Luciano Subirá | NÃO PERCA A CONFIANÇA

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ORVALHO
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Video Transcript:
Eu quero convidá-lo, a abrir, por gentileza, a sua Bíblia no segundo livro de Crônicas, no capítulo 16, e nós vamos ler juntos do versículo 1 até o versículo 9. Eu vou ler na Nova Almeida Atualizada, mas qualquer que seja sua versão bíblica, acompanhe comigo. Segundo Crônicas, capítulo 16, de 1 a 9, o texto sagrado diz: "No sexto ano do reinado de Asa, Baasa, rei de Israel, invadiu Judá e começou a edificar a cidade de Ramá para impedir a entrada e a saída do território de Asa, rei de Judá. Então Asa tirou prata e ouro
dos tesouros da casa do Senhor e dos tesouros do palácio real, e enviou servos a Ben-Hadade, rei da Síria, que morava em Damasco, dizendo: 'Haja uma aliança entre mim e você, como houve entre meu pai e o seu pai. Eis que estou lhe enviando prata e ouro. Vá e anule sua aliança com Baasa, rei de Israel, para que ele se retire do meu território.' Ben-Hadade deu ouvidos ao rei Asa e enviou os capitães dos seus exércitos contra as cidades de Israel. Eles conquistaram Ijom, Dan, Abel-Maim e todas as cidades-armazéns de Naftali. Quando Baasa soube disso,
deixou de edificar Ramá e não continuou sua obra. Então o rei Asa reuniu todo o povo de Judá e trouxeram de Ramá as pedras e a madeira que Baasa havia usado para edificá-lo. Com elas, edificou Jeba e Mispa. Naquele tempo, o vidente Anani foi falar com Asa, rei de Judá, e lhe disse: 'Você confiou no rei da Síria e não confiou no Senhor seu Deus; e por isso o exército do rei da Síria escapou das suas mãos. Não é verdade que os etíopes e os líbios formavam um grande exército, com muitos carros de guerra e
cavaleiros? Mas, porque você confiou no Senhor, Ele os entregou nas suas mãos, pois, contra o Senhor, os seus olhos passam por toda a terra para dar força àqueles cujo coração é totalmente d’Ele. Nisto você cometeu uma loucura; por isso, de agora em diante, haverá guerras contra você.' Pai, nós oramos para que a tua palavra ilumine os olhos do nosso entendimento, alcance o íntimo do nosso coração; que ela venha carregada, ó Deus, de revelação, de compreensão espiritual, de aplicação prática, agindo de forma sobrenatural pelo teu Espírito e cumprindo o propósito pelo qual o Senhor a libera.
Nós clamamos que, de fato, haja dentro de cada um de nós aquela capacidade de percepção e análise que vai além daquilo que possa ser classificado como meramente natural. E, desde já, nós te damos glória, honra e louvor pela certeza do que o Senhor fará. Em nome de Jesus, amém. Bom, eu quero tomar esse texto como nosso ponto de partida e fazer isso usando a lente, o prisma, que o Novo Testamento nos dá para a leitura de episódios do Antigo Testamento como esse. Romanos, capítulo 15, verso 4, diz: 'Tudo quanto foi escrito para nosso ensino foi
escrito.' Inclusive essa porção das Escrituras, em 1 Coríntios 10:11, Paulo, falando, né, da história dos israelitas registradas no Antigo Testamento, ele diz que essas coisas foram escritas para a nossa advertência, para nosso exemplo. E quando diz 'para nosso exemplo', não importa se são bons, né, exemplos ou maus exemplos, mas a Bíblia diz 'para nosso exemplo', de quem são chegados os fins dos tempos. Então aqui nós temos mais do que um registro histórico sobre um episódio na vida de um dos reis de Judá; nós temos mais do que, né, uma menção de um evento cronológico na
história de um povo. Nós temos uma lição a ser aprendida ou, considerando quão viva a palavra de Deus é, lições que podem ser extraídas de um mesmo texto, uma vez que a palavra de Deus é o que nós podemos classificar aqui de inesgotável. Mas eu quero chamar sua atenção para um elemento que eu diria ser o cerne, o centro da mensagem de hoje. A Bíblia nos mostra que o rei Asa foi confrontado por um profeta chamado Hanani, porque os profetas tinham visões. Essa era a maneira como Deus falava com eles. Números 12:6, o próprio Deus
diz assim: 'Se há profeta no meio de vocês, eu me revelo a ele por meio de sonhos, visões e enigmas.' Então esse homem Hanani vem confrontar o rei, dizendo: 'Olha, lá atrás, quando você confiou no Senhor, você viu uma intervenção, mas agora, por que você escolheu confiar no rei da Síria em vez de confiar em Deus?' Ele não apenas o questiona pela escolha feita, como também anuncia quais seriam as consequências. E uma distinção que eu e você podemos fazer, né, olhando para a vida do rei Asa, é que é diferente você olhar para alguém que
nunca confiou em Deus e nunca teve experiência nenhuma com a fé; a outra é você olhar para alguém que confiou, viu resultados concretos, inquestionáveis, e agora deixa de confiar em Deus. E basicamente, essa é a essência da história aqui narrada, e eu e você, de fato, precisamos atentar para isso. O versículo 7 que lemos tem o confronto: 'Você confiou no rei da Síria e não confiou no Senhor, seu Deus.' Lá atrás, no verso 8, quando ele menciona o episódio que depois nós vamos olhar com um pouquinho mais de detalhes, a menção é porque você confiou
no Senhor. Então, basicamente, o questionamento era: você já confiou? Você já viu os resultados disso? Por que é que deixou de confiar? O tema da minha mensagem hoje é: 'Não perca a confiança.' E, se não for pedir muito de você, eu gostaria que você falasse isso para um ou dois vizinhos aí ao lado, de preferência dois, para não parecer que você está fazendo na acepção de pessoas. Fala para ele: 'Não perca a confiança.' Mesmo se você não conhecer, sorria, faça cara de paisagem. Fala aí para o outro: 'Não perca a confiança!' Para que eu possa
entender um pouco melhor essa mensagem bíblica, eu quero começar, em primeiro lugar, construindo o pano de fundo, o que eu vou chamar aqui de "o histórico de Asa", nos dias de Roboão, que era filho de Salomão, portanto neto de Davi. Nós temos o início de uma nova fase na narrativa da história dos descendentes de Israel, que é o período chamado ou classificado como "Reino Dividido". Apenas duas tribos ficam debaixo do governo da linhagem de Davi, que são a tribo de Judá, à qual o próprio Davi pertencia, e Benjamim, seus vizinhos mais próximos. As outras dez
tribos, das doze que compõem a nação de Israel, se dividem, se unem e formam um novo reino, que passa a ser chamado de "Reino de Israel", né? O Reino de Judá e o Reino de Israel; o que antes era só Israel agora se subdivide em dois, né? Muitas vezes, a maneira de se referir ao Reino de Israel, aquele que tinha o maior volume de tribos, era o "Reino do Norte", e a forma de se referir ao Reino de Judá, o "Reino do Sul". A partir desse momento na narrativa bíblica, se você não atentar para isso,
muitas vezes você pode confundir o que está acontecendo. Aqui nós temos um momento específico onde a nação de Israel, das dez tribos, está em guerra com a nação de Judá, as outras duas tribos. O que antes era um só povo, agora é um reino dividido; eles estão em guerra. Isso acontece durante o governo, durante o reinado de Asa, que toma uma decisão: "Eu preciso resolver o meu problema". Na perspectiva humana, nós podemos dizer que ele foi de um poder de gestão incrível, de uma sabedoria fantástica, porque ele simplesmente levanta todo o fundo, usando os recursos
não só do palácio, mas os tesouros que estavam na casa de Deus; normalmente, tesouros que reis anteriores haviam conquistado em batalhas e haviam dedicado e consagrado ao Senhor. E ele manda tudo isso como uma oferta, como um pagamento a Benadade, rei da Síria, dizendo: "Rompa a sua aliança com o rei de Israel, alie-se a mim e una-se a mim contra ele". E a Bíblia diz que foi isso que aconteceu. O rei de Israel, de repente, precisa avaliar as coisas e diz: "Uma coisa é guerrear com um povo, outra é abrir duas frentes de batalha ao
mesmo tempo; alguém que está ao sul e outro inimigo que está ao norte de mim". E ele simplesmente desiste da empreitada. Apesar do prejuízo financeiro que o rei de Judá, o rei Asa, tem, a Bíblia diz que, de alguma forma, ele consegue pegar todo o material que o rei de Israel estava usando para sitiar suas cidades. Existe uma espécie de compensação e, de repente, o que eu e você podemos olhar e dizer é que houve paz; deixou-se de ter guerra e, aparentemente, o problema está resolvido. No entanto, quando o profeta Anani chega, ele simplesmente anuncia
não apenas a falta de confiança de Asa, mas ele diz: "Desde agora em diante haverá guerras contra você". E para que você entenda essa declaração, não dá para deixar de considerar tudo o que acontece na vida do rei Asa. Ele assume o seu trono, né? O reinado, o governo, e a Bíblia nos mostra, daqui a pouco, a gente pode olhar para isso com um pouquinho mais de detalhes, que ele fica praticamente uma década em paz, sem ter nenhum problema. Então, de uma hora para outra, surge uma grande ameaça, e essa ameaça que é mencionada no
versículo 8 de 2 Crônicas 16 está bem descrita em 2 Crônicas, capítulo 14, dos versículos 9 até o 13. Se você puder, acompanhe comigo: 2 Crônicas 14, de 9 a 13. A Bíblia faz menção dessa batalha contra os etíopes no verso 8 do capítulo 16, mas aqui nós temos os detalhes. Zerá, etíope, saiu contra eles com um exército de um milhão de homens e 300 carros de guerra e chegou até Maress. Então Asa saiu contra ele e eles se prepararam para a batalha no vale de Zefat, perto de Maress. Asa clamou ao Senhor, seu Deus,
e disse: "Senhor, além de Ti não há quem possa socorrer numa batalha entre o Poderoso e o fraco. Ajudai-nos, Senhor, nosso Deus, porque em Ti confiamos e no Teu nome viemos contra essa multidão. Senhor, Tu és o nosso Deus; que não prevaleça contra Ti o homem." Então, o texto diz que o Senhor derrotou os etíopes diante de Asa e diante de Judá, e eles fugiram. Asa e o povo que estava com ele os perseguiram até Gerar, e os etíopes foram mortos sem restar nenhum sequer, porque foram destroçados diante do Senhor e diante do seu exército,
e levaram dali muitos despojos. Bom, a ênfase, como vimos, dada lá no capítulo 16, é de que Asa confiou no Senhor. E aqui, no verso 11, nós temos a declaração dele: "Ajuda-nos, Senhor, nosso Deus, porque em Ti confiamos". Ele simplesmente está diante de uma batalha que, humanamente, naturalmente, é impossível. Mas a Bíblia diz que ele clamou ao Senhor, seu Deus. Não era apenas o Deus da nação; era o Deus pessoal de Asa, aquele com o qual ele tinha um relacionamento pessoal. E ele declara: "Não há ninguém que possa interferir numa batalha entre o Poderoso", e
ele está classificando os etíopes com esse adjetivo de "exército poderoso", e o fraco; e aqui a classificação para o seu próprio exército é a do fraco. Mas ele diz: "Ajudai-nos, Senhor, porque nós confiamos em Ti". Eu acho interessante que ele também termina dizendo: "Porque em Ti confiamos e no Teu nome viemos contra essa multidão". Em outras palavras, nós não estamos vindo batalhar na força do braço da carne. Nós não estamos olhando para nenhuma possibilidade humana, terrena ou natural; nós estamos usando o Seu. Nome e a confiança no Senhor. Isso me lembra Davi, quando vai ao
encontro de Golias, enquanto os homens de batalha experientes do exército de Israel, nenhum deles tinha coragem de enfrentar Golias, nem Saul, rei que era o maior, falando em termos de estatura. Ainda que menor que Golias, aquele que talvez humanamente tivesse uma possibilidade de se sair melhor naquele tipo de combate corporal. Enquanto ninguém queria, Davi simplesmente surge e diz: "Eu vou enfrentar". A turma olha para ele e diz: "Você não tem experiência de guerra". Tentaram oferecer uma armadura e Davi diz: "Esse negócio não funciona, eu não estou habituado". Mas Davi diz: "Assim como Deus já me
livrou do urso e do leão, ele vai me livrar do gigante". Interessante que, quando ele fala que Deus o livrou do urso e do leão, ele não está dizendo que ele fugiu do urso e do leão e que precisou, como livramento divino, achar um lugar escondido e apertado onde as feras não entrassem. Ele vai descrever uma história em que, um dia, ele partiu para cima do urso e do leão. Ele vai descrever como, na condição de pastor, ele foi arrancar a ovelha da boca dos predadores. E ele menciona, em um desses casos, agarrando o bicho
pela barba para matá-lo. Ele parte para cima e diz: "Quer saber? Não vai ser diferente com Golias. Não só Deus vai me entregar, mas eu vou para cima". E ele vai enfrentar o homem. Quando Golias está vindo na sua direção, ele diz: "Você vem contra mim com espada, com lança, com escudo". Mas Davi diz: "Eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, Jeová, Tzebaot, o Senhor da Guerra". Davi não diz: "Eu vou contra você com a funda", ainda que ele tivesse em posse de uma. Ele diz: "Eu vou contra você em nome do
Senhor dos Exércitos". E sabe, eu e você precisamos entender isso. Aliás, eu não gosto quando a turma conta a história de Davi e diz que ele derrubou o gigante com um estilingue. Eu digo: "Gente, chamar aquele negócio de estilingue é desmerecer". A funda também era usada na guerra, né? A capacidade que aquilo tinha de dar pressão, velocidade e até precisão no lançamento da pedra era algo impressionante. Mas Davi está dizendo: "A força do golpe, a precisão do golpe não será habilidade que eu desenvolvi; ela será uma intervenção divina". E esse tipo de linguagem revela o
quê? Fé e confiança. E a Bíblia nos mostra que Asa está tratando Deus como seu Deus, está declarando confiança, e o relato bíblico é de que o Senhor derrotou os etíopes diante de Asa e diante de Judá. A Bíblia volta a dizer que eles foram destroçados diante do Senhor e diante do seu exército, ou seja, o exército de Asa é apenas a ferramenta, é apenas o instrumento. Deus fez algo, e o impacto dessa intervenção divina foi tão grande que a Bíblia nos mostra que, durante 25 anos, haveria novamente um período de paz. É muito importante
que a gente consiga observar isso, porque lá na frente, quando o profeta Anani vem, ele diz para ele: "Você confiou em Deus e viu intervenção". E ele fala de um princípio, ele fala de uma lei que podemos chamar do efeito de causa e consequência. E diz: "Quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra". Verso 9 de Segunda Crônicas 16, o nosso texto: "Quanto ao Senhor, os seus olhos passam por toda a terra para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele". O que significa "os olhos do Senhor passam por toda a
terra"? É uma linguagem figurada, alegórica, para dizer que Deus está procurando pessoas cujo coração seja totalmente dele. Traduzindo: gente que se entregue totalmente, que confie plenamente. Ele está dizendo que, para com esses, Deus vai se mostrar forte. Ou seja, não vai mostrar sua força, o seu poder, para todo mundo. Eu posso te garantir: é um princípio espiritual. E ainda hoje a gente pode dizer que os olhos do Senhor estão sobre esse auditório, procurando onde estão aqueles cujo coração será totalmente meu, porque é para com esses que Deus mostra a sua força. Então, nós temos declarações
nesse texto inicial que lemos de causa e consequência. Por exemplo, quando, no verso 7, se fala de ter confiado no rei da Síria e não no Senhor, a mensagem de Anani é: "Por isso, o rei da Síria, ou seja, o exército do rei da Síria, escapou das suas mãos". O que Deus está dizendo? Ele está dizendo: "Você se arrumou um novo aliado para se livrar do inimigo, mas, presta atenção, seu novo aliado futuramente será seu inimigo. E o livramento que você teria, o crédito de receber tanto de um como de outro se confiasse em mim,
acabou de ir embora, porque você escolheu fazer as coisas da sua forma, resolver você mesmo os seus problemas. E você perdeu completamente o crédito de um livramento que eu teria disponibilizado a você. No entanto, o confronto diz lá atrás: 'Por que você confiou no Senhor, ele entregou os etíopes e os líbios nas suas mãos?'. Então, de novo: por que confiou? Deus deu o livramento; por que não confiou? Agora não terá o livramento". Nós podemos perceber que, ao longo de toda a Escritura, há uma ênfase na responsabilidade humana, há uma ênfase na interação necessária entre o
homem e Deus para que ele viva as ações e as intervenções do Senhor. E, quando falamos de confiança, há sempre, né, ao introduzir o assunto da fé, da crença em Deus, da confiança, não importa o sinônimo que usamos para classificar o assunto confiança, há sempre dois aspectos que precisam ser levados em consideração. Um deles diz respeito àquilo que é eterno: a consumação plena da nossa salvação, com resultados eternos. Então, em Primeira Pedro, no capítulo 1, no verso 9, a Bíblia... Diz afim de que alcanceis, para que alcanceis o fim. Algumas traduções dizem: "O objetivo final
da vossa fé é a salvação das vossas almas." Em você cremos, em essência, para a nossa plena e eterna salvação. Você pode dizer amém? Agora, isso não significa que a mesma fé que nos levará a resultados eternos, ao benefício dessa plena salvação, não produza manifestações e intervenções de Deus aqui e agora, diante de necessidades que temos também nessa vida terrena. Quando você olha para as Escrituras, não dá para negar esse outro aspecto da fé. Então, em 1 João, no capítulo 5, o apóstolo declara que todo aquele que é nascido de Deus - isso deve incluir
a mim e a você - vence o mundo. Ele diz: "Essa é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." Ou seja, enquanto caminhamos em direção à nossa plena e eterna salvação, teremos adversidades. Nós enfrentaremos resistências; teremos problemas, chame do jeito que você quiser. E eles precisam ser vencidos nessa caminhada terrena. A forma de vencê-los é usando a mesma fé que nos leva à salvação eterna. Então, particularmente, eu não gosto quando vejo determinadas igrejas e pregadores dando ênfase à fé, quase como se ela fosse só para melhorar a nossa vida terrena e não tivesse
um impacto eterno. Paulo diz em 1 Coríntios 15: "Se é só para essa vida que esperamos em Cristo, nós somos de todos os homens os mais dignos de lástima." Outra tradução diz: "Os mais infelizes." Então, nós não podemos apenas definir a fé como algo que resolve conflitos, adversidades momentâneas, e nos esquecer daquilo que é eterno. Mas aí, nós temos outro grupo, às vezes zeloso, de não perder a essência da mensagem da fé e do seu objetivo de plena e eterna salvação. Eles parecem também fazer uma outra dicotomia, uma outra divisão, e sinalizar que a fé
só vai ter resultado eterno e que não há intervenções a serem vividas agora. E a gente não pode olhar para isso e concordar, dizendo que apenas a gente simplesmente se sujeita a tudo aquilo que se levantar, que não há como confiar em Deus para nenhuma intervenção aqui, porque nós só estamos esperando uma salvação eterna. Essa mensagem também não é bíblica. É lógico que, se formos comparar os dois aspectos, aquilo que é eterno tem mais peso do que aquilo que é passageiro. O apóstolo Paulo ilustra isso escrevendo a Timóteo; ele diz que o exercício físico tem
pouco proveito, mas a piedade para tudo é proveitosa. Ele não está dizendo que o exercício não tem proveito, mas diz que tem pouco proveito. Porém, a piedade para tudo é proveitosa. Por quê? Ele diz que tem a promessa dessa vida e da que há de vir. Traduzindo: o exercício melhora sua qualidade de vida aqui e só não produz resultados eternos. A piedade abençoa você aqui e produz resultados eternos. Ele não está falando para escolher entre um e outro; ele mostra que você pode usar os dois. Mas, obviamente, ele está dizendo que existe algo que tem
um peso maior, porque suas consequências são eternas. Quando falamos desses dois aspectos da fé, não estamos falando de fés diferentes. É a mesma fé, no mesmo Deus, fundamentada na mesma palavra e promessas, e que tem áreas de atuação que são complementares, não divergentes. Então, eu e você, ao longo da caminhada, teremos adversidades; teremos circunstâncias difíceis e precisamos aprender a confiar no Senhor se queremos ver o sobrenatural de Deus. Se queremos ver manifestações do poder de Deus e suas intervenções milagrosas, mas não podemos limitar a fé a isso e ignorar aquilo que é eterno. Mas considerar
o que é eterno não precisa significar ignorar o mover de Deus. Enquanto caminhamos com essa visão clara de que a fé, a confiança, é abrangente, eu e você precisamos entender o que é a confiança. E essa é a história: a confiança pode ser perdida. E ao que eu quero repetir, que algumas vezes, pior do que nunca ter confiado em Deus, é ter confiado, ter visto o resultado e, de repente, comprometer, perder essa confiança que já demonstrou ser funcional. Então, olhando para a vida de Asa, a gente percebe como ele começa. Em 2 Crônicas, capítulo 14,
verso 1, diz assim: "Abias morreu e eles o sepultaram na cidade de Davi, e Asa, seu filho, reinou em seu lugar. Nos dias dele, a terra esteve em paz durante dez anos." Os primeiros dez anos do reinado de Asa foram de tranquilidade: nenhuma guerra, nenhuma batalha. Então, surge essa situação da qual já lemos, onde os etíopes se levantam com um exército que seria impossível de vencer, não houvesse aquela intervenção de Deus. Depois da vitória contra os etíopes, a Bíblia fala de mais 25 anos de paz. Em 2 Crônicas 15:1, diz que não houve guerra até
o 35º ano do reinado de Asa. Então, Asa assume o trono, tem dez anos de paz, a batalha contra os etíopes com livramento de Deus e, agora, isso significa: estamos no décimo ano; até o 35º ano, temos 25 anos de paz. Ou seja, nos primeiros 35 anos do seu reinado, ele teve uma situação de guerra e ainda com intervenção de Deus. Agora, surge o problema com Baasa, rei de Israel. E é nesse momento que surge o problema com Baasa que nós vemos. Ele simplesmente não consultou a Deus, não buscou ao Senhor, não orou, né? Ele
simplesmente age como quem está comunicando a seguinte mensagem: "Eu me resolvo, eu me garanto, eu dou meus pulos, eu consigo sair dessa", quase como quem disse para Deus: "Dessa vez eu não preciso de você." E é evidente que ele perdeu a sua confiança, em primeiro lugar, pela própria mensagem do profeta, que está dizendo: "Antes, você confiou e viu o livramento; agora, você escolheu não confiar, e os resultados estão aí." Porque só se vê a força e o poder de Deus quando o nosso coração é totalmente d'Ele. Mas há outros relatos que mostram que esse homem
perdeu a confiança. A gente leu do verso 1 ao 9 de Segundo Crônicas 16, e o verso 10 nos mostra qual foi a atitude de Asa com o profeta Anani. A Bíblia diz: Porém Asa se indignou contra o profeta e o lançou na prisão, porque estava enfurecido contra ele por causa disso. Na mesma ocasião, as oprimiu alguns do povo. Então, a questão não é ser confrontado; a questão é o que você faz com o confronto. É lógico, esses mornas soberanos, né? Eles, pelo nível de poder que tinham, muitas vezes o ego se tornava um tanto
quanto exacerbado. Mas você olha para Davi, por exemplo; depois de ter pecado, quando Natã o visita e coloca o dedo na ferida, qual foi a reação de Davi? O Salmo 51, que Davi compõe como arrependimento do seu pecado, ele declara a Deus: “Contra ti, e contra ti somente, eu pequei.” O que nós vemos é um homem que se quebranta, é um homem que se arrepende, que vai trilhar um caminho de restauração. No entanto, a atitude de Asa não foi dizer “eu errei.” A atitude de Asa é dizer ao profeta: “Eu não tô nem aí para
o que você tá falando, e eu vou te silenciar,” e o colocou na prisão. É lógico que o problema dele não era com o mensageiro; o problema de Asa é com quem enviou o profeta, é com quem enviou o mensageiro. Mas toda a sua atitude mostra que realmente o coração dele havia se desconectado de Deus. E é um outro detalhe: na mesma ocasião, Asa oprimiu alguns do povo, aqueles a quem deveria servir. Alguns versículos à frente, Segundo Crônicas 16, verso 12 e 13, mostram que até mesmo por ocasião da morte, poucos anos depois, essa foi
a atitude dele. A Bíblia diz: No 39º ano do seu reinado, Asa contraiu uma doença nos pés, e essa doença era muito grave. Porém, na sua enfermidade, ele não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos. Asa morreu no 41º ano do seu reinado. Sabe, nós temos algo que precisa ser compreendido. Em primeiro lugar, eu quero deixar claro que eu não creio que esse texto diga o que eu já vi alguns pregadores tentar fazê-lo dizer: que o crente não deveria buscar ajuda médica, porque isso significa incredulidade. A medicina é uma dádiva de Deus. A Bíblia faz
menção, né, em Ezequiel 47, das folhas de uma árvore que seriam para remédios. Essa sabedoria e entendimento têm sido dados por Deus ao longo da história da humanidade e têm sido bem utilizados, desde o entendimento do uso de alimentos, como o uso das plantas, das ervas. Paulo se refere a Lucas, que era parte da sua equipe missionária, como sendo o médico amado. Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo, que tinha um ministério de cura poderoso, ele dá orientações muito práticas. Ele diz, por exemplo, em Primeira Timóteo 5: “Não beba apenas água; por causa das frequentes enfermidades
no seu estômago, beba um pouco de vinho.” O que ele está dizendo? Ele não está dizendo só para Timóteo: “Olha, você tem que só orar e aplicar fé.” E eu, obviamente, não estou falando contra isso; estou apenas deixando claro que a Bíblia não espiritualiza. Não guardar a cidade em vão vigia a sentinela. Deus não está dizendo que não pode ter sentinela; Deus não está dizendo que não deveríamos nos preocupar com esse tipo de segurança. Ele apenas está dizendo que, se nós confiarmos apenas na sentinela e não no que Ele pode oferecer, nós teremos um problema,
pois não teremos segurança completa. A mesma mensagem é dada por meio de Paulo na carta a Timóteo, quando no capítulo 6, dos versos 17 a 19, Paulo diz assim: “Exorto os ricos deste mundo que não confiem na instabilidade das riquezas, mas em Deus.” A questão não é que é errado você ter recursos; a questão não é que é errado você fazer um pé de meia, você ser previdente. A sabedoria divina nos mostra isso quando José, no Egito, disse para Faraó: “Aproveita os anos das vacas gordas de prosperidade, estoca, provisiona, para que você possa enfrentar o
momento da necessidade.” O problema é quando existe uma confiança que é depositada nas riquezas, em vez de ser depositada em Deus. Interessante que Paulo diz assim: “Não confie na instabilidade das riquezas.” Sabe o que ele está dizendo? Mesmo aquilo que você acha que é o seu pé de meia, aquilo que você se organizou a ponto de dizer dentro de você: “Eu me garanto,” você pode ser surpreendido. As circunstâncias podem mudar, a economia mundial pode virar da noite para o dia, e daqui a pouco você vai descobrir que isso não é tão estável quanto você achava
que era. Então, não tem nada de errado você tomar as suas providências; errado é quando você confia nisso a ponto de descartar a confiança em Deus. E a Bíblia diz que ele não recorreu ao Senhor; ele confiou nos médicos. O problema é a confiança nos médicos a ponto de dizer para Deus: “Eu te descarto, eu não preciso de você, eu me garanto, eu tenho quem resolva o meu problema.” E os médicos não conseguiram resolver o seu problema. Por outro lado, você vai ter reis como Ezequias, que, os médicos não podiam resolver o seu problema. Ele
vira para a parede, ele ora, ele chora, ele clama, e ele vê uma intervenção de Deus. A questão é onde colocamos a nossa confiança. E o que me parece ficar muito claro nessa história é que esses aspectos da fé, seja se nós estamos falando do relacionamento pessoal com Deus, de fé para as circunstâncias, ou daquilo que diz respeito até mesmo à nossa salvação, que é eterna, eles se mesclam de tal forma que precisamos estar atentos ao que realmente importa. Forma, no uso da mesma fé, que muitas vezes nós não percebemos que, ao estar baixando a
guarda para confiar em intervenções de Deus na vida terrena, nós podemos estar comprometendo todas as outras áreas onde a fé deveria estar agindo. E quando eu olho para a vida de Asa, obviamente fica claro, fica evidente para mim que a confiança, que a fé, ela pode ser perdida. Quando eu olho para o que aconteceu, eu não creio que o rei foi castigado entre aspas porque deixou de confiar em Deus. Deus, de uma forma birrenta, rancorosa, diz: “agora você vai ver, agora eu vou para cima de você.” Deus simplesmente diz que o exército da Síria escapou
das suas mãos, o que você nem imagina que são os problemas que você ainda terá. Você acabou de jogar fora toda a provisão quando escolheu não confiar. Deus só pode agir nas nossas vidas através da fé. A Bíblia diz que o justo viverá da sua fé; que aquele que se aproxima de Deus deve crer que sem fé é impossível agradar a Deus. Tiago, capítulo 1, verso 5, diz: "Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá liberalmente." Ele está dizendo que Deus pode interferir em todas as suas necessidades enquanto
você caminha nessa terra, dando a você aquilo que você não tem. No verso seguinte, ele diz: "Peça, porém, com fé, não duvidando." E diz: "Porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada e agitada pelo vento." Ele diz: "Não pense tal homem que receberá do Senhor coisa alguma." O assunto inicial é sabedoria; ele diz que, se não tiver fé, não só não recebe a sabedoria, como não se alcança coisa nenhuma. A fé é a única forma através da qual eu e você podemos receber de Deus não apenas a salvação eterna, mas
qualquer nível de intervenção. E o ponto é: a confiança pode ser minada com todos os resultados que ela poderia proporcionar se não tivesse sido perdida ou comprometida. Esse homem não foi castigado; ele simplesmente escolheu agir por conta própria. Ele disse para Deus, ainda que de uma forma não verbal, por meio das suas atitudes: "Eu não preciso do Senhor, eu me resolvo, eu me garanto." Então Deus olha para ele e diz: "Então você está por conta." A pergunta prática a ser feita é: Por que razão o rei deixou de confiar? O que aconteceu? A gente consegue
ter uma leitura dessa autossuficiência, alguém que está dizendo para Deus: "Eu me garanto, eu resolvo meus problemas sem o Senhor." Mas como alguém que lá atrás estava dizendo: "Nós não podemos sem o Senhor," está clamando, está crendo, está vendo aquilo que Deus pode fazer? Chega a esse ponto. Obviamente, nós não estamos falando de alguém que dormiu crendo e acordou descrendo. Nós temos um tempo de, pelo menos, 25 anos. Eu já questionei todo tipo de coisa aqui: será que a falta de problemas, a ausência de guerras, de batalhas, de necessidade fez com que os músculos da
fé desse homem se atrofiassem em vez de se desenvolverem? Tiago, capítulo 1, verso 2, diz: "Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria, não só alegria, mas grande alegria, o passares por várias provações." Não só provações, mas várias. Quando você considera esses detalhes, a mensagem chega a ser quase assustadora, porque ter alegria na provação já não é fácil. Agora, a Bíblia manda ter muita alegria em várias provações. Mas quando você olha o texto bíblico, percebe a justificativa para que eu e você nos alegremos, porque normalmente a nossa inclinação é olhar somente para o problema em
si que nós estamos enfrentando como algo desconfortável. Mas o verso seguinte, o 3, diz: "Sabendo que a aprovação da fé que vocês têm produz perseverança." Ora, a perseverança deve ter ação completa para que vocês sejam perfeitos e íntegros, sem que lhes falte nada. Ele está dizendo que, enquanto você está pensando em evitar o desconforto de adversidades, você não percebe que poderia estar comprometendo o seu crescimento. Mas há muitas coisas que precisam ser consideradas. O ponto, enquanto nós vamos considerando algumas dessas coisas a serem avaliadas, é que não só, como eu disse em segundo lugar, depois
de avaliar o histórico de Asa, a confiança pode ser perdida, mas é o contraponto de que a confiança deve, precisa ser preservada. Então, ela pode ser perdida no sentido hipotético, potencial, probabilidade, mas ela deve ser preservada no sentido de um claro policiamento. E essa é uma advertência que a palavra de Deus faz para mim e para você. Hebreus, capítulo 10, verso 35, diz: "Portanto, não percam a confiança de vocês, porque ela tem grande recompensa." Você poderia repetir esse verso comigo? Mas antes de pedir para você repetir, já vou pedir: aumenta um pouquinho o volume antes
de você falar para eu não ter que pedir duas vezes. Vamos falar isso com vontade, tá bom? Diga comigo: "Não percam a confiança de vocês, não percam a confiança de vocês, porque ela tem grande recompensa, porque ela tem grande recompensa." Só mais uma vez: "Não percam a confiança, não percam a confiança, porque ela tem grande recompensa." Agora, por que a Bíblia traria uma advertência? E não estamos falando de um caso único, exclusivo, nem isolado. Isso é recorrente nas escrituras. Por que a Bíblia falaria sobre não perder a confiança se não fosse possível que isso acontecesse?
É evidente que há um risco, que há uma probabilidade, mas eu e você somos responsabilizados a zelar para que isso não aconteça, a proteger a nossa fé e confiança de maneira a não perdê-la. Então o verso 36 a 39, nós lemos o 35 de Hebreus 10, segue dizendo: "Vocês precisam perseverar para que, havendo feito a vontade de Deus, alcancem a promessa." O que é perseverar? "Eu fiz a vontade de Deus, eu..." Já vi intervenções da parte de Deus, Asa também, mas se não perseverar na mesma confiança, você pode não alcançar, no final, aquilo que Deus
tem, ainda que tenha alcançado no início da jornada. No início da caminhada, o texto segue dizendo: "porque ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não irá demorar; mas o meu justo viverá pela fé" (uma referência a Habacuque 2:4). "E se retroceder, dele a minha alma não se agradará", significa que alguém pode retroceder na fé. Claro que sim! Essa é a classificação, o adjetivo dado a quem perde a confiança. E se retroceder, dele a minha alma não se agradará. O texto termina no versículo 39: "Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a
perdição, mas somos da fé para preservação da alma." Agora vamos pensar juntos: será que é possível que aquela mesma fé, aplicada no mesmo Deus, seja para circunstâncias terrenas ou para resultado eterno? Mas é a mesma fé, aspectos diferentes. Será que é possível que ela seja comprometida em um aspecto sem que seja no outro? Será que nós vamos imaginar que perder a confiança é só um problema para não ver milagre aqui na terra, mas que isso jamais afetaria o curso da nossa salvação? Eu não posso aceitar isso, porque o texto fala daqueles que retrocedem, e eles
não retrocedem apenas na quantidade de intervenções divinas aqui na terra. A Bíblia diz: "estão retrocedendo para a perdição". Mas quando você preserva a confiança para ela não ser perdida, isso garante o quê? A preservação da sua alma. Então, é evidente que quando falamos de guardar fé e confiança, não é só para questões terrenas, é a mesma fé que deve nos levar para resultados eternos. E aí realmente me incomoda e me aborrece profundamente quando eu vejo pregadores, escolas teológicas. Eu não estou colocando-os em cheque, se são ou não homens de Deus, se são ou não abençoados,
se são ou não ministérios úteis e importantes; mas quando eu percebo que nessa área eles insistem em dizer que não existe o menor risco de que alguém perca a salvação, oferecem um falso senso de segurança, porque a Bíblia diz que a salvação é pela fé (Efésios, capítulo 2, verso 8): "pela graça, os salvos mediante a fé". Agora, a Bíblia diz que a fé pode ser perdida. Se a fé que me conduz à salvação, que ainda não está completa, a Bíblia diz: "desenvolve a vossa salvação para que alcanceis o objetivo final da fé, a salvação da
vossa alma". Se ela não está completa e eu perco a fé que me leva a esse resultado, como é que o resultado está garantido sem a fé que me leva para lá? O apóstolo Paulo diz em 1 Timóteo, capítulo 1, verso 19, que alguns vieram a naufragar na fé. Já usei esse exemplo aqui várias vezes e vou seguir insistindo na mesma metodologia de Paulo, quando escreve aos Filipenses e diz: "eu não me canso de repetir as mesmas coisas". O que é a ideia do naufrágio? Alguém entra em uma embarcação, em um navio atracado em um
porto, para fazer uma jornada. Qual o propósito da jornada, da viagem? Levá-lo a um lugar, a um destino. Então, lá o navio vai aportar, e quando tiver atracado em segurança, aqueles que embarcaram descem no destino final. A Bíblia compara a nossa jornada rumo ao alvo, aquilo que Paulo diz em Filipenses: "eu prossigo para o alvo". Que alvo? O prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Compare isso com a jornada da fé. Mas o que era o naufrágio? Quando alguém, nessa jornada, o navio ou embarcação naufraga, isso significava não apenas que a jornada não
era completada, mas que as pessoas se perdiam no processo. Quando aplicamos isso à caminhada de fé, que conclusão chegamos? Paulo está dizendo de uma jornada interrompida, de gente que se perdeu no processo, e a gente simplesmente nega isso de forma deliberada. O apóstolo Paulo encerra a sua carreira dizendo: "eu combati o bom combate" (2 Timóteo 4:7); "combati o bom combate e cressei a carreira, guardei a fé". Se a fé não pudesse ser perdida, não haveria motivo para ele levantar e, orgulhosamente, não no sentido mau, dizer: "eu guardei minha confiança, nunca se perdeu". Aliás, não haveria
nem necessidade de guardar, se a fé não se perde. Então, eu e você temos responsabilidade em guardar a fé. E no exercício dessa responsabilidade, a pergunta a ser feita é: como se perde a confiança no meio do processo? E questionar isso não é porque a gente queira perder, é porque, conhecendo o processo, é mais fácil evitá-lo. Como eu disse no caso de Asa, não foi da noite para o dia, e acredito que, com a maioria de nós, não é assim. Há alguns anos, ouvi uma frase que fez muito sentido: alguém disse assim: "o homem de
Deus não cai; ele vai caindo". É sempre um processo, é sempre gradual, e nós precisamos entender que há algumas coisas que podem evitar esse processo: entender que ele pode acontecer, decidir vigiar, entender a nossa responsabilidade em nos resguardar. É parte do processo, mas há coisas que eu e você não podemos ignorar no ensino bíblico. E uma delas é conservar o senso de dependência de Deus continuamente, para que a gente não chegue ao ponto de Asa, de olhar para Deus e dizer: "eu te descarto, eu me garanto, eu sou suficiente". É possível que alguém chegue a
esse ponto? Claro que é, e as advertências bíblicas mostram isso. Em Deuteronômio 8, quando Deus está falando a respeito do momento em que eles entrariam na Terra Prometida, o Senhor diz assim: "mas depois que vocês tiverem comido, depois tiverem fatos, depois tiverem construído casas, depois tiverem prosperado, não se esqueçam do Senhor, seu Deus". Quando ele fala de esquecer, ele não está falando de uma amnésia absoluta, que alguém acorda e diz: "quem é Deus?" Não lembro desse ser e dessa criatura. Não é isso, assim como quando o Senhor Jesus instituiu a ceia que nós vamos celebrar
daqui a pouco, e disse: "Façam isso em memória de mim". O que é "em memória"? Recordação, arte e lembrança. O Senhor Jesus também não estava acreditando ou insinuando que eu e você acordamos uma manhã e a gente não lembraria mais quem é Ele, nem o que Ele fez. Ele não está falando de perder a consciência, mas Ele está falando de quando a consciência perde a sua força. Então, é necessário mantê-la viva, é necessário mantê-la acesa. Como fazemos isso? O texto de Deuteronômio 8 que eu citei diz assim, nos versos 17 e 18: "Portanto, não pensem:
'A minha força e o poder do meu braço me conseguiram essas riquezas'. Pelo contrário, lembrem-se do Senhor seu Deus, porque é Ele quem lhes dá força para conseguir riquezas, para confirmar sua aliança que sob juramento prometeu aos pais de vocês, como hoje se vê". Deus está dizendo: "Quando os resultados chegarem, quando vocês tiverem crescido, quando tiverem prosperado, não se achem. Não olhem para vocês dizendo: 'Meu braço me garantiu'". Lembrem que foi o Senhor. Quando a Bíblia diz "Em tudo dai graças", é um chamado para que o tempo todo a gente reconheça o que Ele tem
feito por nós. Em João 15:5, Jesus disse: "Sem mim nada podeis fazer". Paulo, em 1 Coríntios 15:10, faz uma afirmação ousada — alguns a considerariam abusada — e diz: "Eu trabalhei mais do que todos os apóstolos". Depois de fazer isso, diz: "Não eu, mas a graça de Deus comigo". O que ele está dizendo? "Posso ter tido resultado, mas não vou cair no engano de achar que eu sou o cara. Os recursos vieram dEle, a força veio dEle, o poder de realização era dEle". E a Bíblia nos mostra com clareza; Paulo sinaliza isso em 1 Coríntios
1, para que, no final das contas, ninguém se glorie diante do Senhor. Nenhum de nós, no final, vai poder, no dia da prestação de contas, dizer para Deus: "Pois é, até o Senhor sabe que eu sou o cara", porque isso não é verdade. E Deus está dizendo: "Lembre disso então, e nós precisamos cultivar uma mentalidade de dependência". Porque o processo, que é gradual, pode acontecer de uma forma tão lenta, tão paulatina, que eu e você nem nos damos conta. Me permita dar um exemplo de algo que Deus me corrigiu há muitos anos atrás. Em dezembro
deste ano, estou completando 30 anos de ministério pastoral. Comecei a pregar a palavra de Deus alguns anos antes disso, são mais de três décadas servindo a Deus. Eu me lembro de anos atrás, um dia em que o Senhor me confrontou a respeito de uma mudança no meu comportamento. Ele me perguntou: "Por que é que você não ora mais como orava no início?" Desde jovem solteiro, eu separava horas do meu dia, mesmo com uma agenda apertada de trabalho e estudo, para estar com Deus. Dia a dia, raramente iria ministrar em qualquer lugar sem ter investido um
bom tempo de oração e jejum buscando a Deus. Mas agora o Senhor me cobra e diz: "Por que você não ora como orava antes?" Eu falei: "Deus, eu era solteiro; não tinha mulher, não tinha filhos, não tinha igreja para pastorear", quase como quem diz: "O Senhor mesmo me encheu de tanta atividade que agora não sobra tempo para orar como eu orava antes". Isso não significa que eu não orava, mas eu não orava como orava antes; não era o mesmo ritmo, não era a mesma intensidade, não era o mesmo tempo dispendido diante do Senhor. E quando
eu estou dizendo aquilo, eu realmente já acreditava naquilo, porque ninguém acha que consegue enganar o Deus que sabe todas as coisas. Quando eu respondi isso, o Senhor me falou: "Não, essa é a desculpa na qual você resolveu acreditar e, dessa forma, não enxerga o que está acontecendo." Ele me disse: "A razão pela qual você orava muito mais no início era por um senso de incapacidade, o que gerava em você um senso de dependência. Era sempre um desespero dentro de você: 'Eu não consigo fazer isso a menos que Deus o faça'. Então, todo tempo gasto em
oração era um clamor para que você visse a minha manifestação". Mas o Senhor diz: "À medida que o tempo foi passando, você começou a sentir que era bom naquilo que fazia, que agora você tinha pegado o jeito, que agora você tinha o traquejo da coisa, e, sem que você percebesse, passou a me colocar de fora". E o ponto é que Deus não apenas falou; Ele abriu meus olhos. Eu enxerguei aquilo com tanta clareza que não havia nada, absolutamente nada, que eu pudesse falar para retroceder aquilo. Eu simplesmente percebi que estava enganando a mim mesmo. E
é por isso que a Bíblia às vezes fala de pessoas, como Pedro, quando o galo canta; como o filho pródigo que caiu em si porque estava fora de si. E essa é a hora em que a sua atitude determina como as coisas se conduzirão. Você vai ficar revoltadinho, estilo "não quero brigar com Deus"; ou você vai, semelhante a Davi, dizer: "Eu me arrependo e eu conserto"? Temos uma leitura equivocada que é exacerbada dentro da cultura latina. Eu diria que, quanto mais eu viajo e conheço povos e culturas, mais evidente isso fica para mim. Dentro da
cultura latina, nós temos uma dificuldade enorme com o confronto, porque a gente vê o confronto como se fosse uma reprovação de quem somos, não de algo que fizemos. Então, quando Deus chama atenção porque nos ama e quer o melhor de nós, é como se a gente já visse naquilo um selo de desaprovação. Existe uma reação emocional: a gente se fecha e a gente bagunça as coisas. É por isso... Que, no livro do Apocalipse, você vê o Senhor dizendo com toda a clareza: "Tens a teu favor isso, isso e isso; ou seja, eu não te desaprovo
quanto pessoa. Eu estou aprovando você, mas tem um comportamento que precisa ser arrumado, que também não muda a minha capacidade." O Senhor precisa vir, como a gente diria, pisando em ovos, para não criar uma resposta errada. Naquele dia, eu chorei e chorei muito. Eu passei a orar e clamar a Deus com insistência: "Não me deixe entrar nesse processo gradual de autossuficiência, de te excluir do processo; me ajude." Mas, ao mesmo tempo em que eu dizia "me ajude", o Senhor diz: "Há formas de você se ajudar, e uma delas é cultivar a gratidão por tudo que
Deus tem feito. É o tempo todo reconhecer aquilo que você não pode fazer sozinho; é você continuar crendo, crendo e crendo, e clamando por novas intervenções, lembrando que esse tem sempre sido o meu histórico: dependência de Deus. A fé, ela não apenas pode; ela precisa ser preservada. E a minha mensagem para você hoje é: não perca a sua confiança." Me parecia, às vezes, que Deus cobrou quase que demasiadamente, mas como foi dito em Lucas 12:48: "Aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido." Quanto mais nós vemos e experimentamos o que Deus tem, maior
será o nível de cobrança. E, à luz do que Deus podia fazer, ele não tinha o menor direito de escolher parar de confiar. Eu vou repetir mais uma vez o que eu anunciei: "Ficaria repetindo, pior do que nunca ter confiado em Deus, é alguém tê-lo feito, provado resultados e então abandonar a confiança." Eu termino lendo a você a advertência de Hebreus, capítulo 3, de 12 a 14: "Tenham cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha um coração mau e descrente que o leve a se afastar do Deus vivo." O verso 12 traz uma advertência que
é generalizada: "Temos de ter cuidado para que não haja um coração mau e descrente." Outra tradução diz "um perverso coração de incredulidade." O que ele faz? Nos leva a nos afastar do Deus vivo. Como que alguém se aproxima? Hebreus 11 diz: "Aquele que se aproxima de Deus deve crer." Nós nos aproximamos por fé; só pode afastar quem já se aproximou primeiro. Como se afasta? Por incredulidade, o oposto da fé. O verso seguinte diz: "Pelo contrário..." O que é ao contrário de se afastar? Permanecer próximo, colado, juntinho, ou, na linguagem do bom mineiro do interior, agarrado
nele. E diz: "Pelo contrário, animem uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje, a fim de que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, porque temos nos tornado participantes de Cristo." Se... aqui o condicional é claro: "Se, de fato, guardarmos firme até o fim a confiança que desde o princípio tivemos." Se ela não for comprometida, então os resultados eternos também serão preservados, e não só as intervenções de Deus na nossa jornada terrena. Que o Senhor nos ajude a perceber o quão sério isso é: abraçar sua mensagem amorosa que
valoriza cada um de nós e o relacionamento que Ele quer ter conosco. E que a gente seja cuidadoso no exercício da nossa responsabilidade de permanecer interagindo com Ele. Em nome de Jesus, feche seus olhos. Pai, nós oramos para que a tua palavra produza resultados não apenas aqui e agora, mas mesmo depois dessa reunião. Nós oramos para que aquilo que o Senhor começou não apenas continue, mas cresça, progrida, se desenvolva, e que a tua palavra, como o Senhor disse por boca do profeta Isaías, cumpra o propósito pelo qual tem sido enviada. Agradecemos a expressão do seu
amor, sua advertência, sua instrução, a orientação, exortação para preservarmos a fé e a confiança. E queremos te dar a devida resposta, clamando graça e favor sobre cada um, para que a resposta seja não apenas aquilo que diremos, aquilo que sentiremos ou pensaremos apenas nesse momento de ideia, mas o que faremos com isso logo depois. Nós oramos em nome de Jesus. Amém.
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