Por um colapso do indivíduo e de seus afetos | Vladimir Safatle

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Café Filosófico CPFL
O conceito moderno de indivíduo é, principalmente, o conceito de um sistema de afetos, no fundamento...
Video Transcript:
[Música] é uma forma de organização política econômica e social alimenta um certo ritmo de nossos desejos as nossas formas de sofrer fantasia circum e sensibilidade são reprimidas um circuito de afeto se naturaliza presos aos mesmos afectos de sempre não somos capazes de criar novas formas sociais como promover uma transformação esta série do café filosófico procura refletir sobre esse desafio a partir de uma articulação entre psicanálise filosofia e teoria social [Música] estamos acostumados a colocar a dimensão dos afectos apenas no que diz respeito à vida individual de nosso jeitos somos nós que coletivamente formamos a sociedade
o tempo todo afetamos somos afetados os afectos circulam entre nós e muitos deles são usados como instrumentos políticos a gerar determinados efeitos sociais a forma como corpos individuais e coletivos são afetados desejos são impulsionadas e as consequências políticas deste processo é a reflexão desse programa com o filósofo vladimir safatle curador desta série diria que a política é antes de mais nada um problema sobre circuitos de a fé porque é um programa sobre circuitos e afete a política é uma questão sobre como nós somos afetados ou seja o que nós sentimos que o que nós não
sentir o que nós vemos é que nós não vemos o que nós percebemos que nós não percebemos a maneira como eu sinto como eu vejo como eu percebo determina o que causa ameaçam o que causa o meu julgamento não diria que uma das questões fundamentais do poder é como organizar o campo do que é visível do que é sensível e do que é perceber eles devem lembrar dessa foto trágica do menino sírio morto devido à tentativa de seus pais fugiram da síria numa situação de guerra foi graças a uma circulação de uma foto que uma
política criminosa de bloqueio de refugiados em situação de vida ou morte não teve que ser momentaneamente suspensa alguns poderiam dizer que isso seria a prova maior da irracionalidade do campo político porque porque nós agimos por afeto nós não agimos por argumentos nós tivemos milhares de argumentos durante por exemplo a respeito dessa questão e nenhum teve a força nenhuma discussão teve a força de desencadear os efeitos de uma foto foi capaz de desencadear seria então na verdade prova maior da irracionalidade da política reconhecer que ela é um circuito dos afectos como se nós fôssemos obrigados a
fazer uma distinção entre a racionalidade da procura pelo melhor argumento ea irracionalidade das afecções das paixões que devem ser de uma maneira ou de outra esfriados para que a democracia encontra o seu lugar o patrão falava que o corpo quando ele entra ele entra desarticulando completamente a possibilidade do julgamento nacional seja uma questão de saber como como nós agirmos de maneira desafectada para podermos pensar racionalmente acho que desde esse modelo de reflexão nós absorvemos no interior de uma certa tradição a idéia de que tudo que é da ordem da corporeidade tudo naquela hora da afecção
tudo que só de ordem dos afectos é marca da irracionalidade existiria que isso na verdade é um dogma metafísico antes de mais nada que há uma racionalidade dos aflitos e que a questão fundamental é saber construir um concelho racionalidade que dê conta daquilo que não necessariamente é resultado de uma causalidade da consciência do resultado de um projeto intencionalmente posto pela consciência mas aquilo que de uma certa maneira afeta a consciência de fora vi leva a agir ele leva a julgar de uma maneira que de uma certa forma não é resultado porém simplesmente da sua autonomia
porque insisto isso e talvez não estejamos muito presos a uma certa concepção de autonomia que muito ao invés de ser na verdade a expressão de um sinal de liberdade é na verdade a expressão mais acabada de uma experiência de servidão desta maneira de compreender a autonomia como a capacidade que eu tenho de dar para mim mesmo minha própria lei toca passado que eu tenho de renunciar às minhas ações a partir de uma causalidade que aparentemente seria resultado da minha vontade pura né dessa maneira não leve em conta como na verdade nós somos causados por aquilo
que vem de fora nós estamos num regime mas já esté zi um regime estético no sentido forte do termo porque nós desde o início estamos dentro de um processo de relação onde o que nos causa não é resultado de uma lei que eu me dou para mim mesmo mas é resultado de um processo de uma afecção ato que me coloca em contato com outros corpos que me coloca em circulação com outros corpos que aparece pra mim de maneira involuntária que não é resultado pura e simplesmente da minha vontade mas nem tudo que ele é involuntário
n é necessariamente signo de alguma forma de servidão ou de sujeição nem tudo que me é heterônomo o que não é imediatamente resultado da capacidade eu tenho disse estarem na jurisdição de mim mesmo de ser a minha própria causa me coloca sobre uma situação de servidão ou de sujeição talvez nós estejamos andando caminhando em direção a uma forma de vida cujo traço patológico fundamental esse medo absoluto de tudo o que é ter o nome é essa essa incapacidade de compreender que existe uma heteronomia sem sujeição como desvio de r da meteorologia sem servidão nós devemos
abandonar uma vez por todas uma certa idéia de autonomia para que nós sejamos capazes de pensar o que significa nós sermos sujeito heterónimos mas não submetidos a formas de servidão sujeito que são atravessados por algo que lhes são e é involuntário sujeito atravessadas por alguma coisa que ele aparece não como fruto da jurisdição da sua própria consciência mas como um atravessamento do que é inconsciente e no entanto é exatamente essa capacidade que eu tenho de me reconhecer o que me é involuntário é que é na verdade a figura maior da minha liberdade porque a capacidade
que eu tenho de me abrir para aquilo que não é imediatamente a imagem de mim mesmo não é exatamente idêntico a imagem que eu tenho de mim mesmo eu diria que boa parte da nossa miséria de imaginação política boa parte da nossa dificuldade de pensar criativamente a política vem do fato de nós estarmos completamente presos a uma certa imagem da vida social como uma associação entre indivíduos a idéia de que a vida social nada mais é do que um sistema no qual indivíduos procuram se associar a defender os seus interesses defendendo as suas identidades esse
ponto de partida implica em aceitar os afectos dos indivíduos como o elemento fundamental de construção dos vínculos sociais nas nossas sociedades contemporâneas eu diria que os indivíduos são afetados principalmente a partir de dois à frente o medo ea esperança porque o medo primeiro vejam que nós temos do interior da filosofia política desde o século 17 uma reflexão muito precisa sobre a função do medo como afeto político central de coesão na vida social hobbs essa idéia de que a sociedade é um composto de indivíduos que não têm nenhuma relação natural entre se você tem uma sociedade
que na verdade uma relação de termos desprovidos de relação porque todos esses indivíduos são impulsionados por um desejo que não têm lugar natural não tem objeto definido então só um desejo que tem direito a tudo e como todos têm direito a tudo rapidamente nós chegamos numa situação br system e concorrencial que jobs descreve a partir dessa grande fantasia social da guerra de todos contra todos da iminência de uma guerra de todos contra todos ea única maneira de nós impedimos essa guerra seria constituindo um poder soberano o poder soberano do estado que ele vai proteger os
cidadãos uns dos outros mas para isso ele precisa do controle absoluto do poder e precisa da unidade do poder e da soberania encarnada na figura de um medo funciona como elemento de coesão por eu ter medo pelos indivíduos terem medo um dos outros eles admitem a constituição de um poder que vai ter como função central transformar a segurança ea insegurança atua em conceitos decisivos da vida política e proteger cidadãos mas protegendo uma bandeira muito interessante por que o soberano obese ano é o mesmo tempo o bombeiro e um piromaníaco da vida social ele é o
bombeiro porque como dizia ao schmidt o protético era o bigu é o costa era o sul do estado eu protejo logo obrigo esse é o pensamento é o fundamento eu penso logo existo do estado mas ele virou mania porque pra que ele possa ter essa legitimidade é necessário que ele lembra os indivíduos que se ele não estivesse lá neste momento com certeza guerra de todos contra todos já estaria em marcha e tem a todo momento constituir as figuras da insegurança gerir as figuras da segurança certo produzir novas inseguranças pra que a segurança seja mais uma
vez restaurada por isso ele é de fato o bombeiro e um piromaníaco da vida social essa noção do medo como elemento decisivo no interior da vida política como afeto político central está entre outras coisas vinculada ao mais certa idéia do indivíduo como aquele como já dizia locke que é o proprietário da sua própria pessoa significa que os indivíduos só aqueles que tecem relações de propriedade inclusive a sua própria pessoa é pensar ou seja sua selva ao chip a sua auto concessão é pensada a partir da forma da propriedade por isso dificilmente nós não teríamos como
concordar com um filósofo político esquecido hoje em dia uma força finances tia a verdade o individualismo individualismo possessivo esse individualismo que nasci nesse momento de dor e possessivo você sabe por quê porque eu ser eu mesmo eu ter a jurisdição sobre mim mesmo é o seu proprietário de mim mesmo eu serei o mesmo significa eu mostrar ser capaz de mostrar na vida social eu sou compor estude propriedades não só propriedades como bens mas propriedades como atributos como predicados eu tenho predicados que individualizam essa individualização via prejudica a ação garante a minha ea singularidade a minha
particularidade se eu entro na vida social eu entro na vida social falando ao outro o bom dia não admitirá faca eu tenho tais e tais predicados eu tenho trás de tais atributos eu gostaria que meus atributos predicados fossem reconhecidos enquanto tais por aqueles com os quais o texto relações como uma espécie de grande relação de consensualidade que no fundo é uma com sensualidade mercantil mercantil porque era pensada da mesma maneira como estabelecer suas relações com secom contratuais e consensuais na posse de bens na circulação de bens o que é um contrato a não ser o
fato de um proprietário poder dizer a outro quais são as condições para que eu possa ter o gozo e usufruto de certos objetos só que eu diria que os indivíduos eles tecem todas as suas relações desta forma eles dessem todas as suas relações não necessariamente como se estivessem numa relação contratual pela posse usufruto de certos bens mas como se eles tivessem uma relação pronto contratual pela pelo reconhecimento de certos atributos e propriedades daí porque há o problema da identidade é um elemento decisivo central com o problema com essa idéia são dois o primeiro deles é
o parto do princípio de que todos nós temos nossas identidades estabelecidas e que a vida social é um acréscimo um segundo momento um segundo momento no interior do qual então eu vou tentar permitir que as minhas identidade circulem pelas minhas propriedades circular seja eu não coloque momento alguma questão decisiva que é o que foi necessário acontecer a nós mesmos para que nós tivéssemos nós fôssemos pensados como indivíduos portadores já tributos e propriedades que tipo de disciplina foi necessário impor aos sujeitos que tipo de de controle foi necessário impor aos sujeitos daqueles começasse a se ver
a si mesmo como indivíduos no próximo bloco porque uma vida social baseada no medo como afeta político central sempre verá o outro como um invasor potencial [Música] os indivíduos são naturalmente dados eles são um processo de produção e quem os produziu então como eles foram produzidos uma questão diria decisiva na filosofia do século 20 o que é necessário perder para se tornar o indivíduo que tipo de experiência é necessário deixar de ter para se tornar o indivíduo a primeira questão a segunda é eu imagino que as relações intersubjetivas sociais e políticas no sentido mais amplo
são relações de confirmação das minhas meus interesses atributos predicados identidade dos supostos o outro é visto como alguém que confirma a minha identidade só que talvez essa seja uma visão completamente inadequada do que é de fato uma relação entre esse objetivo que o outro nunca é aquele que confirma identidade o outro aquele que me diz possui das minhas identidades o outro não é apenas aquele que me constitui que me garante através do reconhecimento meu sistema individual de interesses e dos predicados que comporiam a particularidade da minha pessoa ele é aquele que me dizem para somos
despossuídos por outros tal disposição exponha vulnerabilidade estrutural os encontros assim como a opacidade a mim mesmo aquilo que me leva vincular me há outros que me diz possuem m descontrola e wladmir continua citando judith butler somos despossuídos de nós mesmos em virtude de alguma forma de contato com o outro em virtude de ser removidos e mesmo surpreendidos pelo encontro com a autoridade não apenas nos movemos somos movidos por aquilo que está fora de nós por outros mas também por algo fora que reside em nós o verdadeiro encontro sempre há uma disposição nunca uma confirmação verdadeiro
encontro é uma exposição no sentido de algo que me obriga a modificar a maneira com que o narrava a mim mesmo a maneira com que eu falava de mim mesmo a maneira como eu definiria quais eram os meus atributos dos meus prejudicados se eu tivesse quase de uma certa maneira é lindo fora do universo dos meus interesses todas as relações intersubjetivas efetivas sejam eles quais quaisquer níveis possíveis toda estrutura das relações sociais no sentido mais forte do termo sempre serão estruturas de relações por disposição o sujeito não procuram apenas sua confirmação no outro eles procuram
sua reinvenção do outro não procuram simplesmente se confirmar eles procuram ser capazes de viver aquilo que eles ainda não sabem como pensar eles querem uma imagem que não seja simplesmente a imagem atual deles mesmos eles querem uma imagem que estar disposta numa espécie de de virtualidade sempre latente no interior do presente acho isso um dado à pessoa somente decisiva importante para que nós possamos saber como de uma maneira ou de outra se criticar os afectos que nos colonizaram porque uma vida social baseada no medo como afeto político central sempre verá o outro como um invasor
potencial sempre verá o outro como aquele que de uma certa maneira se eu deixar me diz possui diz possui então de uma certa forma é uma vida que ela está ligada a uma espécie de institucionalização de um princípio paranóico ligado à possibilidade da perseguição ligado necessidade da fronteira da identidade ligada à necessidade da conservação daquilo que me faz me mesmo naquilo que minha própria naquilo que determina o meu próprio só que a vida social é a instauração da dimensão de um espaço comum que é impróprio de uma forma mais forte do tempo e não pode
ser apropriado por ninguém que nunca será um objeto de apropriação pode parecer inicialmente que a esperança é um verdão belo contraponto ao medo só que há uma tradição filosófica milenar e vem desde os estóicos passa por espinosa que vai lembrar que não há medo sem esperança e nem a esperança sem medo 2 afectos são complementares eles articulam de uma maneira muito insidiosa ponto de alguém por exemplo marcante de viver sem esperança é também viver sem medo porque eles têm essa relação complementar esperança é uma expectativa de que um bem futuro o corpo momento são as
definições espinosa há uma expectativa de que um mau futuro ocorra quem tem expectativa de que o bem ocorra sabe que talvez o bem não ocorra ele tem medo de que essa expectativa não se realiza quem tem expectativa de que o mau ocorra sabe talvez o mal não ocorra então ele tem esperança de que o mal não se realize recebam nós temos dois afectos ligados a uma mesma temporalidade a mesma estrutura do tempo na verdade antes de mais nada se não quiseram saber como nós somos afetados nós devemos começar por nos perguntar como nós vivenciamos a
experiência do tempo e nós talvez estejamos muito ainda vinculados a uma experiência do tempo marcado pela expectativa por isso eu sempre você bastante crítico a todos aqueles que de uma mãe por várias razões de uma maneira ou de outra é tããão insistem na restrição do nosso horizonte de expectativas com uma característica fundamental do presente e vem essa restrição um problema porque é uma seria uma limitação da possibilidade dos campos do campo da experiência eu diria que a meu ver esse é um equívoco grave porque na verdade nós devemos é conseguir nos livrar de uma temporalidade
da expectativa significa submeter o tempo há um princípio de projeção o projeto no tempo a imagem de um futuro projeto no tempo a imagem de um porvir eu do presente organizo o campo em do presente e ao futuro a partir da projeção de uma imagem que vai ordenar que vai me amar meu me articular na minha capacidade de dar contudo o que vai acontecer na esfera do tempo todos os acontecimentos que ocorreram no tempo de verão para ter o seu sentido ser ou a confirmação ou a negação de uma imagem do tempo o tempo se
reconciliar a expectativa através dessa dimensão projetiva não existiria aqui o preço a pagar por isso é no fundo nada pode realmente acontecer nada pode realmente acontecer porque nada que saia da imagem do tempo pode ser vivenciada tudo que será contingente será visto como objeto a ser defendido contra o qual eu preciso me defender nunca uma ocasião até a partir da qual eu posso criar nós conhecemos várias figuras da temporalidade da expectativa baseada na esperança autopista um caso clássico só que muitas vezes nós olhamos para a nossa época nós fizemos nossa época não tem o tupi
às por isso nós não sabemos muito bem onde estou ficamos paralisados no interior de uma degradação na cada vez mais evidentes de uma miséria da temporalidade da polícia cada vez mais evidente nós precisamos construir uma nova utopia coisas naqueles eu diria que longe de precisarmos de um motoclube a nós precisamos nos livrar desse tipo de temporalidade que precisa da projeção de uma imagem do futuro para conseguir determinar a sua força sua potência de atuação do presente é diante da força das utopias toda a contingência é um equívoco porque é aquilo que não é possível pensar
aquilo que não consigam forma claramente o que nós podíamos de uma maneira ou de outra esperar mais do que um tempo desta natureza nós precisamos de um outro tipo de tempo nós precisamos de um tempo da projeção do futuro precisando de um tempo da complexidade consiga nos expor de maneira mais clara a complexidade do presente no próximo bloco foi dizia a razão pode falar baixo às vezes mas nunca se cala [Música] o medo como afeto político por exemplo tende a construir a imagem da sociedade como um corpo tendencialmente paranóico preso a lógica securitária do que
deve se imunizar contra toda a violência e coloque em risco o princípio unitário da vida social imunidade que precisa da perpetuação funcional de um estado potencial de insegurança absoluta vinda não apenas do risco exterior mas da violência imanente à relação entre indivíduos imagina se por outro lado que a esperança seria o afeto capaz de se contrapor a esse corpo para a noiva no entanto talvez não exista nada menos certo do que isso porque não há poder que se fundamente exclusivamente no medo poder é sempre e também uma questão de promessa de êxtase e de superação
de limites e não é só culpa a impressão mas também esperança de gozo nós falamos a i2 afectos ligados ao mesmo estrutura do tempo medo e esperança eu queria assistir com vocês 12 duas questões que me parecem bastante bastante relevantes a primeira delas é bem sendo assim se nós estivermos dispostos então a falar que a nossa ausência de imaginação política a nossa miséria de criação política vem do fato de nós não conseguirmos sair de um círculo de afetos ligados ao medo e esperança de que se nós formos capazes de sair nós seríamos tão capazes de
dar mais espaço à nossa imaginação ser capaz então de produto de ter uma imaginação mais produtiva uma questão interessante que coloca se um filósofo francês chamado chacón se f ele falava política é uma questão fundamental mente de se entender que em determinados momentos as pessoas olham para si mesmas e acham que não tem mais nenhuma capacidade nenhuma força para transformar nada o que acontece é que as pessoas voltem os olhos para si mesmos e tem uma postura completamente melancólica em relação à sua força e não acreditem mais que elas não são capazes de produzir nada
porque quando elas acreditam que elas são capazes de produzir mas não precisam de nenhuma imagem do que elas vão produzir a dor de uma fase muito boa que ele dizia nós chegamos no momento no campo das artes hoje nós devemos ser capazes de produzir aquilo que nós não sabemos o que é boa parte das nossas ações elas são impulsionados por alguma coisa que é da ordem do não sabido que é da ordem do do que dodô não compreendido no sentido da cco do que a consciência é capaz de representado não representava mais no entanto isso
não significa que o que não é representável inexistente ou é necessariamente pensado de maneira inadequada porque talvez o pensamento é inadequado seja o pensamento da representação e esse outro que é um pensamento da taça da ação que se quer realizar e que a todo momento deferida impedida esse outro talvez seja essa capacidade que nós temos em dado momento de confiar no que nós não temos muita clareza de confiar no que não se constituiu claramente como uma imagem como um projeto essa capacidade na acreditável que em certos momentos da história por povos são capazes de desenvolver
essa capacidade é em última instância eu diria o cérebro de tudo aquilo que nós entendemos por acontecimento histórico todos os acontecimentos históricos foram feitos desta forma por pessoas que não sabiam para onde ir mas que no entanto esse não saber não era não os nossos paralisava não lhes deixava completamente paralisados muito pelo contrário não é isso e mostrar mostrava seria uma possibilidade uma potencialidade do aberto o que estava aberto que lhes impulsionavam cada vez mais todo verdadeiro acontecimento é uma é um jogo no qual coisas podem dar muito certo coisas podem dar muito errado e
quando elas dão muito errado elas nunca deu muito errado de uma vez ela simplesmente vão paulatinamente sabendo a aprendê lo tendo a experiência de quais são as condições para que o que nós queríamos pudesse realmente ser realizado se você estivesse no século 11 12 vocês virar sem falar senão eu sou republicano olhar pra vocês como loucos eles vão falar república é porque já foi tentado várias vezes deu tudo errado olha república romana hoje em dia a parte alguns malucos todo mundo república significa que na verdade é um acontecimento não é medido pelo seu resultado imediato
ele é medido pela abertura que produz é medido pela pelas potencialidades que ele escreve no atentado à vida social e que nunca vão desaparecer e que nunca vão ser completamente caladas elas podem acontecer como o que acontece com a razão segundo froes dizia a razão pode falar baixo às vezes mas ela nunca se cala isso vale pra esses acontecimentos eles podem equivocar eles podem tomar o e direções equivocadas certo mas o que eles produzem é maior do que os equívocos eles produzem uma latência na vida cotidiana na vida social que fica presente durante muito muito
tempo até que seja possível entender nós devemos perguntar mas é possível um sujeito capaz de agir sendo tendo em vista digamos a abertura dessas latências porque enquanto eu a vi como sendo a agindo em nome esses das minhas propriedades meus atributos da minha condição do indivíduo toda essa possibilidade de fazer um tempo passado ressoar de fazer o tempo se multiplicar em todas as suas camadas se contrair no presente fazendo com que essa experiência essas experiências anteriores ela sabe tem todos de tempo presente tudo isso desaparece por completo tudo isto faz sentido algum porque pra pensar
isso é preciso pensar fora da representação fora da identidade eu preciso pensar a ação como alguma coisa que não é simplesmente a ação daquilo que eu sou capaz de representar na minha consciência mas a ação como aquilo que de uma certa maneira passa por mim a ge min rogério que dizia só se deve entender o que é o desejo humano vamos entender ter lembrar que esse desejo ele é indissociável da idéia de uma história dos desejos desejados meus desejos na verdade ressoam história de desejo desejados que tiveram muito antes de mim estão todos presentes porque
o desaparecimento não é o destino de todas as coisas existem coisas que nunca desapareceram por mais que elas fracassem durante certo tempo elas nunca desapareceram por completo e essa capacidade de me colocar digamos in conexão com que com essa dimensão do que não desaparece por completo mas continua latente ressoando vida social é algo que o indivíduo não é capaz de fazer quem se quem pensa suas ações como ações de um indivíduo não seria capaz de fazer quem pensa seus interesses como interesses de um de seus desejos como desejo indivíduo não seria capaz de ouvir não
seria capaz de sentir não seria capaz de ser afetado por isso esse tipo de experiência exige uma estrutura de temporalidade completamente diferente dessa temporada idade das expectativas é uma temporalidade seria marcada não por essa espera mas é marcada por uma consciência muito clara de que o nosso presente ele não é simplesmente o que aparece no instante agora nosso presente é um tempo de camadas tão profundas e por nós ficamos sem dente observando que em média na superfície de um instante todas essas múltiplas camadas todas as tensões todas essas contradições esses conflitos toda essa multiplicidade que
é próprio de uma outra compreensão do presente desaparecer exatamente no momento em que isso desaparecia é que nós nos sentíamos cada vez mais impotentes cada vez mais fracos cada vez mais melancólicos em relação ao tempo porque o tempo parecia vazio ele parecia esvaziado parecia morto mas o tempo não estava morto e eu tenho nunca morre o que estava morto é a nossa maneira de nos relacionar o tempo estava morto a nossa maneira de enxergar tem como nós chegamos ao ponto de uma certa maneira era desconfiar do próprio tempo do nosso tempo imaginar que o nosso
tempo a morte ficado o que aconteceu o i nós conosco nossa forma de perceber de sentir-se afetado chegar a esse ponto se nós começarmos a colocar essas questões as consequências políticas essas questões são absolutamente decisivas o que acontece em política o que acontece também na vida psicológica do sujeito quando você desconfia da sua capacidade de fazer você de fato não faz de fato não consegue mais fazer não é só uma questão despontar e sme confiança mas também ignorar a dimensão eu diria da experiência do sujeito ela precisa ser redimensionada para que nós fomos sejamos capazes
mesmo de pensar ações de outra maneira também seria um equívoco muito grave seguindo essa ignorância pode parecer um certo psicologismo fazer apelos à frente há uma desqualificação filosófica secular do psicologismo neve é é sempre com você quer desqualificar alguém em filosofias e tusa dois componentes um sujeito e racionalista o outro é psicologia isto mas eu diria que acho que certas questões psicológicas são da mais alta importância nos dizem respeito à ao sujeito psicológico eles dizem respeito à dimensão da experiência de implicação do sujeito e da maneira como eles são como essa experiência de aplicação são
vivenciadas nós poderíamos ter várias explicações funcionais sobre sobre processos históricos e processos políticos mas quantas vezes no interior da história nós não tivemos a todas as condições para uma revolução acontecer e ela não aconteceu e quantas vezes na história nós tivemos situações onde onde parecia que nada aconteceria poderia lembrar isso muito claramente por exemplo uma vez uma amiga estava no egito há alguns em 2010 ela foi conversando com alguns intelectuais na universidades egípcias só falar isso já faz alguma coisa pode acontecer aqui como está a situação eles começaram a fazer explicações absolutamente precisas detalhadas com
todos os detalhes possíveis sobre como é impossível que algo acontecesse seis meses depois o governo barak cai de povo todo estava na rua são duas lições primeiro nunca acredita intelectuais a gente sempre erra muito são um castigo a gente vive errando na segunda o acontecimento não precisa de autorização para acontecer ele acontece a despeito de já que isso é interessante é como se é pra que ele possa acontecer muitas vezes há questões psicológicas que são absolutamente decisivas o qual é o qual é o pai com o tipo de abertura que a população tem que o
povo tem que tipo de afeto eles têm o que circula como circuito de afete muitas vezes é esse uma dessa dimensão decisiva e muitas vezes completamente negligenciada no próximo bloco só com uma demanda de cuidado é uma demanda antiga política por excelência [Música] se por um lado existe uma gramática de afectos que organiza uma sociedade e da estrutura de suas formas de vida há também acontecimentos que quebram esse circuito de afectos e abrem para a possibilidade de uma transformação é o que nos mostra o filósofo vladimir safatle que defende que apenas pessoas desamparadas podem agir
politicamente quando nos deixamos afetar pelo que pode instaurar novas oportunidades e formas de ser o nós normalmente dizemos chan para uma situação de procura adiantar não seja uma situação na qual o campeão alemão desampara rio flores e cai a condição de estar sem ajuda então a procura por ajuda e nós sabemos muito claramente vemos as consequências políticas de um tipo de afeto dessa natureza um desenvolve uma polícia política do cuidado com as demandas por isso que se transforma por demanda por cuidados demanda por me vejo no meu sofrimento é preciso cuidado só que uma demanda
de cuidado é uma demanda antiga política por excelência porque o a política não é um um um pedido de socorro quando você pede cuidado você pega pra alguém alguém que você reconhece como tendo força para tirar da situação de desamparo então você precisa instituir autoridade para que você possa pedir cuidado nossa demanda é dupla de demanda cuidado pra você e você institui o outro como aquele que pode responder por aquilo que te falta essa isso é uma demanda tudo menos política com a demanda política é uma demanda de destituição de autoridade substitui autoridade substitui a
autoridade dizia que a apsi alice frade ano ela construiu uma idéia de desamparo diferente dessa normalmente a gente conhece porque ela constitui a idéia de que a maturidade ou psíquica tá ligado à afirmação do desamparo já tá ligada a essa situação na qual de uma certa maneira eu deixo de pediram para deixar de pedir amparos se percebe significa eu deixo de pensar sobre a forma da expectativa eu deixo de instituir o outro como autoridade eu deixo de uma certa maneira imaginar que a forma do que nem afeta ela pode ser controlada por mim que eu
sou sujeito que controla a forma do que me afeta e tudo isso significa eu abandono uma expectativa de amparo e ó eu sou capaz de viver uma afirmação do desamparo pela fundação de amparo significa eu vou ser capaz então de viver diante do atual desafeto que eu não controlo porque me dês possui porque têm a forma do que é contingente então por isso não pode ser de uma certa maneira previsto vou viver então em um tempo que já não é mais um tempo marcado por alguma forma de expectativa de uma certa maneira eu vou admitir
um tempo que desampara e que o tempo que me desampara exatamente esse tipo de tempo no qual eu percebo que várias coisas agem em mim sei que eu posso controlar completamente todos nós criticamos não há a ideia social de controle a viver numa sociedade cada vez mais submetidas a prostituta colo de controle somos controlados todos os lados só a gente esquece muito claramente o contorno à sua disposição social depressão psíquica mas também nós nós com nós nos constituímos como sujeito que precisam de maneira cada vez mais compulsiva de ter a certeza do controle e que
não estão sob controle de si mesmo isso isso não é um elemento a partição esse é o eixo do mesmo problema nós nunca aceitaríamos esse livro de controle social como hoje se nós não tivéssemos também internalizado psiquicamente a idéia de que há um controle necessário fazer é essa idéia do controle é a melhor descrição para esse tipo de negociação tensa complexa dramática que muitas vezes necessário fazer entre entre como diesel frete entre o eu eo isso entre aquilo que se conforma na primeira pessoa do singular e aquilo que só pode ser pensado com humor com
a partir de um pronome indeterminado talvez a questão interessante seria dizer em que condições nós podemos entender que sujeitos políticos só vão ser produzidos a partir do momento que nós aprendemos como afirmar o nosso desamparo eu queria justamente que perguntar sobre a sua noção de afeto como é que ela pode escapar a determinadas formas de kato né como essa de encerramento né a uma subjetividade indivíduo individualizada né e inviabilizaria um pensamento que pudesse ganhar uma dimensão mais coletiva mais social e como é que você não pode extrair potência e potencial sobretudo política dessa outra concepção
de afeto não ficasse encerrada obrigado pelas perguntas ao meu concepção de afeto eu diria que antes de mais nada é uma concepção relacional seja é um modelo de relação antes de mais nada é uma concepção de uma relacional inconsciente de um modelo de relação que não se dá através do que se coloca sobre a representação das consciências mas ele se dá sobre uma sobre uma uma mobilização de massas e tais teses que produz dinâmica de circulação anto que publica o sujeito não basta ser afetado é necessário também saber como se implicar na frente z de
fato nós somos afetados por por vários processos e muitos deles nós nos deslocamos nós queremos todos os todos os sistemas de desintoxicação não existiria é o modo relacional modo racional inconsciente no entanto existe uma coisa chama processo de implicação então ou seja nós podemos desing clicar dos nossos afetos nos bloqueados e nós podemos nós fazemos isso de maneira muito clara agora que são quem é se nós como assim nós quem não só nós porque existe é esse o nosso corpo que é instaurado pelo safety sua corporeidade é um modo de afecção no modo decente mas
tem uma espécie de de de implicação de processo de unificação que pode inclusive fazer com que aquilo que adora da minha corporeidade seja recalcado seja bloqueado e por isso que esse seria tão pra isso você precisa de um conceito de sujeito como aquele que que responde por esses processos implica ativos e nesse sentido uma outra tradição para pensar essa essa estrutura do sujeito então eu diria que articular suas tradições que filosoficamente apresentam contraditórias hoje de um lado uma que que insiste na centralidade uma certa filosofia do sujeito e outra isso numa certa uma certa tradição
ela revele ano por exemplo e outra que vai insistir nessa nessa dinâmica da multiplicidade própria os afectos e das suas das suas estruturas em relação à de e de uma demanda de outra que se fazem à margem da consciência diria que tentar pensar os dois elementos conjuntos é uma tarefa filosófica importante museu há de se admirar a ironia de uma época que descobre que só alcançaremos a nossa liberdade quando reanimarmos todos os fantasmas a ponto de não haver nada completamente vivo e nem mais nada completamente morto quando abrirmos as portas do tempo com suas pulsações
descontroladas e a nona das suas múltiplas formas de presença e existência então conseguiremos mais uma vez explodir os limites da experiência e fazer o que até então pareceu como impossível tornar se possível mais reflexões no site facebook do instituto cpfl e no canal do café filosófico no youtube liberdade nunca foi uma questão de escolha não é uma ilusão achar que a liberdade está ligado à idéia de escolha liberdade não é poder escolher ou não alguma coisa tem uma questão de vocês nós somos capazes de reconhecer aquilo que se impõe a nós como necessário [Música] joel
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