Café Filosófico | Bell Hooks e a educação antirracista | 28/05/2023

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Café Filosófico CPFL
A historiadora e psicanalista Marilea de Almeida revisita a obra da pensadora negra Bell Hooks nesta...
Video Transcript:
[Música] desde os homens Caçadores das primeiras eras eram eles quem podiam oficialmente trabalhar estudar votar e filosofar por muito tempo a vida pública e intelectual foi quase exclusivamente do homem ainda que as mulheres exercessem sua intelectualidade raramente iam para as capas dos livros e tantas foram descritadas E desacreditados assim a história do mundo vem sendo contada de forma parcial de hoje buscam resgatado a pagamentos suas antecessoras para junto a elas criaram o mundo onde a segregação por gênero cor lugar de origem classe social Não determine mais quem deve ou não participar e contar a história
do mundo filosofia substantivo feminino filosófico Bel Roots é uma das principais pensadoras e ativistas do feminismo negro e da educação anti-racista ela consegue romper a tradição de um mundo acadêmico formal segregador inacessível especialmente para uma mulher negra e constrói teorias a partir da sua própria experiência de vida com a constante preocupação de produzir conhecimento acessível útil para transformar outras histórias a vida e a obra de Bel roux são indissociáveis e fizeram dela essa autora tão singular e ao mesmo tempo tão Universal uma das mais importantes intelectuais do nosso tempo desde a década de 80 até
o início do Século 21 primeira década do Século 21 ela Já publicou mais de 30 livros entre o primeiro livro que ela publica quer um livro de poesia até livros infantis os livros relacionados a crítica à produção cultural nesses livros né que ela vai tratar da produção cultural cinema literatura nas análises que ela faz sobre feminilidade masculinidade né Tem livros pensando sobre masculinidade negras sobretudo e nos esforços que ela também protegem de alargar determinados conceitos ou concepções como a ideia de amor a ideia de espiritualidade ou a concepção de autoestima tem um livro dela também
que não foi traduzida no Brasil que é rock mais sou povo negro e autoestima que ela vai largar também a concepção autoestima né mas análises que ela realiza sobre pertencimento e lugar na exteriorizações sobre feminismo a maneira como o Bellucci de certa forma ela desce as suas relações nas suas experiências íntimas os seus afetos como é que ela desce de certa forma essas relações para produzir modos de teorização que a maneira como quando a gente vai ler o Hulk a gente tem a impressão de que ela tá falando no nosso ouvido e tá falando para
mim esse modo de produzir que a escuta de si tá mesclada a escuta do outro para que produz efeitos de de intimidade apesar da sua singularidade inegável singularidade E aí aqui é impossível pensar né pensar bem hooks também sem se perguntar sobre as condições de possibilidade que possibilitam esse tornar-se não é possível ler a Bel roux sem simplificar de alguma forma uma cultura de dominação é anti Amor Exige violência para se sustentar escolher o amor é ir contra os valores predominantes dessa cultura muitas pessoas sentem se incapazes de amar a si mesmas ou a outras
porque não sabem o que é o amor marketing Luther King diz nos que o fim é a reconciliação o fim é a redenção o fim é a criação da comunidade amada ao escolher amar começamos a nos mover contra a dominação contra a opressão no momento em que escolhemos amar começamos a nos mover para a liberdade a agir de maneiras que libertem a nós mesmos e a outros essas ação é o testemunho do amor como a prática da Liberdade como é que você vai usar a sua voz o seu lugar o seu corpo a sua mente
a sua inteligência o que você tem a sua história sua trajetória para transformar o mundo e o nosso tema que hoje que vai tratar do Bellucci na educação de racista é importante dizer que esse é um recorte na obra de ao mesmo tempo é um recorte mas também é panorâmico eu gostaria de conversar aqui com vocês interessando três questões primeiro Quais são as condições históricas que favorecem a Constituição da singularidade do projeto de educação [Música] e aqui por condições históricas eu tô dialogando Sobretudo com foucaul quando focou vai dizer condições históricas não diz respeito apenas
das condições materiais institucionais mas também diz respeito às condições epistemológicas que se diz respeito das condições de produzir conhecimento circular conhecimento que que favorece que uma intelectual negra com berro que já tá produzindo desde a década de 80 se constitua na segunda questão que vai também orientar que a nossa conversa bem você está falando de uma educação de racista Quais são os fundamentos teóricos né epistemológicos né presentes na concepção de Educação anti-racista de berrutos E qual seria né a potencialidade desse projeto não apenas para pensar educação escrito senso mais sobre tudo para pensar os projetos
de educação dos feminismos que medida o projeto racista de educação vai de certa forma provocando também uma pedagogia feminista vou colocar uma pedagogia feminista Negra a terceira pergunta aqui que orienta a nossa conversa em que medida abordagem da Bellucci converge ou se distancia de propostas experiências práticas que já vem sendo realizadas historicamente no Brasil em que medida é ouvir abelhucs hoje é de uma certa forma aí uma convocatória para que nós Lemos estudemos intelectuais negros indígenas nesse país que já tem produzido a décadas no mesmo período de Bellucci em período similar de década de 80
e 90 também pedagogias racistas então começando pelas condições históricas eu vou começar aqui pela trajetória familiar e acadêmica já que a gente está falando de uma pensadora que a teorizações são produzidas rente as experiências rente ao corpo rente ao que se vive é importante a gente retomar aqui essa trajetória um pouco familiar Glória dim Whats Esse é o nome de batismo de Bell hooks ela ela usa Bellucci como um pseudônimo para homenagear a bisavó materna que era considerada na família uma mulher sem tapas na língua uma mulher que é construiu a sua própria história que
de certa forma Nas condições de possibilidades ali daquele tempo e lugar enfrentou o patriarcado e as relações de poder e ao escolher esse nome é indica também um legado né ela reivindica esse Legado de insurgência quer dizer nascer mulher negra nos anos 50 é numa sociedade segregação racial significa vir ao mundo num tempo e espaço em que as condições de existência para as mulheres negras especial estavam limitadas ou o trabalho doméstico na casa das outras pessoas ou o trabalho doméstico interno casar aquelas mulheres que de certa forma como meu se expressava um desejo pelo conhecimento
desde de criança ela se mostra uma menina e uma criança interessada nos livros na leitura e enganar uma mulher ela vai me indicar o legado lá da vó sem Papas na Língua e questionadora o outro destino era ser professora que concepção de professora se tinha naquele contexto ser professora era na verdade abdicar de uma vida familiar sexual e viver para cuidar né para ter uma vida em Cuidado dos alunos não não se relaciona não se relacionava a ideia de ser professora a ideia de ser uma intelectual o negócio é ser professora porém o desejo dela
desde criança era ser escritora é na escola que ela vai ter pela primeira vez o seu intelecto valorizado e essa escola ela era majoritariamente constituída por mulheres negras e ela vai narrar isso no ensinando a transgredir como que essas mulheres eram mulheres que incentivavam os estudantes negras e negras nessa sociedade segregada justamente pelo racismo estimulavam intelecto autoestima E aí eu vou abrir um parênteses aqui a concepção de autoestima dizer que a autoestima é a confiança que nós temos na nossa capacidade de pensar e confiança na capacidade que nós temos de criar saídas para nossa vida
confiança de que nós merecemos desfrutar dos frutos do nosso trabalho as práticas educativas ela podem ser práticas de potencializar autoestima mas pode ser práticas de derrubar as pessoas para sempre não é à toa que nas experiências de pessoas negras e pessoas marginalizadas a escola tem sido e os espaços acadêmicos espaços traumáticos mas encontra nesse momento é nessa escola esse prazer no próximo bloco quando ela chega na universidade a primeira coisa que ela percebe e as mulheres negras Nos programas que vida poderia ter uma mulher negra nascida na década de 50 nos Estados Unidos Quem Ela
poderia querer ser a pensadora Bel Hulk encontrou nos seus primeiros anos escolares o prazer e o reconhecimento intelectual conheceu ideias que a desviaram do seu destino pré-determinado por uma sociedade racista e machista quase todos os professores da Escola bucat Washington eram mulheres negras o compromisso delas era nutrir nosso intelecto para que pudéssemos nos tornar acadêmicos pensadores e trabalhadores do setor cultural aprendemos desde cedo Que nossa devoção ao estudo a vida do intelecto era um ato contra hegemônico o modo fundamental de resistir a todas as estratégia S brancas de colonização racista embora não definissem nem formulassem
essas práticas em termos teóricos minhas professoras praticavam uma pedagogia revolucionária de resistência uma pedagogia profundamente colonial naquela época ir à escola era pura alegria eu adorava ser aluna adorava aprender a escola era o lugar do êxtase do prazer e do perigo ser transformada por novas ideias era Puro Prazer mas aprender ideias que contrariavam os valores e crenças aprendidas em casa era correr um risco entrar na Zona de Perigo nos Estados Unidos em crime 1876 até 1965 né predominou a chamada as leis do Jim Crown né que eram as leis em que ali nos estados do
sul especificamente né havia segregação racial que separava pessoas negras e brancos nos acentos dos Bancos nos trens nos bebedouros e também nas escolas né então foi justamente A Luta dos direitos civis que começa a acontecer ali na década de 50 Justamente a Luta pelos direitos civis que acompanhando com Martin Luther King que vai tencionar essa essa o processo segregação porque obviamente se a gente está falando de processo de segregação essas escolas e todos os serviços também né que estão oferecidos para a população negra são serviços desiguais e é justamente nesse momento em que tá acontecendo
o processo de segregação das escolas que abelhups tá saindo dessas escolas segregados com as professoras negras e vai para o High School que seria o nosso equivalente aqui do ensino médio e aí nesse momento ela vai narrar que essa transição mudou também a relação que ela tem com a escola e aí ela nos narra como que isso acontece a escola mudou radicalmente com a integração racial de repente o conhecimento passou a ser resumir a pura informação não tinha relação com o modo de viver e de se comportar já não tinha ligação com a luta anti-racista
Quando entramos em escolas brancas racistas E desagregadas deixamos para trás o mundo onde professores acreditavam que precisavam de um compromisso político para ensinar crianças negras essa transição das queridas escolas exclusivamente negras para escolas brancas onde os alunos negros eram sempre vistos como Penetras como gente que não deveria estar ali me ensinou a diferença entre educação como prática de liberdade e a educação que só trabalha para reforçar a dominação uma educação que trabalha para reforçar a dominação ela toma como princípio um sujeito Universal abstrato que é um homem eu tô falando abstrato que abstrato mesmo né
o homem branco ocidental europeu capitalista cristão está narrando quando a sua existência a sua experiência é de ser uma mulher negra é naquele contexto Deixa de ser algo que tá implicado na própria produção do conhecimento o conhecimento deixou de ser algo que interpela que movimenta que cria para ser apenas alguma coisa que a gente que o Paulo Freire já tinha dito que é um conhecimento uma educação bancária eu deposito conhecimento saberes que eu Suponho que sejam universais e necessários alguém decora de glúteos conhecimento e devolve então essa educação bancária é hooks vai vivenciar nesse momento
na escola um processo de segregação mas também na universidade é na década de 70k para Califórnia para fazer a graduação dela é intensa para estudar inglês 1970 no auge do momento feminista nos Estados Unidos no auge do movimento feminista nos Estados Unidos no auge que tá se constituindo os estudos de mulheres nos Estados Unidos é importante dizer que esses estudos de mulheres nos Estados Unidos nesse momento está sendo dado majoritariamente por pessoas brancas então ali na década de 70 quando ela tá entrando na universidade Eu também vai encontrar uma situação similar esse modo também de
ensinar na universidade que é também essa educação bancária então quando ela chega na universidade a primeira coisa que ela percebe Cadê as mulheres negras nos programas e quando as mulheres negras apareciam Nos programas ou nos estudos de mulheres era para falar da famigerada força da mulher negra a mulher negra não sofreu com as opções de gente o problema da mulher negra é apenas a questão racial e não é por acaso que Na graduação o livro que Bel Hulk vai o trabalho de graduação que você vai escrever é um livro sobre a história das mulheres negras
nos Estados Unidos que é o ensaio é uma que foi traduzida e eu não sou uma mulher que é o título do discurso de soja nem truque que é uma mulher negra do século 19 se perguntando já no século XIX como que as relações de raça e gênero afetam a existência das mulheres negras e é justamente sendo uma professora professora universitária em que ela vai tentar buscar outros modos de estar em sala de aula o pensamento da berrou Estácio associado não pode ser dissociado a uma condição histórica que é emergência ali dos feminismos negros nos
Estados Unidos na década de 80 e 90 e também só nos Estados Unidos mas a América Latina no Brasil por que eu tô chamando atenção para isso porque nesses últimos anos em que a produção de escritores e feministas como a geladeira deles Patrícia Rio colins e belga chegou no Brasil a gente dá se a impressão de que aqui no Brasil não tava sendo produzido nada tava sendo produzido e com muita densidade com muita qualidade também a gente não pode deixar de perguntar porque as estadunidenses foram publicadas antes por exemplo de intelectuais como Sueli Carneiro Beatriz
Nascimento ela bonsai porque escrever sobre mulheres negras nos Estados Unidos naquele momento eram nicho de mercado um lixo de mercado que naquele momento estava sendo dominado por pessoas brancas escrevendo sobre experiências mulheres negras as intelectuais negras escrever e publicar e reivindicar também sobre quem é de certa forma pode falar sobre a sua experiência na década de 70 e 80 nos Estados Unidos esse debate está sendo colocado no mercado editorial dentro do campo dentro das Universidades nos estudos de mulheres esse debate tá acirrado e tá ferrado junto com uma discussão que também ali 80 e 90
vai se dar nos feminismo que é a própria concepção de experiência a própria teorização sobre experiência O que que a experiência e aí toda a teorização entre a experiência numa perspectiva essencialista então só quem pode falar sobre as mulheres negras são as mulheres negras Essa era crítica né que vai fazer ou a experiência como Loucos de produção de conhecimento em que não é que só quem tem que falar sobre as mulheres negras pessoas trans são pessoas trans mas que uma mulher negra falando sobre a sua experiência é diferente um homem branco falando sobre a experiência
de uma mulher negra tem a possibilidade de escrever de uma maneira diferente e o que a gente estava vendo hegemonicamente eram trabalhos produzidos por pessoas brancas que reforçavam inclusive estereótipos né sobre as mulheres negras quando a gente vai lendo a produção né eu estudando lá produção a produção das feministas dos Estados Unidos na década de 80 e 90 não é por acaso que todas elas ali na década de 80 e 90 vão fazer referências a intelectuais do século XIX elas vão recuperar merda filho Ana Júlia Cooper que são mulheres do século 19 negras que estão
produzindo conhecimento das feministas negras estão produzindo e também inventando uma tradição uma linhagem um legado então escrever e publicar Faz parte dessa luta essa interpelação justamente ali na década de 90 feita pelas mulheres negras e latinas sobre a noção de experiência vai vai de certa forma transformar os feminismos ali que inclusive vai dar título do nome do livro da Bellucci que é o segundo livro dela que é a teoria feminista do margem da margem para o centro que é essa discussão racial até então na produção dos feminismos e sobretudos feminismos numa perspectiva marxista socialista ou
liberal vai desconsiderar ou tratar com menos importância a dimensão racial as mulheres nos Estados Unidos negras e latinas Vão colocar no centro essa é uma dimensão da Bellucci é um Ethos Mas também se transforma em um modo de fazer teórico mas se transforma numa práxis na relação se estabelece com os espaços que interessa é que as mulheres negras e as mulheres latinas nos Estados Unidos lá nos Estados Unidos e no Brasil na mesma período estão fazendo o seguinte não é possível olhar para as experiências das pessoas humanas das pessoas de um modo geral em especial
né sobre as mulheres negras né e não brancas que as questões raciais vão e de classe também vão vão produzir efeito sobre elas é impossível é produzir teorizações sem essa metodologia como é Tem uma coisa que a Branca de saber poder gosta é escolher uma preta um preto único para representar todo mundo nós somos múltiplas e nós somos múltiplos Nós Somos muitas pessoas e nós não temos apenas uma duas ou três temos muitas intelectuais lá e aqui e é justamente essa multiplicidade que favorece a gente construiu o mundo o mundo em que a presença do
outro não não seja uma ameaça que a gente está pensando em relação de poder no próximo bloco um feminismo que vai se tornando apenas uma disciplina acadêmica para perdeu o seu propósito político [Música] racismo feminismo desigualdade social são todos temas de estudos e teses nas universidades mas antes disso são vivências dos negros das mulheres dos pobres no seu cotidiano para criar essa via dupla entre teoria e prática transformar a vida com suas dores e exclusões em conhecimento e criar conhecimento para transformar vidas qual então os fundamentos teóricos e metodológicos do projeto de educação de racista
de que maneira ele de certa forma afeta os próprios feminismos né A primeira crítica que ela vai dizer o seguinte o feminismo que tem uma boa nova para todo mundo que olha a gente precisa transformar as relações de poder Foi mesmo não veio o mundo para tirar os homens daqui os homens dali o feminismo e para questionar como que as relações de poder configuram as existências e fazem com que a possibilidade de existir é que as pessoas não vivam na sua Plenitude na plenitude da sua existência Porque elas estão tendo que lidar com opressões de
raça classe gênero desigualdade Então esse é o primeiro ponto da Bel Hulk então aí que eu estou chamando atenção um feminismo que vai se tornando apenas uma disciplina acadêmica para perder o seu propósito político o feminismo precisa chegar em todos os lugares porque ele tem uma boa nova para o mundo na insistência de barrocos ela publica o ensino na transgredir e que é um sucesso um sucesso editorial porque esse modo de pensar o espaço acadêmico em que interpela a gente a pensar na nossa condição de estudantes mas também na nossa condição de [Música] professores e
produzir conhecimento faz com que as pessoas se identificam com o livro e ali eu quero chamar atenção que logo ali no ensinando a transgredir ela vai fazer uma coisa que depois que a convergência dos propósitos políticos dos feminismos com os propósitos políticos numa educação antirracista como professora reconheço que os alunos de grupos marginalizados tem aula dentro de instituições onde suas vozes não tem sido nem ouvidas nem acolhidas minha pedagogia foi moldada como uma resposta Essa realidade se não quero que esses alunos usem autoridade da experiência como meio de afirmar sua voz posso contornar essa possibilidade
levando a sala de aula estratégias pedagógicas que afirmem a presença deles seus direito de falar de múltiplas maneiras sobre diversos tópicos esse trecho nos ajuda a fazer dois movimentos tanto entender né o contexto histórico que ela tá falando como também é pensar sobre esse lugar da experiência na produção de conhecimento da hooks a experiência aqui para Bell hookes diz respeito dessa paixão é numa relação apaixonada é pela vida no sentido de se deixar afetar né pelas coisas que estão acontecendo com você já afeto como essa essa possibilidade de afetar esse afetado pelo mundo e aí
nesse processo né de em que a experiência se torna o lugar e o Locus da produção de conhecimento é que eu poderia dizer que é um dos outro Ponto Central na produção de conhecimento da Bellucci como se expressa a sua educação te racista E aí eu desafio também a dizer que que ela tá constituindo um projeto de pedagogia feminista e eu vou chamar aqui de um projeto de pedagogia feminista Negra também muito inspirado por um trabalho é de uma pesquisadora Carol Pinho né no livro Pedagogia feminista Negra vai dizer o seguinte né O que seria
essa as bases teóricas metodológicas de uma pedagogia feminista Negra primeiro não há uma separação entre teor e prática porque não tem uma separação entre mente corpo essa ideia eletista eletista colonizada racista que a gente foi aprendendo e naturalizando em que alguns eleitos medos assim do Norte Global produzem teorias teorias herméticas Hades difíceis e que todos eles Mortais na verdade usa essas teorias ou vão repeti-las né dizer que eu não estou dizendo que é esse tipo de conhecimento ele não é importante mas digamos para o projeto político de Belford Roxo então projeto político de povos que
estão sofrendo opressão e marginalizado e que de certa forma até essa teorização pode transformar em sua vida as pessoas não é preciso que as coisas chegue para elas que sejam acessíveis né Eu sempre gosto de chamar atenção aqui né numa separação de teoria prática e vou citar por exemplo o livro né quarto de despejo da Carolina Maria de Jesus a Carolina no quarto despejo ela ela produz um conceito a partir da sua experiência vivência e ela vai narrando ali as experiências ali na favela do Canindé na década de 50 e algum momento ela formou dessa
experiência ela formula um conceito que é o quarto de despejo uma mulher veja bem uma escritora mas uma mulher que não não frequentou né digamos assim os espaços acadêmicos e tá produzindo conhecimento porque na medida eu vou chamar atenção aqui uma coisa que o foco vai dizer na medida que não tem separação entre pensar e o agir as pessoas de certa forma quando estão agindo elas também estão produzindo formas de pensamento epistemologia tem uma Outra ideia também de teoria que é muito interessante que teoria para ela pode ser uma prática de cura e ela vai
dizer toda a teoria cura não só aquela que a gente interpela só aquela que a gente interpela como uma prática de auto recuperação e o que que ela quer dizer com teoria como prática de auto Recuperação é aquele processo de teorização em que a gente vai na história na história e nessa história a gente reconfigura a maneira como a história das experiências foram narradas trazendo sentido os outros para reconstituir a nossa própria existência e vamos pensar que acho que os canalhas faz isso ponto de vista individual singular na história de cada um singular mas é
preciso fazer também do ponto de vista coletivo e social esse movimento de cura e de auto recuperação ele é duplo não é não tem um sujeito neoliberal cuidado de si deslocada do Social o esse eu do processo do sujeito da Auto recuperação de belroocos é um eu que tá implicado no coletivo para dizer isso então a valorização do lugar social onde as mulheres negras produzem conhecimento e há uma produção de conhecimento invisibilizada nesse país que é a produção de conhecimento das mulheres negras e também a ideia de que a gente entende como intelectuais né a
ideia de intelectuais no sentido é que não é apenas uma intelectualidade do mundo acadêmico quando a gente quando a gente diz intelectual a minha mãe é uma intelectual minha mãe que é mãe de santo do terreiro da Umbanda ela é muito intelectual com a minha mãe eu aprendi sobre ervas eu aprendi a prestar atenção nos meus sonhos Olha depois eu vou fazer análise e a minha analista fica perguntando sobre os meus sonhos S bem eu cresci numa casa que minha mãe queria saber sobre o que que eu tava sonhando que a nossa noção de intelectual
não passa por essa performatividade da branquitude do Saber poder colonizada ela aí eu vou e aí eu vou usar até um intelectual olha do Norte global para explicar isso vai dizer o seguinte que intelectual é aquele que produz que coloca uma novidade no mundo essa valorização tá presente numa pedagogia feminista Negra e você vai ver isso em várias Produções você tem a Patrícia e o College escrevendo sobre isso você tem Jurema Werneck escrevendo também sobre ela 10 se você tem só ele Carneiro também escrevendo a tese sobre a produção de conhecimento das mulheres negras você
tem hoje no Brasil as mulheres quilombolas publicando livros e publicando as suas epistemologias é o coletivo de mulheres da conac com publicações de mulheres negras falando sobre territorialidade e também sobre educação quilombola não tem as mulheres indígenas também produzindo e publicando as suas epistemologias é o seguinte nós somos múltiplos do mundo é múltiplas epistemologias também são múltiplas E se a gente quer viver no mundo mais interessante mais diversos mais que respeite a dignidade humana essas epistemologias precisam estar em circulação no próximo bloco pensar Relações raciais não é apenas pensar como as pessoas negras são afetadas
sobre racismo mas eu pensar como racismo constitui as subjetividades de pessoas negras e pessoas brancas [Música] a partir da sociedade norte-americana da década de 70 até os dias de hoje a Pensador e militante Bel hulks mostrou como a intersecção de cor gênero e classe social produzia silenciamentos nos deixou em 2021 e todo esse tempo ela buscou o seu direito de dar voz às suas vivências para a construção de um modelo de Educação antirracista de um feminismo que trouxesse novas possibilidades de vida de fato aqui no Brasil no mesmo período Pensador assim intelectuais também produziam suas
obras e protagonizavam suas lutas para serem ouvidas o resgate dessas vozes antes abafadas que vem sendo feito hoje ajuda legitimar essas mulheres e suas existências atuais ajuda que outras dores não sejam reduzidas ao silêncio em que medida Então essas abordagens abordagem de Bell roux de uma educação anti-racista converge dialoga coisa abordagem das pedagógicas negras construídas no Brasil primeiro acho que importante dizer que tem um aspecto dessas abordagens que é romper com o próprio silêncio né mas tá rompendo com silêncio há muito tempo mas não estão sendo ouvidas eu também não sou ingênua e sei que
neste momento tem uma discussão no campo social público do racismo mas também tem um interesse das editoras mercadológico implicar mulheres negras e pessoas negras esse número precisa ampliar e não apenas a publicação mas também a consideração produção desse conhecimento como conhecimento válido para pensar o Brasil nas suas múltiplas dimensões economia cultura filosofia demografia para pensar o Brasil e aí eu vou mas eu vou trazer um pouco mais mais recente eu vou destacar aqui o trabalho por exemplo da professora Eliane Cavaleiro né nesse sentido de descer erguer a voz em que ela vai escrever sobre do
Silêncio ao lar ao silêncio escolar pensando sobre como que o silêncio sobre as questões raciais permeiam se constitui quase como um currículo oculto dentro da escola se a professora Helena Cavalheiro tá falando isso para educação infantil Ah mas tá falando essas essa experiência ela vai atravessar toda a formação acadêmica pensar Relações raciais não é apenas pensar como as pessoas negras são afetadas sobre racismo mas eu pensar como racismo constitue as subjetividades de pessoas negras e pessoas brancas como que isso entra na discussão ou não entra e esse processo de silenciamento vai produzindo efeitos aí vão
voltar a ideia de autoestima em que o estudante é estudante que não consegue que não aprende ele vai se culpabilizando de uma maneira individual a família também culpabiliza de uma maneira individual individual e não entendendo que a mecanismos dispositivos internos e o silêncio até como currículo oculta vou usar aqui o Michael Apple que é um Pensador para que pensar a ideia de currículo oculto o silêncio funciona quase como um currículo em que se aprende a manejar o espaço escolar nos Passos escolar e no espaço no espaço Universitário e acadêmico isso tem uma outra dimensão que
passa acadêmica a gente está falando de disputas é às vezes vivenciar práticas racistas e sexistas na universidade é o silêncio ele modela porque o professor racista e sexista de hoje é o orientador de amanhã é alguém que tá na banca amanhã é alguém que vai avaliar o projeto então se não é que não se está se ouvindo Mas tem uma ordem do cálculo que tem a ver também com as relações de poder então o pacto narcísico da branquitude que é um conceito da da Cida Bento funciona para reforçar lugares né legitimar alugados reforçar lugares status
de uns e de certa forma um insucesso de outros essas autoras ela é uma dor né que é uma outra também Educadora no Brasil Sueli Carneiro que é uma filósofa e o centro da discussão da tese da Sueli carneiro é justamente discutir o epistemicídio Como que como a racionalidade como um dispositivo favorece que os conhecimentos e os saberes produzidos por pessoas negras é sofram um vídeo que a morte que é a possibilidade desse conhecimento circularem da produção circular e serem transmitidos eu vou dizer claro que isso esse epistemicídio ele ele é uma relação de poder
que está em jogo e tá em movimento Mas eu também gosto de dizer que a despeito dele Ah as pessoas negras indígenas e pobres nesse país tem continuam Resistindo e produzindo conhecimento quando nos desafiamos a falar com uma voz Libertadora ameaçamos até aqueles que podem a princípio afirmar que querem ouvir nossas palavras quando acabamos com nosso silêncio quando falamos com uma voz Libertadora nossas palavras nos conectam com qualquer pessoa que vive em Silêncio em qualquer lugar a ênfase feminista de encontrar uma voz no silêncio das mulheres negras das mulheres não brancas tem aumentado o interesse
por nossas palavras Este é um momento histórico importante estamos tanto falando de nossa própria a partir do nosso comprometimento com a justiça com a luta revolucionária para acabar com a dominação como também somos chamadas para falar convidadas a compartilhar nossas palavras sobre o que falamos é ainda mais importante é Nossa responsabilidade coletiva e individual distinguir entre a mera fala de auto exaltação de exploração do exótico outro e aquele encontro da voz que é um gesto de resistência uma afirmação da luta desde a década de 70 nos Estados Unidos no Brasil mulheres feministas mulheres negras tem
ousado talvez a gente tem que se perguntar agora Quais são as condições históricas que tem permitido que a gente começa a ser ouvida e nesse ser ouvido tem uma outra interpelação que a Barroco está fazendo não é uma mera fala de exposição do exótico e as mulheres negras e as pessoas negras se transformando numa commoditie da diferença para compor a diferença mas de que maneira o que está sendo produzido pensado pode mudar as relações que a gente está estabelecendo entre nós e também as relações é que a gente está estabelecendo entre nós e com a
gente mesmo né Então esse é uma essa é uma dimensão voltando aqui que a minha roupa se interpela e não é por acaso que ela vai que ela vai defender uma pedagogia na Eu já coloquei aqui em vários aspectos mas uma pedagogia em que se constitui um Pequenos Grupos e pequenos grupos que esses pequenos grupos de discussão e pensamento estejam ancorados em bases sociais essa Constituição da Comunidade acho que é importante dizer não é no modelo no projeto de uma pedagogia feminista Negra é um contrassenso pensar numa ideia de um feminismo como uma prática de
empresariamento de si mesmo o projeto dos feminismos negros é um projeto para transformações coletivas é um projeto para construção de comunidade é um projeto para construção do Comum devemos ressaltar todas as recompensas positivas e transformadoras resultantes de esforços coletivos para mudar a sociedade sobretudo a educação para que esta não seja espaço para afirmação de nenhuma forma de dominação E aí eu queria chamar atenção aqui porque é um é uma experiência que eu venho estudando há algum tempo que é a produção de conhecimento realizada pelas mulheres quilombolas no Brasil né a ideia de Quilombo tem sido
usado há muito tempo né a ideia do Quilombo usado como é um símbolo de resistência negra e durante muito tempo esse símbolo foi pensado nos termos nos termos do masculino viril e guerra com a emergência das Comunidades remanescentes de Colombo e a luta pelas terras essa noção de Quilombo vai se transformando ela vem se feminina se tornando feminina porque na existência das Comunidades Quilombolas é sobretudo na reconstituição dessa comunidade na história dessas comunidades Os relatos de memória sempre trazem uma mulher que era alguém que transmitia saberes essa experiência uma mulher que de certa forma transmite
saber essa experiência das Ervas ou da espiritualidade ou um modo de fazer na comunidade e morar [Música] quilombola não diz respeito apenas de uma categoria jurídica diz respeito da relação que você estabelece com território e essa relação é natural tem a ver com a transmissão da experiência tem a ver com projeto pedagógico que não é aqui não é um projeto pedagógico sistemático mas se se aprende nessa transmissão da experiência por meio das narrativas e as mulheres vão aparecendo e nas últimas nos últimos anos o as mulheres quilombolas que ficaram invisíveis invisibilizadas né como é atuante
tanto na produção de conhecimento como na luta pela terra elas não apenas que sempre foram protagonistas dessa luta elas assumiram esse lugar de protagonismo como elas também estão assumindo um lugar de protagonismo da produção do seu conhecimento e qual é a singularidade desse desse modo de produzir que converge com o pensamento da Bel Roots é essa relação que você vai estabelecendo com o seu corpo né como como território mas numa relação que você estabelece com seu território subjetivo e o espaço tem um livro que acabou de ser publicado também da berrutos que é pertencimento cultural
em que ela retoma quem tá ela diz assim eu nunca imaginei que eu pudesse voltar para o sul dos Estados Unidos quando eu saí de cantar que fui para Califórnia foi morar em Nova York ela sempre achava que ela ia encontrar um lugar em que ela pudesse viver de uma maneira mais plena em todos os lugares em que Ela morou ela sempre também se preocupou em constituir uma comunidade E aí quando ela faleceu ela ela já tava morando em cantar aqui de novo ela vai dizer assim eu voltei para quem tá aqui porque as colinas
os vales os modos de falar os modos das pessoas daqui me constituem a minha história passa por esse lugar de uma certa forma antes de falecer fez também uma Reconciliação com seu território mais reflexões no site e Facebook do Instituto CPFL e no canal do Café Filosófico no YouTube adalzira é uma mulher de 80 anos que defendeu o doutorado na Universidade Federal do Paraná e a da década de 40 e eu pensei assim esse país tem uma dívida histórica com as pessoas dessa geração que quiseram desejaram tinham paixão pelo conhecimento e foram expulsas pelo racismo
sexismo e classicismo da escola e das universidade [Música]
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