e eu pediria pro Renato Janini então fazer uma pequena apresentação do programa que Ele montou e desse início Então a primeira palestra sobre o grande Pensador que trouxe uma nova forma de orientar a ação humana que é o Maquiavel longe das questões da religião etc Renato Muito obrigado muito obrigado Augusto obrigado boa noite fico muito contente com os elogios do Augusto e sobretudo com aen de vocês então nós estamos começando mais uma edição do Café filosófico e a ideia este ano esse mestre aliás é discutir a questão da ação ou seja nós estamos discutindo muito
as grandes questões a partir das questões do cotidiano quer dizer como a partir do cotidiano a partir do que está perto de nós do vivido como a partir disso se colocam Grandes Questões políticas sociais filosóficas Esse é um traço talvez de nosso tempo um tempo que se debruçou mais sobre as questões que às vezes isto é uma coisa lamentada porque se teria perdido a grande Utopia às vezes Isto é elogiado porque se está procurando mudar a vida e não apenas mudar as grandes formas políticas Mas de qualquer forma esse é um tracee do nosso tempo
e nesta vez nós vamos focar sobretudo a questão da ação quer dizer embora isso já estivesse presente em filigrana nas edições anteriores estava mais colocado com problemas agora nós queremos colocar a questão do sujeito que age do sujeito que enf enfrenta as dificuldades e muda o seu mundo e É nesse ponto que Maquiavel se torna uma autor interessante uma referência interessante e ao mesmo tempo provocadora porque Maquiavel é um dos autores Tem pior imagem na História do Pensamento então se nós queremos pensar como alguém luta contra as adversidades Maquiavel é bom porque uma das questões
importantes dele é como nós enfrentamos o que ele chama de Fortuna ou seja aqueles acontecimentos que vê de maneira imprevista aqueles acontecimentos que se devem ao que chamamos de acaso de azar sorte ou falta de sorte Fortuna ou Infortúnio e como diante deles o ser humano o homem é capaz de definir um um um trajeto uma trajetória enfrentá-los e eventualmente vencê-los essa capacidade do ser humano para vencê-los ele chama virtu e é um termo que a gente evita traduzir porque se a gente traduz por virtude a gente acaba pensando nas virtudes Morais cristãs etc quando
por virtu o que Maquiavel quer entender é a qualidade específica do vir para usar o termo Latino de onde vem a nossa palavra viril do do varão do homem do do homem do sexo masculino que para os romanos tinha esse papel importante de ser quem assumia as rédias da ação e podia portanto enfrentar a fortuna então daí a a em Maquiavel uma um par muito interessante que é a fortuna para os romanos uma deusa que traz uma um chifre cheio de riqueza a cornucópia mas que também traz o Infortúnio e a por outro lado a
virtu que é o momento que o homem toma as redes do destino e ele próprio procura enfrentar este mundo e modificá-lo então por exemplo se um uma um dos encontros que vamos ter V chamar a o homem Face as adversidades é da Fortuna que estaremos falando se outro nós vamos discutir por exemplo como que a Astrologia utilizada por pessoas hoje para planejar a sua ação é disso também que estamos falando porque a fortuna é associada no pensamento clássico às estrelas tanto que quem já fez um mapa astral já tem conhecimento disso sabe se que é
um certo nó da Fortuna o nódulo da Fortuna eh eu me esqueço um pouco do nome exato mas há algo do gênero que aparece nos mapas astrais então A ideia é a mesma ideia quer dizer o que que ah nos permite enfrentar o destino enfrentar a por exemplo como num filme que eu acho ável brilo Despedaçado em que nós temos um alguém que está condenado pelo destino a matar e depois a morrer e Como faz essa pessoa para enfrentar o destino e mudá-lo e sucumbir nessa mudança ou pagar um preço alto ou Vencer nessa mudança
Então o que nós queremos agora é colocar no horizonte essa questão da ação como nós fazemos para agir e mudar isso e como nós fazemos apostando na Vitória não na derrota Mas sabendo que a derrota é uma possibilidade e que afinal de contas A vida é feita também de derrotas né então para centrar a questão em Maquiavel Maquiavel é um autor curioso porque ao longo de várias décadas que Ele viveu ele escreveu vários livros uma pece de teatro mandrágora contos como o arqu diabo Bel Fagor um grande Tratado de filosofia política os discursos sobre a
primeira década de Tito Lívio em que ele comenta um Historiador Romano mas a gente conhece Maquiavel por uma obra que ele escreveu em três semanas o príncipe quer dizer então enquanto ele tá escrevendo os discursos que lhe tomam vários anos Maquiavel para um o momento escreve em poucas semanas o príncipe e a nossa imagem dele é pelo príncipe não pelo restante Então é bom começar contextualizando isso Maquiavel é Republicano ele é um dos principais dirigentes de Florença sobre a República ele nessas condições faz as missões diplomáticas conhece César Borge filha do filho do Papa Alexandre
vi ele comanda exército florencia em batalha e finalmente Florença a República é derrotada e sobe ao poder o o Duque da família medice que tinha sido destronada algumas décadas alguns anos antes então a derrota daquilo porque Maquiavel sempre lutou e a Vitória dos seus enimigos Maquiavel é Republicano não devemos esquecer isso os discursos que ele escreve daí em diante s é uma grande obra republicana no entanto nos meses que se seguem a queda da República o que vai acontecer Maquiavel vai ser preso vai ser até torturado e vai ser desterrado para o campo e lá
ele vai escrever o príncipe como uma obra que ele pretende dedicar aos novos senhores de Florença a fim de entrar nas graças deles quer dizer há um interesse podemos dizer utilitário nisso ao mesmo tempo maravel deixa Claro numa carta para um amigo que ele não vê nenhum interesse nas coisas da vida fora da da discussão das coisas da política das questões de estado então se não pode ser com a com a república que seja com a monarquia Mas que que ele possa discutir isso é importante para ele e é uma carta fantástica que é aquela
que nos permite dizer que Maquiavel escreveu naquelas semanas o príncipe em que ele conta um amigo como ele está passando eh esse período de banimento na na no campo e ele diz de dia eu jogo com os os Camponeses eh eu trabalho na no campo depois jogo com eles e a a gente grita enquanto joga deve ser algum jogo que lembre o truco pelo menos na gritaria então a gente grita tanto que se ouve na outra Aldeia o que nós estamos fazendo aí no fim da tarde ele vai para para a casa em que ele
está Ele não disse que toma banho não sei se era um hábito muito comum na Europa tomar banho com frequência é uma época em que a ideia do banho que é uma ideia que na Idade Média ainda existe na Europa vai cedendo Aos aos perigos do banho o banho é uma coisa extremamente perigosa na França vou considerar que é tão perigoso que se torna hábito no século X1 tomar dois três banhos ao longo da vida dizem que um v nascer e outro vão morrer e o resto do tempo claro as pessoas se limpam com lenço
com lenço úmido com perfume Mas enfim ele se limpa e se veste com as melhores roupas e Vai privar com os antigos como ele diz é uma coisa fascinante porque ele diz que ele coloca perguntas Aos aos antigos aos Gregos e aos Romanos sobre questões de estado e eles conversam com ele se a pessoa quiser ler isso num sentido Espírita pode até delirar e achar que ele tá de alguma forma dialogando nesse sentido é claro que não é essa ideia a ideia que os textos estão lhe trazendo a resposta e esse texto é sempre citado
para dizer o que que é o o humanismo renascentista essa frequentação dos clássicos essa ideia de que os clássicos nos dão as grandes respostas para a humanidade então nessa ocasião ele escreve esse livro Uma das explicações para esse livro então é que ele está procurando voltar às Graças do de quem está no poder e que então seria um livro oportunista outra explicação que Rousseau a meio caminho entre Maquiavel e nós na metade do século XVI vai propor é a seguinte Maquiavel um Republicano ele escreveu esse livro com esses conselhos infames aos Príncipes justamente para nos
mostrar que animais horrorosos são os príncipes O livro é todo irônico diz russ o livro é todo sarcástico ele apresenta como se fossem conselhos de verdade quando que ele está querendo é nos desvendar que raposas que leões que seres cruéis são os príncipes não há muito como sustentar essa leitura porque não há nenhuma evidência a sustentá-la aparentemente Maquiavel acreditava no que ele escreveu mas enfim é interessante que um leitor do porte de Rousseau tenha levantado essa hipótese e outros leitores fizeram outras leituras uma das edições disponíveis do Príncipe em português tem notas de rodapé atribuídas
a Napoleão Bonaparte e a rainha Cristina da Suécia talvez alguns de vocês tenham visto são notas engraçadíssimas porque cada um deles está comentando como não é diferente de um livro da de receitas de cozinha que tenha do lado anotações Da Da nossa avó dizendo que em vez de 5 minutos deveria ser quatro que se substituir o a farinha de tal por outra farinha melhora é um pouco isso que que Napoleão escreve nesse texto que não sabe se é dele porque teriam os cadernos ah essas edições com as anotações de de Napoleão sido encontradas depois da
batalha de waterlow em que ele foi Napoleão definitivamente derrotado e então como havia muito interesse em fazer uma campanha contra ele em apresentá-lo como discípulo de Maquiavel tudo isso é interessante eh valia a pena portanto é possível que seja mentira finalmente a imagem de Maquiavel é muito ruim um um um desde desde o começo um dramaturgo elizabetano Christopher marl que escreve algumas décadas depois da morte de Maquiavel começa sua peça O Judeu de Malta com um prólogo em que alguém diz ma Evel Veja uma mudança que ele dado o nome de machiavelli né M Evel
atravessou os Alpes e veio para cá M Evel é uma composição que tem o Mac escocês que geralmente Originalmente quer dizer filho D do clan d e Evel que quer dizer o mal e tá dizendo tá fazendo uma brincadeira com o nome de Maquiavel seria o equivalente é chamado em português de de demofilo de Filho do Diabo ou de Maquiavel se quisemos manter o o trocadilho algo do gênero né então há uma imagem desde logo de Maquiavel como representando a negação mais absoluta da Moral e essa imagem vai perdurar até o século XX E ainda
perdura por boa em boa parte da opinião pública tanto que quando falamos em alguém maquiavélico nós já entendemos o que isso significa tanto que na filosofia a gente quando quer se referir a alguma ideia ou alguma simpatia em relação ao autor a gente usa o Tero maquiaveliano para evitar chamar de maquiavélico Maquiavel na verdade fazendo um rápido parênteses Quantos são os filósofos cujo nome deu um adj são poucos eu pensaria bom é claro que aos óbvios Marxismo marxista mas é o discípulo de Marx Como russía é o discípulo de Rousseau deixamos isso de lado eu
acho que há dois filósofos que deram nome realmente que deram ah caminho adjetivos um é Platão e outro é é Maquiavel fala-se de amor platônico mesmo sem se ter a menor ideia de quem foi Platão gente que nunca ouviu falar de Platão que não sabe nada da teoria platônica do amor que jamais leu o banquete fala em amor platônico e entende por isso vagamente um amor que não tem a dimensão física gente que nunca leu Maquiavel que tem uma noção muito vaga de Maquiavel fala em pessoas e atitudes maquiavélicas para condená-las ão os dois únicos
autores tanto quanto eu lembro cujo nome cedeu de longe não só a tecnicalidade filosófica mas o próprio universo dos leitores o próprio nome do autor etc Então por uma certa prática filosófica habitual quando a gente vai falar de Maquiavel em filosofia a gente começa mostrando que toda essa imagem tradicional de Maquiavel tá errada vamos dizer a gente dá nota e mostra 400 anos leram Maquiavel errado agora a gente vai ler certo Finalmente nós lemos certo eu não quero chegar a esse ponto mas eu acho que é importante a gente frisar que nesta nesta imagem negativa
de macavel talvez a gente aprenda mais sobre quem tem a imagem negativa do que sobre o próprio Maquiavel talvez a imagem diga mais a respeito de uma atitude moralizante em Face da política que é contrária à atitude de Maquiavel do que sobre o próprio Maquiavel é por aí que eu pretendo desenvolver um pouco a intervenção Inicial on Abrir como de Hábito o espaço para a discussão A gente pode dizer que Maquiavel parte de um princípio que ele enuncia pela altura do capítulo 15 do Príncipe lá ele diz muita gente já escreveu sobre as questões que
eu estou tratando fala isso na metade do livro tem 26 capítulos se não tô enganado capítulo 15 muita gente já escreveu sobre poder e estado ah bastante coisa porém absolutamente inútil e não serve para nada eu quero escrever coisa que preste eh são as palavras mesmo eu quero ensinar como se faz para conquistar para manter o poder e não como se faz para perdê-lo quer dizer os outros diz ele falaram de estados que não existem nesse mundo mas são apenas ideais e como Tais esses estados e os ensinamentos desses outros servem muito mais para você
perder o poder do que para você ganhar o poder eem seguidos está errado então eu quero escrever coisa útil vou então falar dos Estados como existem e essa passagem é notável porque ela representa uma quebra com idade média nesse ponto a gente pode dizer começa a idade moderna e alguns dizem até começa a ciência política ou a teoria política científica porque aí ele quer falar da realidade não da Imaginação e qual que é a fantasia sobre a política é a ideia Med do bom governo que é uma ideia Cristã desenvolvida por São Tomás de Aquino
no século XI e dele em diante e inspirada em última análise em Aristóteles essa ideia do bom governo é as virtudes do governante do bom governante são basicamente as mesmas virtudes do bom cristão ou do bom chefe de família basicamente são as mesmas devemos ser Morais na nossa vida pessoal para ganhar o céu e deve então também o governante ser moral no seu trato com o cidadão para poder chegar ao céu e levar a salvação do seu povo daí que o governante tem a grande diferença ent governante o indivíduo privado é que o governante tem
nas suas mãos a salvação não só de si próprio mas dos seus súditos por isso que ele deve eventualmente ser rigoroso quando ele rigoroso com súditos ele está sendo pai porque o pai deve aos filhos não apenas comida carinho amor mas também castigo castigo é uma forma de amor e porque disciplina etc Poderíamos dizer que um livro muito vendido nos na na nos aeroportos atualmente que Fala alguma coisa que quem ama Castiga ou algo do gênero tem um seu elemento mais ou menos medieval presente nisso né você ideia de que o castigo faz parte do
da dívida que o pai tem em relação aos seus filhos ora em função disso O que o príncipe deve fazer segundo os medievais é procurar ser o melhor possível aos cidadãos por outro lado não cabe julgar Como que o príncipe procede nós não temos condições de saber se ele está agindo bem ou mal e se o príncipe for mal nós súditos devemos acatar isso e saber que é ou eh paga pelos nossos pecados estamos sendo punidos aqui Amando de Deus para que já faa para que possamos nos arrepender Como diz um uma expressão muito frequente
eh em inglês como que é to Pray and to Cry que eu traduziria como orar e chorar para que que as pessoas possam orar e chorar que elas possam se emendar eh pelo sofrimento e pelas preces que elas dirigem ao altíssimo e ou então se formos todos nós justos e o e o rei for mal ah Mesmo que não seja em punição dos nossos pecados Pelo menos é por uma provação Nossa para ver se a nossa fé é poderosa lembrem O Livro de Jó O Livro de Jó é a história de um homem que é
justo é bom é afligido por Deus com todos os males e desgraças e jamais ele maldiz a mão que o que o que eu faz sofrer a mão do do Altíssimo então a vamos dizer grosseiramente Resumindo a visão medieval é por aí então daí vem uma ideia de um rei ideal como ele deve ser o rei ideal Deve ser bom deve usar os os valores morais no na sua governança etc só que macavel o que diz disso quem fizer isso mais mais corre para a própria perda do que para Vitória se você tentar seguir esses
critérios você se perde mas prestem atenção Maquiavel não está dizendo de agora em diante eu proponho que o rei pare de agir daquele modo e comece a agir de outro modo ele não diz isso o que ele diz é eu estou vendo como os reis bem-sucedidos sempre agiram mesmo que eles dissessem o contrário que ele está dizendo é o discurso medieval quando ele foi acreditado pelos Príncipes levou-os a ruína agora se olharmos os príncipes que deram certo nós notamos que eles não acreditaram nesse discurso podem até mesmo ter colocado esse discurso em cena ter mandado
pregar isso nas igrejas mas eles não agiram assim e se nós olhamos os grandes Reis medievais nós notamos que alguns deles foram extremamente duros pensemos o nosso eh nosso não sei porque eu falei nosso porque é um rei de Portugal no século XIV mas Brasil nem existia mas pensemos Dom Pedro I de Portugal o cru que fez um acordo com o seu homônimo de castelo Dom Pedro primeiro o Cruel o cru queria dizer a mesma coisa que o Cruel para trocarem H refugiados cada um tinha n outro lugar Dom Pedro de Portugal era viúvo de
inê e Castro e ele conseguiu de volta Os Assassinos Matadores inê e Castro e mandou arrancar-lhe o coração deles pelo peito outro pelas costas Esse é um bom rei é um grande rei é um rei que teve um papel em Portugal Fantástico se a gente ler as crônicas dos cronistas medievais a gente vê que é um dos grandes reinados de Portugal pegamos Filipe oelo rei de França em 1300 e pouco um rei impiedoso que tá celebrizado numa série de romances históricos os reis Malditos que é uma série bem divertida de se ler eh peguemos por
exemplo o autor que muitos consideram que é o grande alvo da grande admiração de macavel que é César borgia que é foso também por trair a palavra dada sempre que necessário fosse e peguemos sobretudo o rei mais admirado de todos por Maquiavel não é César Borja é Fernando de de Aragão casado com Isabel de castelo os reis católicos né que promovem a descoberta das Américas na verdade Quem promove é ela é a rainha que embora O Casamento dos dois reúna as espanhas Isto é a península ibérica salvo Portugal ah as coroas permanecem separadas por muito
tempo tanto que as índias ou seja as américas conquistadas pelos espanhóis são as índias de Castela as colônias são castelhanas e não aragonesas ou bascas ou ou catalãs Mas de qualquer forma esse Rei é um rei dizma que é o que sempre agiu bem correta da melhor forma para o seu reinado e não hesitou em faltar a palavra em modificar tudo que fosse necessário sempre preciso fosse então é esse tipo de de defesa que Maquiavel faz e aí vem a pecha de defensor do mal mas ele deixa Claro não estou defendendo o mal pelo mal
o rei deve ser justo e bom sempre que possível e deve faltar a palavra e usar da violência da força e do mal quando necessário mas é desse dessa necessidade só ele é juiz ninguém mais pode ser juiz Então tudo isso nos desenha uma figura que não é exatamente moral mas eu acho que aí nós chegamos ao ponto Eh que que torna Maquiavel tão presente e talvez o grande Pensador ético de nosso tempo Como diz um filósofo merl Ponti em 1960 esse ponto é o seguinte o que que leva o Príncipe de Maquiavel a não
poder confiar na a não poder confiar na palavra dos outros nem dar confiança nem nem nem deixar que os outros confiem demasiado na própria palavra dele o que que o que produz Isto é o fato de que o príncipe não tem nenhuma autoridade acima dele quer dizer nós cidadãos quando firmamos um contrato Fazemos uma promessa Ah guiamos o carro nós estamos num Universo de leis que são mais ou menos seguidas mesmo num país como o brasilem que a gente sente tanta violação da lei a gente pode dizer que entre respeito à lei e desobediência a
a proporção é enormemente superior no nível do respeito quer dizer tava comentando com um amigo meu há pouco tempo ele dizia alguma coisa assim eu cruzo provavelmente num dia andando pela cidade com 10.000 pessoas a chance de uma delas me esfaquear é mínima quer dizer se houver uma chance em 10.000 numericamente é mínima agora se eu cruzo com 10.000 pessoas por dia andando pelo centro se for uma chance em 10.000 quer dizer que eu serei esfaqueado todo dia provavelmente todo mundo Então na verdade a chance deve ser uma em 1 milhão de pessoas com quem
Cruz uma em 10 milhões para já estar num num num nível de alerta máximo de de perigo quer dizer mas se a gente pensar estatisticamente a gente pode até ficar feliz de considerar que mesmo havendo uma chacina generalizada uma guerra de nas ruas ainda assim A grande maioria tá respeitando a lei que não deixa de ser um consolo então ah e a gente respeita a lei por quê Porque a gente sabe que de alguma forma há uma estrutura um arcabouo que faz o respeito ocorrer existe de alguma forma polícia existe introjeção de de normas existem
regras gente vem um lugar desses com uma segurança muito grande de estar um na presença do outro é claro que os níveis de segurança variam quando por exemplo cursei a faculdade ninguém cogitava te levar a Bolsa ou a sacola para fora da sala ninguém pensava nisso com os aeles e com tudo hoje é meio difícil fazer isso num auditório numa sala etc mas qualquer forma a violência física a gente sabe que maior parte dos espaços dificilmente vai ocorrer muito dificilmente e isto está ligado ao fato de a gente ter uma autoridade sobre nós quer dier
de alguma forma existe uma autoridade estatal Existe alguma autoridade que faz que nós nos respeitemos e sejamos respeitados agora qual o diferencial do Príncipe o príncipe não tem autoridade acima dele não existe um estado Supra estado que Garanta a preservação da da segurança de cada um ao contrário nós ele está numa situação em que qualquer compromisso que ele Firme com os outros eh os outros podem violar assim como ele eu gosto de comparar isso a um jogo que tem diferentes nomes um dos nomes é wargame outro é 1914 mas basicamente é o seguinte você tem
um mapa do mundo esse Aliás mais um mapa da Europa a véspera da Primeira Guerra Mundial e você tem uns seis ou sete eh grandes países potências Império austro-húngaro Alemanha França Reino Unido Itália Império Russo Império otomano acho basicamente esses cada um deles é um jogador e cada um se divide cada um deles tem um jogador e cada um se divide em várias províncias mas há um jogo desse que você só vai jogando os dados não é desse que eu estou falando que eu tô falando é um jogo que é um jogo de discussão um
a um eu eu percorro todos os outros ah e combino que vou fazer basicamente o jogo funciona assim se eu movo uma peça que é uma peça de e eu movo Uma Peça uma província e E se eu ataco a Província de uma província que tá desguarnecida do meu inimigo e eu conquisto a província se ele ataca mim e tá desguarnecida ele conquista a minha província se um ataca uma província que tem um peão então não ocorre nada empate quer dizer não não se conquista Então como há mais províncias do que pedras e as pedras
Além disso são comidas eventualmente o jogo funciona Hã eu tenho que negociar com os outros então por exemplo a Alemanha negocia com a França com a Itália com a Áustria e com a Rússia para saber qual ela ataca qual não ataca então a Alemanha promete não atacar a Itália não atacar a Áustria não atacar a Rússia e quer atacar a França Então faz uma série de acordos com os outros mas o que a Alemanha vai dizer paraa França vaiou dizer Olha eu não vou atacar você e mente e inversamente um dos outros é possível que
tenham mentido paraa Alemanha ou seja é perfeitamente possível que no jogo Ah quer dizer é possível não tem que haver mentira no jogo o jogo funciona na Bas da mentira não posso chegar para você e dizer vou atacar sua província tal porque no caso eu coloco a eu mantenho guarn da província agora para eu atacar a França eu sendo Alemanha eu tenho que tirar tropas de outro lugar portanto eu sempre estou de alguma forma exposto vocês vejam Esse é um jogo típico para ilustrar essa condição do Príncipe Maquiavel é uma situação na qual eh pela
configuração das relações internacionais ser de guerra não há possibilidade de a um acordo que não seja frágil um acordo que não esteja Mercer de ser violado então eh a condição do Príncipe macavel deve ser entendida como essa não é um príncipe que está com todas com todo um respaldo para eventualmente a palavra dada ser cumprida não há um mecanismo que Garanta os contratos ou os tratados ou os pactos em função disso ele tem que agir desse jeito Isso traz um resultado muito importante ele tem que apostar na virtu eu falei rapidamente da Fortuna e da
virtu a fortuna então para os romanos é uma deusa benfazeja na no final da idade média quando Maquiavel recupera o tema da da fortuna ele vai considerar que ela traz tanto bem quanto mal ele vai dar como exemplo da Fortuna uma enchente nós temos enchentes terríveis que devastam as terras todas E aí não há nada que fazer contra elas elas não não havia como prever então não há nada a fazer em face disso Talvez seja uma boa questão a colocar falando ess PFL então nós temos enchentes terríveis o que nós podemos fazer mas uma vez
passada a enchente nós podemos construir barragens fazer Pontes diques nós podemos então de toda uma série de maneiras prever futuras enchentes há discussões até eu sou totalmente Lego no assunto mas eu lembro de haver projeções de barragens para enchentes Deca milenares até não sei se chegam a tanto ou seja uma previsão de uma enchente que a cada 10.000 anos ocorreria e que a barragem seria capaz Além disso de aguentar o que não impede que a enchente decada milenar ocorra no ano que vem quer dizer uma questão de probabilidade pode não ocorrer nos próximos 10.000 anos
ou ocorrer três vezes mas é uma questão ou pode ocorrer uma maior mas vamos dizer há todo um jogo de previsão que é isso se não uma maneira da virtu do engenheiro enfrentar a fortuna então em Face da Fortuna o que nós precisamos nós precisamos de alguém que faça a uso da sua maior condição varonil é a a o discurso é machista mesmo aí não há como escapar ele diz Dea certa altura Fortuna é mulher Então o que nós precisamos para enfrentar essa inconstância feminina esses riscos femininos esta água feminina é da da da virtude
masculina da capacidade de agir então a questão é como o homem vai conseguir agir de maneira planejar tá surgindo nisso daí a ideia de planejamento é aí que surge quer dizer a ideia de que eu seja capaz de utilizando a minha razão antever os riscos se colocam à minha frente e vencê-los vamos então falar um pouquinho de César Borja César Borja é um dos grandes exemplos de Maquiavel César Borja é alguém que tem uma péssima fama ele era filho do Papa Alexandre vi borgia que na verdade apesar da gente escrever borgia com Gi é Borja
Borja o nome espanhol e essa família Borja Ah dá um papa que tem vários filhos Lucrécia César todos eles de uma fama meio duvidosa parece que Lucrécia H pagou sobretudo pela fama do irmão e do pai mas de qualquer forma César Borja Tem Diante de si um problema tipicamente maquiavélico Ou maquiaveliano se você quiser que é Ah o pai dele vai é papa mas deixará de sê-lo com a morte e o a família quer manter os ganhos como fazer ele precisa Então conquistar o máximo e colocar-se como detentor do maior poder possível antes da morte
do pai e tem que prever que a sucessão do pai possa ser controlada por ele e então ele prepara tudo isso ele prevê tudo que é necessário para isso só não prevê uma coisa des Maquiavel que ele próprio César Borges estivesse a beira da morte gravemente doente quando o pai morreu César se recupera mas não H tempo de poder influenciar decisivamente no conclave que elege o Papa E aí Maquiavel diz ele fez tudo que pode para enfrentar a a fortuna mais do que isso não teria sido possível então se ele foi derrotado e o novo
Papa Júlio I que era um desafeto histórico da família Borja perseguiu e matou e fez que ele morresse se o novo Papa fez isso César Borja não tem culpa nenhuma porque ele tentou o que pode ele fez o máximo uso da virtu que mostra que a fortuna Ah enfim às vezes prevalece mesmo que nós tenha usemos do maior planejamento pode haver a tal enchente vamos dizer mais do que Deca milenar então a Mas de qualquer forma ele fala isso e acrescenta Não na verdade César bor já podia ter feito mais porque se ele não era
capaz de eleger quem ele quisesse devido a sua doença pelo menos ele podia impedir a eleição de um papa desafeta o seu ele podia ter deixado elegerem um papa que fosse neutro não um papa que era inimigo de sua família e ao fazer isso ele falhou na sua virt O que é uma questão interessante que fica sempre em aberto é até onde a virtu pode ir Será que nós podemos construir uma virtu que dê conta da Fortuna inteira que planeje tudo que vença todas as as tudo todo aleatório e ao dizer e porque quando ele
vai dizer quanto nas nossas ações é regido pela Fortuna quanto pela virtu e fala meio a meio Mas é claro que a briga se dá dá por aí a nossa ideia é tentar expandir o quinhão da da virtude e diminuir o quinhão da Fortuna mas parece que há um limitador para isso e esse limitador está na natureza humana Maquiavel chama o a pessoa que sabe agir de prudente vamos insistir um pouco nessa Palavra Prudente prudência são termos que hoje estão muito Associados à ideia de cautela a ideia de comedimento a ideia de uma pessoa que
não comete excessos Prudente por exemplo é a pessoa que segue uma dieta ável é a pessoa que mede suas palavras é a pessoa que não briga à toa é um pouco a ideia que temos de prudente não é assim que Maquiavel pensa prudência a prudência é virtude por Excelência da ação a prudência é a capacidade que temos de ter sabedoria na ação de governar a ação para ter o melhor resultado com ela então há duas formas de ser Prudente para o homem político ou para aquele que manda a primeira forma é pela cautela de fato
as situações que devemos ser cautelosos a outra é ao contrário pela pela Audácia então a Audácia é uma das formas da Prudência e macabel diz há duas formas de ser num ser humano ou ele é audaz ou ele é cauteloso e isso você não muda na sua natureza então o homem prudente mesmo para valer ele seria capaz de ora ser audaz ora cauteloso Mas isso é praticamente impossível há uma frase que Maquiavel cita eh que é o homem sábio dominaria as estrelas vejam como isso se liga com todo o resto se a fortuna pode ser
uma configuração astrológica uma configuração astral que determina o azar ou a sorte a fortuna o Infortúnio o homem que fosse sábio que fosse inteiramente Prudente seria capaz de vencer as configurações astrais ele seria capaz portanto pela sua virtude dominar a fortuna essa a ideia e daí a importância da astrologia há duas histórias medievais que que é interessante contar uma é do Rei de Nápolis Roberto astrólogo que manda em 1340 e pouco uma carta a seu primo rei de França e diz primo não entre em batalha jamais com o nosso primo rei da Inglaterra que está
querendo conquistar seu reino é o começo da guerra dos 100 anos porque este príncipe o rei da Inglaterra nasceu sob tão bons auspícios astrais que tudo que ele empreender será muito bem-sucedido mesmo assim o rei francês entra em guerra e é derrotado a gente não sabe se essa história é verdadeira ou não mas pelo menos é muito interessante a outra história mais Marota luí 11 Rei da França que é um dos Reis mais maquiavélicos que possamos dizer que tem uma imgem profundamente Malévola num certo momento está num sério conflito com seu primo o Duque de
Borgonha Carlos O temerário ou seja o Carlos que nada teme né vocês vejam então a Audácia de que o Duque Carlos é capaz e os dois se encontram numa cidade do Duque Carlos e quando estão conversando e e fazendo e tando de assuntos ocorre uma rebelião numa outra cidade amando por ufl por Agentes do Rei contra o Duque o Duque fica muito furioso e prende o rei Na verdade o Duque é mais forte militarmente do que o próprio Rei embora o rei seja seu suserano e o Duque prende o rei e o rei está como
era prático com seu astrólogo pessoal fica muito irritado porque o astrólogo não previu isso e a cena que é contada é a seguinte o rei manda colocar uma corda numa viga da da a de uma das salas aquelas vigas aparentes putras aparentes que tem as velhas construções francesas que são muito bonitas e que hoje se tenta construir fake o quandoo se pode em Paris porque valoriza o imóvel não Umas madeiras desse como se coisas desse tipo uma trave manda passar uma corda o astrólogo que tem rabo do olho percebe muito bem do que se trata
e o rei Pergunta ele bom meu caro astrólogo o senhor consegue prever o futuro no que lhe diz respeito é uma pergunta muito pérfida porque se ele disser vou viver muito tempo ele será desmentido de imediato E se ele disser Vou ser vou morrer hoje será confirmado de imediato então a saída do astrólogo quer dizer Posso sim mas eu só posso prever o meu mapa em Face em correlação com o mapa de outra pessoa e tudo que eu sei Majestade é que eu morrerei três dias antes da mesma forma que vossa majestade e com isso
com essa história ele se salva né a gente imagina o rei mandando recolher a corda imediatamente né preocupadíssimo mandando cuidar bem da saúde do astrólogo pegar os esbirros que lhe restam e digam protej né ninguém lhe faça mal não deixem ele se machucar enfim quer dizer a gente imagina tudo isso mas vocês vem então quer dizer há uma discussão interessante Ah que é como nós controlamos a fortuna e a maneira de controlar a fortuna Qual é senão pela astrologia que o macavel propõe é uma coisa diferente é a prudência Então se o homem sábio dominará
os astros não é porque ele vai ler os mapas astrais é porque ele vai ser capaz de adaptar o seu modo de ser ao modo que o tempo demanda E aí vem o problema até onde nós conseguimos ser tão plásticos tão maleáveis nós conseguimos ser isso só até um certo ponto porque chega um momento final em que se eu sou cauteloso não deixarei de ser cauteloso não conseguirei ser audaz e se eu sou audaz não conseguirei ser cauteloso para lembrar um filme que talvez muitos tenham visto han de curoa o como não não não é
rã kagemucha kagemucha de curoa do que trata kagemucha de um general de um chefe de de de hostes no Japão devastado pelas guerras civis do século X ou 17 que estando perto de morrer chama pede que lhe arrumem um sósia que vai substituí-lo e isso adiará por 3 anos a ascensão ao lugar dele e do seu filho ora o filho dele tudo que quer é comandar os exércitos ao ataque e o que diz o o o Ah o general é seja como a montanha que que não ataca mas é atacada e ao ser atacada ela
vence é um trigrama do sching né do xing que está servindo de emblema para este Café Filosófico para as atividades da CPFL então a O que é muito interessante é que atacar o a montanha ela consegue vencer justamente esgotando as forças de Quem ataca mas ela própria não se não se move ela ganha por ser imóvel ou seja a virtude da cautela o que ele tá recomendando mas seja cauteloso o filho dele é audace audace por natureza Então logo passam uns 3 anos em que o sósia ocupa o lugar do do do do General e
não deixa e as decisões são tomadas pelos antigos assistentes do General mas não pelo filho Então logo terminam esses TRS anos e o filho assume o lugar do pai ele manda o ataque e é totalmente derrotado e esmagado e desaparece o clã então vocês veem aí está uma ilustração dessa ideia de maquiagem quer dizer por mais que tentemos planejar chegamos a um ponto em que a nossa capacidade se limita mesmo assim dizer em caso de dúvida sobre a forma mais adequada a forma mais adequada é a da Audácia caso de dúvida prefira Audácia sendo possível
ter as duas formas prefira a-se Audácia porque diz ele a fortuna é mulher e a mulher prefere os os jovens prefere os audazes e assim ela é dominada pelos jovens que a conquistam nela mandam e e nela e a espancam ele usa esse termo também porque não agrada muito as leituras feministas atuais de Maquiavel há um livro chama a fortuna é uma mulher sobre começa com essa imagem e examina as imagens femininas em Maquiavel ou seja contra a fortuna em Face da Fortuna a juventude como emblema da Audácia até do espancamento seria útil bom para
concluir porque Maquiavel compensador ético isso está num texto merop Ponti que escreve por volta de 1960 um texto curto 10 15 páginas chama-se nota sobre Maquiavel foi editado em português no livro sigos O que diz merl Ponti nesse texto é Maquiavel é o grande Pensador ético de nossos tempos por quê Porque hoje uma ética que só se baseia nos princípios mas não leva em conta os resultados é uma caricatura uma ética em nossos dias tem que significar que cada decisão que eu tomo leva em consideração os seus efeitos prováveis quer dizer se eu decido por
exemplo ah por exemplo se eu decido investir num determinado tipo de ação na bolsa quer dizer quais tipos de resultad isso vai ter se eu decido aplicar numa empresa que produz coisas que destroem o meio ambiente ou destróem vidas etc se eu apoio uma política que vai causar um massacre na África Central se eu apoio a política neoliberal por exemplo que entre outros resultados tornou a África um continente descartável e abriu o espaço para que a na África os conflitos tribais mais violentos ocorressem mas basicamente porque aquela parte do mundo desde o fim da guerra
fria não tem mais peso nenhum então os russos não têm dinheiro para para ajudá-los e os americanos não têm mais interesse em ajudá-los então quer dizer o uma ação aparentemente anódina voltada para outra coisa pode causar um massacre lá se por exemplo nós tô pegando um outro exemplo eu tô não tô muito feliz de exemplo não sei porquê mas um um peixe que Nós comemos cada vez mais que é o salmão o salmão se come cada vez mais porque tá aumentando a criação de salmão então ele tá sendo barateado é ótimo mas Isso está causando
também um desequilíbrio Ecológico Então quais são esses efeitos esse efeito Até parece um tanto abstrato mas há efeitos que significam mortes de pessoas a efeitos significam massacres de de gerações inteiras de Multidões inteiras de pobres num país como o Brasil determinadas opções podem significar a morte ou a imbecilização de uma geração de milhões de pessoas né né quer dizer então sem exagero e sem nenhum tipo de de Tom piegas nisso então uma decisão que eu tome tem que levar em conta os resultados e não pode então is é simplesmente pautada por um decálogo um decálogo
que é não matarás não furtarás não cobiçarás a mulher do próximo etc posso cumprir tudo isso e ser um um canalha porque ali onde eu estou cumprindo eu posso causar um dano tremendo para pegar um exemplo que que que acho um tanto chocante nos Maias deessa de Queiroz quando João da ega descobre que seu melhor amigo Carlos Eduardo é na verdade irmão da mulher por quem ele está apaixonado casos Eduardo está apaixonado está vivendo um romance está tendo um relacionamento amoroso com sua própria irmã Maria Eduarda mas sem que nenhum saiba do vínculo de sangue
que os une o que faz João da ega no romance deessa de Queiroz Ele conta ao amigo e com isso ele parte a vida do amigo e parte a vida da da namorada do amigo acaba anos depois quando o Carlos Eduardo volta a Lisboa e se reencontra o homem desiludido é um homem sem sonho sem fantasia sem nada e o que diz ao amigo é fiquei maduro hoje não corro atrás em nada sabe hoje a vida é o que for eles vão andando para um bairro remoto de Lisboa e de repente vem que não tem
mais condução E aí ao longe um um carro de aluguel aparece e enquanto eles estão um corro mais atrás de nada eles começam a gritar e o coche tá indo embora eles começam a correr atrás do cooch assim termina pateticamente o romance pessoas que não correm mais atrás do amor não correm mais atrás de nada que valha na vida mas correm atrás de um táxi quer dizer quer dizer correm atrás do a vida ficou realmente uma droga ficou péssima Ah eu gostei da solução que foi adotada na na minissérie montada por Maria adade Amaral gostei
muito porque eu achava insustentável éticamente a postura de João da ega hoje eu acho que uma postura como João de João da ega é a postura de um canalha porque é alguém que diz a outras pessoas uma coisa que vai fazê-la sofrer e que não tem nenhuma necessidade delas saberem porque realmente não estão fazendo mal absolutamente a ninguém no na minissérie para aqueles que viram a a descoberta do fato se dá como se dá com Quando a mãe da de Maria Eduarda que não que vê o rapaz ela vai visitar a filha e encontra o
namorado da filha o noivo da filha é apresentada a ele e não identifica fica como seu filho talvez não seja dito o nome qualquer coisa e horas depois ela vai à casa ela ela tinha fugido de Portugal assim eh deixando o filho e foi ter a filha depois e teve uma vida amorosa uma vida tribul uma vida em outros lugares volta muitos anos depois a Portugal para reencontrar a filha e quer procurar o filho e o filho foi criado em parte pelo ex-marido e quando esse morreu por um tio e ela vai visitar o tio
e está lá o tio quando entra o rapaz e sauda o tio pelo nome de tio e aí ela percebe que ele é o filho dela e aí ela percebe que o filho dela está com a filha dela e ela começa a gritar feito uma desvairada e eu acho que a solução foi muito boa porque é uma solução que não passou pela escolha não passo porque hoje essa escolha que João da era fez é uma escolha que não se justifica com da mesma forma como ela seria entendida no final do século X no final do
século XIX com terrível horror ao incesto e e com uma moral muito puritana ou vitoriana entende-se que diante do Incesto alguém fosse prontamente denunciá-lo em nosso tempo um incesto que além do mais é apenas uma coincidência biológica porque os dois nunca se viram antes o que significa mas a reação da mãe se entende então ah de certa forma o que Maria Adelaide Amaral entendeu é que não dava mais para dar uma cor ética a essa escolha era preciso torná-la um grito instintivo quer dizer a única maneira de fazer a coisa eclodir era se tornar um
grito instintivo um grito que não tivesse nem sequer a mediação da razão a mediação da reflexão a mediação da ética eu estou falando tudo isso para porque nós voltamos nós com isso chegamos ao nosso ponto quer dizer uma escolha tem que levar em conta as consequências Qual a consequência da Escolha que João daaga fez consequência da Escolha dele para ficar em paz com a consciência dele foi causar o Infortúnio do seu melhor amigo não deveria ele ter pensado muito bem antes qual direito que ele tinha de dizer isso e não deveria pensar antes qual seria
o resultado Óbvio do que ele iria dizer e se realmente isso tinha uma significação estava incomodando a quem quem estava sendo incomodado por essa história Quem estava sendo prejudicado ou talvez ele pudesse ter outra conversa se nós atualizáveis fossem para outro lugar mas assumissem quer dizer tudo isso para nós não causa mais horror da época Mas o que eu quero dizer com isto é uma escolha ela ética na medida em que ela considera não apenas a conformidade a um cânone a um decálogo não matarás não furtarás honrarás pai e mãe mas considera também isto dentro
de de uma ação não é uma fotografia mas é um filme e esse filme tem continua a gente não sabe como continua depende de nós então o meu ato vai trazer resultados eu devo considerar esses atos isso que merlon chama de ética a única ética válida do nosso tempo é aquela que não se contenta em ser uma aplicação mecânica de princípios às ações mas leva encontra os resultados dela da das ações e se responsabiliza por eles é uma ética iluminada pela política diz ele é uma ética que vai considerar os resultados e vai fazer que
cada um de nós aja como um ser político na sua própria vida ética ou seja termos que ele não usa mas estou aplicando cada um de nós se torna de certa forma um príncipe na não no sentido elogioso mas no sentido maquiaveliano na sua vida pessoal porque há inúmeros fatores que antes garantiam a nossa segurança Nossa estabilidade que saíram de cena nós Ainda temos a lei de trânsito ainda temos o código penal mas dois pontos que que agregam muito sentido para a vida das pessoas que são o da profissão e o do amor deixaram de
ter estabilidade um até um tempo atrás O amor H era algo para o para o resto da vida em torno dos 20 anos o um pouco antes um pouco depois as pessoas procuravam um parceiro um pouco de tempo depois tinham feito a escolha e essa escolha dudaria a vida toda ou mais das vezes poderia ser infeliz a escolha Às vezes nesse caso alguém aguentava arrumava amante ou eh mas de alguma forma aguentava a história e isto funcionou talvez menos mal do que a gente imagina quando quando tem horror por casamentos arranjados por gente amarrada a
uma relação que pereceu etc mas isso funcionou como também Funcionou a ideia do do do emprego fixo definitivo as primeiras edições da carteira de trabalho tem um texto que é do ministro do trabalho na época de jul Vargas que diz olhando a carteira do trabalho se saberá se a pessoa foi de emprego emprego como pulando de galho em galho ou se Como uma Abelha laboriosa galgou lugares dentro da mesma firma eu acho que um tremendo elogio a quem nunca saiu da da empresa a quem se aposenta na mesma empresa onde começou o trabalho e acho
que é um tremendo ataque aquele que vai de galho em galho mudando de emprego que é uma pessoa mais ou menos desconfiávamos como ou porquê Então essas agregações sentidos tornaram muito instáveis daí que seja muito difícil hoje estabelecer esse ponto que é a conduta ética quer dizer qual a conduta ética hoje no amor as pessoas poderão ter respostas muito diferentes por exemplo a conduta ética no amor é você não trair seu parceiro acho que esse é um ponto básico agora quantas pessoas não traíram seu parceiro e quantas pessoas depois de traírem seu parceiro não começaram
uma nova relação às vezes com esse novo parceiro e quiseram ter a mesma fidelidade a mesma estabilidade a mesma garantia que repeliram ou repudiaram na relação anterior nada disso é trivial não estou o que eu estou querendo dizer isso não é uma resposta pronta Então as escolhas ficam difíceis quando uma pessoa tem a escolher em relação a à sua vida privada ela cada vez mais está sem parâmetros como no passado ficava sem parâmetros o governante e nós hoje temos essa coisa que num certo sentido inebriante a possibilidade de escolher nosso caminho com muito mais Liberdade
com muito maiores opções de recomeçar a vida a qualquer momento mas temos também um risco muito grande nisso o risco de de com isso ah eh não tendo regras não tendo garantias nós podemos tomar um caminho e e não sai o resultado esperado sai um resultado muito pior eh para fechar eu só e para enfatizar isso já saindo totalmente de Maquiavel eu lembraria o seguinte a espect Algumas pessoas dizem que o casamento monogâmico que funcionava muito bem quando a promessa de fidelidade por toda a vida tinha um prazo de validade de que 10 15 anos
porque a média de idade era 35 anos quer dizer então prometer estar com outro até que a morte não separe não era uma promessa tão longa então há uma certa maldade nesse raciocínio vocês sabem que hoje a média de idade do brasileiro é 67 anos mais ou menos e era 35 a um século dobrou mas 35 medindo tudo porque a grande mortalidade Era em infantil não quer dizer que todo mundo aos 35 anos morria ou que metade morria aos 30 e metade aos 40 quem chegava aos 30 ia chegar bem depois do que isso porque
o que tava puxando para baixo era quem morreu ao Zero ao um ao do anos mas mesmo assim vocês vejam o espaço era menor hoje o que nós temos nós temos uma longevidade bem maior e a possibilidade para quem tá nascendo hoje de viver 100 120 anos até estão falando em 100 anos para quem nasceu com o milênio e Alguns falam em 120 há um projeto nos Estados Unidos ah ciência para todos os americanos que é o Projeto 2061 A ideia é que quem nascesse no ano 2001 estaria no ano 2061 na metade de sua
idade Então essa esse jovem de 60 anos o que esse sequer que ele saiba de ciência Então vem numa longevidade dessa é óbvio que a gente muda de padrão com frequência então uma mulher que tenha filhos aos 20 anos por exemplo aos 35 terminou de Educar 35 40 terminou de Educar ela não precisa ser uma boa avó uma excelente bisavó Pode até ser mas ela pode ser uma pessoa que começa a vida de novo vai fazer outras coisas vai ter outro espaço tanto que hoje vemos mulheres que escolhem ter filhos jovens e aos 35 anos
estão mesmo T dedicado intensamente a sua vida à educação dos filhos ão começando uma outra vida ou temos pessoas que aos 35 40 anos decidem agora quero ter filho vou dedicar uns 10 anos a isso e depois parto para outro quer dizer não renega o filho não é isso maser depois concentro minha vida em outra coisa É uma opção é um compromisso de 10 anos de 15 anos de focar este ponto então isso aumenta extraordinariamente a importância das escolhas e acho que maav é um dos grandes autores para nos guiar nesse caminho das escolhas então
agora a palavra de vocês como como é hábito aqui [Aplausos] Augusto está chamando Ah ele quer falar a senhor quer falar já deve est aberto parte aí se você pudesse dar uma passada sobre o o a ética a a a partir do s o o o o ser em si o o ser para si como isso rve também com com com alguns paradigmas que que eu sou responsável pela minha existência e quem é que julga e a partir daí também uma ética da ação Uhum E sobre o macavel seado como o o adjetivado como o
filósofo eh da ética contemporânea voltar paração uhum alguém mais quer fazer uma pergunta então vou responder a sua Qual o seu nome Marco eu não sou especialista em sarta então que eu posso falar de Sra é um tanto vago e basicamente podemos dizer que algumas grandes ideias uma muito importante é a ideia mesmo do existencialismo Ou seja a ideia de que a existência é mais importante do que a essência o ser humano não se define por uma essência o ser humano se define por essa precariedade que é o existir que e que significa que você
eh somente fecha a a a sua a sua identidade com a morte que n nós sabemos de cada ser humano apenas quem ele é ou quem ele foi quando ele tiver morrido até ele morrer nós não podemos dizer o que ele é ele é o que ele faz ele é a as ações dele Isto significa por parte dele que é um humanismo é uma conferência famosa dele O existencialismo é o humanismo em que ele vai falar dessa opção pelo homem e dessa consequência dessa retirada de todas as consequências da ideia de que Deus não existe
não se trata de predicar se Deus existe ou não no sentido de haver ou não haver Deus Deus não existe no do verbo existir porque existência é um atributo específico do humano Deus é e Deus é porque de toda a eternidade Ele é igual a si próprio ele é a sua essência também dizendo isso satri não tá afirmando que haja Deus que ele está dizendo apenas é não podemos dizer de Deus o existir porque o existir é esse sair de si essa precariedade que faz que nós estejamos constantemente confrontados às escolhas de nossa ação e
a minha definição será sempre dada pelo que eu pelo pelos atos que eu pratiquei não adianta me desculpar aqueles que se desculpa eh aquele que sempre encontra as razões para sua ação eh no outro ou em outra coisa é condenado severamente por satre S tem palavras muito duras para as pessoas que agem assim Sat tem um elemento moral ético muito forte ele quis a vida toda escrever um grande tratado ético que ele acabou devendo quer dizer a ideia é que o ser e o e o nada foos seguido por um grande tratado ético quando foi
na verdade seguido em termos pelo menos de de de tamanho pela Crítica da Razão dialética e depois pelo idiota da família o livro de flerto falando dos livros grandes que também são grandes livros né em Sartre agora com isso ele é talvez o Pensador do século XX que mais se dedicou à importância da ação e é e é embora merl pontina no texto que eu comentei ele também faça isso e é curioso que o texto de merl Ponti que eu citei tem muito a ver com algo que que era muito comentado no governo passado Fernando
Henrique gostava de falar da das duas éticas de Max Weber pois esse texto de merl Ponti que eu tô falando alude a isso embora sem citar Max Weber as duas éticas de Max Weber são uma a ética de princípios pela qual eu me pauto pelos valores que eu respeito e sigo e ajo em função desses valores não matarás não furtarás etc a outra ética é ética que Visa determinadas e determinados resultados geralmente é traduzido como fins mas eu não gosto do termo fins porque fins e valores podem eh designar a mesma coisa então nós temos
uma ética em Max Weber que é a ética do dos princípios e uma ética vamos chamando de resultados que que eu me preocupo nas minhas escolhas em saber quais resultados que elas que elas vão acarretar e essa ética de resultados é do político diz Weber daí que muitos dizem digam a ética de princípios é do homem privado então o cidadão privado segue a ética de princípios o o político segue a ética de resultados e daí também que várias pessoas digam inclusive os pensadores do do governo Fernando Henrique os que os que diluam vamos dizer o
discurso o Fernando Henrique retomava com isso havia várias pessoas em várias áreas que repetiam esse discurso diluindo e eles costumavam dizer a ética é uma coisa a política é outra a ética então na ética nós podemos seguir os valores o político não tem não pode ter esse luxo o político não pode se dar o luxo de seguir os valores o político tem que levar em conta a sua sociedade nós não perdoaremos um político que seja inteiramente honesto e uma calamidade Total isso é seguro quer dizer que no Brasil se um político não não roubar nada
não deixar fazer nada de corrupto guardar todo o dinheiro meticulosamente eh e o governo dele foi uma catástrofe se for uma pessoa que só pensar nisso Provavelmente o governo será uma catástrofe porque não vai ter tempo para governar então Ah nós não perdoaremos essa pessoa nós não queremos isso nós podemos ter um discurso da honestidade a todo custo mas nós não perdoaremos eh esse tipo de atitude então o que eh merl Ponti diz em retoma implicitamente é eh a a única ética que vale é a ética de resultados a própria ética de princípios é uma
ética manca ou seja com isso a gente pode dizer que aquelas pessoas que falam a ética é uma coisa a política é outra estão erradas a na verdade a ética e a política S seriam um contínuo quer dizer haveria uma continuidade de uma a outra quer dizer as questões se colocam para mim na escolha da minha vida não são brutalmente diferentes das questões que coloca para o governante eu estou mais protegido do que ele pelo universo das leis eu tenho mais certeza porque eu sou cidadão e não governante portanto certas escolhas Eu não tenho o
que fazer mas nos exemplos que eu dei e que são talvez mais importantes na nossa vida a profissão e o amor aliança pessoal e Aliança profissional que nesses exemplos nós não temos mais muita regra nós temos que pensar Então eticamente com muita com muita eh eh pensando muito no futuro não podemos pensar só no eh não H um DEC a seguir então basicamente acho que é isso que eu esteve na França na época da polmica com polêmica de quem com reimon Aron sart não não não sou mais jovem quer dizer não sou tão velho assim
né Oi Renato e bom minha minha questão na verdade é para soprar um pouco a brasa do do debate eh você sabe você tem bom você foi isso que você falou que Maquiavel ficou registrado na história de uma forma Digamos um tanto negativa pelo fato de eh ter dado conselhos ao governante que escapariam digamos a a certos princípios né que a gente consideraria poderia considerar justos ou éticos ou seja manter o poder pelo medo não pela pela pelo apreço ou coisa desse tipo então Eh nesse sentido eu fiquei pensando né se o governante tem que
passar por cima de certos parâmetros Morais universais para garantir o poder ou a sua soberania eh como provocação Será que Bush não sei o príncipe atual de marabel uhum Olha eu posso dado que a provocação é boa porque na verdade o que você tem é que no momento que você não tem um parâmetro superior às pessoas você não tem mais padrão Universal é muito difícil dizer qual é o padrão universal para você ter um padrão Universal você tem que ter alguma forma dele se aplicado para usar a linguagem jurídica para você ter Justiça você tem
que ter jurisdição para você ter Justiça tem que ter a juris diccio ou seja quem diz dixo o direito juris então não adianta eu ter o princípio da Justiça se eu não tenho ah definido quem vai aplicar a justiça quem vai eh seja como juiz seja como governante etc então nós temos princípios universais sem haver uma Instância Universal que aplica isso que confere isso cria um problema muito sério quer dizer as nações unidas não chegam a ter esse poder ao contrário a gente vê como o governo Bush em especial fez o que pôde para humilhá-las
para atacá-las para submetê-las a um a um papel de segundo plano e aliás aparentemente tem tendo esse sido um essa esta tendo sido uma aposta muito equivocada Porque se os Estados Unidos em setembro de 2001 conseguiram um apoio do mundo todo para eles hoje eles conseguem ter uma hostilidade que nunca tiveram antes e embora muita gente distinga o país e o povo do seu governante o fato é que esse governante foi não eleito por aquele povo quer dizer é o povo que que que não escolheu que escolheu enfim é uma coisa estranha né porque não
dá para dizer Rigor que ele foi eleito né mas de alguma forma ele foi investido no poder por esse povo então é uma responsabilidade dessa sociedade que ela poderá agora aquilatar em novembro no sentido de mantê-lo ou de substituí-lo Mas de qualquer forma o o que nós temos nos no eh no problema mais sério se a gente deixa um pouco de lado as nossas simpatias e antipatias pessoais e mesmo políticas é que é muito difícil nós estabelecermos hoje o que seriam os padrões universais não em abstrato em abstrato Nós todos podemos afirmar que é bom
fazer isso é mal fazer aquilo etc a questão ética é a questão da Escolha entre dois padrões nesse momento está ocorrendo um massacre numa parte do Sudão chamada darfur milhares ou centenas de milhares de pessoas estão sendo perseguidas milhares já foram mortas etc Ah o Sudão conhece há muito tempo uma guerra civil na qual o norte árabe chacina periodicamente o sul negro isso é uma coisa que vem de muito tempo então corre está surgindo agora a ideia de mais uma intervenção humanitária então nós temos aí um exemplo típico primeiro ponto que se coloca o que
prevalece soberania nacional ou valor da das vidas humanas creio que eu eu não não pestanejar em dizer que é o valor das vidas humanas desse ponto de vista se uma intervenção em darfur como em kosovo como em outras partes do mundo realmente visar a salvar pessoas de chacina eu acho isso correto mais importante do que soberania Nacional porém essas intervenções até hoje foram muito mal feitas elas não foram felizes é o mínimo a dizer elas se mesclaram com jogos de poder que não são muito bons elas não definiram uma jurisdição da ONU para definir isso
e sobretudo duas intervenções no Afeganistão e no Iraque embora não tenh um deposto regimes detestáveis foram feitas por de maneira unilateral e cons sequelas bastante graves sobretudo no caso do Iraque h não não não está claro ainda que o futuro terá o Iraque a partir da intervenção norte--americana Então tudo isso é embora eu eu não coloque absolutamente no mesmo nível Saddam Hussein e o George Bush com todas as críticas a Bush eu acho o Bush muito preferível a Saddam Hussein acho que não há possibilidade de comparar um ditadora assassino que assassinou dezenas centenas de milhares
de seus próprios cidadãos que não hesitou em bombardear seu próprio povo e um presidente que terá feito bombardear ah alguns alvos em que terão morrido civis terá feito isso mas nunca no teor deliberado nem na escala que que Saddam Hussein fez então acho que é uma diferença Clara aí que não não dá para para para esconder agora o ponto que se coloca é esse ponto de de que as escolhas entre valores Às vezes implicam você ter que escolher entre dois valores igualmente importantes H pessoas para quem o valor da vida é um valor fundamental Há
outras para quem a vida vale se ela própria tiver valor Vamos colocar de um lado a mera sobrevivência é um valor de outro lado a vida vale se ela tiver valor não basta sobreviver tem que ter uma vida com dignidade Isso já é uma escolha ou por exemplo eu vou dizer a verdade a uma pessoa mesmo que isso cause um dano a velha questão de cante Kant diz temos sempre que agir levando em conta que o que eu faço é uma lei para todos então se me perguntam uma coisa e eu minto eu estou validando
a mentira Benjamin constan Pergunta para ele então o que fazemos se um assassino me perguntar uma pessoa quer matar outra Me Pergunta Onde tá aquela que é a vítima Kant faz uma salada resposta de Kant é uma não resposta el bagunça tudo foge do assunto a resposta dele se dá na verdade em dois pontos primeiro se eu digo se eu para ele pode acontecer da vítima dele ter ido para se eu Mito para ele dizendo que a pessoa foi esquerda quando foi direita Pode ser que a pessoa enquanto isso tenha decidido ir à direita em
vez de à esquerda então acabaria causando a morte is como argumento vamos dizer é indigno de um filósofo deveria ser caçada a carteirinha ou de alguém que fala uma coisa dessas mas a gente nota não tá conseguindo responder E aí ele engata e diz a resposta é o que permite que nós vivamos em sociedade é confiança se a mentira não há confiança aí ele fica feliz porque dá uma resposta bem abstrata e valida isso agora e a pergunta de con é muito interessante porque ela coloca dois valores em jogo a solidariedade a preservação da vida
do nosso semelhante e a questão de dizer a verdade hoje os éticos costumam responder a isso dizendo o seguinte eu tenho obrigação em relação a certas pessoas não em relação a todas quer dizer eu tenho obrigação de dizer verdade a certas pessoas a minha companheira tem uma obrigação de dizer verdade a meu filho eu tenho obrigação de dizer verdade mas isso depende também da idade dele e das coisas que ele tá perguntando e as outras pessoas eu não tenho obrigação nenhuma de dizer a verdade por exemplo Bill Clinton não tinha obrigação nenhuma ética de dizer
a verdade se vão lhe perguntar se ele teve ou não caso como estagiária quem tem o que a ver com isso quer dizer quem tem a ver com isso talvez a mulher dele dependendo do acordo que os dois têm sobre isso e certamente ninguém mais talvez a mulher e a filha dele ninguém mais certamente não aquele promotor gordinho que queria destituí-lo do da presidência da república a pretexto disso né então quer dizer mentir sobre a vida sexual para os republicanos é um crime mentir sobre o ataque ao Iraque para os republicanos é é uma qualidade
é uma curiosa ética e ter a gente podia terminar essa questão com um texto de Leon Trotsky um texto de Trotsky em que ele diz o seguinte é o um livrinho que chama moral deles e a nossa e ele diz muitos nos acusam a nós bolchevistas nós revolucionários comunistas de dizermos que os fins justificam os meios não é verdade porque o fim também se torna um meio quer dizer se nós queremos construir uma sociedade mais justa uma sociedade socialista vai chegar uma hora que será um meio para outra coisa será superado historicamente então não dá
para haver uma exterioridade do fim ao meio quer dizer o eu não consigo fazer um um fim com qualquer meio ou estendendo se eu decido construir o socialismo num só país com os métodos estalinistas o fim vai ser uma sociedade estalinista se eu quero construir um da Liberdade dos homens através da opressão o fim será uma sociedade opressora é claro que Trot não podia antever a onde chegaria o comunismo mas isso tá no horizonte da da questão dessa questão quer dizer então todas essas essas escolhas que a gente faz elas não são escolhas também elas
não são escolhas não são escolhas que já tem um caminho pré-determinado as escolhas mais interessantes e mais difíceis são quando dois valores éticos entram em conflito e E aí é que a gente cresce e aí é que a gente conhece pessoas boa eu queria aproveitando esse da questão da ética da relatividade da ética colocar uma questãoo delicado aqui no Brasil que é a questão da desigualdade Regional e tendo vindo aqui para Campinas em 85 né estudar medicina já trabalhei muito na periferia então pude eh testemunhar o crescimento desorganizado de uma cidade que que foi assim
por muitos anos seguidos uma das das melhores em qualidade de vida e até por isso né começou a trir muita gente muita gente e acabou formando uma periferia assim enorme no ano de 1997 parece eh em poucas semanas aconteceu uma invasão de 40.000 pessoas e e quem entra no site da Prefeitura e vê a a curva da criminalidade em Campinas vê que em0 até 95 na década de 90 tava num certo patamar e a partir de 97 assim cresce assim quase como uma linha reta chegando no ano de 2001 que foi o né com Apocalíptica
taxa de 667 homicídios por 100.000 habitantes foi o ano em que o nosso prefeito também foi assassinado e então o exemplo de Campinas acho que retrata assim muito o exemplo assim das grandes capitais brasileiras né a Campinas e região é responsável mais ou menos 13% do PIB do Brasil mas fica só com 6% do que é produzido aqui e com esses 6% tem que dar a conta da da Il Campineira e mais o o fluxo migratório incessante e as coisas acontecem né As pessoas chegam numa certa forma acabam sendo acolhidas algum alguns meses depois tem
escola Centro de Saúde ONGs atuando e o cidadão assim individualmente assim e quando conhece uma pessoa que teve que que migrar passar por por vários infortúnios no São Hips vindo aqui On the Road assim é questão de sobrevivência né as pessoas que que que chegam vem para cá então quando elas chegam aqui eu vejo assim que elas são acolhidas pela equipe de Centro de Saúde pelas diversas ONGs eh centenas de ongos que estão atuando na periferia né e eh mas quando a gente pensa assim expande o olhar assim e vê o Brasil como todo né
e pensa na desigualdade todo mundo fala ah o Brasil um país de desigualdade desigualdade mas a desigualdade é basicamente desigualdade Regional então a gente vê assim que eh Campinas o estado de São Paulo eh o sul e o Sudeste embora ten assim maior poder econômico eh acabam mandando a maior parte da produção desse poder econômico pros outros estados e os estados do Sudeste do Sul não t a mesma a a representatividade proporcional política e esse assunto assim eu acho muito delicado porque parece a princípio é muito fácil eh você ao levantar essa estão ser acusado
de racista eh mas assim por outro lado também há um uso delicado dessas questões assim e no final das contas é eh é um tema assim do qual os políticos fogem que nem o diabo da Cruz Porque qualquer pessoa que que pense no futuro a Médio prazo político não não responde questões como essas como é que um cidadão do Acre eh tem o peso do seu voto não sei quantas vezes mais né do que que o cidadão do Estado de São Paulo Então eu não sei se se o senhor já pensou a respeito dessas dessas
questões e é um terreno muito delicado que que a gente às vezes Deixando as coisas como estão sem questionar essa estrutura Será que a gente ajuda o país no final das contas tem mais perguntas mais pessoas querendo fazer perguntas agora bom eu vou tentar responder a sua pergunta mas articulando com o tema de hoje porque tá um tanto longe né então a Oi Ach é bom mas não não vi muito de perto mas vou tentar articular as duas coisas né quer dizer eu acho que o que dá para articular é dizendo trata-se de uma questão
sobre ação sobre como podemos agir em face de uma situação determinada que é uma situação difícil Ah há vários problemas que estão envolvidos aí o primeiro problema é o da é muito difícil de ser superado os estados do numa Federação é normal que os estados tenham a mesma representação no senado como nos Estados Unidos e é normal que na Câmara baixa a representação seja por cidadão ou seja nos Estados Unidos cada estado tem garantido o direito de ter dois senadores eh seja de que tamanho o estado for e de ter um deputado pelo menos a
estados então tem mais senadores dois do que os deputados tem um só e não há limite máximo e isso faz então que das duas casas do congresso americano umas a mais nobre a mais respeitada etc O Senado seja a casa da Igualdade dos Estados mas que a câmara tem um poder muito grande também porque ela representa os cidadãos como mais ou menos na configuração do país mais ou menos porque o voto distrital deforma a votação o voto distrital faz que as minorias não sejam representadas é difícil uma minoria de opinião ser representada pelo voto distrital
ela teria que conseguir uma cadeira no quer dizer se você ter um Comunista no congresso americano precisaria ter uma maioria de comunistas no distrito no país que é tão capitalista como nos Estados Unidos is é impossível parece que é um deputado socialista na Câmara mas nem tenho certeza no Brasil infelizmente a ditadura garantiu o número mínimo máximo de Deputados por estado que hoje é de oito o mínimo e máximo 70 então a questão Federativa tá presente na câmara e no senado Além disso há outro problema no Brasil que é que o Senado tem muito mais
poder do que a câmara mas muito mais e o Senado é a casa da desigualdade é a casa em que os estados tem o mesmo peso então resultado os senadores um senador eleito por 5000 votos tem o mesmo peso que um senador eleito por 5 milhões e isso deforma muito as coisas e cada vez que se pensa em dar ao congresso uma nova atribuição se pensa em fixá-la no Senado e não na Câmara Essa realmente é uma bomba relógio se levarmos em conta isso por exemplo torna muito difícil parlamentarismo no Brasil parlamentarismo será um regime
no Brasil caso ele seja instituído eh com uma câmara profundamente desigual hoje o único caso em que nós votamos no princípio de um uma pessoa ou um voto é para o Presidente da República todas as outras representações são deformadas quer dizer em escala Federal né as legislativas Então isso é um problema grande não sei se isso necessariamente está ligado a outro problema que ela falou quer dizer o problema da desigualdade Regional quanto a ele eu diria não é o o principal problema acho que a desigualdade social é mais forte do que a Regional a desigualdade
social é mais gritante agora o Brasil precisaria ser capaz de superar a desigualdade Regional sim quer dizer porque ela através dessas migrações você relatou ela acaba fazendo que os lugares em que há mais atenção ao cidadão mais atendimento sejam inchados O que leva Às vezes a situação terrível de você ter que ter políticas de de repulsa ao migrante porque se o migrante for bem atendido e sendo ele cidadão brasileiro e tem direito de fixar-se onde quiser e estee lugar se tornará um polo de atração e portanto ali onde as coisas funcionam elas deixarão de funcionar
esse é um problema sério agora aí nesse sentido a saída seria se nós quisermos voltar a Maquiavel como com a virtu se lida com isso porque isso não é uma fortuna é um processo que a gente já tem descrito como ele vai se dar a gente vê esse processo ocorrendo Então qual seria o planejamento em face disso tem que ser um planejamento que encare os dois tipos de desigualdade Regional e social tem que ser combinada a luta contra os dois e provavelmente teria também que mexer na questão da representação mas para mexer nisso o problema
é que a representação dos Estados mais pobres uma representação das oligarquias dos Estados mais pobres eu acho que nós teríamos agora uma chance de mexer nisso se a gente Trocasse uma reforma que tem que ser feita que vai ser muito negativa para São Paulo que a cobrança do ICMS não mais no ali onde ele é produzido bem mas onde ele é consumido porque o ecms é um imposto de consumo e sendo imposto de consumo deve ser pago Ah e arrecadado lá onde ocorre o consumo e atualmente o cms mais vezes pago ali onde ocorre a
produção São Paulo sendo um grande produtor recolhe muito ICMS de produtos consumidos em outros estados quando e sei quando isso for mudado a recadação Paulista vai cair muito e vai aumentar dos outros estados isso é justo o problema que nós não podemos viver nós teremos que inventar outras fontes de renda de arrecadação para o estado de São Paulo para ele não quebrar Mas de qualquer forma Isso vai ser cobrado em algum momento isso vai ocorrer uma boa troca política seria trocar essa medida de Justiça fiscal por uma medida de Justiça política que seria uma Câmara
de Deputados que sem limite máximo sem limite mínimo de cadeiras acho que é isso que eu pensaria mas mas boa noite po su ah voltando um pouquinho à questão da ética de resultados da Audácia na busca desses resultados o senhor discursou bastante sobre isso e por último comentou sobre a instabilidade da profissão da questão profissional e da questão das relações amorosas eh o senhor poderia ilustrar um pouquinho mais como essa busca de resultados visando o futuro como o Senor disse eh o a aplicação da acia e da busca de resultados poderiam conferir Quem sabe um
pouco mais de previsibilidade ou menos instabilidade a essas questões da profissão e da relação a a pergunta não é fácil de responder tem mais pessoas Então vamos ver noite meu nome é Glória Hum quando você acabou de falar eu notei em mim em todo mundo assim a minha sensação é que eu tinha levado uma paulada porque você começou a colocar com uma coisa que era bem confortável né ass uma coisa que vem de longe de uma idade média mas que a gente reconhece em nós a vontade de ter regras fixas que são tão agradáveis são
tão boas a gente cumpre essas regras nós somos pessoas boas né E quando você joga todo Maquiavel não só para um lado político que é o momento que a gente vive que nos preocupa em que as escolhas ficam cada vez mais difícil fica mais difícil reconhecer a as coisas os papéis a gente tem que fazer escolhas nesse momento nessa sociedade Mas também você joga pro lado pessoal então a impressão que eu tive que eu olhei as pessoas e que eu senti M fo é exatamente isso né uma palavra muito grande então tem um pouco disso
né Eh eu queria saber se você tem uma uma uma parte uma reflexão disso que eu sinto das pessoas buscando religiões novas religiões muito grandes em busca daquelas regras que vão me tornar boas eu não vou ter escolhas eu não preciso ter escolhas quando eu tenho alguém que me diz eu eu eh vou atrás dessas regras Isso é muito bom eu acho que é um crescente na nossa sociedade né você deixar aos outros para suas escolhas mas também ao mesmo tempo eu tava me perguntando pensando aqui eh e você na sua posição como é que
é isso né de a eh como é são as consequências que você imagina de abordar um tema essa forma que você abordou tão importante num lugar como esse muito bom obrigado mais alguém vamos lá que já temos bastante pano para mangas né indo pela ordem há um filme de que eu gosto muito Úrsula que se chama Mr Holland adorável professor é um filme talvez uns 10 anos atrás com Richard dfos Ele é um professor de música numa cidade de New Jersey e ah num colégio e ele tem então uma mulher que é uma dona de
casa e um filho que infelizmente descobre cedo que é surdo que é uma tristeza muito grande para qualquer pai sobretudo para um pai cujo sentido da vida está na música e mais tarde esse eh à medida que ele vai crescendo que tudo isso vai crescendo o filho dele já adolescente Ah ele eh tem uma aluna no colegial que é uma cantora esplêndida esplêndida e Ah há um encontro muito grande entre os dois e visivelmente ele se ama e isso coloca um problema sério porque ele tem a esposa dele com quem ele não tem a mesma
profundidade de contato é é uma companheira de muitos anos mas não é uma pessoa que está tão fundo dentro do que ele gosta quanto quanto essa moça que ele conheceu agora e se coloca a questão ele vai com a moça vai para Nova York fazer o futuro dela como cantor ele vai junto ou não Claro uma diferenci dade pronunciada não não sei isso é muito relativo essa escolha é uma escolha que você não tem regra hoje você não sabe mais o que fazer diante de uma escolha dessa quer dizer você vai no sentido de dizer
o que você segue segue o coração e Vai atrás do seu desejo o seu desejo sempre bateu antes mais nada pela música então vá para Nova York com a garota vai ser o pianista dela vai ser o professor dela vai ser o marido dela vai começar uma nova vida separe-se da sua mulher separe-se do seu filho vai ter um contato mais episódico com o filho é um caminho possível o outro caminho é vou ficar aqui vou estar consciente de que vou envelhecer etc vou envelhecer aqui vou vou ter essa vida e vou renunciar a uma
ambição que eu tive mas que talvez também não desse certo porque indo para Nova York poderia ser que enquanto a moça fosse projetando eu fosse decaindo e me tornasse no final das contas um daqueles pianistas de filme B filme e dos anos 40 bêbado não filme dos anos 40 filme pode ser Jude Allen ambientado dos anos 40 aqueles bêbados infelizes Então você não sabe você não pode prever o futuro nessas coisas então h o que eu quero dizer há momentos que são muito delicados momentos escolh são muito difíceis por exemplo uma grande difícil escolha é
quando você se coloca diante de um de um companheirismo de muito tempo diante de um amor novo que aparece isso é uma coisa que pode ser muito difícil escolher que eu quero dizer essa escolha não pode ser banalizada ela não pode eh perder o seu caráter delicado delicadeza significa tudo no caso quer dizer tratar bem as pessoas ser delicado não usar da violência não usar do tapa não usar do grito sabe quer dizer eh tentar viver isso porque esses momentos de passagem se tornam cada vez mais importantes e é nas escolhas que assim se fazem
que se define o o futuro quer dizer nós Ainda temos toda uma cor que damos a certos elementos do amor que é como se fosse uma coisa coisa feia É como se eu parar de amar a pessoa que eu amei e começar a amar outra pessoa fosse uma coisa feia então nós tentamos esconder isso quer dizer quantas pessoas tê a digamos grandeza ou abertura de reunir as pessoas envolvidas e ter uma boa conversa sabe os dois homens que entre os quais uma mulher tá dividida ou as duas mulheres entre as quais um homem tá dividido
os três conversarem quem tem tem coragem força grandeza de fazer isso é muito pouco mas isso deveria ser a gente deveria ter ter isso como como como algo que pudesse est no horizonte Não que seja solução não queo seja fácil não que isso resolva necessariamente problemas porque pode ser que crie outros até mas pelo menos acho que o importante é a gente tentar pegar esse momento de passagem esse momento de indecisão e prestar muita atenção nele porque a tendência Nossa na sociedade é pegar os os momentos de Equilíbrio os momentos de coerência os momentos de
estabilidade dizer esses momentos somos bons e os momentos deab idade a gente tenta varrer para baixo do tapete e então a pessoa que traiu a a companheira ou o companheiro depois se casa e e tem um casamento tão conservador quanto eram doos anteriores quer dizer não tô dizendo que que porque você traiu você tem que ter um casamento dito aberto não é isso mas é o fato de que você não pode eh criar toda você não pode negar uma parte da sua história você não pode dizer isso não ocorreu e acho que que um dos
problemas sérios é que nós tendemos E aí eu passo um pouco para a segunda pergunta a pegar essas regras e a nelas nos sustentarmos então nós escondemos a nossa própria quebra de regras nós escondemos o fato de que nós mesmos num certo momento nos demos conta de que as regras não nos davam as respostas prontas al a regra nenhuma das respostas prontas as regras tem mais um papel negativo do que afirmativo vejam os mandamentos não não não não quer dizer agora ag o que eu vou fazer eu posso fazer não não não cobiçarás a mulher
do próximo mas posso cobiçar todas as mulheres que não sejam mulher do próximo e desde e posso escolher uma delas e ficar com ela não cobiçarás a propriedade alheia Mas posso comprá-la então quer dizer ah o que é a lei que a lei moral ou religiosa ou pol ou penal pro faz é muito mais proibido que mandar a escolha mesmo o nosso desejo que governa muito mas a escolha tem uma dimensão ética e o que eu quero frisar é a gente não pode banalizar essa dimensão ética não pode reduzi-la ou a um gabarito em todo
caso assim Siga a coluna do Meio ou da esquerda ou da direita nem nem nem pode a gente fazer que essas hã que essas escolhas dolorosas pelas quais a gente passou sejam simplesmente esquecidas E daí um tempo a gente finge que não é conosco uma história parecida ou se ocorre conosco uma história se nós somos vítimas de algo de que nós fomos antes autores que a gente seja capaz de reconhecer esse esse essa maneira como a nossa a vida nos manda em espelho o que nós fizemos às vezes para enxergarmos dois lados da mesma moeda
quanto a questão de procurar então sustentáculos né suportes âncoras que de alguma forma nos orientem certamente é muito humano né Você viveu o tempo todo no no na insegurança é muito difícil e acho que não é o sonho de ninguém nem é o que eu tô prop o que eu tô propondo é só que a gente pare de considerar a insegurança como algo que a gente deve denegar a gente deve dizer que não existiu quer dizer tem que estar atento perceber que há houve haverá insegurança e nesses momentos não não se afobar talvez ser capaz
de reconhecê-la e de reconhecer a riqueza de escolha de reflexão e escolha que há nesse momento