as palavras palavrinhas e palavrões e era uma vez uma menina que gostava muito de palavras estava sempre querendo aprender palavras novas prestava atenção toda vez que eu vi uma diferente queria reparar como é que se usava para poder repetir depois para ela todas eram interessantes as pequenas as médias e as grandes as palavrinhas as palavras e os palavrões é só que os outros não achava interessante e às vezes nem ela mesmo assim entendia ou entende os outros às vezes ela ouve alguém dizer umas palavras e mesas e nem conseguia repetir direito como não dia em
que um homem falou na rua tem um paralelepípedo solto cuidado paralelepípedo mesmo com todo cuidado falando bem devagar era difícil repetir a língua dela se rolava toda com um palavrão desse tamanho mas outras vezes tinha umas palavras que ela ouvia e repetia sem dificuldade nem eram assim tão grandes algumas eram até bem pequenas mas as pessoas e estavam eu sei que hoje em dia muita gente não liga minha filha mas eu não acho bonito você ficar dizendo palavrão desse jeito aconselhava a mãe acho um absurdo você fala palavrão dessa maneira ainda se fosse menino falando
na rua vai lá mas desse jeito parece um moleque daqueles bem mal educados não quero mais saber disso ou então vamos ter e ameaçava o pai o que o rosto da menina e queixava-se o avô vocês precisam tomar providências ela conta com vocabulário abominável o que coisa feia uma mocinha sujando a boca com esses palavrões cabeludos zangava avô a menina ficava ouvindo aquilo tudo sem entender direito como é que podia ver palavrão cabeludo e ela ficava imaginando então palavrões enormes maiores que uma baleia mais compridos que um trem é bem carecas palavra bigoduda palavrinhas para
todas e aquelas coisas que o avô tinha dito vocabulário abominável o tipo de palavrões seriam esses cabeludos louros cacheados ela nem conseguirá repetir direito quanto mais imaginar a cara deles e aquele tal de todo densos eu tinha também palavras que ela mesma inventava e nem saber de onde por exemplo no dia em que a mãe explicou para ela que estava barriguda daquele jeito porque ia ter um neném a menina ficou logo imaginando o nome para o bebê mas não sabia se ia ser menino ou menina então inventou o nome que servia para qualquer um servir
mesmo para qualquer coisa era cusfosfós nome gostoso de dizer dava uma espécie de cosquinha dentro da boca a menina achava muito divertido mas a família não achava nada engraçado e ela pensava em voz alta e rir sozinha de dar gargalhada armazenaram quando com pastor só brincar na pracinha todo vou perguntar o nome aí a babá vai dizer gostosas a galhada fala quando chegar na hora da samara e a professora chamar por favor tô e aí fica olhando para ver se responde presentes na festa e namorar já pensaram o pai ea mãe ficaram muito preocupados com
toda essa conversa de curso as fotos para cá com os poços fosse para lá acharam até que ela estava xingando o irmãozinho que ainda nem tinha nascido mas a menina nem ligou falou em curso as fotos vários dias até cansar quando cansou parou e mudou de assunto e é que aí ela já estava preocupada com outras coisas todos falavam tanto dos palavrões que ela dizia mas tanto mesmo que ela resolveu descobrir de uma vez por todas o que era afinal essa história de palavrão o avon de explicou que eram palavras um helicóptero i eu não
sei o que eu não consigo publicável e isso não é palavrão essa não se uma palavra desse tamanho todo não é palavrão como é que outras são menores podem ser o avô continuava publicável quer dizer que não se pode publicar que não pode ser escrito em livro e jornal e revista a menina achou muito gozado isso de não poder escrever palavrão será que tinha uma borracha invisível indo atrás do lápis ou da caneta apagando quando a gente tentasse escrever vai ver é por isso que não podia ou então eram palavras mágicas que nem das histórias
que faziam as letras desaparecerem e virarem aquele sinaizinhos malucos e foi até o quarto pegou um pedaço de papel e lápis de várias cores escreveu todas as palavras que viviam dizendo que era palavrão pelo menos todas as que ela conseguiu lembrar saíram todas escritas direitinho e não apagaram e outra coisa que a menina não entendia é como é que algumas palavras às vezes são palavrões e outras vezes não são principalmente nome de bicho tinha uma porção tinha vezes que ela dizia um deles e lá vinha alguém dizendo que era palavrão mais um dia quando foram
à feira a mãe mostrou um caixote cheio de pintinhos a minha filha o ala o monte de plantas pinta não é palavrão na feira não francamente não dava para entender como é que as palavras podem ser iguaizinhos e ficar maiores ou menores dependendo do lugar onde a gente está uma vez a mãe explicou que palavrão é uma espécie de xingamento que não tem nada a ver com o tamanho da palavra pergunta minha filha quando você andava com a mania de chamar todo mundo de bunda mole não fica converse pensando numa bunda pequenininha com suas coisas
segunda mole mas aquelas piadinhas de qualquer g não é palavrão gelatina o palavrão não ideia que não é mole mas é gelatina é comida não é xingamento a luta e ai meu deus e suspirou a mãe senhoras que você me faz por dentro paciência a menina continuava e lá no colégio palavra bunda mole e a mãe então todo mundo é feio a menina bem que pensou que ninguém fica feio por causa de palavras mas não disse isso disse foi outra coisa em que também estava pensando aquele dia eu disse que teve uma bruxa festa no
colégio e aí você falou que era palavrão não sei porque eu não estava xingando nada estava gostando foi bem bruta que você disse se não foi bruta cocô sol mas aí do jeito que você disse agora não faz mal e como é que podia fazer mal feito uma coisa estragada que a gente come e depois fica com dor de barriga palavra pode deixar alguém doente nisso ela lembrou de outra coisa vim aqui papéis igual simples podia imbecil é doente mental era palavrão não imbecilidade é doença não entendo deixa para lá mas era difícil deixar para
lá até que um dia quando tinha acabado de dizer uma palavrinha bem pequena só de duas letras mas que era justamente uma daquelas que a voz chamaram de palavrão cabeludo a empregada conselho ou um alguma a gente vai aqui em casa acharam uma boa ideia e puseram pimenta na língua da menina foi um horror primeiro ardeu e queimou em seus olhos de lágrimas e quando ela conseguiu falar no meio do choro pega essa boneca foi um deus nos acuda fizeram um escândalo enorme e resolveram levar a menina o doutor para resolver o problema de uma
vez por todas desde o instante em que entrou na clínica ela foi ficando muito preocupada nunca tinha visto tanto palavrão enorme junto na vida dela tinha uma placa com o nome de médico e embaixo estava escrito otorrinolaringologista e na sala onde os pais entraram com ela estava sim orientação psicopedagógica e mais fonoaudiologia ela foi ficando assustada não dava nem para ler direito essas palavras mas nem que treinar se a vida toda não ia nunca consegui dizer essas coisas pelo menos era o que achava eram palavras maiores do que ela ficou ouvindo uns pedaços da conversa
dos pais com doutor tinha cada coisa assim a expectativa da maternidade agressividade reprimida mona fez tô sempre o seu blog responsabilidade e mais uma porção de palavras que a menina tinha certeza de que nunca ia poder dizer direito sem ficar toda atrapalhada aí foi dando uma aflição nela um desespero uma vontade de chorar para que é que tinham trazido ela naquele lugar será que era para ela aprender de uma vez por todas para ver que não adiantava se meter a ficar repetindo tudo que eu via porque não ia conseguir mesmo ficou achando que ia dar
um nó na língua se experimentasse nunca não tinha que ia acertar resolveu então a ficar bem boazinha e não falar mais não falar coisa nenhuma a correr o risco de dizer o que não devia levar pimenta na boca e ainda por cima tem que repetir todos aqueles palavrões da clínica bem que o doutor quis conversar com ela até com jeito amigo mas não adiantou ela não respondeu nada é que quando resolvi uma coisa era para valer os pais e o doutor desistiram é deixaram para conversar com ela outro dia só que não conseguiram a menina
não falava mais mesmo brincava bateria mas não falava mas pensava muito pensava coisas que talvez não conseguisse explicar direito mesmo se conseguisse falar eu pensava que ninguém gostava dela pensava que os pais preferiam que ela fosse um menino para poder ser moleque de rua e dizer todos os palavrões que soubesse pensava que ninguém queria saber dela porque tinha boca suja e cabeluda pensava que ia mandar que ela fosse embora ou deixar que ela ficasse para trás perdida em algum lugar é principalmente pensava que era por isso tudo que a mãe tinha o neném novo na
barriga um menino para ficar no lugar dela e todo mundo poder gostar dele bem moleque o tempo ia passando e a família tentava conversar com ela a vó perguntava oi meu bem já estou vou deixar você tem mais nada e o pai propunha vamos ter uma conversa séria e você conta para o papai porque fica nessa insistência se recusando a falar a mãe implorava que linha pelo amor de deus não faz uma coisa dessas com a sua mãe eu não mereço isso depois de tudo que eu fiz por você nesses anos todos ainda mais me
estar em que sou essa menina parece uma dessas almada ela até que ia responder mas ainda bem que a mãe falou de desarrumada porque aí a menina ficou sem saber se isso era palavrão e preferiu continuar muda tô achando que devia ser só uma palavra ou uma palavrinha você não a mãe não estaria dizendo ah e não respondeu nada o avô aconselhava vocês ficam estragando a sua menina com vontade dá nisso no meu tempo não tinha essas psicologias mas com uma boa surra e castigo num instante ela ficava boa eu tô em nós acho que
se ela não falar com os outros ninguém devia falar com ela a menina ficou ainda mais assustada se ninguém falasse com ela aí mesmo que nunca ia aprender o que podia dizer além disso se ficar sem falar com ela só podia ser mesmo porque não gostavam dela até que um dia quando ela acordou achou a casa num silêncio não tinha ninguém no quarto dos pais nem na sala na cozinha a empregada eu estou e o pessoal fantasia para maternidade chegou a menina frozen então era isso vai ver é assim quando o neném nasce as pessoas
vão todas embora e deixa uma outra filha para trás tinha chegado a hora dela será que era isso mesmo nem deu tempo para pensar muito o telefone tocou a empregada atendeu e depois voltou toda animada a sua mãe tá bom e você tá mandando de jequié para conhecer uma libera baixar lúcia que bom então ela ia poder ir junto ver ninguém estava deixando ela para trás pelo menos por enquanto e uma menina e um ótimo quem sabe até brincar com ela um dia mas ia se chamar com os pós a isso eu ia no dia
seguinte quando a avó passou para apanhar a menina ela já estava de banho tomado cheirosa prontinho há um tempão louca para ver como é que ia ser a maternidade até parecia clínica um corredor grande claro de vez em quando umas pra e com palavrões obstetrícia era uma mas ela nem reparou muito porque viu que tinha uma porção de portas e quase todos tinham sapatinho de tricô pendurado até que a avó dela parou em frente de uma porta que tinha o número 36 um sapatinho cor-de-rosa e o nome lúcia a menina pensou que depois ia dar
um jeito de escrever cusfosfós mas era muito alto e não ia ser nada fácil alcançar o entraram a mãe estava recostada numa cama sem aquele barrigão e o pai estava sentado perto todos felizes pegaram a menina no colo abraçaram beijaram quiseram carinho saudade da minha linda agora temos duas garotas não maravilhosas maravilhosa parecia um palavrão grande assim mas devia ser uma palavrinha os pais estavam dizendo aquilo tão cheios de sorrisos e ela até achava que eu consegui repetir se quisesse a neném já está vindo o e veio mesmo tão pequenininha quase careca de olhos fechados
quietinha no colo da enfermeira aí a mãe pois a neném no colo e o pai segurou a menina de repente ela perguntou porta da sua irmã no cola eu ajudo a menina teve uma sensação tão boa tão maravilhosa pensou que respondeu que sim sem falar só com a cabeça e um sorriso e quando a neném estava no colo dela de repente abriu os olhos abriu bem a boca e começou a gritar uma palavra bem pequenininha e os ter neném vai dar um trabalho disse avó vocês vão se ver doidos com essas duas aí a menina
teve certeza de que ninguém devia ser um palavrão daqueles bem cabeludos e que a irmã era ótima elas iam ser muito amigas ninguém eu poder com elas de tanto que não aprontar juntas iam brincar na rua feito dois moleques e dizer todos os palavrões cabeludos bigodudos barbudos e carecas que quisessem e todas as palavrinhas e todas as palavras também agora elas eram duas e quem se metesse com elas e eu vi só e quando a neném foi sossegando é tão bonitinha que a menina pensou que a cara dela não combinava nada com o nome de
cusfosfos esse amor e aí e eram duas palavrinhas bem pequenininhas as primeiras que ela dizia em tanto tempo eu tinha esperança de que ninguém reparasse na novidade mas foi um alvoroço todos começaram a rir a dar gritinhos de que bom a fazer cara de bobo amanhã até chorou de alegria ficou a família toda dando beijos abraços e apertos da menina como se nunca tivessem visto uma garota falando ela então resolveu que ia mesmo falar de novo e é justamente reclamar que aquela confusão já estava enchendo o saco quando o pai perguntou se você está se
sentindo bem minha filha e ela achou que estava apesar de tudo afinal agora estava descobrindo que não isso é largada para trás é porque algumas pessoas enxergam o cabelo nas palavras ouviu tudo aquele nhem olhou para a irmã de um sorriso bem moleque e resolveu responder com palavrão novo e bem enorme que era para todo mundo ficar logo sabendo que daí para frente aquela dupla de meninas ia ser fogo g1