[Aplausos] Imagine um incêndio. Você corre e fecha todas as janelas, se tranca em um quarto escuro e respira fundo, esperando que o fogo não chegue até você. A sensação é de alívio.
Agora estou seguro, você pensa, mas com o tempo o ar começa a faltar. A fumaça entra pelas fras. O lugar que parecia um refúgio se torna um caixão.
Assim é a autossabotagem. Uma tentativa desesperada de proteção que pouco a pouco vai te sufocando, até que não sobre mais nada além da dor. Muitas pessoas vivem num estado constante de alerta, onde todo movimento em direção ao amor, ao sucesso ou à cura é interpretado como um possível risco.
Elas se escondem atrás da procrastinação, do perfeccionismo, das desculpas bem elaboradas. Elas dizem: "Não estou pronto, não tenho tempo, isso não é para mim". Mas no fundo o que está falando é o trauma, o medo de ser ferido de novo, o medo de abrir o peito e expor a vulnerabilidade, aquela parte que já foi atingida tantas vezes no passado.
A criança que foi rejeitada aprende a não se destacar. O jovem que foi traído aprende a não confiar. O adulto que falhou aprende a não tentar.
O cérebro, em sua tentativa de nos manter vivos, cria estratégias. Só que essas estratégias, ao longo do tempo, se tornam prisões emocionais. São os não mereço, não sou suficiente, isso vai dar errado.
Tudo isso são formas de controle disfarçadas. Autossabotagem entra em cena como um escudo protetor, mas ela não protege. Ela aprisiona, silencia e destrói por dentro.
Gabor Maté. Médico e pensador canadense, nos lembra constantemente que nossos comportamentos destrutivos não são sinais de fraqueza ou falha moral. Eles são, na verdade, gritos silenciosos de dor não ouvida.
São adaptações, são maneiras de lidar com o insuportável. Só que o que nos protege na infância muitas vezes nos mata na vida adulta. O problema é que a mente inconsciente não sabe que o perigo passou.
Ela continua reagindo como se estivéssemos no mesmo ambiente de trauma, mesmo que estejamos agora em paz. Por isso, ao se perceber repetindo padrões, sabotando relações, adiando decisões, boicotando seus próprios sonhos, pare, observe, não julgue, entenda. Há uma lógica na sua dor, um motivo pelo qual você se esconde até de você mesmo.
Grande virada começa quando deixamos de ver a autossabotagem como um inimigo e passamos a enxergá-la como uma criança assustada, tentando sobreviver num mundo hostil. É hora de ouvir essa criança. A maioria das pessoas subestima o poder das primeiras experiências.
Acham que só traumas evidentes, como abusos físicos, violência ou abandono grave tem impacto duradouro. Mas a ciência do trauma mostra que a ausência e também fere. A negligência emocional, a falta de acolhimento, os olhares que julgam, os silêncios que gritam, tudo isso molda um sistema nervoso, em constante estado de defesa.
Crescemos acreditando que precisamos merecer o amor, que não podemos errar, que ser vulnerável é perigoso. Quantas vezes você engoliu o choro porque ouviu que isso é fraqueza? Quantas vezes deixou de contar um medo porque aprendeu que tem que ser forte.
Esse condicionamento silencioso constrói um tipo de armadura emocional que, em vez de nos proteger, nos isola. E o pior, aprendemos a chamar isso de maturidade. Mas por trás dessa maturidade fria, existe uma criança ferida que nunca foi validada.
Ela aprendeu a não confiar. Ela viu que o mundo não era seguro, que os adultos que deveriam protegê-la estavam ausentes ou emocionalmente indisponíveis. Essa criança cresceu, foi pra escola, entrou na faculdade, conseguiu um emprego, mas suas feridas continuaram abertas e elas continuam doendo cada vez que alguém se aproxima demais.
É por isso que você foge quando uma relação começa a ficar séria. É por isso que você procrastina um projeto importante. É por isso que você se sabota bem na hora em que tudo parece dar certo.
Porque no fundo existe um pânico, um medo profundo de se entregar e ser ferido, de confiar e ser abandonado, de tentar e fracassar de novo. Autossabotagem é a forma inconsciente de evitar essas dores, mesmo que para isso você tenha que destruir suas próprias chances de felicidade. O mais cruel é que quanto mais você se sabota, mais confirma a falsa crença de que não é digno, de que não é capaz, de que não é suficiente.
O ciclo se retroalimenta e você vai se afastando cada vez mais de si mesmo. É como estar em um labirinto emocional. onde cada saída parece te levar de volta ao mesmo ponto, a dor.
Mas há uma saída e ela começa com a coragem de olhar para dentro, sem máscaras, sem desculpas, com a coragem de ver a criança ferida e dizer: "Agora eu cuido de você". A autossabotagem raramente se apresenta de forma óbvia. Ela veste fantasias, assume formas que parecem, à primeira vista decisões racionais, lógicas, até responsáveis.
Você diz que está esperando o momento certo, que precisa de mais preparo, que tem prioridades mais urgentes, mas no fundo são apenas desculpas bem elaboradas pelo seu sistema emocional para evitar o que ele julga como ameaça. Intimidade, exposição, vulnerabilidade. Ela aparece quando você começa uma dieta e depois de alguns dias se recompensa com exageros.
quando começa um projeto novo e misteriosamente perde o interesse no meio quando entra em uma relação promissora e começa a procurar defeitos no outro quando está prestes a dar um passo importante e surge uma coincidência que te faz recuar. Coincidência ou sabotagem com a assinatura invisível do seu trauma. E assim vamos vivendo, repetindo padrões, achando que estamos decidindo com consciência, quando na verdade somos marionetes dos nossos próprios traumas.
Essa é a armadilha da autossabotagem. Ela é sutil, silenciosa e extremamente convincente. Ela nos engana e por isso é tão difícil de quebrar, porque ela se disfarça de sabedoria, de prudência, de autoproteção, mas no fundo ela é o eco do medo, um medo tão antigo que já nem lembramos de onde veio.
Mas ele ainda manda em nós. Grande virada começa com uma palavra consciência. Enquanto o comportamento está no automático, ele é invisível.
Mas quando é observado com presença e lucidez, ele perde força. O primeiro passo para a cura não é mudar de comportamento, é entender o que nos leva a ele. É iluminar a escuridão.
Com o foco da compaixão. Você começa a perceber que não é preguiça, é medo, não é desorganização, é pânico de errar, não é desinteresse, é autoabandono. A consciência transforma padrões em escolhas.
Ela nos devolve o controle que foi tomado pelo trauma. Quando começamos a questionar nossas reações automáticas, algo dentro de nós desperta. A criança assustada dá lugar ao adulto consciente, mas é importante entender.
Tomar consciência é doloroso, porque exige encarar a verdade crua sobre nós mesmos. E a verdade muitas vezes dói mais do que a mentira confortável. Dói admitir que estivemos fugindo.
Dói perceber que fomos nós mesmos que destruímos nossas chances. Dói aceitar que temos responsabilidade sobre o que repetimos. Mas essa dor é diferente.
Ela não paralisa, ela liberta, porque é uma dor de crescimento, de reconstrução, de resgate. Aos poucos você começa a separar o que é você e o que é trauma, o que é desejo real e o que é medo camuflado. E isso muda tudo.
Quando você percebe que não precisa mais se proteger o tempo todo, algo em você relaxa, o corpo desacelera, a mente silencia, o coração reabre e pela primeira vez em você se permite viver de verdade, sem máscaras, sem estratégias, sem autossabotagem. Mas esse caminho não é linear, é uma jornada de altos e baixos, de recaídas, de redescobertas. É preciso paciência, consistência e, acima de tudo, compaixão.
Você não vai curar anos de autossabotagem com um vídeo no YouTube, nem com uma frase de efeito nas redes sociais. Isso exige presença diária, escolhas conscientes e, se possível, apoio terapêutico. É comum, no processo de cura sentir raiva de si mesmo.
Porque eu me sabotei por tanto tempo? Porque eu deixei isso acontecer comigo? Mas entenda, você fez o melhor que podia com os recursos emocionais que tinha naquele momento.
Aquelas estratégias te mantiveram vivo, mesmo que hoje elas já não façam sentido. Ao invés de se julgar, agradeça. Sim, agradeça a sua autossabotagem.
Ela foi uma tentativa desajeitada de te manter seguro, mas agora você não precisa mais dela. Você tem outras ferramentas. Você pode construir novas formas de existir, mais leves, mais verdadeiras, mais suas.
Muitas pessoas tentam combater a autossabotagem com força de vontade. Elas acreditam que, se esforçarem o bastante, vão vencer seus comportamentos destrutivos. Mas isso é só mais um ciclo de violência interna, porque a verdadeira transformação não vem da força, vem da aceitação, do acolhimento, do amor.
Quando você acolhe sua dor, ela começa a se dissolver. Quando você escuta sua criança interior, ela para de gritar. E quando você se olha com compaixão pela primeira vez, você se cura.
Não é sobre parar de errar, é sobre errar com consciência, aprender com cada tropeço e seguir mesmo assim. O segredo não está em ser perfeito, está em ser verdadeiro. E a sua verdade, por mais bagunçada que pareça, é linda, porque é real, porque é sua.
O mundo já tem máscaras demais. O que ele precisa é de pessoas inteiras, mesmo que ainda estejam em processo. Autenticidade cura, presença transforma e coragem liberta.
Você pode ter sido ferido, pode ter perdido, pode ter se sabotado mil vezes, mas ainda assim pode escolher recomeçar hoje, agora. Porque enquanto há vida, há possibilidade de cura. E cada vez que você escolhe se escutar, em vez de se calar, cada vez que você escolhe se acolher, em vez de se punir, você está reescrevendo a sua história.
E isso é poderoso. Você não precisa mais seguir o roteiro que te deram. Não precisa mais repetir os mesmos erros de seus pais, nem carregar os traumas que não são seus.
A história da autossabotagem é herdada, muitas vezes sem perceber. Vemos adultos cansados, reprimidos, resignados. Aprendemos que é assim mesmo, que a vida é dura, que não dá para confiar em ninguém, que ser feliz é ilusão.
E assim vamos repetindo comportamentos que não entendemos, mas que sentimos como familiares. Criança que viu o pai explodir de raiva, aprende a reprimir as próprias emoções. A que foi ignorada quando chorava, aprende a não demonstrar dor.
A que só recebia atenção quando tirava notas altas. Aprende a buscar performance o tempo todo. E quando essa criança cresce, vira o adulto que você é, o que não sabe descansar, o que exige demais de si mesmo, o que vive em alerta, o que se culpa até por sentir.
Mas você pode interromper esse ciclo, pode olhar para dentro e dizer basta. Não com revolta, mas com consciência, com lucidez, com amor. Você não precisa mais se encaixar em expectativas alheias, nem provar seu valor o tempo todo.
Seu valor já está em você. Você nasceu com ele. Não depende de produtividade, nem de reconhecimento externo.
A autossabotagem muitas vezes nasce dessa ânsia por validação. Queremos tanto ser amados que aceitamos qualquer coisa. até a própria destruição.
Nos sabotamos quando topamos menos do que merecemos, quando fingimos estar bem só para agradar, quando suportamos ambientes tóxicos por medo de ficar só. Mas a verdade é que se você precisar se abandonar para ser aceito, esse lugar não é para você. A vida começa a mudar de verdade quando você escolhe a si mesmo.
Mesmo que doa, mesmo que te julguem, mesmo que te chamem de egoísta. Porque amor próprio não é egoísmo, é a base de tudo. Sem ele, você será sempre refém da aprovação alheia.
E onde há dependência, há medo. Onde há medo, há controle. E onde há controle, há autossabotagem.
Percebe o ciclo? É por isso que curar a autossabotagem não é só uma questão de produtividade ou sucesso. É uma questão de identidade, de liberdade, de vida.
Quando você entende quem realmente é e se reconecta com sua essência, você para de aceitar migalhas. Você para de aceitar o mínimo. Para de negociar seus limites.
Para de abaixar a cabeça por medo de rejeição. E passa a viver com verdade, com inteireza, com coragem. Mas isso exige presença, exige escuta e exige um processo de reconciliação com sua própria história.
A sua dor tem raiz e não adianta podar os galhos se você não olha paraa raiz. É preciso revisitar memórias, olhar para feridas antigas, dar nome aos sentimentos, chorar o que não foi chorado. E tudo bem se isso parecer assustador.
Crescemos ouvindo que quem vive de passado é museu, mas não é verdade. Quem não olha pro passado, repete ele, e o que você quer é criar um futuro novo com escolhas verdadeiras, com consciência, com amor. Curar a autossabotagem é resgatar sua própria autonomia.
É sair do modo automático e assumir o volante da sua vida. É aprender a dizer não sem culpa e sim sem medo. Você não precisa mais viver como um sobrevivente.
Você pode viver como um ser humano inteiro, inteiro em sua luz e também em suas sombras. Porque todas as partes de você merecem existir, até aquelas que foram escondidas, silenciadas, reprimidas. A raiva que você engoliu, a tristeza que você ignorou, o desejo que você abafou, tudo isso o é você.
E só será possível sair do ciclo da autossabotagem quando você parar de brigar com quem é, quando você aprender a se aceitar, a se acolher, a se amar. Exatamente como é agora, não quando mudar, não quando melhorar, mas agora. Esse é o verdadeiro antídoto contra a autossabotagem, o amor próprio radical, o acolhimento profundo, a escuta atenta das suas necessidades.
Gabor Maté nos ensina que na raiz da maioria dos comportamentos destrutivos existe uma desconexão. Desconexão de si mesmo, do próprio corpo, das emoções. Vivemos anestesiados, focados em fazer, produzir, agradar e esquecemos de sentir.
Esquecemos de nos perguntar o que eu realmente quero, o que me faz bem, o que eu estou sentindo agora. Comece a fazer essas perguntas, mesmo que não saiba a resposta no início, mesmo que pareça estranho, com o tempo, você vai se reconectando, vai se reaprendendo, vai se reconstruindo. É aí que a mágica acontece.
Você começa a perceber os gatilhos da autossabotagem, começa a notar aquele impulso de fugir bem no momento em que algo bom se aproxima, começa a ouvir o pensamento automático de não sou capaz e questionar: será que isso é mesmo verdade? Essa pausa entre o impulso e a ação é onde tudo muda. É nesse intervalo que você retoma o controle, que você escolhe diferente, que você reescreve sua história.
E cada escolha é uma semente. Você planta uma hoje e amanhã colhe confiança. Planta outra amanhã e em breve colhe liberdade.
Não é fácil, mas é possível e vale a pena. Você merece viver uma vida onde não precise mais se sabotar, onde não precise mais se esconder, onde possa brilhar sem medo. Mas isso começa dentro, no silêncio do seu quarto, naquele momento em que você olha no espelho e escolhe se tratar com mais gentileza, porque o que muda o mundo não é força, é presença, é consciência, é amor.
Você passou tanto tempo tentando agradar os outros que esqueceu como é agradar a si mesmo. Foi tão treinado para evitar conflitos que esqueceu como é se posicionar. Tentou tanto ser o que esperavam que se perdeu de quem realmente é.
Mas você não está quebrado. Você não é um erro. Você é um ser humano em construção.
Aossabotagem não define quem você é. Ela apenas revela onde ainda dói. E onde dói e onde mora o convite à cura.
Toda vez que você se sabota, está sem perceber se protegendo da dor. Mas essa proteção virou prisão. E hoje você tem a chave.
Essa chave se chama consciência. Ela abre portas internas que você nem sabia que estavam trancadas. Ela ilumina cantos escuros da sua história que precisam ser vistos.
Não para te culpar, mas para te libertar. Porque a verdadeira liberdade não é fazer tudo o que se quer, é não ser mais refém dos próprios traumas. É poder escolher com clareza.
Em vez de reagir no automático, a moral da história é simples e poderosa. Enquanto você fugir da sua dor, continuará sendo comandado por ela. Mas quando tiver coragem de encará-la, poderá finalmente tomar as rédias da sua vida.
Seus padrões não vão mudar da noite pro dia, mas o simples fato de perceber que eles existem já é um passo gigantesco. Você começa a se perceber no momento do gatilho, começa a se acolher no meio do caos e pouco a pouco começa a fazer diferente. Você não está sozinho.
Milhares de pessoas vivem presas nesse ciclo silencioso da autossabotagem. Mas cada vez que alguém escolhe despertar, abre caminho para que outros despertem também. Essa jornada não é sobre chegar em algum lugar, é sobre se reconectar com quem você sempre foi, antes das máscaras, dos medos, dos traumas.
E quando isso acontece, a vida muda, os relacionamentos se tornam mais verdadeiros, o trabalho ganha mais propósito, a paz deixa de ser uma ideia distante e passa a ser uma experiência real. Você merece essa paz, merece essa reconexão, merece viver de forma plena. E mais do que isso, você é capaz, mesmo com medo, mesmo com feridas, mesmo sem ter todas as respostas, porque o verdadeiro poder não está em não sentir medo, está em seguir, mesmo com medo.
Você não precisa ser perfeito para começar, precisa apenas ser sincero consigo mesmo. E se hoje, ao ouvir essas palavras, algo dentro de você se moveu, aproveite. Use esse impulso para dar um passo.
Por menor que pareça, escreva o que sente, procure ajuda, converse com alguém ou apenas respire fundo e diga a si mesmo: "Eu estou aqui e vou cuidar de mim". Esse é o começo, o início da sua libertação, a semente de uma vida sem autosabotagem. Obrigado por chegar até aqui.
Que essas palavras tenham te tocado de alguma forma e que você lembre sempre que merece muito mais do que aprendeu a aceitar. Você merece viver sem medo de ser quem é. Você merece ser feliz sem se sabotar.
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Até o próximo vídeo.