Plastificados pelo sistema

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Podcast Ciência Suja
A poluição plástica já é tida pela ONU como a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, fica atrás ...
Video Transcript:
o Ciência suja tem o selo da Rádio guarda-chuva jornalismo para quem gosta de ouvir Oi gente tudo bom esse episódio tem um apoio da ACT promoção da saúde uma ONG que atua na promoção de políticas de saúde pública em especial na alimentação no controle do álcool e no tabagismo Fica de olho nas redes e no site deles porque sempre surgem discussões importantes pro nosso bem-estar e toda nossa Temporada é financiada pelo Instituto serrapilheira que apoia a ciência e a comunicação em ciência no Brasil acesso serrapilheira Org para conhecer o tanto de coisa interessante que eles
ajudam a tocar Olha lá pedão é aqui já dá para ver que tem tem uma boa parte de plástico ali mesmo né bom e de outras coisas tambémo aqui isso aqui ainda é resíduo lá pelas 9 da manhã de uma quarta-feira de outubro eu e o Pedrão aqui do cência suja Távamos em Santos balançando dentro de um barco pequeno desses com motor de popa e lugar para quatro pessoas garrafa né saco de lixo saquinho de sorvete entremeado nas raízes né do mang ali que que normalmente ficam cobertas também né Se a gente for assim vamos
longe hein tinha plástico até no das árvores do manguezal como se o fruto delas fosse plástico você v tem uma garrafa PET de karion Sprite chamito papel de presente manteiga todinho e a gente pode brincar bebida ácool não sei qual que é essa bebida alcólica aqui aquele biscoito lá passatempo passo a gente estava ali jun com Braga Castro um pesquisador do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo e com o Rubão um Barqueiro das antigas que conhece cada curva do estuário de Santos você fiz aí ter uma vez eu fiz coleta aí o
Rubão lembra eu a gente precisou rastejar nessa hora a gente estava em uma curva do Rio e o Ítalo tava contando de um estudo que ele fez para verificar a quantidade de resíduo que tinha no manguezal em Santos o trabalho mostrou que esse mang era um dos mais impactados por lixo já registrados na atura mundial e o plástico era sempre o material mais presente nas coletas do Ítalo com 70 80 ou até 90% do total dependendo do lugar do Mangue que ele analisava eu tinha que coletar os resíduos para identificar e contar né Entendi e
eu fui com o meu aluno aí sinal eu chamava Italo tem um guarazinho ali esse guarazinho que o Ítalo falou merece mesmo interromper um assunto e não é um lobo guará Óbvio é o pássaro guará é um bicho lindo de um vermelho bem forte aquele manto Tupinambá que foi repatriado recentemente que tem toda uma simbologia para alguns povos indígenas do Brasil é feito justamente das penas do Guará Vermelho e o Guará tem um bico comprido e meio tortinho para pegar uns caranguejos e outros alimentos no Mangue causa disso entendeu porque o o que alimenta eles
deve est desaparecendo também é porque na verdade eles estão ali né forrageando né ali ó ele tá ali ele tá pegando pequenas conchinhas moluscos crustáceos né e eventualmente ele vai ingerir partículas de plástico por engano ou mesmo organismos com microplásticos só que diferente da proteína que ele ingere o plástico não é nutritivo e isso vai causando uma debilidade na saúde da população né que gradativamente vai declinando quando a gente vê um animal bonito desses que é um símbolo da região pegando comida no meio de um monte de plástico dá um nó na garganta isso comve
assim como vê tartaruga com canudinho preso na narina golfinho enrolado em sacola baleia morta com um monte de plástico no estômago mas o plástico afeta também um monte de bichinhos e vegetais que às vezes a gente não dá bola ele interfere né com o sistema inteiro só que afeta também uma série de pequenos organismos que a gente nem vê mas que fazem exercem um serviço ecossistêmico do qual nós dependemos né Tipo você não come o microcrustáceo você não come o micr Molusco Mas você come o o peixe que que depende desses organismos a poluição plástica
já é tida pela ONU como a segunda maior ameaça ambiental ao planeta fica atrás só da emergência climática e sim uma coisa tem a ver com a outra é só uma distinção didática 85% das espécies marinhas que ingeriram plástico estão em ameaça de extinção um em cada 10 animais marinhos que comeu plástico morreu e 98% dos peixes Amazônicos analisados em um estudo tinham plástico ou microplástico no intestino ou nas branquias tem microplástico até na nossa corrente sanguínea e no cérebro isso já tá muito bem documentado pela ciência a gente tem produtos químicos como bisfenol a
ou ftalatos e que são disruptores endócrinos Isso significa que eles mexem com o seu sistema hormonal podem gerar câncer Então essa sopa química que compõe o plástico torna ele não é um material inerte a Lara ivit que você ouviu aqui é uma das autoras do relatório fragmento da destruição que consolidou aqueles dados que eu trouxe antes e mais um monte de outros ela é gerente Sênior de advocacy estratégia da Oceana uma ONG focada na conservação dos oceanos e mais um dado destacado nesse relatório o Brasil é o oitavo maior poluidor de plástico no mundo a
gente despeja 1.3 milhão de toneladas de resíduos plásticos por ano só no oceano ué mas a gente não ouve que plástico é reciclável e tudo mais Então na verdade só uma minoria do plástico no mundo é reciclado cerca de 99% na real em geral é mais fácil e barato fazer plástico virgem do zero do que reciclar E aí já viu né Para ter ideia um relatório bombástico que saiu esse ano ganhou o nome de a fraude da reciclagem de plástico ele é do Centro pra integridade climática e mostra que há mais de 50 anos as
petroquímicas já sabiam que não seria moleza lidar com lixo plástico e que a reciclagem não daria conta do recado e ainda assim elas promoveram essa ideia para fazer a gente continuar consumindo sem culpa diferentes coisas com esse material e acima de tudo para evitar regulação nesse Episódio A gente vai ver de trás paraa frente o ciclo do plástico Ele termina com garrafinhas e embalagens no estuário de Santos e em vários outros ecossistemas mas passa por catadores e cooperativas que se desdobram e mesmo assim não conseguem dar conta de tanto plástico diferente mas quando você vai
pra embalagem de cosmético aí você vai ver filha aí é de braçado é variedade muito grande de cor aí você não consegue reciclar o ciclo do plástico também passa por segmentos do mercado que compram e estimulam o uso enorme desse material com a indústria de alimentos ultraprocessados e de delivery e ele começa lá na extração do petróleo mais de 99% desse material é produzido a partir de combustíveis fósseis e depois é processado por petroquímicas e Indústrias transformadoras para virar um monte de coisa a gente também vai falar do tratado do plástico e dessa tentativa de
mudar a história será que essa iniciativa coordenada pela ONU vai trazer efeitos reais ou vai acabar em pizza tem ONGs e pesquisadores sérios engajados como Oceana act e o próprio Italo mas tem também uma participação questionável da indústria e um ambiente sociopolítico complicado é o Brasil e no ano passado entrou na opep mais então a opep é um bloco de países que produzem petróleo então o Brasil ele entra porque nós temos uma produção de petróleo significativa Brasil é o maior produtor de plásticos da América Latina Será que novas tecnologias vão ajudar ou no momento elas
só estão tirando o foco de uma mudança necessária na forma de consumo de plástico ou as duas coisas eu sou o t Prest eu sou a Meg Rodriguez e esse é o terceiro episódio da sexta temporada do ciência suja o podcast que mostra que em crimes contra a ciência as vítimas somos todos nós Então vamos voltar pro nosso passeio em Santos a gente vai naquele barquinho de lá tem um é o de lá é o verdinho lá o menorzinho que tá atrás da da ponte aqui isso mas é tranquilo o dia apesar de est aventando
o dia tá calmo a gente vai entrar pelo estuário vai procurar uns lugares com lixo e tal apesar da missão ingrata de caçar plástico o dia tava gostoso mesmo tava um pouco nublado O que é bom para quem iria ficar umas boas horas ao ar livre aqui é o p de gar Perdigão e na Orla de Santos E aqui onde onde você tem um cai público que os embarcações fazem trânsito e entre Santos e algumas vilin alguns povoados aqui no Guarujá como por exemplo Prado Gois pouca farinha a gente estava no canal de acesso ao
porto de Santos e dali já dava para ver um ou outro daqueles navios enormes que atracam com pilhas de contê a gente passou do lado de um deles e cara você se sente uma formiguinha uma concentração grande também o Rubão o Barqueiro é um senhor de 73 anos e ele foi contando a história dele nos trajetos que a gente fez isso foi bom para entender como a população local se relaciona com o porto com o estuário e com a poluição Inclusive a plástica aqui você não vê você vê um plástico aqui um outro lá mas
embaixo só quem trabalha com rede que sabe o que tem quando tu dá um lance de rede que nem a minha rede é 300 e poucos metros de rede Vem maiso Que peixe aí você tá Tá colhendo ó tá tá pesado aí sobe uma uma sacolinha plástica ainda tá dali cheia deágua daqui a pouco duas três garrafas Pete entendeu segundo Rubão ele uns colegas estão com mais dificuldade para pescar na região e para pegar caranguejo também claro que isso não é só sequência do plástico tem contaminação de tudo que é coisa ali mas a comunidade
local tem enfrentado os efeitos de uma ocupação humana bem desorganizada é tirando o rio ali vocês viram alguma margem natural não não tem mais margem natural e essas margens são naturais elas são importantes né Italo pensando em até em porque ela é exatamente porque elas funcionam como filtro elas retém muito material elas são beos de nutrição para muitas espécies de interesse que Santos tem umas particularidades as embarcações gigantes que chegam ali por exemplo às vezes carregam pellets que são umas bolinhas de plástico usadas para fazer várias coisas como bacias copos talheres pinico enfim utensílios de
plástico geralmente é uma matéria prima que vem da China e do mesmo jeito que durante o transporte a soja escapa e esses grânulos também então as praias de Santos São maciçamente contaminadas por pellets mas Santos Tá longe de ser um caso isolado de contaminação plástica primeiro que plástico não tá só na água tem plástico chegando em tudo que é ecossistema e nas ruas também e depois que existem várias outras cidades e cidades grandes coladas em corpos d'água como a gente falou a ONG Oceana fez um relatório recente sobre poluição plástica a Lara ivit que você
ouviu no começo escreveu um capítulo sobre a poluição Marinha no Brasil e lá tá escrito que um estudo brasileiro de Andrades e outros de 2020 realizou o primeiro levantamento sistemático do lixo antropogênico em 44 praias brasileiras distribuídas ao longo de toda a costa os resultados desse estudo revelam que 70% de todos os itens coletados durante as limpezas de praia eram plásticos com embalagens de alimentos sendo os itens mais frequentes segundo o texto esse monte de plástico chega na costa pelo sistema de drenagem de águas esgotos pelos rios e Córregos por fatores naturais como Vento e
Chuva pela perda no processo produtivo que nem a história dos pellets e pelo despejo direto e se os plásticos são a maioria entre o lixo que vai parar no meio ambiente é porque tem algo errado com o descarte quer dizer com o ciclo como um todo mas com essa parte final também aqui cabe uma comparação com as latinhas de alumínio Lembrando que o Brasil é referência em reciclagem de latinha Embora tenha toda uma questão sobre o trabalho mal remunerado dos catadores Mas vamos lá primeiro que o alumínio é caro de produzir e barato de reciclar
segundo que a reciclagem é relativamente simples você pega a lata tira impurezas coloca na máquina para cortar e prensar funde o alumínio e pronto tem pouco material diferente ali terceiro que uma latinha reciclada via de regra vira latinha de novo ou marmita então o processo todo tá focado em poucos produtos quarto que o alumínio não perde a capacidade de virar latinha conforme é mais reciclado já com plástico é quase o contrário nesses pontos todos então vamos começar pela grama de novo com a Lara e principalmente porque ele vem da a matéria prima do plástico é
o petróleo ele é uma matéria prima então muito barata e ele é uma matéria prima barata também porque a cadeia petroquímica recebe 250 bilhões de reais em subsídios todos os anos então não tem como outro material com excelentes características competir com plástico Então beleza se para uma empresa é mais caro recicl do que fazer do zero ou comprar de alguém do zero vai faltar incentivo econômico pra reciclagem não é à toa que tem gente querendo taxar o plástico Ok E aí vem o ponto dois dos vários tipos de plástico se for pensar o plástico ele
tem pelo menos seis tipos e aí o sétimo que é uma combinação dele com outros materiais a Lara simplificou bem aí para ficar fácil de a gente entender mas na verdade entre esses grupos tem vários subgrupos aditivos que são usados e por aí vai então tem uma multiplicidade de produtos e um volume de produção muito maior de plástico do que por exemplo de vidro ou de alumínio tem o pet que tem mesmo um índice de reciclagem maior pelo menos com as garrafas embora não seja nada demais tá nos Estados Unidos fica na casa dos 20%
mas também tem pad PVC PP PS e mais um monte de tipos de plástico cada um com características próprias então não dá para jogar tudo junto numa mesma recicladora terceiro que todo esse plástico diferente também é usado em larga escala para fins muito diferentes não é só garrafinha é saco de mercado é embalagem de Shampoo é bandeja para delivery saquinho de salgado banheira garfo reciclado isopor fralda tampa de caneta tapete de carro material de construção civil cara a gente viu que até filtro de cigarro lenço umedecido e roupa tem plástico é poliéster e nylon são
plásticos tá segundo uma reportagem do the guardian esses dois representam 69% dos materiais usados hoje na indústria de roupas e o negócio é que não é moleza pegar tanta coisa diferente para virar entre aspas plástico genérico de novo assim por dizer para ver essa questão na prática o Pedrão foi para uma das cooperativas de reciclagem mais desenvolvidas de São Paulo e do Brasil a Copper viva bem é quem me passou o contato de lá da Coper viva bem foi o pessoal do Pimp ma carroça que é um projeto muito massa de Apoio aos catadores vale
a pena conhecer enfim eu dei um pulo na cooperativa numa cesta e o negócio tava pegando lá não tem short Friday não tinha até treinamento com os cooperados rolando lá a Coper Viva Bem Fica num lugar para quem já foi pra São Paulo aí bem pouco hospitaleiro bem na Marginal TT ali entre as zona oeste e norte de São Paulo um lugar onde você praticamente não chega a pé a cooperativa recicla mais ou menos 200 toneladas de diferentes materiais e 4 2% disso é plástico a Coper viva bem é referência mesmo eles conseguem reciclar umas
coisas difíceis e encontrar comprador para isso o que quase ninguém consegue e mesmo lá muito plástico que chega vai parar na pilha de rejeito porque não tem reciclabilidade Ou seja é colocado para depois ir para um aterro sanitário ou para um lixão e depois vai cair no meio ambiente hoje o que eu tenho de material que vai mesmo pro rejeito São coisas que nãoé reciclador mesmo é dizem que reciclável mas não tem reciclador eu vou até te mostrar alguns exemplos do que cai aqui no rejeito pra gente poder te se entender tá bom queria mesmo
aí Você escutou a Maria Teresa Montenegro que o pessoal conhece como Teresa ela é a atual presidente da cooperativa e ela me mostrou ali onde eles fazem at Triagem de plástico para reciclar basicamente a gente foi passando por umas pilhas de materiais e ela ia falando que dava para reciclar e que não dava a maioria dava ali eu fiz uns vídeos desse momento também depois dá uma passada lá no nosso Instagram que vai dar para ver as embalagens que a Teresa foi me mostrando esse daqui cheio de resíduo é um PP é muito bom e
tudo mais mas tá cheio de resíduo nessa hora ela tava mostrando um pote que tinha resto de requeijão porque a empresa ela manda para um tanque para para lavar e decantar a água e tratar a água quando o negócio tá muito sujo Eles não conseguem tratar E aí você imagina você pegar e esvaziar oito tanques de água por conta de um produto que esteja assim aí a reciclagem não valeu a pena é muita água muita água entendeu então dá até daria para reciclar o problema é que gasta muita água e fica mais caro o benefício
ambiental fica questionável e o interesse econômico cai então tirando umas iniciativas isoladas quase todo o plástico muito melecado de comida vai parar no aterro esse daqui é um outro que tá isso daqui cresceu muito dentro das cooperativas é a Pet né quando é pet garrafa tranquilo passou ser Pet embalagem não tem reciclador nessa hora a Teresa estava me mostrando uma embalagem transparente fininha daquelas que você encontra queijo ralado no mercado ou de repente aqueles docinhos de padaria pra viagem é um plástico um pouco mais molenga que o pet da garrafa de refrigerante porque diz que
ela ela é baixa em densidade aí você não consegue reciclar mas aí a gente foi até uma pilha de garrafas pets coloridas a maioria delas rosinhas assim mas tinha também umas embalagens de ketchup mustarda vermelha amarela sabe nessa hora ela pareceu que ela até ficou meio irritada ó aqui ó esse aqui é a perte colorida tá aqui nós estamos falando somente de material como a água Ó inventário de colocar água na garrafa cerej Zinha aí como que eu vou reciclar isso daqui mas dá para entender a indignação da Teresa né a cor é um negócio
complicado para reciclar mesmo porque se tem cor você só consegue reciclar o material pra mesma cor ou pra cor preta o que não tem muita demanda e quase não tem demanda de reciclagem para Pet cor por cereja ou pra garrafa preta a Teresa me explicou que eles vão precisar Juntar uma quantidade gigantesca desse plástico rosa para tentar que alguma recicladora tope comprar para reciclar e nem assim é garantido eles ainda estão testando que eu vou pôr água na embalagem preta não vendo e aí invento essas frescuras assim de colocar em cereja e você na hora
de vai beber água você Ah vou tomar na garrafinha cereja que a água pode ser diferente não se você não ofertar pro cliente cores ele vai comprar verde azul ou Cristal que é o que se vende a cor Cristal que a Teresa falou é a garrafa transparente paraa facilitar a reciclagem o ideal seria colocar menos cor possível deixar tudo transparente a Coreia que é a referência em reciclagem no mundo tem regra para só ter garrafa PET transparente e mesmo lá menos da metade do plástico é reciclado tá a Teresa também mostrou uns materiais com mais
de uma camada que também são difíceis de reciclar é tipo um tetrapack que também tem plástico ou umas bandejinhas que além de plástico vem com alumínio ou um tipo de absorvente separar um material do outro é um pouco complicado mas a Coper viva bem até consegue fazer em alguns casos mas também não é fácil de achar comprador ah e também fica complicado reciclar quando a indústria Põe mais de um tipo de plástico no mesmo produto né o mercado aí fica falando sobre o plástico ser um vilão essas coisas todas ele só é um vilão quando
se mistura dois ou três tipos de material aí fica inviável de se reciclar na verdade mesmo se o plástico tivesse um ciclo bem melhor de recicl ainda assim ele traria impactos porque ele vem do petróleo e essa é uma indústria com histórico de contribuição Óbvio ao aquecimento global para ficar num caso só Então nesse critério ele poderia ser visto como vilão vai Mas também ninguém tá pedindo para banir todo tipo de plástico o pior mesmo é quando a indústria fica inventando um monte de garrafinha colorida mistura plástico no mesmo produto acrescenta aditivos potencialmente tóxicos e
que comprometem a reciclagem Ou pelo menos impedem o plástico reciclado de ser usado em segmentos como da alimentação para dar um exemplo disso a Teresa uma hora pegou uma bandejinha dessas de fast food de comida congelada e mostrou para mim a maioria delas tem é isso aqui é uma cola de silicone que eles colocam aqui para fechar E aí a empresa para poder aproveitar essa parte aqui muitas vezes tem que tirar toda essa parte aqui de cima cortar por o silicone com qualquer material ele é contaminante né Então aí você perde nenhuma outra empresa engajada
que banca esse tratamento mais complicado para reciclar o plástico Mas é uma minoria a Coper viva bem arranja os clientes nessa linha só que ela é referência no brasilzão e no mundo todo praticamente isso está longe de ser regra para ter ideia nos Estados Unidos um relatório de 2022 do Greenpeace falou que até 80% do plástico que chega para ser reciclado na recicladora mesmo é rejeitado por critérios técnicos ou econômicos E aí ele acaba indo parar em aterros lixões ou na rua mesmo Eu falei agora a pouco que o plástico pode ser vilão mas mas
plástico é um material né difícil falar que um objeto inanimado é vilão de alguma coisa tudo bem que foi a gente que criou não é um negócio natural Mas quem usa ele bem ou mal somos nós como sociedade Quem produz além da conta é a indústria Mas é isso O que mais ficou para mim nessa visita foi o fato que técnicamente até dá para reciclar bem mais plástico do que a gente recicla hoje a principal questão é o que é considerado viável do ponto de vista econômico e do impacto ambiental se você for parar para
pensar na quantidade de água que você pode gastar na reciclagem e na geração de outros subprodutos boa e tem mais uma coisa para acrescentar nisso que o Pedrão trouxe e que remete para outra diferença entre a reciclagem de alumínio e de plástico a quarta diferença segundo a nossa Contagem lembra que a Meg falou que uma latinha de alumínio pode ser reciclada várias e várias e várias vezes então isso também acontece com o vidro mas não com o plástico como a Lara reforçou é que o plástico como material quando ele passa por reciclagem mecânica ele tem
uma limitação de reciclagem química né física o plástico é um polímero ou seja uma cadeia bem longa de monômeros que são umas moléculas menores e de baixo peso quando você recicla ele uma vez você quebra essa cadeia então É como se você pegasse uma folha de papel a qu aí você vai lá amassa uma vez e desamassa ela não é a mesma coisa certo porque mudou ali o arranjo de átomos e moléculas Então você aí você pega aquele papel que você já abriu já tá meio amassado você amassa de novo você amassa de novo então
ele nunca volta a seu formato original na prática a embalagem de plástico reciclada hoje tende a virar outra coisa no futuro por isso que quando a gente vê um plástico reciclado geralmente ele tá produzindo uma camiseta um tapete de carro uma vassoura um balde então ele não consegue voltar a ser o que ele era a finalidade que ele era anteriormente então tem uma limitação Isso significa que uma hora esse plástico tende a não ser mais reciclável e mesmo se ele virar tapete de carro uma hora ele vai perder a utilidade e ser jogado em algum
canto o ciclo do plástico via de regra não é circular tem como melhorar isso otimizando a reciclagem Claro que tem mas o ponto é que venderam pra sociedade uma lógica de que a reciclagem é a solução final para todo esse plástico produzido que a gente não precisaria se preocupar isso não é verdade só olhar pra rua ou pros corpos d' água como a gente fez aqui com o exemplo de Santos para saber e a a palavra é Venderam mesmo pelo menos de acordo com aquele relatório que a gente citou no começo o a fraude da
reciclagem de plástico que é do Centro pra integridade climática cara que investigação eles fizeram viu de verdade Total Então vamos seguir na linha do tempo que eles desenharam a partir de documentos da própria indústria na década de 50 as petroquímicas sacaram que um bom jeito de vender plástico era mirar no fato de que esse material é dispensável é mais fácil pro consumidor comprar uma garrafa de plástico de coca tomar tudo e aí jogar fora do que pegar uma garrafa de vidro e depois de terminar ter que devolver para alguém encher de novo numa conferência da
sociedade da indústria do plástico foi dito que os desenvolvimentos devem se concentrar em custo baixo grandes volumes praticidade e dispensabilidade Então essas indústrias estimularam esse modo de consumo único esse consumismo de hoje que a gente compra as coisas sem pensar onde elas vão parar depois isso não foi sempre assim não pelo menos não nessa escala antes da popularização do plástico Leite vinha em vidro tinha todo um ciclo de consumir num dia devolver a garrafa no outro aí pegar mais na mesma garrafa e assim ia só que aí o plástico começou a sobrar nas ruas no
começo dos anos 60 só 10% da produção plástica era para embalagens isso chegou a 25% mas que dobrou portanto no fim da década aí a sociedade começou a chiar a indústria respondeu com uma IDE da reciclagem quando algum estado ou país ameaçava regular ou restringir a produção de plásticos descartáveis o pessoal inventava umas organizações para fazer promessas irreais por exemplo segundo o documento a fralde da reciclagem de plástico em 1989 empresas do tamanho da da e da chevron criaram nos Estados Unidos a companhia Nacional de reciclagem do poliestireno era uma Joint venture com locais para
reciclar embalagens com o tal do poliestireno que é um tipo de plástico a suposta meta era reciclar 25% dessas embalagens em 1995 a realidade é que isso não passou de 2% 12 vezes menos em 99 a companhia foi vendida só que o sucesso da Meta era o que menos importava a criação dessa companhia e de outras organizações de fachada como a fundação de reciclagem do plástico em 1984 era fazer RP indicar pra sociedade que uma solução tava aí e adiar regulações teve muita propaganda enganosa teve muito Lobby um dos executivos dessa Fundação e o antigo
diretor da dupon disse em 1988 Em uma matéria do New York Times que sem dúvida a legislação é a razão mais importante pela qual estamos olhando pra reciclagem então pro público e pras autoridades as petroquímicas alegavam que estava tudo tranquilo que logo mais aquele mar de plástico iria sumir só que na boca pequena Eles já sabiam que isso não era verdade há muito tempo e aqui gente o relatório do centro para integridade climática é bem detalhado tem muitas falas documentos e comprovações a gente vai só pensar umas para você ter noção mas essa falácia estava
disseminada mesmo na indústria segundo essa investigação Então vamos lá em 1971 mais de 50 anos atrás teve o fórum anual do Instituto de embalagens e ali um executivo Já lançou que eu acho que é uma falsa economia reciclar plástico por separação classificação limpeza transporte e reprocessamento quando esse material poderia ir para locais de descarte como uma fonte de energia é ele tava sugerindo de queimar plástico para gerar eletricidade quem liga paraa poluição para aquecimento global né bom aí em 73 aquela sociedade da indústria do plástico soltou um relatório que dizia que plásticos recicláveis tinham qualidade
pior e eram mais caros que os plásticos virgens e que isso também tinha a ver com questões intrínsecas do material e aí vem um arremate quando os plásticos saem dos pontos de fabricação eles quase nunca são recuperados não há recuperação para um produto obsoleto aliás Sabe aquele simbolozinho que vem nas embalagens de plástico que tem umas setas que formam um triângulo e dentro vem um número que varia de um a sete é um sinalzinho que passa uma impressão Clara de algo reciclável que vai e volta né até porque esses triângulos são o mesmo símbolo da
reciclagem Mas então até isso foi manipulado e o responsável por esse negócio foi de novo a sociedade da indústria do plástico em 1988 essa essa nomenclatura vamos dizer né ela veio a partir de uma necessidade de mostrar pro consumidor que aquilo ali poderia ser reciclado mas na verdade aquilo ali simplesmente identifica o tipo do polímero não significa que aquilo é reciclável e nem reciclado são coisas diferentes o que a Lara tá dizendo é que a indústria do plástico pegou um símbolo clássico da reciclagem o das flechinhas em formato de triângulo e adaptou de leve para
fazer parecer que toda a embalagem de plástico é reciclável e a gente sabe que isso não é verdade tanto porque a embalagem de plástico pode não ser reciclável ou seja Tecnicamente não rolar processar esse material quanto por não ser reciclada por acabar sendo muito caro ou difícil de dar destinação a ela o argumento oficial da indústria é que os números pequenininhos ali dentro do Triângulo ajudam a identificar os tipos de plástico o que a ajudaria com a reciclagem Ok verdade a Lara mesmo falou isso mas o número não precisava est dentro do símbolo oficial de
reciclagem você não vê esse sinal embalagem de alumínio ou de papel por exemplo tem gente defendendo que isso configura propaganda enganosa inclusive você vê o consumidor que vai comprar um pacote de salgadinho ele vai ver aquele símbolo ali no final sete outros com aquela seta é que parece um símbolo de reciclagem vai achar que ele tá comprando uma embalagem reciclável e é uma embalagem que ela não é reciclável ela é absolutamente não reciclável ela é rejeita ela é lixo na volta do intervalo a gente conta como as indústrias hoje estão falando de reciclagem química entre
aspas para seguir com essa história sobre microplásticos e sobre as outras etapas da cadeia do plástico [Música] [Aplausos] pessoal o cens suja precisa de você para continuar existindo e crescendo se puder faça parte do nosso programa de financiamento coletivo pelo orelo ou pelo apoia-se a patreon é só procurar pela gente nessas plataformas para ver as diferentes categorias de apoio e os bônus que a gente oferece também qualquer dúvida pode mandar um e-mail para ciencias suja @gmail.com ou mandar uma mensagem nas nossas redes sociais aproveitando fica aqui o nosso agradecimento super especial pros apoiadores Rômulo Neves
Maria Fernanda Almeida Frederico gonzalves Guimarães André Javier Lemos e Maura Bortolo Ferreira valeu pelo apoio gente e o Ciência suja faz parte da Rádio guarda-chuva um grupo de podcasts jornalísticos Independentes de primeira qualidade Hoje eu queria falar do podcast pauta pública que é da agência pública toda semana Andressa DIP a Clarissa Levi conversam com jornalistas especialistas e outras personalidades sobre assuntos de grande relevância do momento tem Episódio da eleição americana dos conflitos envolvendo Israel da crise climática tem muita análise bacana e a conversa é boa ainda por cima depois ouve [Música] [Aplausos] lá antes do
intervalo a gente falou como empresas estavam usando a reciclagem de desculpa para seguir acelerando a produção de plástico e não tem dado mais simbólico para isso do que esse aqui mais ou menos 60% do plástico acumulado no mundo desde os anos 50 foi produzido depois dos anos 2000 quando tudo que a instituição de fachada tava falando que a reciclagem garantiria um Uso Sustentável do plástico ué se reciclar tava suprindo a demanda porque tem tanto plástico virgem entrando no circuito com o tempo foi ficando claro que esse material estava se acumulando em tudo quanto ecossistema e
a justificativa da reciclagem começou a ruir o documento do Centro pra integridade climática até cravou um ano para essa virada na opinião pública 2015 segundo o texto isso aconteceu por uma conscientização a respeito dos microplásticos que a gente vai falar logo mais e também pelo acúmulo de cenas marcantes do impacto do plástico no meio ambiente uns bons Anos Antes teve a divulgação da Ilha de lixo do pacífico aquela mancha gigante no meio do oceano que tá repleta de plástico e teve também né a história do canudinho sendo tirado do nariz de uma tartaruga enfim aí
para enfrentar essa nova onda de Taques a indústria recau chutou uma ideia antiga a da reciclagem química ou reciclagem avançada em vez de mecanicamente triturar o plástico o negócio aqui é usar processos químicos como pirólise ou Hidrólise para supostamente voltar a Gerar resinas de plástico e que aí sim daria para fazer isso infinitas vezes gente de avançada essa técnica não tem nada viu esse tipo de processo é testado desde a década de 70 tudo bem Dá para dizer que as coisas evoluem e ninguém quer impedir novas descobertas mas até agora nada em larga escala foi
testado com sucesso um documento da Aliança global para alternativas a incineração identificou 37 instalações com Tecnologias para reciclagem química nos Estados Unidos dessas três estavam operacionais e nenhuma produzindo plástico novo e isso porque a gente não vai nem entrar a fundo no possível impacto ambiental desse tipo de reciclagem porque plásticos vê cheios de aditivos e esses processos químicos podem liberar esses negócios potencialmente tóxicos Até onde eu sei a reciclagem química é um tema interessantíssimo de pesquisa ela não tem a viabilidade ou Financeira ou técnica de entregar o que algumas pessoas dizem que ela promete o
Walter rery wman que você ouviu é um químico muito muito gente boa ele é professor da Universidade Federal de São Carlos no Campus de Sorocaba e também tem uma visão realista sobre esse tema seguir estudando a reciclagem química como uma possível opção pro Futuro beleza Dá até para abrir edital para pesquisas nessa linha agora não me venha a botar isso em mesa de negociação com governos com ONU com o que for ou usar esse papo para de novo adiar regulações efetivas sobre o manejo do plástico agora vamos fazer política pública não entra uma tecnologia que
ainda não se consolidou não po pode entrar porque a gente tem um histórico de considerar promessas e depois a gente vê que ela não entregou o Walter tem sei lá uma obsessão saudável com plásticos Vai Um dos hobbies dele é tirar foto de diferentes produtos plásticos que degradam com o tempo eu tava recentemente tava viajando com a minha esposa e uma coisa que eu tenho visto muito é caminhão adesivado esses adesivos são aqueles de propaganda ou com logo mesmo de uma marca e eles são feitos de PVC que é um plástico só que o tempo
a chuva o sol vão gerando pequenas quebras no adesivo a gente vai deixar umas fotos do Valter nos materiais complementares fica interessante mesmo e aí eu tô tirando muito foto disso então camião com propaganda que pessoal faz propaganda e depois nunca mais troca o caminhão fica todo rachado e eu tava viajando com a minha esposa e a gente tava com camião desse aí eu falei pelo amor de Deus tira foto disso aqui aí eu fiquei atrás do camião ela ficou tirando foto tirou várias sem julgamento Walter seja feliz só não mexe no celular quando você
tiver dirigindo e use o cinto aí eu falei agora eu vou ultrapassar o camião que ele tava devagar vou ultrapassar devagarinho você vai tirando a foto da lateral a eu tenho essa coleção de plásticos degradados para onde eu vou essa experiência não gerou nenhum acidente e querendo ou não o interesse do wter tem sutilidade a gente tem um paper agora que tá para ser provado a gente já mandou a revisão justamente sobre a adesivo de PVC Você tem muitos lugares você põe adesivo PVC e larga para fazer uma propaganda e aquilo vai quebrando vai rachando
vai formando fissura e a gente tá mostrando o impacto assim a quantidade de microplástico aquilo solta não é não é pouca coisa o Valter el estuda microplásticos faz uns 5 anos e agora ele tem um grupo de pesquisa só sobre esse assunto com 13 pós-graduandos microplástico é uma partícula de plástico menor que 5 mm tem microplástico fabricado para funcionar por exemplo como esfoliante em cosmético mas a maioria dessas partículas vem da fragmentação de materiais maiores garrafas embalagens os adesivos de PVC que o Valter fotografa tudo isso aí vai degradando e soltando essas moléculas no ambiente
e hoje gente tem microplástico em tudo que é lugar estudos encontraram microplásticos no ar na terra no fundo do oceano na barriga de um monte de animais tem tanto microplástico por aí que um aluno do Val tá desenvolvendo um microgel para descontaminar a água do laboratório deles é uma tecnologia cara e complexa não daria para usar em larga escala mas ela seria útil para pesquisas porque se a água do próprio laboratório tá contaminada fica difícil fazer um estudo confiável é uma preocupação corrente você não publica mais se você não tiver descrito o seu controle para
dizer que aquele microplástico que você mediu é da amostra que você coletou e não do seu laboratório a equipe do do Walter também tá encontrando microplásticos no leite na lavoura em esmaltes e tem microplástico em alimentos e dentro da gente também uma pesquisa australiana achou essas substâncias em 54% das amostras de urina coletadas e também em 70% das amostras de câncer de fígado e de bexiga outra pesquisa e essa é brasileira da Faculdade de Medicina da USP identificou microplásticos no cérebro humano hoje tá pop estudar microplásticos outra referência na área aliás é o o Ítalo
lá de Santos mas as descobertas estão começando a pipocar agora então ainda tem um grau de incerteza sobre certos pontos o que já se sabe é que os microplásticos são capazes de alterar processos metabólicos em peixes e outros animais assim como em vegetais também e que ele pode impactar sim a sobrevivência desses seres vivos mas em humano é um pouco mais complicado Até porque não dá para enfiar um microplástico em alguém e ver o que acontece para piorar é difícil fazer alguma comparação entre pessoas expostas e pessoas não expostas a microplásticos como se fez com
cigarro por exemplo porque basicamente todo mundo tá em contato com essa substância ainda assim as pesquisas estão avançando tem indícios de que a contaminação do coração por microplástico estaria associada a mais casos de problemas cardíacos graves tem aquele dado de uma concentração especialmente alta em amostras de câncer de fígado e bexiga tem até uma história que os microplásticos se conectam a partículas nocivas como agrotóxicos E então transportar ar iam isso para dentro da gente e que eles estimulariam o crescimento de bactérias mais resistentes então é uma ciência engatinhando mas o que tá parecendo não é
nada legal e o louco é que a gente não vê ou mal vê o microplástico Né isso Ficou bem claro lá no rolê de barco em Santos com Ítalo a gente foi avançando pelo rio E aí uma curva de repente Parecia tudo preservado a gente não via sinal nem de pessoas nem de resíduos As Margens estavam todas tomadas por mang tinha peixe pul tinha outro Guará vermelho voando mas é mas tem uma coisa também né acho que é um pouco da que remete um pouco da nossa matéria a gente não vê microplástico né Então mas
ele tá aqui né ele tá aqui ao redor da gente não duvide né os caras procuraram microplástico no Evereste aaram na foça das Marianas acharam em Ilhas remotas nas áreas protegidas acharam pode ter certeza que a gente acha microplástico embora não vejamos nas águas do estuário de Sant São Vicente fe uma muito interessante com Ostras ali no estuário de Santos e ele usa Ostras porque elas são filtradoras então acaba que vão aspirando microplástico que tá ali na água depois de analisar esses bichinhos no laboratório tabular os dados e comparar com outros artigos na literatura o
Ítalo viu que o local que ele estuda tava no Top cinco de maior contaminação por microplástico do mundo pelo menos por essa medição com ostras e outros bichinhos do tipo mais recentemente um estudo apontou uma senhora contaminação por microplásticos na PR Praia do Pântano do Sul que fica em Florianópolis e tem uma água cristalina então quando o assunto é microplástico o Brasil não vai bem e as aparências [Música] enganam eu vou aproveitar a deixa do Aparências Enganam para pôr mais uma Pimentinha nessa história do microplástico faz um tempo já que a gente tá convivendo com
supostos plásticos biodegradáveis ao contrário do plástico normal esse se desintegrar e voltaria a ser material orgânico em poucos meses sem Impacto pro meio ambiente aquelas sacolinhas verdes descartáveis de mercado costumam ser entre aspas biodegradáveis e tem canudinho copo e outras coisas mais usando esse selinho aí mas eu pus aspas no biodegradável porque a enorme maioria desse material aqui no Brasil não é biodegradável coisa nenhuma um estudo do nosso grupo de pesquisa publicado recentemente aonde visitamos 40 Supermercados do Brasil no Rio de Janeiro em São Paulo e em cidades menores mostrou que nenhum dos utensílios de
plástico que alegavam nos seus rótulos serem biodegradáveis de fato eram eles na verdade eram oxid degradáveis e isso significa que a indústria põe os aditivos para acelerar a quebra do Material Plástico mas o problema é que os cientistas Descobriram que não é que o plástico se decompõe em biomassa e outras coisas orgânicas Ele só vira microplástico mais rápido e isso é danoso na Europa esse tipo de produto já foi proibido mas a gente segue com as normas desatualizadas e então o povo tá escando parte D inhaca para cá então é importante que as pessoas saibam
que não existe plástico biodegradável no mercado existem sim polímeros biodegradáveis que foram desenvolvidos em escala de laboratório mas devido a uma baixa versatilidade ou uma baixa viabilidade Econômica eles não chegaram no comércio eles não chegaram no mercado o que tem embora numa escala pequena ainda é o plástico compostável Esse é o negócio que diferentes entrevistados nossos falaram que pode ser uma parte da solução uma parte então a gente foi atrás da empresa brasileira ert bioplásticos que trabalha com plástico compostável para entender isso melhor a RT hoje nós trabalhamos apenas com materiais que são compostáveis e
o que que é um material compostável O que é ao fim de sua vida num período de 180 dias o material ou a peça plástica ela se transforme em humos água e CO2 né ou seja ela virar dubo pra planta Esse é o Kim fabre CEO da ert ele falou que o mercado Geral de plásticos compostáveis tá Mirando especialmente os produtos de uso único tipo canudinhos talheres copos descartáveis bandejas simples para alimentação ou seja coisa que o pessoal usa por um tempinho e depois já joga fora muito muitos plásticos compostáveis não vem dos combustíveis fósseis
na ert um tipo de polímero vem da cana de açúcar embora um outro que eles também usam ainda venha do petróleo com certificados e tudo mais mas tem então essa vantagem de financiar menos um segmento que tem promovido aquecimento global né Só que também não é um mar de rosas primeiro que para virar Duo em 180 dias você precisa colocar esse material numa composteira caseira ou naquelas industriais mesmo só que composteira caseira é coisa rara no Brasil e mesmoos locais de compostagem profissionais estão concentrados mais no sul e no Sudeste na Europa eles estão muito
populares já espero que se popularizam aqui porque são realmente um avanço Mas significa que se ele escapar o sistema de coleta e cair num rio ou no mar ele não vai degradar os plásticos compostáveis até parecem degradar mais rápido do que os convencionais em aterros sanitários e mesmo se forem largados no meio ambiente mas aí não é 180 dias que nem uma composteira e E aí pode gerar microplástico sim segundo o Italo e o wter o microplástico vai embora antes provavelmente mas ainda assim gera impacto no meio do caminho fora isso se um garfinho com
plástico compostável trouxer aditivos tão tóxicos quanto de um normal Pode dar ruim porque o plástico vai degradar antes e liberar mais rápido essa substância nociva Então essa produção tem que ser bem pensada e o descarte precisa ser resolvido e claro tem a questão do preço o que encontrou pra gente que o bioplástico da ert bate o preço do papel como matéria prima para esses itens de uso único mas ele ainda tá 20 a 30% mais caro que a resina convencional a diferença já foi maior mas ainda existe então num país como o nosso que não
tem uma legislação Nacional pro manejo de plástico e que ainda deixa passar os oxid degradáveis falta incentivo financeiro para uma migração você sabe que a gente hoje sei lá em torno de 27 do nosso faturamento é é Brasil né O resto é é é exportação a ert exporta principalmente paraa América Latina para países como Chile peru Colômbia e Argentina que tem alguma regulamentação pro uso de plásticos o Brasil tem um projeto de lei o 2524 de 2022 para criar regras sobre a economia circular do plástico se ela for pra frente provavelmente vai banir os oxid
degradáveis e barrar o vale tudo atual com os itens de uso único e isso pode abrir mercado pros compostáveis todos os entrevistados nossos são a favor do avanço dessa lei só que uma Economia mais sustentável não pode apenas pensar na fase do descarte quem tá demandando tanto plástico para vender seus [Música] produtos tem uso de plástico para tudo que é coisa como a gente falou mas o atlas do plástico um baita material compilado pela Fundação Henry Ball que saiu em 2020 mostra que as indústrias de alimentos e de bebidas lideram o uso desse material as
duas juntas respondem por mais de 26% do consumo a construção civil vem atrás com 22,5 E isso tem tudo a ver com a forma como a gente vê a alimentação hoje a comida de verdade o arroz e o feijão estão perdendo espaço para itens Ultra processados que vem embalados em muito plástico é até por isso que a ONG act promoção da Saúde entrou na campanha com uso indiscriminado de plástico se você olha para outros relatórios né assim os grandes poluidores os maiores poluidores você olha lá tá coca-cola unilev enfim essa é a Paula Jones ela
é socióloga fundadora e diretora da ACT que tem como um dos carros chefes alimentação saudável e esse ponto que ela trouxe não foi a Paula ou a gente que inventou Não realmente no atlas do plástico empresas como coca-cola Nestle Danone Unilever estão sendo citadas em 2019 por exemplo uma Auditoria da breakfree From Plastic coletou pedaços de lixo plástico largados em diferentes lugares do mundo e a coca foi a marca mais vista a nestl em segundo lugar a pepsic em terceiro e a Unilever em quarto só empresa com alimento ultraprocessado no portfólio todas essas indústrias com
as quais a gente também né acaba sendo os nossos adversários aí sistêmicos em toda a agenda da alimentação porque basicamente são as industrias de alimentos ultraprocessados né que a gente quer que sejam reguladas e com a explosão dos deliveries na pandemia isso pode piorar um outro relatório da Oceana mostrou que o uso de plástico nesse setor saltou de 17 para 25.000 toneladas entre 2019 e 2021 aí estão incluídos materiais para embalar e transportar comida talheres e outros utensílios Isso é só no Brasil tá gente então acaba que o setor da alimentação serve como um ótimo
exemplo para nossa necessidade de repensar o modelo de consumo atual a gente segue muito focado num imediatismo e num conforto que vai até a página dois porque viver no meio do plástico comendo comida que faz mal já tá gerando efeitos socioambientais que não são nada confortáveis quem gosta disso é por exemplo o segmento do combustível fóssil que pode ver no plástico uma forma de escoar seu petróleo aí agenda do clima tem toda essa demanda por diminuir a utilização de combustível fóssil uma das coisas que podem ser feitas com combustíveis fósseis para não usar na quema
como combustível é plástico é uma forma de você direcionar né aquele né aquilo porque ele tá sendo também criticado especialistas defendem que autoridades e a sociedade precisam valorizar uma economia circular e responsabilizar as empresas pelos resíduos que elas fabricam E aí entra o Tratado do plástico que tá sendo conduzido pela ONU desde 2022 o tratado ele é um tratado bem complexo e bem ambicioso ele tem como objetivo regular é o escopo dele é em quase todo o ciclo de vida ele só não pega extração de petróleo então ele pega ali da fase de produção de
resinas polímeros pra frente tá aí a Lara da Oceana de novo então para começo de conversa ele mexe com um monte de grupos diferentes ele pode afetar diretamente o modo de produção de petroquímicas e da Indústria de Alimentos o jeito que o segmento de reciclagem funciona ele pode afetar catadores populações locais de pesc ores e nas negociações estão falando do uso de aditivos daquilo que a gente falou sobre o design dos materiais plásticos do controle do banimento de certos tipos de certos usos de plástico então é um assunto sensível mesmo o Tratado também lida com
países com interesses bem distintos o Brasil como a gente já falou é o maior produtor de plástico da América Latina e entrou no PEP mais que é o grupinho de países que produzem bastante petróleo aí tem China índia Rússia e outros países que fabricam e consomem plástico para burro Depois tem os grandes produtores de óleo como a Arábia Saudita e Qatar mas que consomem menos embalagem Então já olham para isso de outro jeito no meio disso tudo ainda entram os países que dependem de turismo então Ilhas países do Caribe países do sudeste asiático que dependem
essencialmente a sua economia depende essencialmente ou da Pesca ou do Turismo ou das duas coisas e são duas atividades altamente impactadas pela poluição por plásticos Então tem um mapa geopolítico intrincado aí e num momento que não tá especialmente favorável para acordos multilaterais o mundo tá um pega PR capar alucinado organizações como o on OMS estão apanhando de tudo que é lado governos estão promovendo desinformação científica o trump foi eleito de novo então tudo isso dificulta muito você chegar a consensos globais que sejam efetivos e nisso as grandes corporações que tão ganhando muito dinheiro com o
mundo do jeito que ele tá hoje vão resistir a mudança é basicamente isso né Pois é como a Paula trouxe na condução desse tratado as indústrias envolvidas estão fazendo um Lobby danado elas estão presentes nas negociações isso é diferente da chamada convenção quadro para o controle do tabaco que foi um tratado global para adotar medidas contra o cigarro e foi aprovado em 2003 Nesse caso a indústria do tabaco foi proibida de dar Pitaco e não foi do zero é que ela começou a tentar interf com informações falsas muitas delegações começaram a ficar irritadas com aquele
grau de interferência ali da indústria entendeu então foi fruto desse processo fora que nessa época todo mundo já tinha acesso aos milhões de documentos que comprovaram toda arquitetura de mentiras que a indústria do tabaco desenhou para negar que o cigarro causava câncer e para adiar regulações Foi aí que bateram A Porta na Cara Desse pessoal o que foi uma medida acertada segundo a Paula e a Lara que você vai ouvir agora o Tratado do tabaco de fato conseguiu tirar a indústria por isso que ele teve tanta efetividade porque ele conseguiu tirar a indústria que tinha
conflito de interesse E é isso que deveria estar sendo feito no Tratado do Plástico e não foi por falta de pleitos e cartas e reuniões e demandas da sociedade civil organizada que tem participado de denunciar a quantidade de lobistas a presença da indústria do plástico ali e claro que isso interfere e diminui a ambição do tratado quando a gente tem a presença de de lobistas circulando não é que as empresas podem interferir diretamente no texto quem faz isso são os países mas os lobistas T acesso fácil aos negociadores dos países nas reuniões e isso pode
ser problemático Além disso tudo o Tratado pretende ser consensual Ou seja todos os países precisam topar o texto redigido e ele pretende ser juridicamente vinculante ou seja uma vez ratificado os países têm que criar legislações para seguir as normas criadas sob o risco de serem penalizados você resolver simplesmente todas essas questões que é a externalidade do capitalismo em cinco reuniões do anos é tem mais esse detalhe o Tratado teve um prazo apertado a primeira reunião mesmo foi em 2022 no Uruguai e o último encontro vai começar agora no dia 25 de novembro em buzan na
Coreia do Sul Então o que a gente pode esperar do tratado do plástico essa é a pergunta de 1 milhão de dólares a gente tem sensação de que essa reunião em buzão ela vai ser muitíssimo desafiadora com tudo para ser negociado tudo para entrar em consenso como a gente tá saindo com esse episódio logo antes da reunião não dá para saber ao certo agora mas fica de olho nas nossas redes sociais que a Meg vai paraa buzan e vai te atualizado do que tá rolando lá é informação pro ciência surger Enfim no momento tem muita
coisa em aberto das metas as formas de monitoramento passando pela lista de produtos proibidos ou mais regulados e pelo controle das indústrias responsabilização e reparação histórica pelo menos nesse momento pode esquecer verdade que como a Lara ponderou vários países seguram suas posições até esse momento final para conseguiria negociar melhor então capaz que a reunião na Coreia do Sul avance mais que as outras pelo que a gente apurou uma possibilidade seria adiar o texto do tratado e fazer mais uma reunião em 2025 mas isso tem implicações consideráveis in inclusive com a ONU então uma hipótese é
que o primeiro texto do tratado seja mais deshidratado para garantir algum consenso E aí a ideia é avançando a regulação nas CS do clima as conferências das partes que você deve ouvir na imprensa a Paula da CT trouxe as expectativas dela é eu acho que a gente vai avançar nessa assim de linha geral nessas áreas de ter alguma coisa mínima né sobre design do produto sobre reutilização sobre reciclagem onde possível sobre restrições para plástico de uso único assim eu acho que se a gente chegar no final desse caminho proibindo plástico de uso único ninguém tem
enfim você não consegue proibir globalmente depois de cada país leva pro seu país para tentar proibir né mas se você chegar com esse consenso Global acho que a gente vai ter avançado horrores Então se da Coreia do SUS sai um consenso que controle bem esses itens que mal são usados e logo são descartados E que pense em remodelar produtos plásticos para facilitar reciclagem ou compostagem estamos no lucro segundo a Paula possível que saia uma coisa tão ruim tão ruim que olhando assim com olhar mais crítico para mim vai ser só mais uma grande Global Green
washing com carimo da ONU né se sair uma coisa muito ruim é isso que não dá para deixar acontecer não dá para sair da reunião na Coreia do Sul com tratado que finge que a reciclagem química vai ser solução pro futuro a solução precisa ser real para agora e precisa conter se vale tudo na produção do plástico as empresas precisam parar de colocar corzinha diferente na embalagem só para ficar mais bonito e ferrar a reciclagem lá na ponta Acho que mais importante né Quanto mais a sociedade sinalizar que quer isso né E fizer essa pressão
e fizer essa demanda melhor é então a gente vê a construção desse tratado por si só ela já é um resultado de uma demanda da sociedade que não é só o mercado se organizando mas a sociedade civil é a gente documentando esse problema eh do ponto de vista Ambiental do ponto de vista social do ponto de vista econômico teve realmente muita ciência cidadã muito pesquisador de diferentes organizações trabalhando duro para mostrar o tamanho do buraco que a gente se meteu com plástico então eu sei que o ano tá osso e o Natal tá batendo na
porta mas acho que vale dar força para esses caras valorizar o suor deles em prol da gente abla aí nas redes se intera sobre o assunto cobra quem você conseguir cobrar e claro tenta repensar uns hábitos associados ao consumo de plástico e a o olho para ver onde tem plástico que poderia ser substituído ou deixado de lado mesmo sei lá a gente precisa mesmo embalar livro em plástico não tem nenhum outro jeito de preservar um livro não dá para ter menos embalagem dentro de embalagem Outro dia eu comprei um queijo mussarela e quando eu fui
ver eram vários palitinhos de queijo dentro de uns saquinhos individuais e isso dentro de uma embalagem maior de plástico e os caras anunciavam que a vantagem era ter essa abre aspas embal individual pô não dá para buscar uma praticidade Mais responsável até porque enquanto tô eu aqui abrindo duas camadas de plástico para comer 30 Gas de mussarela o Rubão o Barqueiro tá ralando lá no estuário do Santos para achar peixe e esses ecossistemas tem uma ligação por é quando eu era menino que eu morava aqui eu pescava nesse Rio eu fui forçado aí morar em
Santos e depois quando eu retornei para casa eu retornei com uma certa idade casado aí quando fo um dia eu comprei uma varinha de pescar e tal saí de casa mulou lá no Rio cara pescar uns Car pescar cara me deu vontade de chorar fiquei tão p da vida quando eu cheguei na beira do rio aí cara quebrei a var de pescar joguei a isca tudo fora foi só o plástico que poluiu o rio obviamente que não longe disso mas bora parar de passar pano [Música] [Música] a sexta Temporada do ciência suja é apresentada por
mim Mag Rodriguez e por mim terro Prest a pesquisa e a produção deste Episódio são do Pedro Belo e do Prest o fez o roteiro com apoio de todos da equipe a minha locução foi gravada no estúdio tir no som a edição de som as trilhas a mixagem e as vozes complementares são do Felipe Barbosa a Maila tan ferry e o Guilherme Henrique Fizeram essa arte de capa linda que você viu a consultoria jurídica é do advogado Rafael Fagundes o nosso site que tá cheio de materiais complementares foi desenvolvido pelo estúdio barbatana você também encontra
mais informações nas nossas redes sociais que são tocadas pelo Pedro Belo e pela Mirela lemos o Ciência suja está no Instagram Facebook tiktok Twitter e bluey siga a gente Compartilhe o nosso trabalho isso é bem importante pra gente se puder participe do nosso financiamento coletivo os links estão lá no nosso site O endereço é www.ciencias.com.br daqui duas Quintas a gente tá de volta já é o penúltimo episódio do ano [Música] [Música] na ort
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