e essa semana nossa equipe foi Abatida por uma imensa tristeza a partir da repentina do Paulo nos deixam um vazio e uma saudade igualmente mês a transfobia é também uma atualização de uma ferida Colonial que todas as pessoas que conviviam e amavam o Paulo possam se sentir acolhida se reconfortados nesse momento os nossos melhores sentimentos equipe tempero drag a Rochelle eu tô pensando em voltar para Portugal e a raiz minha ferida Colonial II [Música] eu vou como você já deve ter visto em algum local desta tela o tema do vídeo de hoje é ferida Colonial
não tem que ter tudo duplo porque eu mudo de ideia como quem muda de roupa a reflexão Inicial desse vídeo ela também parte daquela peça de teatro que eu já usei aqui para contar para vocês do mar sobrew chamada sem palavras que eu assisti no SESC Pompeia é existe o último solilóquio antes da peça ser concluída viu Matriz que diz que nós viemos de um país em escombros que no Brasil uma das políticas que faz parte da nossa cultura é Atualização de uma ferida Colonial que nunca cicatriza mas encontra uma nova forma de ser explorada
e aberta nos fazendo sangrar e doer a ideia de chamar esse vídeo de ferida Colonial é tentar abordar dois aspectos da Constituição da sociedade a importância da sua cultura e que aberta nos faz sangrar e sofrer uma possível base teórica para a gente fazer essa reflexão hoje é um professor do departamento de psicologia na universidade de Columbia em Nova York o nome dele é deu ruim Sul e ele faz publicações sobre um tema mais ou menos recente no debate social que são microagressões Eu também começo vídeo com essa antologia poética chamada volta para tua terra
é uma coleção de poemas anti-racistas anti misogenia anti-xenofobia de poetas em Portugal que não são portugueses no livro mas eu também vou deixar alguns artigos do professor aqui ele reflete sobre o que é essa coisa chamada microagressão poder winsu ele vem de uma família sino-americana então de ascendência chinesa mas nascido e criado nos Estados Unidos e como ter a sair ansa chinesa o que ele fosse Tratado de forma diferente e a quais violências ele tava submetido que eram insidiosos nelas vinham disfarçada Nossa você fala tão bem inglês e ele nasceu nos Estados Unidos ele foi
Alfabetizado em inglês olha aqui a gente fala assim agora a gente fala faldo que tem um amigo que tá agora na Alemanha e ele tava me contando que na região da Bavária mais para o interior né não no centro cosmopolita Berlim mas à medida que se você vai para o interior da Alemanha e é reconhecido reconhecida como Imigrante como estrangeiro as pessoas falam com você com alemão errado não poder fazer isso aja de tal forma faça de tal jeito aqui fazemos assim como se a gente precisasse ser escolarizado não jeito outro desistir os três tipos
de micro gressão tô tentando englobar o assunto que o der winde vai vai tipificar o micro assaltos e eles se parecem com coisas que a gente já deu o nome e inclusive já criminalizou redor do mundo então o micro-asfalto ele é declaradamente racista e misógino transfóbico é a gente já tem nome para ele dificilmente ele passa despercebido agora o micro o Insulto é esse lidar com o diferente numa categoria de outro e esse outro outro desvalorizado o micro Insulto ele costuma estar camuflado Nossa como você tá bonita Você emagreceu o visto aqui um micro Insulto
que as pessoas gordas não são bonitas ó e tal pessoa é uma negra muito bonita e quando se fala de Branca ninguém fala uma branca muito bonita né existiria também a micro um validação que é deslegitimar a identidade de alguém não reconhecer a existência dessa pessoa então quando a galera diz que não existe Jenny o outro não existe pessoa não binária é o bissexual é alguém que ainda não se orientou que ainda não decidiu isso recairia na micro invalidação tô usando esse tema para fazer uma primeira aproximação Inclusive o de Halloween Sul e ele escreve
alguns artigos que ele fala é micro e validações para além dos temas da raça para E aí ele vai estudar é os desenvolvimentos psíquicos né como uma dinâmica psicológica-comportamental diz Quando me refiro a ferida Colonial eu tô dizendo sobre a forma com a qual as nossas sociedades são organizadas eu ia ler aqui a introdução do livro da grada kilomba Memórias da plantação Tô preparando um vídeo para semana que vem que eu vou fazer isso aqui eu quero contar para vocês quando eu estive agora na França para dar aula lá muito me chocou uma percepção imediata
de que as pessoas que trabalham em Paris por exemplo né E aí vale destacar PA a França a classe trabalhadora quem tá nos mercados nas farmácias nas papelarias isso quando tem funcionário tá meus anjos porque o debate do fim do trabalho em Paris já é uma realidade tem muito lugar que você vai que é tudo automatizado não tem um posto de trabalho lá dentro mais as pessoas que trabalham são claramente e ascendência não francesa ou elas são afro francesas ou elas são de ascendência árabe esse primeiro dado da ferida Colonial é que a gente consiga
olhar para as nossas sociedades e pensar quais grupos corpos etnias ocupam quais estratos da sociedade quando a gente fala do Brasil porque a base social brasileira a maioria da classe trabalhadora no Brasil é composta de mulheres negras porque os piores empregos estão relegados a estes corpos e aqui a gente tá falando sobre a ferida Colonial quando a gente pensa em a cidade Quem mora em qual bairro Qual o bairro ficou apartado para qual grupo E aí vale usar essa palavra apartado porque Diferentemente da África do Sul dos Estados Unidos onde houve uma política legal de
apartamento de raças aqui no Brasil essa política Nunca precisou ser legal porque enquanto a gente professavam um mito da democracia racial a estrutura de funcionamento social brasileira sempre foi tão esdruxula cruel que fazia esse apartamento na sua construção E é claro que essa ferida Colonial se traduz na língua eu peguei dois exemplos para tentar falar sobre isso e um ocorrido recente da nossa política O primeiro é a palavra Kalunga talvez você conheça uma papelaria com esse nome o termo calunga ele é um termo polissêmico que tem muitos sentidos ele é proveniente da Cultura bantu as
esculturas que teve mais membros deste povo desta região em África trazidos para cá numa diáspora no processo violentíssimo de escravização de sequestro o André Pinheiro que é poeta Historiador e jornalista escreveu um texto curto para Editora Ipê Amarelo tô deixando aqui na descrição que ele vai fazer essa busca etimológica da palavra e ele vai consultar uma série de intelectuais e uma série de dicionários da Umbanda da arte afro-brasileira de cultos e da cultura bantu para mostrar Quais são as possíveis denominações de calunga existe uma que é mais ou menos majoritária a ideia da grande Kalunga
e da pequena Kalunga podendo ser entendida como é uma jornada uma travessia o oceano e o cemitério agora a gente precisa pensar por que a cultura bantu equaliza numa o signo linguístico dois significados de oceano e de cemitério e se você conhece a história brasileira se você conhece a história da escravidão no Brasil você já entendeu porque é os navios Negreiros que durante mais de três séculos captaram acorrentaram torturaram e trouxeram pessoas Nas condições mais não humanas que você puder conceber eles eram na trajetórias de morte as pessoas escravizadas morriam aos milhões nessa trajetória ou
elas morriam de bandos ou uma grande tristeza e depressão é de está sendo arrancada do seu continente ou ela se suicidavam na viagem ou elas morriam de desnutrição de doenças de maus-tratos de torturas vou deixar também aqui dois sites com depoimentos entrevistas do Laurentino Gomes que é um autor brasileiro premiado que tem uma obra chamada escravidão é e ele ressalta: Inter é o primeiro deles é que Brasil foi o maior território escravista do Hemisfério ocidental ele recebeu quase cinco milhões de pessoas escravizadas africanas e também foi o país que mais tarde proibiu o tráfico negreiro
isso acontece em 1850 com a lei Eusébio de Queirós o Brasil também é o último país do ocidente a aboliu a escravidão E aí meus anjos de forma formal porque a lei Eusébio de Queirós que proibiu o tráfico o tráfico parou continuo continuo 1888 a carta de alforria da princesa irrompe a escravidão ou a gente ainda tem situação de trabalho análogo à escravidão no Brasil tô tentando pontuar para vocês Que esse é um avanço no aspecto formal mas que não está na realidade material do país o Laurentino começa o livro dele falando como 350 anos
de escravizar ação e transporte dessas e seria um inclusive mudado o comportamento dos cardumes de tubarão no Oceano Pacífico como a mortalidade de pessoas escravizadas era gigantesca e esses corpos eram jogados ao mar os tubarões aprenderam que sempre haveria comida perto desses navios estima-se que mais de 12 milhões de pessoas foram raptados de África ao Brasil vão chegar 10 milhões e setecentos mil ou seja na travessia morrem 1 milhão e 800 mil pessoas ao longo de 350 anos se você dividir o número você tem mais ou menos 14 corpos uma média de 14 corpos sendo
jogados ao mar por dia a praia de Porto de Galinhas né no estado do Pernambuco recebeu esse nome por causa de burlar a proibição do tráfico negreiro eles continuavam recebendo pessoas escravizadas naquele Porto e criaram um código a galinha nova no porto essas pessoas escravizadas agora eram trazidas em navios que transportavam galinhas e claro a presença de tubarões na região está intimamente ligada ao descarte de Corpos ali feito é muito importante que eu consigo a pontuar isso durante o século 18 mil setecentos e o século que vai transcorrer as pessoas mais ricas do Brasil as
famílias mais ricas do Brasil não estavam lidando com Engenho açúcar café Ouro as pessoas mais ricas do Brasil nesse século são contrabandistas de pessoas escravizadas e esse é o dado que a gente precisa ter em mente quando Pensa a elite brasileira a elite brasileira tá composta de pessoas que há seis gerações atrás traficavam pessoas lá na peça é do Marcio Abreu a gente fala sobre a atualização da ferida colonial tu viu ele tá construído sobre a exploração e o dejeto sobre usar um corpo até ele e ser exaurido e descartá-lo a ideia do transporte desse
indesejado para que Ele trabalha até morrer vai ser substituída pelos fluxos migratórios de pessoas do nordeste para o Sudeste quais empregos foram relegados a esses corpos que foram usados na construção civil que se transformaram em porteiros em Domésticas em babás agora no início desse ano 2022 fez uma live na qual ele se dirigir a um dos seus assessores como pau-de-arara o pau de arara é a atualização de uma ferida colonial do Navio Negreiro essa travessia de morte for Souza e forçada que aconteceu durante três séculos no Brasil é substituída por outra que sob uma nova
roupagem opera 11 Oi mor terror Colonial a não consideração de alguns corpos como humanos e a sua superexploração até a morte Brasília tem o monumento aos candangos o que que é um Candango esse corpo não humano que vai construir a cidade que vai ser exaurido no trabalho da construção civil e que depois não vai ter acesso a morar na cidade mas vai ser escoado para as periferias para Cidade Satélite em volta de Brasília ao chamar uma pessoa de pau-de-arara o bolsonaro e sabe o que tá fazendo né Afinal ele homenageia torturador Ele disse que a
ditadura é o que o problema da ditadura foi que torturou e não matou ele disse que a gente não devia correr atrás das ossadas da ditadura porque quem gosta de ousar de cachorro a Ana Laura Prates uma psicanalista brasileira que eu amo uma grande amiga alguém que eu me inspiro muito ela tem um trabalho dentro do o campo lacaniano um seminário no qual ela trabalha antígona EA teoria psicanalítica e ao falar sobre esse crime contra os mortos ela volta para o bolsonaro para essa atualização para essa fora cruzam o bolsonaro é alguém incapaz de respeitar
a morte a dor EA tragédia pau-de-arara também é um termo polissêmico ele pode designar uma técnica de tortura usada na ditadura ou esse tipo de transporte precário que usava a carroceria de um carro para a muito ar pessoas do nordeste e trazê-las até aqui embaixo do sol passando frio fome insolação calor morrendo na viagem e eu tô deixando na descrição dois materiais um relato do Museu da imigração que narra as experiências do pau-de-arara e um artigo do professor Marcelo Eduardo Leite Ele é professor da universidade o Federal do Cariri e da Leilane Alves Vieira que
era na época doutoranda na UFMG que contam sobre o discurso acerca do pau-de-arara que na época que eles vão analisar né numa revista específica era entendida como uma tragédia brasileira existe um produto de cultura no Brasil nos anos 60 importantíssimo para a gente entender é do que a gente tá falando que é um Show Opinião era um show de Teatro Musical que estreia em 63 meses depois do golpe militar no Brasil ele é produzido pelo Teatro de Arena no Rio de Janeiro e dirigido pelo Boal Augusto Boal um dos maiores intelectuais e dramaturgos que o
Brasil produziu o elenco original era Nara Leão que vai ser substituída pela Maria Bethânia depois o João do Vale e o Zé Keti esse show termina a última música do do Teatro Musical se chama cicatriz mas aqui eu bom com vocês sobre Carcará né que inclusive ao compacto disco de estreia da Betânia para o público o texto do espetáculo foi escrito pelo Armando Costa oduvaldo Vianna filho e o Paulo Pontes a gente entende esse show esse movimento de Cultura né a música de protesto como um dos pontos mais importantes da cultura brasileira da música popular
brasileira existe um determinado ponto da canção no qual a Nara Leão ou a Maria Bethânia dizem o seguinte em 1950 mais de dois milhões de nordestinos viviam fora de seus estados natais mais de 10 porcento da população do Ceará e migrou mais de treze por cento do Piauí quinze por cento da Bahia e dezessete por cento de Alagoas falar sobre a atualização da ferida Colonial é olhar para como a estrutura brasileira muda muito pouco desde a invasão do teu e até o século 21 o Brasil opera numa lógica colonial de Periferia do capitalismo e de
superexploração da sua força de trabalho O Brasil não é e nunca foi um país democracia racial o Brasil é um dos países mais violentos xenofóbicos e com ódio a populações periféricas e empobrecidos do planeta desvendar a ferida Colonial é ir na contramão de que ainda hoje a gente tenha o vice-presidente do país falando que não existe racismo no Brasil é ir na contramão de um discurso Liberal que prega que qualquer pessoa que se esforçar em se plantando da é o país de oportunidades é o país do Futuro o Brasil é o país do passado mal-resolvido
e enquanto como sociedade a gente não se debruçar sobre essas questões e não reparar as dívidas e Eu acho que o país tem com as classes que foram subalternizados e os corpos que foram explorados não existe futuro para esse país bom é isso no vídeo da semana que vem eu vou falar um pouco sobre a grada kilomba e Memórias da plantação e esse livro que acabou de sair da Rita Segato pela Editora Bazar do tempo a crítica colonialidade em oito ensaios a gente vai ler e discutir o ensaio sobre o Édipo negro tô deixando assim
de antemão para vocês poderem ler antes do vídeo é isso moçada um beijinho tchau [Música] E aí [Música]