DARIA UM LIVRO| Conversa com Fábio de Melo

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No episódio de hoje, Pedro Pacífico e Sophia Alckmin conversam com Fábio de Melo. O padre compartilh...
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bem-vindas e bem-vindos a mais um dar um livro programa onde Pedro Pacífico e eu Sofia alkem falamos de livros leituras e vários outros assuntos relacionados a esse tema que a gente tanto ama a cada semana um convidado diferente e essa segunda temporada do Dari um livro conta com apoio do [Música] Guatemi gente o nosso convidado de hoje não é que ele é especial ele é especialíssimo o dia tá até o clima tá até melhor aqui hoje vou apresentar ele para vocês Ele nasceu na cidade de Formiga em Minas Gerais ele é padre cantor escritor professor
universitário e palestrante graduado em filosofia e teologia pós-graduado em educação e mestre em Teologia sistemática já vendeu mais de 3 milhões de cópias de CDs e mais de 35 milhões e meio de cópias de livros a gente tem noção que isso é um fenômeno considerando já as 16 obras que Ele publicou em dezembro de 2019 entrou no ranking do Instituto qualibet como um dos maiores influenciadores digitais do Brasil com mais de 26 milhões de seguidores no Instagram ou seja estamos com o fenômeno que conquista o coração de milhões de brasileiros Padre Fábio de Melo que
acaba de lançar a vida é cruel Ana Maria diálogos imaginários com minha mãe Padre seja muito bem-vindo a gente tá primeira participação do padre em um podcast então estamos muito especiais T estou fazendo a minha estreia no podcast no mundo do podcast sonho nosso do não deve ser fácil né Deve feito de tudo imagina que prestígio eu fiquei muito feliz com o convite com a oportunidade de fazer o lançamento do livro aqui com vocês já que é um espaço privilegiado para a literatura O que é raro nos dias de hoje né então muito obrigado pelo
convite pela oportunidade é que coisa boa a gente tá muito feliz de verdade e para começar esse papo tão gostoso eu queria te fazer uma pergunta que eu faço para todo mundo que passa aqui antes do Fábio escritor a Padre antes de tudo quem é o Fábio leitor como começou isso os livros sempre estiveram presentes na sua vida você nasceu em uma casa de leitores como é que é essa relação não nasci numa casa de leitores não eu nasci numa casa muito musical então a literatura de alguma forma entrava pela boa música popular brasileira em
casa se ouvia boa música e a minha primeira com os livros foi quando no meu primeiro dia de aula uma bibliotecária que marcou a minha vida de forma muito definitiva Dona Conceição nunca mais me esqueci o nome dela quando ela nos apresentou a biblioteca do grupo Municipal em que eu fui ser Alfabetizado ela ela criou uma liturgia ela não só disse aqui é a biblioteca não ela criou uma liturgia uma narrativa que me envolveu muito naquele momento eu já tinha muita sensibilidade eu nasci com a sensibilidade eh muito aguçada para a percepção da beleza da
transcendência Então ela nos disse assim nesta sala moram muitas pessoas interessantes muitos lugares fascinantes mas para conhecê-los conhecê-las vocês terão que ler os livros e aquilo eu acho que foi um uma um anzol que me salvou da minha mesmice daquela minha vida sem muita novidade porque nasci muito pobre muito sem recursos Então o meu mundo era muito pequeno era um mundo muito restrito e a literatura abriu os meus horizontes então eu comecei a minha experiência de leitor muito cedo muito jovem e quando adolescente já tinha lido os grandes clássicos da literatura brasileira alguns clássicos da
literatura Universal Então o meu primeo primeiro encontro com o livro foi com um leitor que de fato encontrou ali um uma válvula de salvação eu disse eu sempre digo isso o conhecimento me salvou porque não foi um processo normativo meu pai era um leitor e me ensinou a ler minha mãe não eram pessoas muito simples com muita sensibilidade também mas não tinham a instrução para que eu pudesse imitá-los de alguma forma Olha que tem muitas bibliotecárias que marcaram vi das pessoas né norment os nomes as pessoas nunca esquecem esquecem é Esso é muito bonito mesmo
e sabe o que que é bacana é a gente ter a oportunidade de dizer isso em vida né Dona Conceição ouviu isso de mim ah nossa orgul del ela me mandou uma cartinha tem não tem muito tempo ela numa entrevista que eu dei eu contei a história e ela lembrava de mim como aluno e ela me mandou uma carta muito carinhosa dizendo das satisfação que ela tinha porque você sabe qual que foi a minha maior alegria como escritor é não foi vender esses milhões de cópias é claro que é bacana você saber que você entrou
na vida de tantas pessoas mas foi quando eu soube que a Biblioteca Municipal da minha cidade tinha todos os meus livros A que demais demais então eu fiquei muito feliz com essa conquista um lugar que você sempre né viu e cresceu veio naquele lugar aí você pensar que estão os seus livros estão os meus livros lá ao lado daqueles que eu sim exatamente você tá fazendo parte daquela história Era eh depois que eu eh esgotei todos os livros do grupo Municipal que era um acervo restrito menor e eu fui me matriculei na biblioteca municipal Foi
aí que eu tive acesso aos autores que que de fato depois pelos quais eu me apaixonei Uau que legal padre e a igreja como que veio esse chamado no seu livro você fala bastante da Fé da sua mãe né e e imagino no quanto isso deve ter te impactado também te influenciado e eu até queria fazer um paralelo do no começo do livro de um de um trechinho que você fala há os que se dedicam porque se compadecem mas há os que se dedicam porque não querem se sentir culpados eis as forças motrizes que movem
os que admiram as nossas administram as nossas insuficiências culpa e compaixão teve também culpa e compaixão na sua escolha eu acredito que ninguém consegue viver sem o estigma da culpa e o benefício da compaixão sim eh esse trecho que você leu ele ele trata justamente do momento que minha mãe chega ao mundo né naqu naquele tempo nasc ser menina era quase que uma decepção pra família né todo mundo gostava de ter um menino em casa dava menos trabalho e quando eu falo da da indigência dela enquanto uma menina que chegou no meio que precisava ser
amada essa reflexão é válida para todos nós porque em muitos momentos da nossa vida nós esbarramos na compaixão das pessoas uhum e não eh mas nem sempre a compaixão é quando o outro é capaz de sentir tudo que é próprio nosso é um é um sentimento absolutamente elaborado do ponto de vista espiritual muito difícil de ser alcançado compaixão é só mesmo para pessoas muito evoluídas uhum geralmente nós Orbit no horizonte da culpa eu faço é porque não quero me sentir culpado eu cuido é porque não quero me sentir culpado e às vezes a gente até
acha que isso é amor né a gente confunde muito a compaixão com a culpa e muitas vezes movidos pela culpa nós passamos uma vida inteira e às vezes a nossa experiência de com Deus ela passa muito pelo Horizonte da culpa sim não é porque a gente se sente compreendido ou amado por um Deus que nos é superior por uma força que nos é superior não é porque a gente tem medo dela então a a minha reação a aquilo que eu tenho medo muitas vezes é evitar fazer o que vai me fazer sentir culpado depois uhum
e com a minha mãe a minha experiência com Deus passou muito por ela né existem alguns pontos até que são quase heréticos na minha nos meus diálogos com ela quando eu digo que quando eu estou diante de minha mãe eu estou diante de Deus uhum para mim não tinha muita diferença Quem era Deus e quem era minha mãe foi a primeira elaboração que eu consegui fazer do Sagrado foi a minha mãe uhum não às vezes a gente até até mesmo Enquanto eu escrevia eu pensava Por que que meu pai não teve essa força toda em
mim né Não sei explicar era um grande homem era um homem maravilhoso mas a minha mãe com toda a força da da maternidade com toda a destreza espiritual da mulher eu acho que a mulher é muito superior a nós e quando o assunto é espiritualidade eu acho que a gente aprende muito com vocês o tempo todo a elaborar aquilo que nós não sabemos conceituar o que a gente não sabe dar nome então a minha mãe teve uma grande força uma grande contribuição na elaboração da minha fé mas depois à medida que o tempo foi passando
que eu fui complexificando a minha fé porque eu fui estudando Uhum E eu me tornei especialista em religião e a minha mãe não a minha mãe continuou sem ler ela continuou sem ter as mesmas instruções ela não frequentou as mesmas faculdades que eu então Eh eu precisei Em algum momento fazer esse comparativo o que que eu tenho de Deus que me foi dado por ela e o que que agora é meu e não foi passado por ela né E isso foi muito interessante na elaboração da compreensão de quem ela era e tanto é que o
meu maior desespero porque o meu maior medo da vida inteira foi que minha mãe morresse Nossa sabia que também eu até escrevo no meu livro isso quando eu tava nas crises que eu tinha meu maior medo era a pera da minha mãe porque é como se eu perdesse todo o meu chão Fosse com ela tanto é que existe uma frase que abre o livro que muita gente torce o nariz sim eu até te fal essa fras Aé não gosta acha estranho depois que morre a minha mãe morre também a minha obrigação de ser feliz não
é que eu não vou ser feliz pelo contrário faço de tudo para ser eu não quero desperdiçar a minha existência mas perco a obrigação eu acho que enquanto a nossa mãe é viva você acaba e vivendo muito em torno da aprov a dela isso é muito inconsciente mas acaba sendo uma verdade e a minha infelicidade naturalmente arrasta a minha mãe comigo é impossível você ser infeliz sem que sua mãe seja também Uhum é natural que o processo de simbiose que o amor materno filial eh constrói nos faça ficar eh dentro desta responsabilidade meu Deus eu
não posso eu não tinha direito nem de morrer antes da minha mãe morrer eu pensava isso direto às vezes eu acordava no meio da noite meu Deus eu não posso morrer enquanto minha mãe existir eu não posso morrer então a algumas pessoas acharam que eu estava Abrindo mão da minha felicidade não estou apenas dizendo o quanto o amor materno me obriga a dar certo sim porque eu acho que é uma reflexão crua difícil de ser feita mas necessária né Eu acho que todo mundo que tem essa experiência muito próxima com a mãe acaba sentindo um
pouco isso eu já tinha tratado isso num outro livro meu que é um livro de contos chamado orfandade que é um um menino também que assim que ele sepulta a mãe ele Experimenta a pior tristeza e a maior libertação é contraditório demais né mas muitas pessoas se libertam do ponto de vista psíquico emocional quando perde o vínculo que de alguma forma era o mais prazeroso era o mais amoroso mas era também o que mais cerceava sim nada é só luz nada é só sombra e você disse desse seu maior medo né você perdeu sua mãe
por conta do covid hh e aqui no livro né até pelo título a gente vê que é um livro que mostra a importância daa na sua vida mas também a partir desses diálogos com a sua mãe você conta muito sobre a sua própria vida né é um livro muito autobiográfico não só desses diálogos com a mãe mas é você contando para ela muito do que você viveu relembrando os momentos juntos desde a infância dela até a sua infância e e e e eu não sabia mas a dificuldades que vocês viveram na sua infância né uma
infância muito pobre com com muitos e muita falta né muita escassez E aí eu queria te fazer essa pergunta sobre essa sua infância você teve uma infância feliz você quando você lembra desse seu passado porque lendo o livro gente já adianto assim é um livro belíssimo uma escrita muito linda e potente a gente fica né doído é é muito impactante né você você sente assim a o que a pessoa não sei acho que a gente fica até um pouco abalada Ainda mais quando você vê alguém contando quando era criança o que passou vocês considera que
você teve uma infância feliz eu acredito Pedro que a palavra felicidade ela não se aplica muito aquilo que eu vivi eu tive uma vida extremamente eh difícil do ponto de vista emocional eu fui exposto a sentimentos para os quais eu não estava preparado eu fui exposto a situações para as quais eu não tinha a menor possibilidade de lidar com elas e a minha mãe acabou sendo um espelho onde eu vi tudo isso com o tempo à medida que eu fui tendo a oportunidade de de elaborar o vivido né porque quando você está mergulhado naquilo que
você está vivendo você pouco sabe daquilo que que vive Inclusive a gente tem até o risco de acreditar no sentimento nem tudo aquilo que eu sinto é verdadeiro então muitas coisas eu vou desmascarando com o tempo à medida que eu vou me distanciando a experiência filosófica me ensinou isso a experiência na filosofia que para eu ter um entendimento de uma determinada realidade eu preciso viver um distanciamento então se eu quero compreender um relacionamento eu não posso tentar vê-lo enquanto ele está inflamado no auge do seu acontecimento ou da sua alegria ou da sua dor é
uma experiência de distanciamento hoje quando eu me distancio da minha infância eu descubro que eu não fui feliz e não tem nenhum problema em reconhecer isso uhum porque eu não eu não me posiciono diante da vida que foi infeliz como um juiz que precisa declarar uma sentença não há culpados e não há inocentes a vida aconteceu exatamente como podia ser meu pai foi pai exatamente como ele pode ser minha mãe foi mãe exatamente como pode ser meus irmãos Então hoje quando eu olho para o passado no espelho que é minha mãe que esta é justamente
a proposta do livro olhar para mim e ela ao mesmo tempo né gosto muito da da filosofia Personalista de Martin buber que dizia que quando duas pessoas se encontram nasce ontologicamente uma terceir tem vida própria completamente diferente das terceiras pessoas que nós formamos com outros com outras pessoas então a terceira pessoa que eu gerava com a minha mãe ela não era feliz por ela era marcada pelo medo pela insegurança eu tive que ser pai da minha mãe enquanto eu era filho dela eu tive que ser o sustento dela emocional tendo apenas 6 7 anos por
ela queria isso não é porque só sobramos nós dois a casa se esvaziava os conflitos eram enormes eram muito difíceis eh e quando restamos nós dois nós tínhamos que organizar aquilo então quando eu fui comecei a escrever o livro o livro nasceu em 2013 a ideia dele eu comecei a escrever e eu percebi que era Na verdade uma uma construção muito difícil para mim porque eu acabava expondo um relacionamento que eu considero muito sagrado que é o meu com ela uhum né e eu tinha muito medo de que isso fosse um processo acusatório e não
é não é é de abluções Uhum é de perdão é de tanto é que o texto que abre o livro eu Convido você a fazer o mesmo olhar para sua mãe entrar debaixo das saias dela e ver só a mulher que foi sua porque a minha mãe ela foi absolutamente minha completamente da minha mãe para os meus irmãos porque a terceira pessoa que eu gerei com minha mãe ela não gerou com outro filho isso é muito bacana é é o inédito de cada um de nós né E E então foi sobre isso que eu quis
escrever e então eu chego à conclusão de que a infância não foi feliz mas tá tudo certo até aproveitando que você falou isso eu queria eh você falou que eh esse livro é o mais viceral de todos que os que você já escreveu né esse projeto antigo desde 2013 e e é um é um diálogo aberto né de de entendimento entre vocês e acontecer entos da sua vida e como como que foi para você eh abrir tudo isso né Essa exposição toda você que já é uma pessoa conhecida esse livro eu entregava pegava de volta
entregava pegava de volta entregava pegava de volta foi um processo muito doloroso o Cassiano que é o meu editor né que estava comigo na planeta no tempo que eu fiquei muitos anos na Editora planeta era para ser um livro de lá e eu falei aí o livro da a sua mãe Fi Pois é um dia a gente publica minha mãe era viva ainda e eu tinha medo do título porque minha mãe jamais aprovaria esse título ela chegou a ler não nenhum trecho porque você foi escrevendo ao longo do tempo ela não chegou a ver nendo
ao longo do tempo eu acho que ela nem soube que eu escrevia sério é mesmo porque este título é uma espécie de birra aham sabe a minha mãe não achava a vida cruel Hum então aí às vezes eu sinto que sou eu sacudindo ela e falando assim mãe acorda que a vida é cruel e ela sempre naquela serenidade Aquela Paz aquela tranquilidade porque a mulher é absolutamente fragilizada que eu conheci na minha infância Pedro e Sofia foi muito curada pelo tempo então ela foi se tornando uma mulher eu acho que o processo religioso dela deu
muito certo Uhum Ela foi ficando uma mulher pacificada eu de alguma forma fui eu fui o Moisés que abriu o mar vermelho dela porque eu eu a tirei do meio da confusão sim a minha mãe já era para ter morrido há uns 20 anos eu salvei a minha mãe eu dei uma sobrevida a ela todos os meus amigos todas as pessoas que me conhecem que conheceram a dona Ana né como eles carinhosamente a chamavam sempre diziam isso para mim Fábio se você naquele momento não tivesse tirado a sua mãe da casa onde ela morava da
situação em que ela estava e tivesse construído um núcleo solitário para ela Solitário no bom sentido de ela ter a privacidade dela de ela não ter que arcar com todos os problemas dos filhos e ficar um pouco mais protegida que eu acabei criando uma uma uma redom uma construção para protegê-la ela não teria vivido tanto e ela viveu e este período que que eu considero que foi eh salvífico para ela foi de muita felicidade ela se reconciliou muito com ela com a vida com os filhos e com tudo aquilo que ela podia não e ainda
no processo da escrita dele eh é um é um livro que foge um pouquinho dos gêneros né dos livros que você escreve é um livro denso com um vocabulário rico e você em algum momento muito poético filosófico né Tem tem interpretações as frases são são lindas você em algum momento ficou ficou preocupado da de não causar estranhamento mas de das pessoas sentirem dificuldade para ler ou alguma coisa assim não não porque eu acho que o meu leitor me acompanha eu me sinto muito privilegiado de nos dias de hoje num tempo em que as pessoas estão
tão preguiçosas para o profundo para a reflexão para a poética eu perceber que eu ainda tenho muita gente comigo Uhum E eu tenho eu lembro que o meu primeiro livro na planeta que que eu não me lembro qual foi eu imediatamente recebi assim uma uma uma né Não foi bem uma crítica foi uma sugestão a gente amou o livro mas a gente queria simplificá-la um pouco Falei não então muito obrigado não preciso publicar eu não sou adepto da simplificação porque eu não gosto de um livro simplificado eu gosto de escrever para o meu leitor um
livro Como eu gosto de ler entendeu eu eu eu eu sou fascinado pela escrita que me instiga a pensar que me instiga a sentar a sentar num canto ali da minha casa e a reelaborar o meu pensamento Pens meu Deus nunca tinha pensado sobre isso ler uma coisa que todo mundo já disse eu acho que não faz muito sentido eu tenho muito respeito pelo meu leitor e eu sei que o meu leitor não vai parar parar na primeira expressão que ele não entender mesmo porque eu gosto de contextualizar eu vou e volto eu sou naturalmente
então às vezes eu falo uma coisa muito complicada No início eu era assim como o professor aí os alunos arregalam os olhos aí daqui calma vocês vão entender tudo é que a frase é bonita a frase é bonita parem na beleza dela depois a gente entende sim lindo isso eh E como eu disse já a leitura é muito impactante tem trechos que você realmente se expõe muito como quando por exemplo você era adolescente diz que quis tirar sua própria Vida a partir de qual momento você começou a sentir essa essa dor assim tão devastadora dentro
de você e o o que te ajudou a sair dessa lidar com a depressão né e eu acho queria que você Contasse um pouco porque eu sei que a literatura teve um papel importante teve desde muito menino eu me sentia Muito angustiado muito melancólico e como eu não tinha entendimento porque não tinha conhecimento eu gosto muito da expressão de Jesus Conhecereis a verdade e ela vos libertará isso é maravilhoso porque toda vez que você conhece um pouco de si você se liberta daquilo que te oprime uhum quando eu entendi que tristeza não é doença foi
muito Libertador para mim Eu até conto uma história né que eu tinha o hábito de ficar ouvindo Paulinho Pedra Azul enquanto os meus amigos ouviam lgi Urbana não que eu não gosto de Legião Urbana passei a gostar mais tarde mas a minha infância foi marcada pelas pelas músicas melancólicas eu gostava de ficar eh às vezes fechada ali no meu quarto ouvindo lendo a minha mãe às vezes abre a porta Fabinho isso não faz mal eu não sabia o que dizer não sabia se se fazia mal ou não o que eu o que eu entendia para
mim naquele momento a elaboração que era possível é que aquela melancolia era tão minha quanto o meu irmão gostava de futebol uhum não tinha eu não não tinha como me separar daquela melancolia é e você sabe que quando eu conheci o texto de Adélia Prado foi absolutamente Libertador para mim porque a Adélia Inclusive eu tenho a graça de ser amigo dela outro dia nós dois conversando e ela também enfrenta os processos de dificuldade dela e a gente e eu falei para ela Adélia a gente tem que tomar muito cuidado porque às vezes a gente tá
tomando remédio para uma situação que idiossincrática em nós eu não posso medicar a minha melancolia Sim é claro que quando eu estive doente eu percebi sim que existia uma diferença enorme entre ser uma pessoa melancólica e estar deprimido com síndrome do pânico eu não estou dizendo aqui pelo amor de Deus que uma pessoa não possa viver este processo da melancolia Sim processo natural que nos instiga a criativ que nos mantém vivos ela sim pode evoluir para uma tristeza ou seja por um desequilíbrio químico por um acontecimento uma perda que a gente não consegue elaborar então
eu estive uma vez doente uma única vez eu estive realmente doente e precisei ser tratado as outras vezes não foi essa vez da adolescência ou não não a adolescência foram crises normativas que depois que eu estudei psic eu entendi que aquilo fazia parte do meu processo era minha autor Revelação a tendência ao suicídio é uma característica da minha família da da da família da minha mãe o meu avô o pai dela tentou se matar Alguns irmãos meus tentaram se matar então é uma coisa que eu tenho que manter muito cuidada né uma realidade muito cuidada
por quê isso é genético Uhum E eu tenho como por por meio da epigenética transformar isso por meio de hábitos e eu cuido muito da minha saúde para que eu esteja sempre em dia e E isso não vire uma doença em mim e você fala da Adélia Prado né Tem um trecho que eu gostei muito do livro que foi foi foi enxaguando a minha alma no Rio das palavras que eu redescobri o meu lugar no mundo fala um pouco mais desse papel da literatura até se Traz uns outros autores né Veríssimo de que forma você
acha que a literatura pode ajudar uma pessoa a se encontrar e se conhecer melhor Olha a literatura ela tem um ela é um tratado antropológico você pegar um autor bom que que observou bem o humano ele tem mil respostas que muitas vezes nós procuramos nos nossos processos terapêuticos eu quando eu li em busca do tempo perdido do Pr eu tive uma sensação de que todos os sentimentos humanos me foram revelados de forma muito muito elaborada a descrição que ele faz do ciúme que Charles tem da sua mulher uhum a a a e e e prus
é ele leva quase que 30 páginas para falar de uma xícara saindo do lugar então tem que ter muita paciência né então a a experiência de você perceber que na literatura nós nos entendemos é maravilhosa onde é que eu faço terapia lendo eu fiz um processo terapêutico uma vez formal Claro acho válido recomendo mas para mim eu me curo muito mais lendo me entendendo por meio da literatura do que qualquer outra forma então quando eu conheci ao trand orado meu Deus do céu tive uma revelação da minha alma uhum um autor que que escreve que
descreve o sentimento humano exatamente como nós sentimos e não sabemos dizer porque Qual é a a grande vantagem da literatura e quem tem o privilégio de ser um literato é descrever o que os outros sentem mas não sabem dizer exatamente o bom autor é aquele que descreve o que a gente sente fiz um post sobre isso exatamente ontem por isso que a gente se apaixona por eles é a gente se vê né a gente se vê neles Olha eu não fico nervoso diante de famoso nenhum de verdade já encontrei muitos famosos pelo mundo e não
faço nem muita questão de de Ai meu Deus agora quando eu estou diante de um escritor que eu gosto eu perco as palavras é eu fico sem saber onde pôr as mãos eu fico sem saber como me comportar tambm é quando eu conheci o wter guman eu quase desmaiei eu acho eu tenho um grupo de WhatsApp que tá wter Hugo mãe tamia Couto Eu não sei me comportar ali sabe eu não sei o que falar ali eu só observo tava Nélida pinhon Nélida Então eu fui muito amigo de Nélida numa numa ocasião da nossa vida
em que a gente teve a oportunidade de estar muitas situações juntos nelida me incentivou muito a escrever ela foi uma pessoa necessária na minha elaboração como escritor e ela me dava conselhos Fabulosos então às vezes eu ficava e eu sempre que me encontrava com ela ela já era uma amiga eu ia à casa dela você ficava nervosa eu ficava nervoso de bater na porta ou de de encontrar-me pessoalmente com ela a mesma coisa Adélia se eu sei que eu vou ter um encontro com ela hoje à tarde de manhã eu já fico nervoso diferente dos
outros famosos que eu encontro que e tá tudo certo eu não eu ajo naturalmente com a fama não tenho problema com ela mas agora o escritor a escritora Realmente eu não sei como me me comportar adorei até hoje mesmo sendo amigo né Engraçado isso Eh você você destaca muito né no em em todas as áreas por ser uma pessoa não não acho eu acho assim eu valorizo muito gente que tem personalidade e acho que as pessoas também por isso que você faz sucesso né eu você é uma pessoa simpática acessível leve e que consegue pass
passar com leveza mesmo as coisas que fala e eh seja Falando de religião de filosofia você é divertido faz faz piadas como que é eh tá fora do estereótipo do que seria um padre né porque eu acho que as pessoas imaginam uma pessoa mais séria mais reservada e e daí você completamente fora desse estereótipo né e eu imagino que existe até um certo preconceito de uma turma né e a gente porque a gente vive numa sociedade conservadora né então como como é lidar com isso você sabe que no mesmo estereótipo está o escritor uhum porque
eu não tenho um de escritor eu não tenho uma rotina de escritor eu não tenho uma vida de escritor o que faz muita gente olhar para mim nunca leu nada do que eu escrevi sei não porque eu fiquei muito no mundo do entretenimento aquela imagem intelectual não tenho isso aí é uma coisa difícil só quem de fato me acompanha me escuta ou foi aluno meu ou l o livro ou de alguma forma ler alguma coisa que eu escrevi pode pensar não eu ti uma ência assim muito interessante de um de um grande de um grande
cara dentro do mundo da literatura que me confessou P fou Padre eu sempre olhava meio torto para quando falava que você escrevia até que um dia um amigo meu me mandou um livro seu e eu de preguiça Abri e não consegui parar de ler o primeiro conto que era um livro de contos chamado mulheres de aço e de flores que Inclusive a Marília Peira ia fazendo no teatro ela ela morreu preparando isso ia ser uma grande chance para mim como como escritor né ter um texto meu saindo deixe porque tanto o padre quanto escritor pedem
liturgias diferentes e como a música ela é muito egoísta e ela acaba sugando a pessoa toda e não sobra muito e ela nos coloca em lugares de de muita dispersão fica difícil fica muito difícil eu Em alguns momentos da minha vida eu tive a ilusão de que a fama é conciliável com a vida sacerdotal não é hum hoje eu tenho toda honestidade em dizer que é muito difícil é muito difícil você ser padre e ser uma pessoa famosa Eu imagino é Um Desafio enorme Claro a fama pode me fazer chegar as pessoas e elas se
interessarem por aquilo que eu faço mas também pode dificultar demais pode dificultar demais porque a gente acaba associando que que onde há fama onde há muita notoriedade pode não haver conteúdo uhum uhum e isso realmente tem esse lado de você ter que lidar com esses preconceitos mas também tem um um outro lado que deve ser também muito cansativo de você ser muito famoso ser acompanhado por milhões de pessoas mas não é um simples famoso você é como o escritor que que né você admira muitos escritores para muita gente você é o padre Fábio de Melo
que é é uma pessoa perfeita que é uma pessoa PR um Deus né você é endeusado com as pessoas você vai ter todas as respostas você vai ter as soluções a solução pra dor pra perda isso isso gera uma como você lida com uma pressão assim como é como ela ela ela é angustiante essa eu não aceito não Pedro eu faço questão de sempre que posso contar a verdade não não sou às vezes Quando recebo as pessoas no camarim elas vêm com todas as expectativas do mundo né de que eu tenho as respostas para todos
os problemas eu olho nos olhos falha eu não tenho nem para as minhas nós podemos trocar experiências eu posso te dizer o que pode dar certo comigo mas eu não te dou garantia de que isso vai funcionar com você porque o ser humano não é formatado igual um computador Nós não somos um programa que se você mexeu num software vai dar exatamente o mesmo resultado nesta e naquela máquina Nós não somos assim e muitas vezes a figura religiosa foi construída desta forma de uma maneira às vezes até mal intencionada sabe e de querer parecer que
estamos prontos não eu não quero isso para mim eu não estou pronto eu não tenho respostas para tudo Deus não resolve todos os meus problemas ele não me priva de passar pelos meus processos humanos porque às vezes a gente também tem uma visão mágica Ah porque ele tem Deus como é que ele pode ter tido depressão se ele é um padre Pois é é está aí a minha contradição tenho Deus no meu coração tenho não abro mão dessa possibilidade em hipótese alguma eu acredito mesmo na divindade que me habita mas ela não me priva de
passar pelas consequências dos meus erros porque senão estaria Crendo num Deus imaturo né que fica mexendo as peças no tabuleiro não é assim que eu creio e este não é o Deus ensinado por Jesus que é o o meu referencial de verdade uhum É eu acho que vê essa que tem um humano por trás do padre né Isso é muito importante até uma das mensagens mais bonitas que eu recebi quando eu me assumi gay e postei o vídeo nas redes sociais foi do padre que acompanha a minha família eh ele é maravilhoso maravilhoso e ele
se pôs tão humano naquela naquela eh mensagem se dizendo que também tem suas angústias e que que não podia ter imaginado as angústias que eu vivi e que ele me acolhia naquele momento eu acho que é isso que você consegue transmitir apesar de de se mostrar falho como a qualquer ser humano que você acolhe muitas pessoas eu acho isso é um diferencial seu eh maravilhoso Pedro seria muito contraditório da minha parte porque eu não entrei pela porta da frente eu nunca fui aquele seminarista acreditado Eu nunca fui o menino que todo mundo olhava e dizia
ai esse aí vai ser padre não eu sempre fui aquele que de alguma forma era preterido que não teve todas as oportunidades Então seria muito contraditório da minha parte se a minha Experiência Religiosa me levasse para um lugar diferente do que eu o que eu oculo e eu sabe se a minha religiosidade não me transforma numa pessoa com condições de entender de que eu não sou melhor que ninguém eu preciso questionar essa espiritualidade eu acho que a evolução espiritual ela nos faz entender que nós não somos melhores que ninguém uhum pelo contrário eu acho quanto
mais evoluído uma pessoa fica do ponto de vista espiritual mais humilde ela se sente porque ela teve contato com todas as suas misérias que foi justamente um pouco do que eu percebi na minha mãe que foi o desespero percebi gente a minha mãe está pronta para morrer você sabe que eu notei isso é mesmo foi mais ou menos um ano antes da morrer eu na numa visita que eu tinha feito a ela eu achei a minha mãe tão em paz tão tão sem necessidade de julgar quem quer que seja todas as situações muito muito tranquilas
para ela F Jesus eu tô achando que a minha mãe está pronta para morrer nossa e é assim né A medida que a gente vai evoluindo a gente fica pronto para morrer né e e quando ela faleceu esse maior medo que você você tinha da pada dela se confirmou no sentido de você se ver sem chão como é que você eh vivenciou esse processo do luto como foi isso para você da pior forma né porque quem perdeu uma pessoa no tempo da covid sabe do que que eu estou falando é a minha mãe morreu às
9:15 da manhã 9 horas da manhã eu recebi o comunicado foi um dia para deslocá-la de Uberlândia onde ela estava onde ela morava para cidade onde nós nascemos Onde ela nasceu lá em Formiga eu me lembro que eu estava em em Daiatuba eu decolei fui para lá pousei lá por volta de 6:30 da tarde o corpo ainda não tinha chegado estava chegando o sepultamento foi à noite eu acho que é o pior momento do livro para mim é quando eu descrevo isso são são cenas que você nunca mais vai se esquecer você ter que acreditar
que aquilo é o fim um fim sem liturgia sem cuidado sem preparo um fim absolutamente silencioso quebrado apenas pelo nosso desespero que de vez em quando en rompia num choro numa Enfim então eu acho que a forma como ela morreu a forma como eu precisei me despedir dela tornou tudo muito pior Uhum E foi justamente isso que me dificultou demais depois retomar o livro né porque aí eu comecei a fazer as perguntas que envolviam o processo final sim porque quando o médico disse para mim ele ligou e falou assim Padre sua mãe teve ontem uma
parada cardíaca nós reanim Mas hoje ela não resistiu Ele não disse ela morreu ele disse ela não resistiu e aí eu peguei o verbo resistir né e eu fiquei pensando Eu me coloquei dentro daquele contexto de hospital onde muitas pessoas padeciam do mesmo mal Eu perguntei a ela quem foi o primeiro que percebeu que você não resistiu Quem estava ao seu lado quem registrou a hora da sua partida e aí esse diálogo foi me levando para uma uma compreensão da finitude que sempre me incomodou muito eu desde menino não sei se isso é da minha
personalidade eu gosto de andar pelo [Música] cemitério Como diz citan beloso de perto ninguém é normal e às vezes eu ficava olhando aquelas plaquinhas já descoloridas pelo tempo e ficava pensando assim meu Deus quem será que foi a última pessoa que chorou por esta aqui quando é que a nossa memória se apaga né quando será que a última pessoa nesta experiência humana se recordará de nós e o livro termina justamente assim perguntando a ela sobre o significado desta finitude e que que tanto nos assola ao longo da vida e que eu acho que é um
dilema para todos nós que perdemos alguém Sim depois que morrem né até mesmo uma pergunta quantos morrem naquele que morre Uhum é não é uma pessoa só dependendo do quão ela é amada morre uma multidão né morre uma multidão ão pra gente numa pessoa só quando você fala da memória que você eternizou a dona Ana a dona Ana tá aqui eternizada tá eternizada vai ser lida por muitos e conhecida por muitos e não muito muito emocionante de verdade e agora falando de conflitos religiosos né que sempre existiram e recentemente agora a gente tá vendo uma
guerra acontecendo que apesar de todos os tem vários outros motivos mas se você pensar tem uma origem também de uma disputa religiosa né Como que você como padre vê essa dificuldade de entendimento entre religiões entre fé e e as pessoas que usam isso também para é reconhecer e respeitar outra religião seria talvez um medo da pessoa reconhecer que a minha religião não seja ah né Absoluta eu acho que tudo aí começa quando a gente quando a gente tem a a visão equivocada de que nós somos um povo especialmente escolhido né Uhum isso se desdobra é
uma compreensão do povo de Israel que depois Jesus vai ampliar quem é o povo escolhido é só quem tem a identidade Judaica não é todo aquele que se integra dentro da proposta é todo aquele que se identifica com a proposta e e onde estiver um ser humano ali eh a presença de Deus estará e e eu sou a Jerusalém Celeste você é a Jerusalém Celeste quando a gente começa a identificar um território geográfico como lugar da manifestação da predileção de Deus a gente acaba criando conflitos geopolíticos que no primeiro momento é religioso é uma compreensão
religiosa né nasce da compreensão de que Deus nos deu um lugar pra gente proliferar a nossa espécie até o momento em que esse espaço começa a ser disputado por muitas pessoas toda vez que eu vou à terra santa eu vivo uma contradição porque eu vejo uma geografia disputada você entra dentro do Santo sepulcro existe lá os os gregos ortodoxos Você tem os gregos Você tem os ortodoxos Você tem os os católicos Romanos todos disputando o mesmo espaço e não é uma disputa bonita não é um cuidado que fala assim olha que bom meu irmão nós
estamos aqui cuidando ao que tem valor histórico teológico para nós não às vezes eu quer dando uma vassourada no outro porque você passou a vassoura dentro do meu território então toda e qualquer compreensão religiosa que passe pela geografia poderá ser perigosa e não é sem motivo que a gente que nós cristãos temos um uma libertação que nos foi feita por Jesus no momento que ele encontra Samaritana que é uma mulher que não podia entrar no templo porque era Samaritana porque era mulher uh e Jesus diz para ela olha Quando você quiser estar no lugar sagrado
você não precisa ir a lugar nenhum basta você fechar os seus olhos e você estará diante do do Sagrado aí você poderia dizer então a gente pode relativizar o a geografia de acordo com a proposta de Jesus nós até podemos valorizar a Geografia mas ela não pode ser um motivo de contradição para aquilo que para nós é o mais importante né que é a a comunhão com as pessoas imagina-se por causa de um pedacinho de terra que a gente diz ser santo a gente perde a amizade alguma coisa está errada na nossa compreensão Eu já
estive na faixa de gasa já já e eu não sei se eu já tinha visto na minha vida uma tristeza maior é muito triste eu fui levar uma ajuda humanitária aos cristãos que moravam lá Visitei a comunidade das irmãs da Teresa de Teresa de Calcutá que vivem lá e elas têm um trabalho lindo inclusive cuidando das Crianças muçulmanas que são eh rejeitadas né Por pelas doenças que possuem é um lugar de muita tristeza Então hoje o conflito que nós temos no mundo é justamente o resultado de milh de de de de muitos anos de história
de uma compreensão de um Deus que privilegia um povo em detrimento de um outro né acho que a gente precisa evoluir para entender que cada um deveria ter o seu lugar e este lugar deveria ser respeitado uhum e e sobre cada um ter o seu lugar né E até pensando né em Jesus como um homem que acolhia o diferente respeitava o diferente recentemente teve um um tema polêmico que foi as a mídia ah sobre uma mulher que teria ido para um tiro espiritual em busca de uma cura gay e ela retornou e depois de um
mês ela tirou a própria vida por a religião ainda é usada pelas pessoas para atacar quem é diferente né para para usar como a tentar culpar o outro por cometer um pecado né isso não seria contraditório com esse própria sensação da comunhão das pessoas né do acolhimento religião Depende muito do livro que a gente leu Pedro depende da catequese que a gente fez depende do processo de evolução que a gente viveu de como nós somos apresentados a Deus em que Deus a gente crê se você reunir 1 pessoas que acreditam em Deus é possível que
você tenha mil respostas diferentes Então eu acho que o processo de conversão quando a gente se diz Cristão a gente tem que ter como referência Jesus Como Jesus viveu Como Jesus agiu O que Jesus fez o que Jesus escolheu e é muito difícil você mensurar o quanto uma pessoa já é cristã né a medida não existe essa medida agora há indícios há indicativos eu acredito que um bom indicativo para eu saber que eu estou evoluindo dentro do meu cristianismo é justamente a minha capacidade de de viver respeitando o espaço daquele que é diferente de mim
eu não tenho que pensar que a minha fé precise massacrar alguém para eu me sentir confortável na prática dela uhum né enim Padre já que o nome do podcast daria um livro a gente queria saber se você tem alguma história para contar pra gente que daria um livro pode ser histórias que estão aqui no livro já mas para para quem tá ouvindo é ou da sua infância durante a sua formação como cantor como escritor como como filho na sua cabeça assim em algum momento olha eu já escutei tantas histórias lindas na minha vida eu eu
sou um homem privilegiado porque no Exercício do sacerdócio eu acabo despertando nas pessoas a confiança o que aliás para mim é algo sagrado eu tenho muito respeito pelas pessoas que se Confiam espiritualmente a mim peço a Deus todos os dias para eu ser curado das minhas neuroses para eu não impor as minhas neuroses em nome de Deus porque muita gente faz isso porque às vezes o líder religioso ele tá tão doente do ponto de vista psíquico emocional que o Deus que ele prega tem exatamente o rosto das neuroses dele então eu sempre peço a Deus
que eu escute as pessoas sem as minhas neuroses à frente então hoje eu eu eu posso ter eu posso dizer que já escutei muita mas muita história bonita muita história de superação de de pessoas que entenderam o Real significado da vida eu me lembro que uma vez eu era ainda seminarista eu fui fazendo uma visita assim a gente tinha os sábados à tardes a gente visitava as famílias e eu entrei dentro de uma casa que tinha uma senhora que tinha vários filhos mas o filho o um um deles tinha hidrocefalia e ela e ela convivia
com aquilo há mais de 15 anos a criança sobreviveu e e quando eu entrei dentro do quarto tudo muito muito cuidado muito higiênico tudo muito arrumadinho e ela ali sentada do lado muito calor naquele dia era uma família pobre ela abanando a criança eu me ocorreu um sentimento Assim meu Deus essa mulher só vai descansar o dia que essa criança morrer eu acho que ela leu o meu pensamento e ela olhou para mim e disse assim padre padre não naquela época era Frater Frater você deve est pensando Que vida difícil que eu tenho né só
que se esse menino for embora eu não sei o que será de mim então eu vi muitas histórias bonitas a ao longo da minha vida que Dari um livro muitas que deram né inclus a sua que que é maravilhosa e agora a gente entra uma parte do programa que a gente adora indicação de livros Você já leu muita coisa boa e sei que essa pergunta é difícil mas se você puder contar pra gente livros que marcaram sua vida pode ser uns cinco livros ou livros que você leu recentemente gostou recomenda alguns livros aqui pro pessoal
que tá nos escutando e assistindo a ópera dos Mortos altran Dourado acabou de ser republicado é uma nova edição recebi em casa semana passada é que bom Inclusive eu riso eu cito rosalind né no livro como um exemplo de dualidade Nossa eu li tantos livros em busca do tempo perdido que eu acho que ninguém deveria morrer sem ler vai demorar vai uma viagem uma jornada longa uma jornada brú é fácil não mas vale a pena os miseráveis Vitor Hugo meu Deus é muita coisa boa Adélia Prado quero minha mãe você continua você tem um hábito
de ler hoje em dia você cont tem tempo Nossa o tempo todo eu só Eu só viajo lendo Pedro eu não faço outra coisa meso só viajo lendo todo e qualquer oportunidade que eu tenho estou com livro nas Mãos Que bom porque o celular nos roubou muito tempo né Muito muito não é um horror o celular nos rouba muito PR e eu eu acho que a gente precisa criar um antídoto para isso porque senão você vai ficar eternamente um resgate né O que gente faz an que você nem lê a matéria toda né você só
lê chamadinha ninguém tem paciência para nada mais e como eu sei que os meus processos humanos estão muito ligados à minha capacidade de permanecer eu tenho muito medo de daqui a pouco eu não ser capaz de lidar comigo Uhum que sou essencialmente artesanal sim eu eu tenho uma frase que eu gosto muito de dizer eh embora eu seja um homem absolutamente né Estou imerso na tecnologia no mundo contemporâneo eu sou tão rudimentar quanto uma roda d'água não mudou nada os meus sentimentos a construção deles a elaboração deles é sempre artesanal e se eu perder a
capacidade de lidar com o artesanal eu perco a capacidade de lidar comigo aí eu vou ser um estranho para mim então às vezes eu vejo as pessoas desesperadas eh eh achando que a leitura de um livro vai esclarecer quem elas são é pessoas que depositam todas as fichas no terapeuta né terapeuta importante mas ele é auxiliar pelo amor de Deus eu preciso ser especialista em mim tem um tem um só só antes da gente continuar tem um trecho já tá acabando até que eu gostei muito quando você fala de literatura no seu livro você fala
assim eh a arte é essencialmente inútil ela não deve ser recrutada como forma de produzir engajamentos nem condicionada por finalidades específicas o artista cria porque não se sujeita a ter somente a realidade mas há obras que dilaceram um mistério humano expõe as vísceras de nossa verdade quando ficamos diante delas inevitavelmente Fazemos uma leitura de nós mesmos foi o que aconteceu comigo quando li a tram dourado e é muito isso né de de está nessa no na leitura também não por uma finalidade mas para pra gente né se conhecer est mais Aterrado assim né na humanidade
eu tenho pavor da arte engajada pior pergunta que você pode fazer um compositor Por que que você escreveu essa música eu sei porque eu escrevi uma bola de remédio mas não uma música por que que você escreveu esse poema não sei é sentimento Se eu soubesse talvez não teria escrito né acho que o processo criativo ele nasce justamente do não entendimento não é de um entendimento é de um não entendimento não é uma não é uma resposta que desperta uma obra geralmente é uma pergunta e aliás os bons escritores são aqueles que nos enchem de
perguntas sim tanto é que a literatura de autoajuda que eu particularmente né não consumo Não não são livros que eu escolho ler tudo que vê tudo que eu eu vejo que tem uma facilidade no título não não quero que seja um manual ou regras não pelo amor de Deus regra manual al manque sobre mim Imagina eu sou não tem como eu não quero isso para mim então a as facilidades as propostas mágicas corro delas agora quem gosta de conviver com conflito eu me aproximo tanto é que eu acredito assim até mesmo como padre né porque
muitas vezes as pessoas vem nos nos enxergam como pessoas com todas as respostas prontas Não tenho não não tenho e não acho que terei Uhum eu vou viver fazendo perguntas eu vou conviver com a pergunta é tão bom um livro que né incomoda a gente faz a gente se questionar quebra o paradigma né porque tem gente que só gosta de ler o que confirma é É ou você você lê porque você vai vai seguindo as letras né você vai você tá se distraindo ali aquilo não te faz parar para pensar em nenhum momento né além
do que tá escrito e o óbvio né o Óbvio tá na moda você já observou Às vezes a pessoa ela escreve uma frase óbvia que todo mundo já disse milhões de vezes e assina Aquilo é não isso é enlouquecedor F meu Deus mas onde as pessoas aplaudem como se fosse um gênio né É É isso que porque aí você tem público para isso é porque as pessoas estão na mesma Maré aham né tão na mesma Maré sim então acho que a gente pode criar um um movimento diferente eu acho que o programa de vocês o
podcast de vocês é uma é uma proposta Super Interessante porque eh resgata o valor da literatura nos dias de hoje sim nós precisamos voltar a ler por favor é e agora a gente vai pro ping-pong literário São perguntas rápidas respostas rápidas um bate pronto aqui tá bom então uma inspiração um um personagem da história para você um personagem real ou fictício o Martin de do uma fração do todo um livro que você gostaria de ter escrito um livro que eu gostaria em busca do tempo uma grande inspiração na sua vida Adélia Prado você abandon num
leitura quando não tá gostando não um bom filme ou série que você assistiu sentimente um bom filme ou série ou série Ai meu Deus tá sem tempo de assistir não eu vejo muitas mas assim que valeria a pena ou pode ser uma que nem tão recente mas que você indica Olha uma que eu que eu vi na pandemia que que me encheu de poesia an Wine ah ah eu não assisti mais eu também as pessoas encheu de poesia me encheu de poesia e a adaptação de um de um livro se eu não me engano é
É acho que sim se você pudesse escolher um eu li o livro inclusive é depois eu li se você puder escolher um autor ou uma autora para conhecer pessoalmente pode ser vivo ou morto n ou autora autor vivo ou morto é b ter um papo Ai meu Deus eu gostaria de ter batido um papo com Gabriel Garcia também meu meu gato chama gabo então a opera e 100 anos de solidão foi um livro que eu li era adolescente ainda e eu me lembro eu li que eu outro dia tava ouvindo você dizer que você não
ch com livro é jora pouco é eu me lembro que o final de 100 anos de solidão eu tinha uma experiência sensorial tão intensa tão intensa que era choro eu ficava fui ficando arrepiado a medida que ele foi descrevendo aquele final impressionante marcou é Nossa eu vi personagens é uma comida que ama arroz feijão e chuchu um destino inesquecível Um Destino inesquecível Lourdes na França grandes autores usaram pseudônimos qual seria o seu o meu Nossa Padre Aurélio eh seu gênero literário Favorito romance O que que você tá lendo agora eu estou terminando uma fração do
todo e qual será sua próxima leitura próxima leitura eu quero reler os irmãos do dostoyevski hum ó a gente vai te ajudar também a gente sempre dá um livro de presente pro convidado fica mais uma sugestão de próxima leitura também leitura vamos ver talvez você já tenha né não sei mas se não tiver se tiver a gente eu vou fingir surpresa tá que a gente pensou que tem tudo a ver né con sim não não tenho não agora a gente não mais sabe é verdade então eu vou lê-lo antes do dostoyevski é a a minha
mãe pro pessoal que tá de casa a minha mãe é a minha filha do Valter goo mãe Eh que é um pouco do que você fala né em vários momentos a gente Pens um pouco dessa um pouco dessa inversão de papéis Em algum momento na vida que que de de mãe de pai você passa a ser filho e o filho passa a ser pai também um é assim também éum é interessante isso né porque nós somos tão acostumados a viver o o papel definido que quando você Experimenta a variação dele sou estranho e eu não
sei eu acho que o processo natural é justamente a variação é em muitos momentos a gente evolução do relacionamento é s tem is aqui olha Cadê eh este livro é naturalmente para minha mãe e para as minhas irmãs e os meus irmãos mas quero que contenha também um abraço especial a todos a todos quantos cuidam de alguém todos quantos usam seu gesto Gentil para possibilitar ou facilitar a vida dos que estão a mercê ou simplesmente vulneráveis este livro é para quem impede o abandono e exerce a graça do amor acima de qualquer desafio Que lindo
ache lind ess muito lindo obrigado muito obrigado pessoal primeiro padre uma uma última coisa só Padre ia pedir para você abençoar todos nós equipe todo mundo que tá aqui todo quem tá nos assistindo uma benção sua por favor claro com certeza e também faço questão de dizer que a benção não é uma mágica padre não tem o o poder de fazer mágica abençoando as pessoas o que a gente faz é acordar a bênção que já existe em cada um de nós então eu acredito que cada um tem a sua porção do Deus tem um jeito
de estar no mundo a partir de você a partir do Pedro Mateus Não é isso partir do Mateus partir de mim e ele tem um jeito único de ser no mundo por meio de cada um de nós se eu abrir mão de não fazer isso ele não aparece com o meu rosto mas toda vez que eu me disponho ele tem o meu rosto por onde eu vou então agora neste momento você que nos acompanha que o rosto de Deus que há em você possa se manifestar ao mundo em nome do pai do filho e do
Espírito Santo amém amém amém obrigado obrigada que final maravilhoso nossa muito lindo amei a ideia Padre mais uma vez muito muito muito obrigado o papo foi maravilhoso queria agradecer você de casa por ter mais uma semana acompanhado a gente toda terça-feira tem Episódio novo especial queria fazer um agradecimento também ao pessoal do on the nose da edição Space House e também assistência da Catarina Mat velha que fizeram Esse episódio possível semana que vem tem mais obrigado padre Obrigado S Obrigado Pedro Obrigado Sofia O prazer foi todo meu é isso pessoal Leiam o novo livro do
Padre Fábio de Melo que tá maravilhoso a vida é cruel Ana Maria beijo
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