#034 - Velho Testamento: Livro Gênesis

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Então, Deus cria o homem, que deverá reinar sobre todas as criaturas, o que significa dominar não so...
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Nas aulas passadas, nós comentamos sobre duas palavras muito importantes: Nos comentamos sobre alma (nefesh) e a palavra e Espírito (ruah), para falar um pouco sobre a figura de Adão – o ser humano. Mas, hoje, nós vamos voltar um pouco ao sexto dia, que é o dia em que estamos comentamos. Nós adiantamos, para ter uma visão panorâmica e, agora, nós regressamos para fazer o passo a passo.
Hoje, o que nos chama a atenção é este versículo 24 do primeiro capítulo que diz assim “Deus disse: que a terra produza seres vivos segundo a sua espécie, animais domésticos, répteis e feras segundo a sua espécie. E, assim se fez. Deus fez as feras segundo a sua espécie, os animais domésticos segundo a sua espécie e todos os répteis do solo, segundo a sua espécie.
E Deus viu que isso era bom. ” O primeiro detalhe do do versículo que nós precisamos ficar atentos é que sempre há uma palavra de Deus (disse Deus que haja isto, que a terra produza). Tem que ficar atento a isto porque por conta desta característica do texto bíblico tornou-se uma tradição do povo hebreu repetir durante séculos e séculos de que Deus criou tudo pela sua palavra.
A palavra de Deus é criadora. Ele diz e o final do processo é o acontecimento, é a criação. Em alguns textos posteriores ao de Gênesis a palavra, ao menos do ponto de vista literário, começa a assumir personalidade.
Até aqui, o texto fica simples: Deus disse, disse Deus. Depois de um certo progresso na literatura bíblica, esta palavra de Deus se desloca, conversa com alguém, orienta o profeta, cura o profeta. A palavra vai sendo personificada e culmina com um texto do Novo Testamento, que é o Capítulo 1 do Evangelho de João, em que a palavra é personificada mesmo, e a palavra encarna.
A palavra de Deus para a Terra é Jesus. Só para entendermos este progresso, esta linha literária, porque algo que parecia inocente, repetitivo. .
. porque o texto diz assim “disse Deus: que a terra produza seres vivos segundo a sua espécie, animais domésticos, répteis e feras segundo a sua espécie. E, assim se fez.
Deus fez as feras. . .
” Então, primeiro Ele diz, depois faz. Vai ficar sempre esta dicotomia em todos os dias da criação: Ele diz, faz e, depois, tem o controle de qualidade (e viu Deus que era bom). Entre projetar e acontecer – aquilo que está no plano do pensamento divino e aquilo que se concretiza – há o processo do aperfeiçoamento, o processo da evolução.
O Criador planifica algo que é perfeito e se faz algo que é perfectível, que está sujeito ao aperfeiçoamento segundo o projeto, segundo um plano. Isto é muito importante. A evolução, então, é um processo ascendente, mas isso nos sabemos mas convergente.
Nós tivemos um grande filósofo católico, o padre Teilhard de Chardin, que escreveu uma obra magnífica chamada O Fenômeno Humano, em que ele vai falar deste ponto de convergência, o qual ele vai chamar de ponto ômega (porque ômega é a última letra do alfabeto grego, então, o ponto final de convergência) e vai estabelecer que este ponto máximo de convergência é o Cristo, para todos os seres e espécies da terra. Nós temos um modelo. Daí a palavra, da questão nº 625 de O Livro dos Espíritos quando Kardec percebe, assim indaga e os Espíritos não fazem nenhuma retificação na pergunta dele, colocando o Cristo como modelo.
Realmente, é um padrão de convergência. Você sai de infinitos pontos, mas caminha para a unidade. Não é uma unidade simples, é uma unidade tão complexa que absorve a infinita diversidade, ela contém a infinita diversidade.
Isto é importante nós captarmos, porque a própria hermenêutica hebraica percebeu esta dicotomia: Deus diz e depois faz. A palavra Dele é criadora, A palavra Dele é criadora, esta palavra vai se tornando personificada e, no Novo Testamento, João esta no quase diz que o verbo de Deus, a palavra de Deus, é Jesus e ele encarnou. Poderia ser diferente, porque nós não podemos imaginar o Criador, na sua grandeza, usando fonemas humanos.
Nós não podemos imaginar um ser que é incorpóreo tendo um aparelho fonador, tendo língua, dente, garganta, corda vocal. Então, como é que Ele fala? Ele fala através dos seus co-criadores.
Os seus co-criadores em plano maior , os seus Cristos, são a Sua palavra ou, se preferir, os seus porta-vozes. eles dão voz Eles executam os desígnios do Altíssimo. Nesta execução é que está o “fez”.
Deus criou as espécies. Então, estamos falando de espécies. Vamos acompanhar isto que é importante.
Deus viu que era bom. Depois, disse Deus - Deus vai dizer de novo – vai dizer de novo – façamos o homem a nossa imagem e como a nossa semelhança. Façamos?
Com quem Deus está conversando? Como que a hermenêutica hebraica lidou com este texto? O que eles extraíram daqui a três mil anos atrás, antes de Cristianismo, antes de Espiritismo?
Que Deus estava com o seu conselho e arcanjos, dos seres que administram a criação divina e conversou com eles (façamos o homem). Então, aqui está evidente que está havendo uma interação entre o Criador e os seus co-criadores em plano maior, os seus ungidos, os seus Cristos ou demiurgos, se preferir na linguagem de Platão, que também percebeu isto. Façamos o homem a nossa imagem, como a nossa semelhança e que eles – os humanos – dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejem sobre a terra, ou seja, sobre todas as espécies Esta foi a ordem.
Deus criou o homem, à imagem de Deus o criou. Macho e fêmea os criou. Vamos parar por aqui, porque precisamos, agora, fazer uma reflexão, ajudados por Kardec.
Quem quiser falar alguma fazer alguma pergunta ,coisa, ficão á vontade olha que o Kardec vai dizer Na introdução de O Livro dos Espíritos, no item 6 (e ele vai tomar uma linha de raciocínio - isto que é interessante no Kardec - em que ele escreve um parágrafo que é pressuposto para o parágrafo seguinte, que é pressuposto para o seguinte que é um fundamento do seguinte, ele vai caminhando passo a passo), primeiro diz assim: Deus é eterno. Esta categoria de início e fim não funciona para Deus. Isto só funciona para a criatura, porque que é criado.
Para o Criador não existe a categoria início e fim. Uma vez estava com o João Gabriel, meu filho, e ele perguntou assim: ‘Pai, nós tivemos início? ’ Eu disse: ‘Tivemos.
” Daí, ele perguntou: ‘Então, o Espírito foi criado? ’ Sim. ‘Nós, vamos ter fim?
’. Não. ‘Deus tem fim?
’ Não. ‘Teve início? ’ Não.
Como é que Deus não teve início? Aí, sua cabeça começa sai fumaça e qual é a resposta? Ter início é coisa de criatura, isto não está no estatuto da divindade.
Início não é algo que faça parte da realidade de Deus. Isto só faz parte da realidade da criatura. Isto é importante, porque não importa a evolução do Espírito: ele é criatura, ele teve início.
Portanto, ele nunca será Deus, o Onipotente. Então, Deus é eterno. (.
. . ) imutável.
(. . .
) imutável. Deus não se aperfeiçoa, porque o que é perfeito não se aperfeiçoa. Uma vez, eu estava assistindo a um documentário: o último show que o Michael Jackson queria fazer e ali estava o dançarino que fazia as coreografias dele.
Chegando em uma determinada música, ele disse: ‘Esta daqui nós vamos manter igual, porque se não for para melhorar, para que mudar? ’ rapaz leu ó livro dos espíritos é para melhorar então vai mudar para que? ó se justifica a mudança se for para melhorar.
Como é que você melhora o que é perfeito? Então, Deus é imutável. imaterial imaterial Deus não é fluido cósmico.
Deus não é matéria. Ele é imaterial. (.
. . ) único, onipotente, soberanamente justo e bom.
São os atributos de Deus. Criou o Universo Universo que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais. Os seres materiais constituem um mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais o mundo invisível ou mundo espírita, Nós achamos que o mundo espírita é o movimento Espírita.
Mundo espírita é o mundo imaterial, é o mundo dos Espíritos, dos seres incorpóreos. Daí, Espiritismo, que é o estudo do mundo espírita. É uma confusão que nós não podemos fazer.
O mundo espírita ou dos espíritos é o mundo espirita é o mundo normal primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. O mundo espiritual é eterno. O que se cria, o que se forma, o que se principia e se acaba é o mundo material.
O mundo corporal é secundário; secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita. Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade. e aqui que e o comentário de gênesis Entre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.
É a ordem que Deus está dando para Adão: domine sobre as aves do céu etc. A espécie humana foi a escolhida. Poderiam ter sido os crocodilos.
Nós seríamos todos crocodilos. Poderia ser a ave. a ave poderia ser especie Um tipo de ave que Deus escolheu para a encarnação dos Espíritos e nós seríamos Pato Donald.
Nós não pensamos nisto. Mas, a espécie humana. É disto que o texto está falando.
A formação do Adam está falando isto: dentre as milhões de espécies na Terra, uma espécie, que é a humana, com todas as suas variações, foi desenvolvida no curso de milhões e milhões de anos, um trabalho lento lento lento lento (que é o ‘Deus fez’ e Deus fez viu que era bom, no final, porque vai aperfeiçoando), ficou preparada para encarnar os Espíritos com que ? pensamento contínuo, com consciência de si mesmos e livre arbítrio. Portanto, esta espécie passa a representar um domínio sobre as outras.
O que Kardec está dizendo aqui? Evidentemente que ele está olhando para o aspecto corporal, porque ele começa assim: ‘dentre as espécies corpóreas’. Do ponto de vista corporal, Abstração feita do espirito ou do principio inteligente do ponto de vista corporal da forma física, da espécie biológica, a humana foi a escolhida, a projetada, idealizada e construída pelos técnicos da evolução preparando para a encarnação dos Espíritos.
Quando eu estive no Museu de História Natural, em Nova Iorque, eu encontrei esta obra magnífica Evolution – The Human Story, da Dr. Alice Roberts. Esta obra é um catálogo.
Nós vamos mostrar, aqui, As especies, as especies elas funcionam E mais interessante pensar nas especies biológicas Todas elas como fazendo parte de uma grande Arvore Então você tem um tronco lá no início, com os seres Tem ó Eric medico que vai ajudar agente ó seres la unicelulares, os virus antes um pouco o tronco vai se desenvolvendo e você tem ramificações. De pequenos galhos, você tem outras ramificações e aquilo vai se ramificando. Então, não é cientificamente, exato dizer que a espécie humana descendeu dos macacos.
Não tem precisão nesta fala. Nós podemos dizer que a espécie dos macacos tem um tronco comum, á especie humana tem um tronco comum um galho comum com a espécie Isto é mais preciso de dizer. Eu vou mostrar a imagem de um símio japonês, que não está comendo sushi, lá daquelas regiões da China, Sibéria, Japão.
Olhem a cena: Eles estão namorando. É uma coisa impressionante a expressão. Agora, olhem isto: O gesto é impressionante!
o gesto Ela pegando no queixo do filho. é uma coisa muito bonita né Então aqui vai contando a evolução destes hominídios, passo a passo. É claro que, aqui não vou ficar repetindo nomes.
Mas, tem um artista principal, aqui, que é o nosso grande tronco, o nosso grande ramo, que é o Australopithecus africanus: é esse aqui esse e o ancestral Mas, a coisa vai progredindo, progredindo vai progredindo muito né e, aí, nós vamos chegando Já está bem parecido, não é mesmo? Se cortar o cabelo e colocar um terno, faz até concurso público. E, vamos seguindo, esta figura importantíssima que é o Homem de Neanderthal: Aqui, Aqui, já começa uma fixação de caracteres étnicos ou raciais.
Antigamente, se chamavam raciais e étnicos. Nesta figura, aqui, possivelmente teve capelino que pegou este corpo, porque, aqui, já se começam a fixar caracteres. 300.
000 anos atrás? Pode ser. Eu acho que eles estão um pouco mais a frente.
Os capelinos, por volta, de 25. 000 anos a. C.
É o que nos estipulamos. Aqui, temos o Homo sapiens: Nós trouxemos, aqui, para ilustrar. E, trouxemos também os textos – agora, também eu gostaria de chamar bastante a atenção aqui questão 50 do livro dos espíritos – das questões 50 e 51 de O Livro dos Espíritos: A espécie humana começou por um único homem?
claro que isso foi 1857 que eles pergunto isso porque hoje Não; aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra. Eu não sei se alguém prestou a atenção na resposta. Os Espíritos disseram assim: ‘existiu Adão’.
Daí, Kardec não dorme no ponto questão: 51. Poderemos saber em que época viveu Adão? Mais ou menos na que lhe assinalais: cerca de 4.
000 anos antes do Cristo. Assinalais? Como é que nós contamos que Adão é 4.
000 anos a. C. ?
Pela genealogia (Adão viveu tanto tempo e gerou. . .
). É só fazer a conta ao ir somando as datas dos patriarcas: dá 4. 000 anos.
Agora, vem o comentário de Kardec, porque alguém esta pensando assim qual era o cpf dele? alguém está imaginando Adão como uma pessoa com CPF e identidade. Mas, olha a sutileza de Kardec: O homem, cuja tradição se conservou sob o nome de Adão, foi dos que sobreviveram, em certa região, a alguns dos grandes cataclismos que revolveram em diversas épocas a superfície do globo, e se constituiu tronco de uma das raças que atualmente o povoam.
As leis da Natureza se opõem a que os progressos da Humanidade, comprovados muito tempo antes do Cristo, se tenham realizado em alguns séculos, como houvera sucedido se o homem não existisse na Terra senão a partir da época indicada para a existência de Adão. Muitos, com mais razão, consideram Adão um mito ou uma alegoria que personifica as primeiras idades do mundo. Aqui, ficou interessante.
Adão, então, é um ciclo étnico espiritual. Daí, ele gerou um outro. Aquela genealogia, na verdade, é uma divisão da evolução espiritual na Terra e de agrupamentos espirituais.
Por isso, vem Emmanuel, no A Caminho da Luz, e levanta a ponta do véu: fala só dos que vieram de Capela, mas existem outros que vieram de outros lugares e tem os que estavam aqui. E, eles foram compondo agrupamentos. Mas alguém vai pensar assim: nós não estamos falando do ser humano?
Agora, você está falando de um agrupamento? Como é que podem ser duas coisas? Não podem ser duas, podem ser setenta, porque a Torá tem setenta faces.
É a regra da interpretação bíblica judaica. Adão é um agrupamento? Mas, ele também não é um ser humano?
Sim, ambos. E, Adão também é o exilado? Sim.
Mas, como é que pode ser todas estas coisas? Bem vindo ao mundo bíblico, onde uma coisa são setenta ou mais. Está é a riqueza do texto bíblico, ele é um caleidoscópio.
Se você olhar Adão como a espécie humana com relação às outras espécies, é válido. Se você olhar Adão como um agrupamento que viveu 4. 000 anos a.
C. e lá no texto bíblico tem o tempo que ele viveu: é um período evolutivo, a raça adâmica, que depois vai ter continuidade, porque ele é um ancestral (tem Caim, tem Set, são períodos evolutivos). Você também pode pensar no Adão como um exilado Daí, a riqueza do texto.
Pensar em Adão como uma comunidade que tem uma identidade mental, emocional e espiritual é interessante. Paulo vai fazer isto. Aqui, eu queria só fazer uma pausa.
Por quê? Se nós lermos o capítulo 15 de Coríntios, nós vamos perceber que Paulo vai falar de Adam, o primeiro Adão, e do segundo Adão, que é o Cristo, mas, ele não está falando de uma perspectiva individual. Paulo está falando que Adão foi o primeiro homem e o Cristo é o segundo homem.
Como Adão, enquanto paradigma, se multiplicou, se reproduziu e formou uma mentalidade sobre a Terra, que é a mentalidade adâmica, a mentalidade de seres que vivem em função do corpo e de uma realidade material, uma nova comunidade, agora, se formaria. Então, para Paulo, quando você aceitava o Cristo no seu paradigma, no seu modelo, você sai da espécie adâmica e entra em uma outra espécie humana. Por isso, tem o homem velho e o homem novo.
Às vezes, nós vemos isto e nos confundimos. As pessoas acham que homem velho e homem novo é uma transformação individual. É também.
Mas, não é só isso. Paulo está pensando em uma perspectiva sociológica também. Na perspectiva individual, é óbvio, que é a base, porque você não vai formar um fenômeno social sem partir do indivíduo, da transformação do indivíduo.
Mas, quando ele fala do homem velho, o homem velho é o sistema adâmico, o homem material, o homem incorpóreo, materialista. E, o homem novo é a nova comunidade a partir do Cristo: uma comunidade que imita o novo Adão, que é descendente do novo Adão. É uma nova criatura, uma nova comunidade.
Por isso, eles tinham todo um ritual quando a pessoa aceitava o Cristo, porque não era simplesmente dizer: ‘eu mudei de religião. ’ Não é só isso, como é hoje. Infelizmente, as igrejas cristãs banalizaram este fenômeno e transformaram em um fenômeno teológico.
Ali era diferente: ao aceitar o Cristo, você ingressava em uma nova comunidade humana que se formou a partir do Cristo e que tem 2. 000 anos começando a povoar a Terra e será a nova humanidade. A nova humanidade vai substituir a humanidade antiga.
Quando eu falo humanidade, Adam em hebraico é humano. Então, eu posso dizer: o segundo Adão vai substituir o primeiro Adão. Por isso que no livro A Gênese, de Kardec, vemos este escrevendo sobre a nova geração.
Como assim nova geração? A nova geração do tronco Cristo. Por incrível que pareça, muitos cristãos eminentes não entendem e não percebem isto.
Foi preciso um hindu para nos ensinar isto: Gandhi. Perguntaram a ele, de uma maneira indelicada, o que seria necessário para que o Cristianismo se expandisse a Índia. O indivíduo estava preocupado com o movimento religioso, que sempre se subdivide.
Mesmo dentro do Catolicismo, você tem várias ordens; dentro do Protestantismo, você tem o Batista, o Anglicano; no movimento Espírita, a mesma coisa. E, acham que isto é que tem que ser levado. Acham que Gandhi se ofendeu?
De jeito nenhum. Antes ele já havia dito que se todos os livros da Terra se perdessem e só restasse o Sermão do Monte, nada teria se perdido do ponto de vista da literatura religiosa-espiritual. Gandhi entendia que aquilo era o padrão do novo homem, aquela ali era a constituição de um novo homem, a declaração de princípios de um novo homem.
A nossa declaração de direitos do homem é a declaração adâmica, ainda. É avançada, mas ainda é Adão. O Sermão do Monte é uma declaração universal de direitos do homem da nova geração, da geração do Cristo enquanto co-criador, que vem instaurar uma nova humanidade.
Daí o Gandhi responde: ‘Só são necessárias duas coisas para expandir o Cristianismo na Índia. Primeiro, o Cristianismo precisa ser ensinado sem deturpações. Segundo, os cristãos precisam aprender a viverem como o Cristo.
’ O Gandhi entendeu. Não adianta fundar igreja, falar que se converteu, que se tornou Espírita. Não é isso!
Não adiantava fazer um movimento social na Índia, embora o movimento social seja necessário, porque onde há seres humanos, haverá um movimento social. É claro! Nós somos seres gregários.
Mas, isto não pode ser o foco. Então, ele dizia que os cristãos precisavam aprender a viverem como o Cristo. Não é idolatrar ou adorar o Cristo.
Hoje, nós – até nós, expositores Espíritas – às vezes, vibramos em uma faixa que é de estimular as pessoas a adorarem o Cristo. Não tem problema nenhum. E o ser igual a Cristo, onde fica?
E o nos tornarmos igual ao Cristo, como fica? Agirmos como o Cristo, pensarmos como o Cristo? Esta é a grande diferença.
É isto que faz você ingressar verdadeiramente na comunidade do Cristo, se tornar uma nova criatura, sair da humanidade adâmica para entrar na humanidade do Cristo, a nova humanidade. Paulo via esta passagem como algo profundo. Ele chegava a dizer em uma nova criação.
É a nova geração. Tem mudanças até genéticas, porque o corpo físico é um reflexo da mente que o maneja. Se você muda a mentalidade, mudam as circunstâncias e muda o invólucro corpóreo.
Vamos avançar um pouco, porque eu acho isto, aqui, muito interessante para entender o texto de Gênesis. A questão nº 607, que é a parte de O Livro dos Espíritos eu está tratando – na época, porque, hoje, isto aqui está incompleto – do chamado três reinos (hoje, a Ciência não lida mais com este conceito de três reinos, trabalha com conceito mais complexo do que isto). Na questão nº 585, Kardec pergunta: O que pensais da divisão da natureza em três reinos, ou melhor, em duas classes: a dos seres orgânicos e a dos inorgânicos?
Segundo alguns, a espécie humana forma uma quarta classe. Qual destas divisões é preferível? E, os Espíritos respondem: Todas são boas, conforme o ponto de vista.
Já relativizaram a resposta. Claro! Você quer o quê?
Você está classificando para quê? Para tomar alguma decisão, para agir. Então, determinada classificação para um tipo de ação é boa.
Se o seu objetivo é comer, então é bom saber a diferença entre seres orgânicos e inorgânicos. É importante, senão você acaba fazendo sopa de pedra. Do ponto de vista material, apenas há seres orgânicos e inorgânicos.
Do ponto de vista moral, há evidentemente quatro graus (mineral, vegetal, animal e o homem). Mas, não era o ponto que eu queria ler. Kardec, aqui, vai trabalhando divertido, porque no conceito de evolução os Espíritos estavam ainda reticentes para trabalhar isto, estavam indo devagar para não ferir.
Daí, Kardec pergunta na questão nº 607, ‘a’: Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não? E, os Espíritos respondem: Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Aqui, nós vemos a diferença de Espírito superior para Espírito medíocre.
Quando eu digo medíocre, não é uma ofensa. Medíocre é o melhor dos piores e o pior dos melhores. Aqui, nós estamos lidando com Espírito superior.
Na anterior (Questão nº 607), a pergunta e a reposta são: Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento? Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.
Daí, então Kardec faz a pergunta ‘a’. Mas, daí os Espíritos dão uma resposta que vai além da pergunta. Tudo na natureza está ligado na teia da vida.
Tudo se encadeia. Tudo está conectado, mas é uma conexão dinâmica porque tudo tende para a unidade. Teilhard de Chardin tem até uma frase: tudo que sobre, converge.
Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos.
Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram?
Inteligente a colocação, não é? Porque você olha o desenvolvimento fetal e vê que ele reproduz a escala evolutiva. Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo.
Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas. Daí, a pergunta nº 692.
O que chama a atenção do texto, aqui, é a ordem: ‘Dominai sobre as aves do céu, sobre os peixes do mar, sobre os animais domésticos’, a ordem para Adão coordenar, comandar (= mandar com). O Criador é a Onipotência, mas o homem comanda. Esta questão (692) seria, se fosse bem estudada por nós, um antídoto para qualquer tipo de fundamentalismo e para qualquer tipo de misticismo, e para uma compreensão da evolução, inclusive, da Ciência e da interferência cada vez mais relevante da Ciência na natureza.
692. Será contrário à lei da Natureza o aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela Ciência? Seria mais conforme a essa lei deixar que as coisas seguissem seu curso normal?
Os Espíritos respondem: Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus. O que está apontando aqui?
Quanto mais há uma evolução intelectual e moral dos seres, mais espaço de atuação na natureza ele tem. Ara quê? Para aperfeiçoá-la, porque a natureza é perfectível.
E, aí, na letra ‘a’: Mas, geralmente, os esforços que o homem emprega para conseguir a melhoria das raças nascem de um sentimento pessoal e não objetivam senão o acréscimo de seus gozos. Isto não lhe diminui o mérito? E, os Espíritos respondem: Que importa seja nulo o seu merecimento, desde que o progresso se realize?
Cabe-lhe tornar meritório, pela intenção, o seu trabalho. Demais, mediante esse trabalho, ele exercita e desenvolve a inteligência e sob este aspecto é que maior proveito tira. Por quê?
Porque todo vez que a inteligência desenvolve, o progresso moral acompanha o progresso intelectual. Pode até demorar, mas acompanha. É um determinismo: aumentou a inteligência, uma hora vai aumentar a moralidade.
Não tem como frear. O progresso moral segue o intelectual, embora não siga imediatamente. Mas, sempre segue.
Desenvolveu a inteligência, assinou o seu atestado de aperfeiçoamento moral. E, este Adam, aqui, criado ‘a nossa imagem e semelhança’ passa a ser um instrumento de aperfeiçoamento. E, tudo vai se aperfeiçoando.
Em O Livro dos Espíritos ainda fala que através do instinto de destruição, que segue ao instinto de conservação, há um controle populacional. As espécies se alimentam umas das outras e controlam a proliferação que seria desequilibrada. Nós vemos que, já em 1857, os Espíritos estavam trabalhando com conceitos que não estavam no horizonte da Ciência atual daquela época, que é o horizonte da Terra ecológica, dos ecossistemas, onde você tem um ponto de equilíbrio.
Mesmo no fato de um animal se alimentar do outro, que pode parecer algo repugnante, há, na verdade, do ponto de vista da vida material, um ecossistema que garante o equilíbrio. Não há lixo. Só o homem que produz lixo, porque tudo mais está em um equilíbrio no ecossistema.
Se nós aprendêssemos isto não causaríamos o impacto que nós causamos à natureza, porque nós ingressaríamos neste equilíbrio. E, sobre isto, é o tema do ‘dominai’. E, nós vamos caminhando para um aperfeiçoamento, porque na medida em que a evolução se processa, mais domínio sobre o elemento material nós temos.
Por que a Terra deixa de ser um mundo de expiação? Porque você passa a ter um desenvolvimento, inclusive científico, na Terra que não permite mais determinados fenômenos expiatórios: doenças, problemas congênitos. Não comporta mais porque você está em um mundo que isto não comporta mais.
Então, você precisa ir para um outro mundo em que aquilo ainda é possível. Nós encerramos, citando Michio Kaku, que é um físico de Nova Iorque, um dos criadores da Teoria das Cordas, uma teoria promissora na Física Quântica, e ele chega a dividir civilizações. Agora, ele não está só pensando em uma civilização planetária, mas está começando a pensar em sistemas solares, galáxias e já postulando civilizações pelo controle que elas têm do processo energético de onde eles vivem.
Nós nem chegamos, ainda, na civilização 1. A civilização seria a que tem domínio sobre todo o fenômeno energético do seu orbe: total domínio sobre o clima, sobre todos os elementos. Um outro nível civilizatório, teria total domínio sobre o sistema.
Depois, sobre uma galáxia. O sujeito está pensando longe e é isso mesmo. Isto está lá em Obreiros da Vida Eterna quando o André Luiz faz a pergunta sobre o Asclépios e o benfeitor começa a explicar para ele sobre estes níveis e que o Asclépios aspirava a fazer parte de uma comunidade de Júpiter, quem está lá aspira a fazer parte de uma comunidade do Sol, quem está no Sol aspira a fazer parte de uma comunidade.
. . são processos civilizatórios cada vez mais avançados.
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