A EXECUÇÃO - EDUARDO BUENO

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Buenas Ideias
A história da escravidão no mundo, e principalmente no Brasil, é uma história de horrores e impunida...
Video Transcript:
Qual é o segundo país do mundo que recebeu o maior número de escravizados na história da humanidade? Hein? Claro, Estados Unidos!
Qual é o segundo país mais escroto das Américas? Ãhn, Venezuela? Nicarágua?
Não, não sei, não sei bem, não sei bem qual é, mas às vezes os Estados Unidos, né. . .
Assim. . Que costuma ser o primeiro, né?
E qual é o primeiro país do mundo, qual é o país que recebeu o maior número de escravizados na história da humanidade? Tu sabe, né? É o teu, é o Brasil.
Sim, cinco milhões de escravos, contra três milhões e tanto dos Estados Unidos. E por isso mesmo, qual é o país mais escroto das Américas, e talvez um dos mais escrotos do mundo? .
. . .
. . .
. . Né?
Agora, tu sabe que, na real, tem mais vínculos entre o Estados Unidos escravista e o Brasil escravista e escravocrata do que tu supõe. Um deles eu já falei aqui, né cara? Tu sabe que depois que aqueles sulistas lá escravistas perderam a guerra da secessão, né, eles pensaram assim "onde é que será que existe um outro país enorme, um outro país agrícola, um outro país que tem a bancada ruralista do Congresso, um outro país onde governo seja refém do agro, né?
E que seja favorável a escravidão e aonde a escravidão ainda seja legal? . .
. Mmm, deixa eu ver, deixa eu ver, ah sim! O Brasil!
" É, e vieram pra cá, vieram pra Santa Bárbara do Oeste, onde tem gente careca que ataca ministro também careca, né? Vieram pra Americana, que deu origem, inclusive, daí graças a Deus, à Rita Lee, né? E vieram pra Santarém, lá no Pará, a chamada "colônia perdida da confederação", que eu ainda não fiz um episódio, mas que bem que valeria um episódio, né, ainda mais pra ti que não sabe nada, né?
Mas nesse exato momento o que eu quero fazer é um episódio fascinante, maravilhoso, incrível, deslumbrante, embora muito, muito, muito perturbadoramente trágico, sobre um traficante de escravos norte-americano que se vinculou com o Brasil, mas como ele era norte-americano, ele acabou sendo punido com a pena de morte, ao contrário dos traficantes e senhores de escravos brasileiros que estão aí até hoje, ricos, deram origem a grandes famílias e a grandes fortunas, sem jamais terem sido punidos, embora a lei que o teu país assinou fizesse com que eles fossem criminosos, mas eles nunca pagaram por isso. Ao contrário do Nathaniel Gordon, que tu vai ver acabar pendurado numa corda nesse maravilhoso episódio cheio de vingança, que claro, começa com uma rima. [O traficante não deu sorte, o traficante não deu sorte!
Foi condenado a pena de morte! ]. É, é, punido com a pena de morte.
Aliás, foi o único americano punido com a pena de morte por ser traficante de escravos no segundo país do mundo que recebeu o maior número de escravizados na história da humanidade. Nathaniel Gordon. Mas também esse fez tanto, fez tanto.
. . Ele foi morto no dia 25 de fevereiro de 1862.
Foi enforcado lá no The Thombs! The Thombs, cara, era um um presídio de Nova Iorque, que ficava lá no Five Points, lá embaixo, Lower Manhattan, na parte baixa de Manhattan, e é incrível porque ele foi construído em 1838, eu acho, depois aparece a data certa aí, a data não interessa! E foi construído como se fosse uma mastaba egípcia.
É, tava no auge assim de uma história de arquitetura egípcia, e os caras construíram um presídio horroroso, sombrio, onde muita gente foi morta, claro, desvalidos, pobres, né? Onde muita gente foi encarcerada, onde muita gente padeceu horrores, né? E onde muita foi executada.
E um dos únicos ricos que foi executado foi justamente o Nathaniel Gordon, que era um traficante de escravos, um notório traficante de escravos. É importante tu lembrar que desde 1808 o tráfico de escravos era proibido nos Estados Unidos, tinha que ser tudo feito por debaixo do pano. O Brasil em 1810 já tinha se comprometido a acabar com o tráfico de escravos, e se comprometeu várias vezes assinando leis com a Inglaterra, os Estados Unidos também da revolução, da guerra contra a Inglaterra, da sua independência em 1776, também chegou a um acordo com a Inglaterra, concluindo que era uma imoralidade completa, total, absoluta o tráfico de seres humanos, né?
Em função claro, também, da pressão dos grupos humanitários ingleses, mas lógico, acima de tudo por uma mudança na estrutura, macroestrutura econômica da Inglaterra, para a qual daí a escravidão já não tinha mais sentido, e impediu que os países aqui da América 'Latrina', e de certa forma, também os Estados Unidos continuassem com essa prática nefasta, medonha que era o tráfico de escravos, né? Só que o Brasil assinava as leis e não as cumpria, inclusive no meu curso maravilhoso sobre corrupção eu digo que é a partir daí, desse momento, que o Brasil e os brasileiros introjetaram a ideia de que se tu não concorda com uma lei, tu não deve cumpri-la, e pode disfarçar, assim. Então é aquela história "pra inglês ver", né?
A partir de 1831, com a Lei Feijó, ficou determinado que todo e qualquer escravo, escravizado, que entrasse no Brasil ficaria imediatamente livre, e a partir daquele ano nunca se traficou tanto! Chegaram 400 mil, 520 mil, Trezentos e tantos mil, em 1831, 1832. .
. depois da assinatura da lei. Só que em 1851, daí de fato o Brasil assinou a lei Eusébio de Queirós, e o mais louco é que a lei ganhou o nome do cara que era Primeiro Ministro, acho que era Primeiro Ministro, depois aparece aqui se era ou se não era Primeiro Ministro, o Eusébio de Queirós, que quando promulgou a lei lá na bancada ruralista do Congresso, sabe o que que ele disse no Rio de Janeiro?
"Se o Brasil inteiro trafica [escravos], seria impossível que fosse um crime, e mesmo uma temeridade chamá-la de 'erro'". O cara disse isso. "Seria impossível que fosse crime, porque todo mundo trafica nesse país, e mesmo uma temeridade, chamá-lo de erro"!
O tráfico de escravos! E aí cara, a partir de 1851, ficou realmente difícil trazer traficantes pro Brasil. A questão, a questão é que o homem mais rico do Brasil, naquela época, e segundo o jornalista Hélio Gaspari, o mais rico do Brasil em todos os tempos, que teria assim, seria mais rico que o Barão de Mauá, seria mais rico que o Roberto Marinho junto com o Odebrecht, sabe?
O 'Odebrechti' é bom, né? Então, é o Joaquim José de Sousa Breves, o rei do café, que tinha que ter uma história impressionante, era dono de 52 fazendas de café, a maioria destruindo o Vale do Paraíba, e de seis mil escravizados, doze mil braços escravizados, esse cara tinha. E aí ele percebeu que bah, a coisa ficou ruim, né?
Porque realmente daí com a política moralizadora dos mares da Inglaterra, depois da assinatura do Bill Aberdeen, que tu, na tua ignorância também não sabe que foi quando o Brasil foi realmente humilhado pela Inglaterra, que concedeu a si própria o direito de abordar qualquer navio brasileiro em qualquer água do mundo inclusive nas águas territoriais brasileiras, né? E aí o tal Joaquim José de Sousa Breves, o homem mais rico do Brasil, acabou contratando o Nathaniel Gordon pra ir buscar escravizados lá na África, totalmente contra a lei! É.
E é o mais louco, porque esse Nathaniel, que já era um notório traficante de escravos americano, que já tinha traficado pra grandes senhores de escravos do Sul dos Estados Unidos, e dizem ainda que até pra gente de Nova Iorque, né, que fica lá no norte, e tal, ele já tinha traficado, ele vinha voltando de São Francisco, com um navio. . .
de São Francisco na Califórnia. . .
provavelmente tinha cruzado o Estreito de Magalhães, e chegou no Rio de Janeiro carregado de peles de animais, né? Pra vender peles de castor, essa coisa, né? Tu sabe que o fur trade, né, o ciclo da pele, foi o que gerou muito dinheiro nos Estados Unidos, e exterminou todos os animais que tinham pele, especialmente, o castor e tal, bá, bá, bá, encontrou em Angra dos Reis, ou no Rio de Janeiro, não sei bem, esse Joaquim José Breves, e o cara disse pra ele "bah, meu chapa, aqui ó, para de transportar pele de animais, vamos transportar animais humanos".
E o cara roubou, roubou um navio dos caras que tinham contratado ele, e com esse navio foi lá buscar escravos pra esse Joaquim Sousa Breves, tá? E aí depois voltou, trouxe os escravos, e depois ele fez uma outra viagem com um brigue chamado Camargo, Camargo, e foi pra Daomé, também lá no Benin, e pegou, sei lá, parece que seiscentos, setecentos escravizados, e voltou pra entregar esses caras ali em Angra dos Reis, porque esse Breves aí tinha um monte de fazendas também no litoral, na restinga da Marambaia, parará, nesses lugares, porque não podia mais desembarcar os escravos nos grandes portos, então eles eram desembarcados nas 'costas largas' que o Brasil tinha, né? Que não podiam ser vigiadas, porque eram muito grandes, não sei o que, e tudo, a polícia toda comprada, tal, aquela coisa, né?
Igual hoje. E aí, meu chapa, o cara largou os escravos ali em Bracuí, em Angra dos Reis, na fazenda, numa das um milhão de fazendas, 52 fazendas que esse cara tinha, né? O Breves, né?
Que durou demais, pena que demorou, que a vida dele não foi breve. . .
E aí largou os escravizados ali, e incendiou o navio. Incendiou o navio na enseada de Bracuí, né? E aí esse navio foi encontrado agora, cara, pelo pessoal do Instituto África Origens, da Universidade Fluminense, da Universidade do Sergipe, e que tão fazendo arqueologia subaquática desse naufrágio, tá?
E isso tem uma importância gigantesca, enorme ainda, porque tem um quilombo, tem um quilombo ali em Bracuí, em Angra dos Reis, tem quilombolas ali, talvez descendentes desses escravizados desta leva de 1852. Se sabe o dia em que o navio foi queimado e incendiado. No dia 11 de dezembro de 1852, 11 de dezembro de 1852, esse canalha desse Nathaniel Gordon botou fogo no navio e o afundou.
Agora tu imagina quanto é que eram os lucros dessas expedições escravistas, ao ponto de tu poder queimar o navio depois de fazer a viagem? O navio valia uma fortuna! Era um brigue, né?
O brigue Camargo. Ele repetiria isso depois, porque daí ele fugiu, vestido de mulher, ele se vestiu de mulher e fugiu do Brasil depois de incendiar o navio, embarcou num outro navio e foi pro Estados Unidos. E nos Estados Unidos ele continuou praticando o tráfico de escravos.
Só que lá, meu chapa, o buraco é mais embaixo. Daí em 1860 ele ele leva um monte de escravizados de Cuba lá pro Sul dos Estados Unidos, pro Alabama, tal, pra esses lugares horrorosos, né? "Alabama, you got a weight on your shoulders, it's breaking your back", como cantou o Neil Young, né?
"Alabama, tu tem um peso na tuas costas, isso tá quebrando a tua coluna"! Grande Neil Young, né? E aí em 1861 ele tá a bordo de um navio chamado Erie, e ele vai, acho que pro Daomé, pra algum lugar assim, Benim, sei lá, e captura, compra 970 escravos.
Alguns dizem que foi 1100, e que morreram no trajeto 40. E chega nos Estados Unidos, entrega pro cara que o contratou esses escravos, queima o navio de novo. .
. Mas é pego, é pego e capturado, e levado pra julgamento. .
. fica preso nessa prisão aí, The Tombs, as tumbas, né? É uma tumba egípcia, e ele fica totalmente tranquilo porque ele tem certeza que ele não vai ser morto, que ele tem amigos poderosos, ele contrata advogados incríveis, tá?
Só que daí cara, um dos promotores, e especialmente o Abraham Lincoln, queriam dar um exemplo que o Estados Unidos cumpre a lei, e ele vira o bode expiatório. É ele que vai dançar. E aí o tempo vai passando e a imprensa cobrindo o caso, e aí ele é condenado à morte.
Ele é condenado à morte. E aí um dia antes dele ser executado, ele foi executado no dia 25 de fevereiro, num dia bem frio, gelado, ventos uivantes em Nova York, 25 de fevereiro de 1862, praticamente dez anos depois do caso aqui em Angra dos Reis. E aí, meu chapa, ele tenta se suicidar, ele toma estricnina, mas os médicos são chamados imediatamente e aí fazem uma lavagem estomacal, cauterizam o estômago dele, dizem 'tu não vai morrer pelas próprias mãos, tu vai morrer pendurado numa corda!
' É, e aí ele se recupera, faz a lavagem e tal, e levam ele pra pro meio ali da. . .
tem imagem disso, vou te mostrar aqui, pro meio do pátio dessa terrível prisão, pra ser executado. E aí o promotor, cara, antes dele ser enforcado, faz o seguinte discurso, que eu vou te ler: "Deixe-me implorar que o seu arrependimento seja tão humilde e completo quanto o seu crime foi grande. Não tente esconder essa enormidade de si mesmo.
Pense na crueldade e maldade de capturar quase mil seres humanos que nunca lhe fizeram mal algum, e jogá-los sob o convés de um pequeno navio sob um sol tropical escaldante para morrer de doença ou sufocamento, ou então serem transportados para terras distantes e condenados, eles e seus descendentes, a um destino ainda mais cruel do que a morte. Pense no sofrimento dos seres infelizes que você amontoou sob o convés do Eire. Pense na agonia e no terror impotentes deles quando você os arrancou de sua terra natal, e especialmente de suas misérias na hora de sua captura.
Lembre-se que você não demonstrou misericórdia a ninguém, levando consigo não apenas pessoas do teu próprio sexo, mas mulheres e crianças indefesas. E não se iluda pensando que, por pertencerem a uma raça diferente da sua, sua culpa será diminuída. Ao invés disso, tema que, na verdade, ela seja aumentada.
Como você logo estará na presença daquele Deus, que é o Deus do homem negro, assim como é o Deus do homem branco, saberá que ele não faz distinção entre as pessoas. Portanto, não se entregue um só momento ao pensamento de que ele vê com indiferença o choro do mais humilde dos seus filhos, e não imagine que porque outros compartilharam desta culpa desse empreendimento com você, o seu pecado seria assim diminuído. Não, pelo contrário!
Lembre-se da terrível advertência da Bíblia: embora de mãos dadas, os ímpios não ficarão impunes". E aí, ó, enforcaram. Ao passo que, no Brasil, nenhum desses traficantes foras da lei, nenhum desses caras responsáveis pelo tráfico de cinco milhões de africanos que construíram o fulgor do açúcar, do café e do ouro no Brasil, nenhum deles jamais foi punido.
Pelo contrário: eles viraram senadores, eles viraram grandes fazendeiros, eles viraram chefes de província, eles criaram a bancada ruralista do Congresso. Eles continuam aí.
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