Literatura Infantojuvenil - O começo da literatura infantojuvenil brasileiras

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Nesta videoaula, o Prof. Carlos Augusto Bonifácio Leite nos ajudará a entender que, a partir do esta...
Video Transcript:
[Música] Olá muito bem-vindos e muito bem-vindos a segunda semana do curso de literatura infanto-juvenil na semana passada nós vimos um pouco das matrizes europeias o começo da literatura infanto-juvenil e eu tentei dizer que bom Literatura Infantil é uma coisa muito antiga mas que a gente tem as bases modernas a partir do século 17 18 na Europa hoje o nosso desafio vai ser dar uma olhada em como que a literatura infanto-juvenil começou no Brasil e para isso eu vou imediatamente passar a uma estação bastante esclarecedora da Mari ideal priori na história das crianças no Brasil e
ela diz o seguinte desde o início da colonização as escolas jesuíticas Eram poucas e sobretudo para poucos o ensino público só foi instalado e mesmo assim de forma precária durante o governo do Marquês de Pombal na segunda metade do século no século 19 alternativa para os filhos dos pobres não seria a educação mas a sua transformação em cidadãos úteis e produtivos na lavoura enquanto os filhos de uma pequena Elite eram ensinados por professores particulares Isso é o que ele está dizendo ou ela está um pouco recuperando o Panorama do Mundo escolar brasileiro Colonial até o
império né então que o cara tá dizendo é é bom no começo o que nós tínhamos era educação jesuítica isso só foi alterado no final do século 18 com Marquês de Pombal que conseguiu modificar um pouquinho o quadro da educação no Brasil mesmo assim era uma educação para poucos e pouca né a quantidade de instituições de ensino era muito muito pequenas no século 19 Eu tenho um pouco mais de escola a situação melhor um pouco mas mesmo assim o que as crianças deviam aprender ou em geral aprendiam era um ofício antes de entrar na escola
seja antes entrar antes aprender um ofício do que entrar na escola essa era a realidade da educação infantil no Brasil se a gente volta então para a aula passada e pensa da seguinte forma as revoluções que instauraram ou que em certa medida deram forma final a sociedade burguesa né as revoluções inglesas do século 17 e a revolução francesa no século 18 tô falando das revoluções puritana e gloriosa E com isso o lugar da criança foi alterado e o lugar da criança passou a ser pensado com cuidado Isto é se nós estamos dizendo que as crianças
só aparecem como nós conhecemos hoje dentro de uma sociedade burguesa o que esperar do Brasil nesse nesse tipo de relação né Isso é o que eu tô tentando dizer é quando lá fontene foi recolher as fábulas quando o perrrou foi recolher as histórias o Cristina o Green eles estavam pensando numa criança que só apareceu no bojo de uma sociedade burguesa daí a pergunta que se coloca para o Brasil é evidentemente festa né que é o que pensar então do lugar da criança numa sociedade que Manteve por exemplo uma instituição que é escravidão até 1888 que
é uma instituição pré burguesa então é claro que é de se pensar que esse lugar da Criança e Por conseguinte a educação feita para a criança vai ser bastante tardia então quando a gente pensa em literatura infanto-juvenil brasileira a gente pensa na figura dos Pioneiros né isto é a gente pensa na figura daqueles que começaram lá no final do 19 a fazer os primeiros movimentos para que haja uma literatura infanto-juvenil brasileiro o Carlos Jansen nascido em 1829 morte em 1889 É com certeza um desses Pioneiros né Ele é de origem tem outro brasileiro ou seja
alemão e brasileiro talvez por isso tivesse muito ligado com que estava acontecendo fora do país e vai fazer traduções e adaptações de histórias da minha das Mil e Uma Noites do Terror e fazer algumas publicações de caráter enquanto juvenil um segundo que também elas não podemos esquecer de maneira nenhuma é o Figueiredo Pimentel vocês veem que ele já é de uma geração depois né nasce em 1869 e morre em 1914 o Figueiredo Pimentel é um típico cidadão da Belle époque carioca né jornalista cronista publicava em jornal ou seja era alguém dessa vida letrada que depois
daqui a pouco eu vou voltar com algum carinho porque é uma coisa muito importante para nós e o Figueiredo Pimentel ele vai também reunir histórias dos Irmãos Grimm e outros para publicar Talvez o livro de maior sucesso dele seja a histórias da Carochinha é bem curioso né porque histórias da Carochinha no senso comum é uma espécie de mentira né ou história para criança ou história para enganar criança e foi um livro bastante famoso no final do século XIX e por fim o João Ribeiro que não é tão frequente digamos a literatura infanto-juvenil como os outros
dois mas ele traduziu o icore Né o coração que era uma espécie de diário escolar e o coração desde o final do século XIX até metade do século 20 viver enorme sucesso editorial com mais de 53 edições num espaço de 100 anos bom se a gente está pensando nesse lugar da relação entre Literatura infanto-juvenil e sociedade burguesa E chegamos até o final do século 19 é preciso Um pouco abordar um caráter Num tanto quanto ambíguo da produção infanto-juvenil brasileira no final do século 19 que é o seguinte por um lado essa esse digamos esforço civilizatório
de construir um Brasil moderno que construiu um Brasil longe do passado colonial de construir um Brasil longe do passado português ou até mesmo longe por mais que tivesse muito perto do passado escravocrata isso fez com que diversos escritores que escreviam literatura para adulto como Olavo Bilac de Almeida Coelho Neto Francisco Neto entre muitos outros produzissem algum momento Literatura infanto-juvenil e quase da mesma época ou seja um pouquinho depois de 1910 são também as primeiras antologias folclóricas né isto é o que eu tô tentando dizer o seguinte existe uma espécie de esforço civilizatório que no final
do século XIX vai passar pelas crianças e o que eu tô chamando de ambíguo é o seguinte por um lado é uma série de pautas que nós vamos ver a seguir que são pautas que vão ser muito frequentes na literatura infanto-juvenil brasileira no final do 19 Mas por outro lado ou seja o que é um problema porque pode Toler a criatividade pode escolher a imaginação ela vai ter uma espécie de dever a cumprir que daqui a pouco eu comento Mas por outro lado é a literatura infanto-juvenil começa a entrar no horizonte Nacional de plano político
e com isso vai ter vai ter um esforço muito inédito no Brasil de produção e de criação de objetos voltados para as crianças no final do século XIX eu vou ler com vocês um poema é do Olavo Bilac só para vocês terem ideia concreta do que eu tô tentando chamar de valor positivista ou de ambiguidade dessa literatura a pátria Ame com fé e orgulho a terra em que nasceste criança não verás nenhum país como este Olha que céu que mar que rios que florescem a natureza que perpetuamente em festa é um selo de mãe a
transbordar carinhos vê que vida há no chão vê que vida há nos ninhos se balançam no ar entre os Ramos inquietos vê que luz que calor que multidão de insetos vê que grande extensão de matas onde impera fecunda e Luminosa eterna Primavera Boa Terra jamais negou a quem trabalha o pão que mata a fome o teto que agasalha quem com seu amor a fecunda e umedece ver paga o seu esforço e é feliz e enriquece criança não verás país nenhum como este imita na grandeza a terra em que nasceste bom isso isso aqui é um
poema exemplar para entender que tipo de Literatura Infantil estava sendo produzida Isso é uma literatura que em certa medida pensava na criança como cidadã pensava na criança como um pequeno cidadão que deveria ser educado para este novo país que que aparece nesse sentido é em geral uma literatura que vai se guiar por valores religiosos uma literatura que vai se guiar por valores nacionalistas uma literatura que vai ser muito familiar com o valor da família e também por fim a ideia da língua como correção da língua na língua Como uma instituição se a gente tem isso
digamos no horizonte né a gente tá entendendo que a criança passa a ser também um foco de preocupação mas no sentido diverso daquele que aconteceu no século 18 e 19 em alguns países da Europa a criança passa a ser o centro da atenção porque ela que vai criar um país novo né Então seja é quase como se houvesse para o escritor de literatura infanto-juvenil o dever de agir sobre essas crianças e ao mesmo tempo uma certa preocupação cidadã nessas crianças a gente pode pensar aqui o que eu tentei chamar de ambiguidade a gente pode pensar
aqui de um lado que isso é muito preocupante né ou seja enfim a gente não foram poucas às vezes que esses valores acabaram gerando disposições autoritárias na história do Brasil por outro lado a gente também tem que pensar que pela primeira vez a literatura infanto-juvenil tava dentro de um projeto de nação Isto é eu preciso construir Finalmente uma nação forte uma nação moderna uma nação burguesa uma nação autônoma e para isso é necessário que a literatura infanto juvenil ensine nossas crianças como o Brasil é ótimo como a sua natureza e maravilhosa como a língua brasileira
é maravilhosa como Deus abençoe este país etc etc essa ambiguidade vai marcar o início da produção infanto-juvenil brasileira e vai e esse início vai durar até pelo menos 1910 1920 quando outros escritores especialmente o Monteiro Lobato sobre o qual nós vamos falar na aula seguinte vai intervir nesse debate num sentido de modernização da literatura né tirando a literatura digamos da das cuidados do estado para algo mais próximo do mercado mas também agindo dentro dos livros num Horizonte modernizador bom Espero que tenha sido bastante proveitosa aula de hoje especialmente no que tange a entender esse começo
contraditório porque ele vai voltar em outros momentos do nosso curso né Isso é a gente vai ter que lidar com vários momentos em que sobretudo a literatura infanto-juvenil brasileira estava completamente dialogando com dados históricos e sociais do país naquele momento nesse caso era um Horizonte ufanista nacionalista religioso a ideia da família tradicional da língua correta do bom português e tal e com isso as crianças esse cara vai engessar um pouco a literatura infanto-juvenil dizendo de outro jeito né vai ter uma influência enorme de adaptações e traduções anteriores e as pessoas que vão produzir nesse momento
vão dar uma certa engessada na literatura infantojuvenil Porque estão pensando essa literatura como cidadã ao mesmo tempo a gente pode finalmente dizer bom temos literatura infanto-juvenil brasileira que não é tradução de contos ou de histórias ou de livros ou de outras literaturas e de outras tradições ao mesmo tempo como vocês vão ver como Monteiro Lobato o aproveitamento do folclore que estava sendo recolhido naquele momento vai começar a cada vez ser mais frequente consumam os textos entre em contato com as facilitadoras facilitadores entre em contato comigo se possível espero que a gente tenha um bom curso
e uma boa semana logo logo tem mais uma aula nessa semana sobre a modernização da literatura brasileira com o Monteiro Lobato até mais [Música] [Música]
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