precisa sentir um pouco no corpo né assim mesmo acho que é é o do meu racismo a minha Negritude não é assim porque eu tenho né também traços negros e eu tenho também as questões racistas que estão em todos nós né e eu acho que isso eu senti bastante né assim acho que é esse ponto eu acho importante para explicar o porquê que eu tô aqui
então tão tenso mas você começou falando ali do da do momento do da abolição da escravatura e isso então tira o lugar né o negro fica sem um lugar antes ele tinha um lugar de ser escravo né depois ele passa a ter um não um lugar né E aí fica o racismo E aí fica uma falta de representação de onde ele se encaixa então na sociedade já que a sociedade tem um desenho branco né assim e eu eu compreendi isso bastante mas eu fiquei também com uma ideia eu fui criado em um terreiro de umbanda
né assim eu tenho eu acho que as vivências da matriz africana e eu via que ali o negro ele tinha um lugar do negro né o corpo e a cor negra tinha uma organização preenchia um lugar de organização social que parte deste princípio né E como nos terreiros e como a vivência religiosa das Matriz africanas dão um lugar né e o negro que tá ali ele é respeitado a entidade mais sábia é o preto velho né assim e quando você falou da que você é filha de Oxalá eu já aí eu falei não é possível
assim né porque as coisas se sobrepõem né Desculpa as coisas se sobrepõem eu queria que você falasse um pouco disso do não lugar na sociedade da da Pele Negra mas de um grande lugar que ela ocupa quase que não tem tem um lugar branco ali né assim e a autoridade do negro queria que você falasse um pouco disso bom é muito interessante muito interessante você trazer isso nos anos 70 teve um trabalho na PUC eu me lembro o nome da pesquisadora que era uma francesa radicada aqui no Brasil assim o trabalho dela chamava-se identidade e
o duplo alguma coisa assim em que ela vai falar isto né quer dizer assim ah as religiões de matrizes africanas né que até em pouco tempo não eram religiões era só né nem podiam ser chamada de religiões hoje o que a gente diz que são religiões de matrizes africana mas ali você cria algo né que é o transcendente é a relação com aquilo que transcende com o Divino porque os negros era negado a possibilidade de se tornarem católicos por exemplo as igrejas em Ouro Preto Elas têm um biombo na frente porque os negros não podiam
ver um arrotar né o altar Onde fica o altar onde se faz toda a representação da presença de Cristo né o Santíssimo Sacramento não podia ser visto por seres semi humanos né então o Candomblé a umbanda vai trazer um lugar aonde isso fortalece muito né quando uma pessoa diz assim eu sou de Oxum né ela meio que ela pega para si as características digamos assim de Oxum e ela passa a ser importante ela tem uma relação ela se identifica os filhos de Santos tem orgulho de dizer eu sou de Oxum eu sou de Oxalá eu
sou né Então essa isso é muito importante né E como como viver isto e como valorizar isto né não é uma loucura para o negro as suas o seu rito né religioso e a sua relação com a transcendência com a transcendência o branco tem isso de outra forma oficializado tá ali o papa paramentado é um padre tem roupa especial e tudo e o negro sempre foi visto nesse lugar isso foi visto como uma loucura até que o branco começou a também chegar ali né eu que conheci uma menininha do cantor ah ela dizia para mim
assim um dia o Candomblé vai chegar para o branco e chegou e chegou né então assim hoje não mais é uma questão de possessão porque antes era visto assim é uma questão de possessão né uma pessoa que encarna ali um espírito alguma coisa não é meu caso Mas né Um médio incorporação era visto como um possuído né os psiquiatras que eu digam aqui historicamente o maior número de pacientes nos manicômios antigos eram de negros né É para mim não é difícil entender porque eram os negros né porque tudo aquilo que viesse do negro era visto
como inumano ou até louco né tinha no Rio de Janeiro um médico convidado eu falo dele um pouco no meu livro ele chamava Luiz conti o médico francês intelectual francês ele entendia de medicina antropologia aquele tempo Aurora os tempos um pouco de tudo é verdade dá 20 por exemplo não sabia só pintar o esculpi ele escrevia ele inventava então ele disse né ele faz um estudo pré Abolição pré-abolição ele faz um estudo em que ele disse que o negro ele não sente dores físicas Portanto ele pode apanhar e Ser castigado ele não tem capacidade de
aterminar nem ética nem moralmente qualquer conceito e ele era alcoólatra por condição o alcoolismo era uma condição do negro isso é um médico isto veio até os nossos dias de hoje que no SUS as pacientes recebem negras recebem menos anestesia do que as pacientes brancas para ter em seus filhos os pastorientes né Então isto tem consequência historicamente e também tem outras consequências com esse óculos tá dando certo né assim outras consequências que eu espero no segundo Encontro com vocês poder Aí sim a gente vai entrar mais na parte Clínica a gente poder discutir um pouco
dessa formação da relação família noção de família para os negros é ressentíssima não era permitido mas foi entendido como se eles não tivessem capacidade de fazer família os escravos eram vendidos para lá e para cá uma mulher tinha fazendas que só produziam escravo para serem vendidos Então antes mesmo de nascer eles eram vendidos depois ficava nem até dois três meses até pode ir para um outro lugar e a mulher negra depois do seu parto obviamente deprimia porque havia seu filho embora mas tinha que exercer Maternal filho Branco portanto isso fez uma diferença enorme nós os
negros não somos seres muito carinhosos um com os outros de apertar de abraçar de beijar né porque agora a mulher a ama de leite era extremamente carinhosa com filho do Senhor porque era com quem ela podia exercer né afetividade dela e isso vai trazer configurações psíquicas muito especiais para os negros recentemente nos reunimos mais nos queremos bem Nos olhamos até nos abraçamos vive no rio tem umas duas semanas que eu fui abrir um congresso e fui falar sobre as clínicas públicas do Freud e um rapaz negro se aproximou de mim eu dei um abraço nele
ele ficou durinho né ele ficou então isso tudo tem consequência a consequência é essa né como nós somos vivemos numa sociedade racista e como essa sociedade racista não nos reconheceu mas através do exercício da relação consagrado nós nos reconstituímos e não enlouquecemos tão facilmente né porque tínhamos o lugar uma identidade que era Divina né que ultrapassava essa relação com o material e Confisco Nós temos duas intervenções aqui no chat uma da Rita que queria falar em particular com você eu pedi que ela te procurasse e não serves tá fingir que ela te procurar nas séries
e a Nicole a Nicole agradece pela sua fala tão importante e sensibilizante e ao próprio psique por oportunizar a discussão dessa temática eu acho que a gente tem tempo para mais uma pergunta por favor você se apresenta tudo bem Tá ligado né tudo bem meu nome é Carolina te ouvindo falar um pouquinho né usando a palavra vergonha e familiar é me lembrou um pouco do não dito das marcas do não dito E aí eu fiquei pensando assim do não dito numa espécie dos eventos de racismo de violência sofrido pela família e por né uma coisa
geracional que não vai sendo dito porque vai caindo num lugar de vergonha né Eu penso assim Quantos episódios de violência talvez meus pais já puderam ter vivido que foram marcantes na família e eu saberia disso e Numa família negra de um racismo que se repete de uma violência que se repete não é Dita e vai deixando marca assim aí eu não sei não sei foi um raciocínio que eu fiz que faria sentido faz sentido ela candidíase que eu não dito tem uma força maior do que o dito né Porque a partir do momento que a
gente verbaliza a gente tem uma condição de pensar aquele acontecimento no caso dos negros a dor é tão grande que a gente prefere esquecer ou não falar dessa dor e tem que preparar o filho para enfrentar isso né então ser mais duro né Não que as famílias brutalizem seus filhos longe disso né as que sim as que não mesmo nas famílias brancas Mas essa não deixar a criança ser uma criança mimada é um lema das famílias negras né ela não pode ser mimada porque o mundo é duro vai ser duro com ela e ela precisa
ser fora né eu não dito tem uma força maior do que o dito acho que dá tempo para sua pergunta do Parabéns pela sua fala pelo seu percurso eu queria só levantar uma questão quer dizer a gente fala muito da questão binária do negro e do Branco né e o muito discursa montado em cima dessa questão binária e na verdade quer dizer a gente vê numa situação o que você mencionou com melange tá que você foi até segregada por não ser uma negra estilo africana né essa esse grande grau de melange de misturas e de
graus intermediários de Negritude no Brasil você acha que isso é um fator complicador um fator facilitador como você enxerga essa essa coisa que se contrapõe hemisfério norte né e a segunda coisa que é uma outra pergunta é quer dizer eu sou além de psiquiatra eu sou Analista em um ano né e eu uso muito não só referência da mitologia greco-romana né da mitologia iorubá e que integrado na nossa Cultura né então e eu queria saber também como se isso não é uma riqueza maior que a gente enquanto terapeuta a gente dispõe também para lidar com
essa questão né [Música] bom vindo de você né um psiquiatra um psicanalista enfim né isso você sabe usar isso como uma riqueza como um fator fortalecedor mas para a sociedade isso é um fator complicador o colorismo existe e o colorismo é cruel porque o negro de pele mais clara ele é visto como um negro que tem mais possibilidades e funciona assim é verdade do que os negros mais retinhos então até Entre Nós há uma diferença né não se aceita né isso deveria ser uma riqueza mas não é né do ponto de vista social de uma
sociedade né que tem um tecido racista ela usa o negro de pele mais clara ele é discriminado pelo negro e pelo branco ele não é visto pelo branco como branco e não é visto pelo negro como negro né e a gente precisa pensar isso porque isso produz também configurações muito interessantes quer dizer é mais uma dor né do que uma possibilidade de enriquecimento né nunca foi visto como enriquecimento né você na sua condição sim sabe né que as diferentes mitologia mitologia muito importante porque o mito nos ensina muito nos diz muito do nosso funcionamento de
humanos né mas principalmente por exemplo os mitos gregos ou né enfim eurocêntrico e portanto branco e do qual negro não deve ter acesso ou outras também gente o negro não foi o único povo você escravizado na história do mundo a escravidão existia muito antes mas obviamente nós temos uma configuração especial no Brasil né como aconteceu o tempo que durou Como foi o que que foi o processo abolicionista não foi um processo de Ah isso tá errado a gente vai terminar com isso economicamente não compensava mais né então foi um processo econômico sobretudo né E aí
eles nós somos descartados e vivemos sem lugar até hoje né então é essa é a grande confusão Esse é o grande risco é o grande perigo né mas sim eu acho que você tem toda a razão né me encanto com a sua proposta de introduzir né a mitologia grega Negra também disse da vida e da tragédia que depois passa a humanidade o ser humano Obrigado infelizmente pelo tempo nós temos que encerrar tem uma pergunta longa aqui da Nicole que R1 Mas nós vamos ter a sorte de ter a professores e o dia novamente segundo o
Ricardão senhor no dia 29 de setembro em outra dessas reuniões que nós temos aqui na sexta-feira quero pedir que vocês permaneçam uns minutos depois do encerramento da reunião para Patrícia vai vai sortear dois livros aqui e quero aqui em nome do departamento agradecer muitíssimo a professora Izildinha pela sua presença aqui hoje que foi iluminada e ao pessoal do próprio CIC por ter nos possibilitado conhecê-la pessoalmente Muitíssimo obrigado e parabéns pela sua trajetória eu quem agradece a vocês né essa possibilidade de estar aqui de pensarmos porque é só assim que nós vamos né ultrapassar eu não
digo né ontem à noite no sets dando letramento para professores gente não tem nenhuma ilusão que isso acaba amanhã mas eu tenho uma esperança que a Gente Se fortaleça cada vez mais para fazer esses enfrentamentos brancos e negros porque não são só os negros a enfrentar essa questão obrigado [Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos]