Nação | TVE - Carolina de Jesus Parte 1 - 18/09/2015

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Programa Nação:Carolina Maria de Jesus – parte 1 O Nação apresenta dois programas dedicados à escrit...
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a fascinante trajetória da catadora que guardava um pouco do papel que juntava para ter um descrever a favelada que sonhava em ser escritora e talvez tenha se tornado uma das maiores entre elas uma nação de convidar reviver a história de carolina maria de jesus uma mulher singular viveu sob a fama de metida agressiva indisciplinada por desde nova se recusar a fazer o papel de terminado as mulheres negras teve como sina fugir da pobreza mas a miséria dos seus dias nunca foi compartilhada pela sua alma a carolina maria de jesus ela foi é um caso raro
dentro da literatura brasileira pelo espaço que a acabou ocupando e esse espaço na verdade ela foi ocupando de maneira bastante corajosa ela foi uma pessoa pobre que nasceu lá em sacramento uma pessoa assim que por essa é muito inteligente então desde menina já foi rejeitada porque era diferente falar sobre carolina de jesus pra mim é sempre é um prazer uma emoção muito grande é na medida que carolina maria de jesus ela ela marca é um momento muito importante na minha vida que foi meu momento é da juventude enquanto eu me irritava eu participava de movimento
operário em belo horizonte é no momento em que iria a igreja católica é tinha um projeto de de trabalhar com as classes populares e carolina maria de jesus ela chega ela ela não chega nesse tempo que ela morou em minas gerais ela só teve dois anos de estudo há pouco mais de dois anos e nesses dois anos foi é o momento que ela conseguiu se dar conta de que as palavras não podem mudar o mundo mas as palavras podem ajudar a contar o mundo nas palavras podem inventar o mundo e nesse sentido a carolina maria
de jesus ela é uma escritora profissional porque ela consegue fazer isso então a importância dela ela conseguir criar um mundo um mundo muito particular em um mundo onde ela consegue viver por que em meio à miséria em meio à pobreza em meio ao mundo devastado ao redor dela ela consegue criar um mundo em que ela consiga viver né e o escritor é isso é que consegue é criar um mundo para conseguir viver no mundo é bastante difícil e nós vamos ver então carolina maria de jesus claro que nos anos 60 a gente estava lendo o
livro mais importante o livro que vai dar conhecimento da escrita de carolina que é o quarto de despejo e nós lemos então é carolina maria de jesus porque eu falo nós lemos carolina maria de jesus porque foi um texto claro despejo foi um texto que me impactou muito eu levo esse livro pra dentro de minha casa e todo mundo da minha família minha mãe que é semi analfabeta minhas tias meu tio que era um homem já velho naquele momento e que a gente não entendia como um homem daquela idade tinha tido a oportunidade de se
alfabetizar e todos nós lemos carolina maria de jesus no quarto de despejo no então carolina sai de minas gerais é ainda na adolescência vai pra são paulo e vai morar na casa de um médico ela vai trabalhar como empregada doméstica ali e na casa desse médico tem uma grande biblioteca e é muito engraçado porque uma das filhas dela a vera conta sua história de que os finais de semana ela poderia sair que era a folga dela e ela fica dentro da biblioteca lendo os livros e ali que ela de certa forma começa também tem o
letramento literário dela começou a trabalhar com 14 bini e ele fará os finais de semana você vai pra você vai pra passar e ficar folga dela né não eu quero ficar na biblioteca ou então a companhia liam carolina é uma pessoa extremamente curiosa ela tinha uma necessidade é de conhecer o entorno como conhecer o mundo ea leitura foi pra ela é esta esta oportunidade pela curiosidade dela ela queria saber de tudo era uma menina até no linguajar mineira ela seria uma menina muito pergunta deira e eu acho que essa pergunta que carolina trás diante da
vida desde criança e que ela vai também se uma pessoa tenta né então todo aprendizado dela é muito mais movido pela curiosidade do que pelas oportunidades que ela teve de de deter um estudo formal ela vai abordar por exemplo a fome isso ela faz mais do que isso ela metaforiza fome ela dizia ter aquela fome tem uma cor a fome amarela hoje eu vejo nós líamos carolina maria de jesus é experimentando um outro lugar de leitura porque enquanto a classe média lia carolina maria de jesus lia e se com parecia da fome da condição de
vida de carolina maria de jesus e era ainda um olhar de de fora pode pra dentro nós ligamos quarto de despejo como personagem do chile do do próprio livro porque o que carolina narrava ali era também a nossa narrativa de bebida nem a fome de carolina era a nossa fome a sobrevivência de carolina era nossa sobrevivência hoje não temos nada para comer fiquei nervosa pensando será que deus me esqueceu será que ficou de mal comigo já faz tanto tempo que estou nesse mundo que tem joão de viver também com a fome que é o passo
quem é que pode viver com senti ontem comemos mal e hoje pior ainda pois horrível acordar de manhã e não tem nada pra comer pensei até em se suicidar eu sei se dando minha por deficiência de alimentação no estômago e por infelicidade eu amanhecesse com fome ela vai falar também sobre a questão do suicídio muitas vezes os tweets o suicídio vai aparecer nu no diário dela é não do fato de ela é querer cometer o suicídio mas de pessoas perto ou próxima dela que pensa nisso e muitas acabam cometendo o suicídio é justamente pela situação
em que eles vivem eu sonho andar bem limpinha usar roupa de alto preço residir numa casa confortável mas não é possível não estou descontente com a profissão tem já me habituei a andar suja não faz oito anos que cada papel o desgosto que tenha residido em favela quando toda a cidade tem a impressão que estou na sala de visita com um lustre de cristal tapetes de veludo almofada de sitting quando toda a favela tem a impressão são objeto fora de uso digno de tem um quarto de despejo é obviamente uma grande consciência política é quando
ela vê os políticos se aproximando é da comunidade ela já percebe que é um outro interesse que não é simplesmente ajudar aquela comunidade ela também tem uma consciência de negritude tem várias partes do diário dela em que ela vai falar é do preconceito que ela sofre por ser negra tem um momento muito bonito que ela vai falar sobre o cabelo da mulher negra centeno sob a escrever ea filha da silva uma menina de seis anos passou e disse tá escrevendo que nega pedida a mãe ouvia e não repreende são as mães que instiga eu adoro
a minha pele negra meu cabelo russo eu até acho cabelo do negro mais educado do que o cabelo branco com o apelo do preto onde põe fica é obediente já o cabelo do branco é só dar um movimento da cabeça ele já sai do lugar é indisciplinado se é que existe reencarnação eu quero voltar sempre preta pensar em que momento nós negros tivemos condições também de afirmar que negro era bonito né e que o momento que essa essa afirmação identitária nossa também era carregada pelo prazer de mostrar o nosso corpo de mostrar as nossas roupas
de mostrarmos os nossos cabelos carolina ela está no ela é a infância dela ea juventude dela ainda é vivida é no momento em que a afirmação negra é uma afirmação muito mais dolorosa do que era uma fica uma afirmação é de elogio então eu acho que carolina a assunção da negritude de carolina ela fez de acordo com que a época permitia assim como as questões raciais e sociais o amor também foi retratado e vivida por carolina de forma crítica pelo menos até onde o coração permitiu não tô gostando do meu estado de espírito não gosto
da minha mente em que é cigano está me perturbando mas eu vou dominar sua simpatia já percebi que ele quando me vê e fica alegre eu também eu tenho impressão que som em pé de sapato e só agora que encontre outro pé ela namorava muito baladeira é e namorava chileno-americano inglês ela gostava muito de baile de carnaval dançar cantar adoravas então quando a lei nos bailes da sala com ela ela opta por não casar porque ela fica observando mulheres casados do entorno mas que apanham dos seus maridos ou mulheres casadas que não tinham essa liberdade
de ir e vir e ela dizia que ela não queria ser presa a ninguém eu acho que aí tem uma vivência de um feminismo apesar de não estar sendo é teorizada e carolina talita também falando o drama humano dela da solidão das opções de dela por ser sozinha mas ao mesmo tempo também das carências dela como mulher sozinha nos momentos solitários dela dos momento inclusive que ela se coloca como uma mulher que quer namorar como uma mulher que quer que quer um homem então eu acho que essa leitura humana de carolina ainda falta muita gente
fazer essa leitura e não somente uma leitura de uma mulher que tem uma fome física e que tenha um é as carências materiais a mulher da favela tem que vingar e ainda apanhar parece tambor de noite enquanto elas pede socorro eu tranquilamente meu barracão poço valsas vienenses no inverno as mulheres casadas da favela e levam vida de escravos indianos no que diz respeito à negritude no que diz respeito à a feminização o mesmo uma análise é política é uma formação que carolina traz trás da prática é muito mais da prática da vida do que de
uma do que de uma formação é teórica embora ela tenha é é lido bastante ela acompanhava é os discursos os discursos político ela era uma ouvinte de rádio entre elas estava sabendo sempre das notícias nota também diz em alguns momentos no diário dela é agora catando papel na chuva tem uns ou vendida porque as roupas que eu utilizo vão fazer com que eu pareço uma medida agora eu sou uma escritora agora eu sou mãe então ela vai se colocando nesses papéis e ela tem muita consciência disso quando cheguei para abrir a porta de um bilhete
conhecia letra do repórter perguntei a dona nena se ele teve aqui toda a manhã eles estiveram aqui diz que sim o bilhete dizia que a reportagem é sair de a 10 no cruzeiro e que o livro vai ser editado fiquei emocionada carolina muitas vezes é é falar do negro ou falar dos no nordestino e ainda carregada como a linguagem ou com uma postura que tem determinados é estereótipos mais apesar disso há em outros momentos não só em quatro de despejo como é em casa é de alvenaria no próprio diário é de tinta outras passagens do
texto de carolina em que há uma afirmação é negra em que a mãe foi uma afirmação e identitária é com a questão negra muito grande ela tem essa essa consciência é política racial e de também é uma consciência de classe ela sabe onde ela está então é como se ela estivesse aqui do local mas ela tivesse uma visão é é muito maior muito mais geral da situação dela é triste a bang soando pobre na terra rico querer fome vai na guerra e porque nem pai op só pensa no arroz e no feijão op só pensa
numa rua e não seja pobre não tem bom negócio ana carolina dizia que o brasil deveria ser dirigido por alguém que já passou fome à fome do corpo era a presença diária mas parecia alimentar a vontade de escrever e os sonhos com as palavras carolina parecia se sentir satisfeita ela leva escrita até às últimas consequências porque qual é o discurso que que nós escutamos para que 11 autor o escritor suja ele precisa primeiro ter as suas necessidades básicas atendidas e precisa ter sua existência e precisa ter saneamento básico é comida e a carolina maria de
jesus não tinha nada disso então por que eu levo isso últimas consequências porque a escrita dela é mais do que uma necessidade estética a escrita dela é uma necessidade existencial se ela para descrever ela também para de viver a gente nunca sabia quando ia comer né almoçava e jantava adiantava almoçava ela escrevia demais e escrevia quando ela escrevia como ela falava quando ela tinha páscoa tinha comida em casa o que importa é que ela não pára de escrever que eu sempre continue a vida igual um livro só depois de ter lido é que se sabe
como incerta e a gente quando está no fim da vida é que sabe como nossa vida decorreu a mim até aqui vencido preto amanhã assim passava se forma não pode deixar de estudar entendeu então veja bem ela ela tirava da boca pra poder pagar aulas de reforço pra mim matemática era péssimo a demanda ele é engenheiro de condução era se virava ninguém não tem comida hoje mas tem o dinheiro da condição a literatura de carolina era muito pessoal sua maneira de escrever foi diretamente influenciada por sua vivência mas especialistas ressaltam que as suas particularidades não
afastam da tradição literária ela foi uma leitora de muitos poetas e escritores como casimiro de abreu o castro alves olavo bilac as palavras difíceis que ela vai colocando no diário dela como tépido insípido ela vai colocando essas palavras que ela conheceu nesses livros e coloca no diário dela então a tarde jogando com essa tradição mas ao mesmo tempo ela está fora dela há um interesse da academia das universidades em trabalhar com a obra da carolina mas ao mesmo tempo ela não entra digamos nos currículos escolares dificilmente isso vai encontrar no currículo o livro da carolina
sendo trabalhado em sala de aula então é um paradoxo é porque ao mesmo tempo que tenho uma escritora que ela é reconhecidamente uma autora na academia dentro das escolas ou nas livrarias ou desses lugares em clubes de de leitores ela não é conhecido ainda como uma escritora ou foi digamos assim esquecida porque isso acontece porque que o trabalho dela é aceito pela academia mas ainda tem uma resistência dos livros dela nos currículos escolares no primeiro momento a carolina maria de jesus ela aparece como um ser exótico isto é uma catadora de papel que de repente
em questão de meses ela passa a ser uma celebridade nacional reconhecida em várias partes do mundo e isso faz com que ela é a traia os olhares não só populares mas também da academia então esse bom essa explosão que ela tem tão pouco tempo faz com que a academia comece a observar olha nós temos alguma coisa que merece estudada em uma das minhas viagens nos estados unidos e eu fui a a a uma universidade e eu fui a escolas americanas e vou abrir parênteses não era universidade negras e não era escola negras era escola de
um de de uma clientela branca em que os alunos leão carolina maria de jesus traduzido para o inglês meninos na faixa de 10 11 anos e eu pensei e aqui no brasil né toda essa é a dificuldade é um é tem bastante dificuldade para entrar nos currículos escolares creio eu seja primeiro de se tratar de uma autora negra por mais que a gente tente dizer que isso não influi eu acho que isso influi sim ainda trabalhar com o texto de carolina pressupõe também uma discussão em torno dos próprios preconceitos lingüísticos porque uma das coisas que
é a firmada é um fato de carolina não ter escrito é dentro da norma culta da língua e que eu tenho dito que é norma o culta da língua já que essa norma ela não é percebida ela não é oferecida a ela não é é apropriada é por todos eu acho que hoje no momento que a gente discute tanta questão da diversidade né eu acho que é um momento propício também para a gente discutir a questão da diversidade linguística esses estudos sobre sobre a linguagem poderiam é aprofundar é esse aspecto a gente poderia pensar numa
maneira diferenciada de usar a língua portuguesa que é uma maneira diferenciada que muitas vezes as classes populares utilizam a língua portuguesa então eu acho que trabalhar o texto de carolina ele oferece é essas oportunidades também de pensar que português é esse que nós que nós estamos falando a gente poderia pensar por exemplo uma variante é lingüística não sob o aspecto se estaria certo ou errado gramaticalmente eu acho que isso daí é um papel da gramática e que a gente é poderia também é questionar o que que essa língua certa que é esse português é certo
quem define que uma língua é certo ou não são sempre a as classes é privilegiada antaq sni estas são cenas raras de carolina de jesus feitas para um documentário da tv alemã sobre a escritora americana a equipe da favela filmado em 1971 o documentário teve a sua exibição proibida no brasil pela ditadura militar o diário eu queria dez anos que cheguei a escrever o livro a vida humana quinta ele pergunta dessa venda do terreno ele deve estar pelo flower no salão design térmico hospital estando então vem da favela pelo canal beijo ninguém está design foi
inspirado no rock então vamos tocar mais química no próximo programa vamos saber os caminhos que carolina maria de jesus trilhou após se tornar uma escritora reconhecida e como ela viveu até os seus últimos dias durante a semana acesse a página da nação no site do pv e conheça o conteúdo é do programa de hoje ó uns ouvi ela a atendente capela foi esta madrugada viva muito vai e volta saiu chovendo tanto no j até pet da batata nome da mulher a presidente está rata maría bonta banjo e voltou prepara na sua bagagem vai lá pistola
a adep etapa
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