Eles Não Eram Apenas Cavaleiros! Fé ou Poder?

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Os Cavaleiros Templários, uma irmandade secreta nascida em meio às convulsões da Idade Média, apenas para desaparecer após dois séculos de existência. Embora tenham sumido da história, os mitos e lendas sobre esses guerreiros religiosos continuam a ecoar até os dias de hoje. Vestindo mantos brancos adornados com a emblemática cruz vermelha, os templários se tornaram símbolos de devoção e poder.
Suas riquezas acumuladas e seus feitos militares ainda despertam fascínio e mistério. Forjados em uma disciplina implacável e treinados para o combate sem hesitação, esses homens formavam uma elite militar inigualável. Se houvesse uma comparação moderna, eles seriam os forças especiais do século XI.
Mesmo após 1000 anos, o enigma que envolve esses guerreiros de Cristo permanece. Eram sacerdotes, monges, cavaleiros? Qual era a sua verdadeira identidade?
Um cronista inglês da época os descreveu como um novo tipo de criatura nunca antes vista. Mas quem realmente estava por trás da criação dessa irmandade tão singular? Qual era seu objetivo original?
E como conseguiram asender tão rapidamente conquistando tamanho poder? No final do século XI, os templários já não eram apenas um grupo de cavaleiros devotos. haviam se tornado uma organização internacional influente.
Graças ao conhecimento de especialistas e a investigações aprofundadas nos registros históricos que ainda existem, podemos reconstruir o nascimento dessa ordem lendária. Um paradoxo de guerreiros e monges em um só corpo. É algo realmente inusitado.
Um grupo de soldados que seguem regras religiosas tão rigorosas quanto as de um mosteiro. Alguns pensadores cristãos da época acreditavam que era uma heresia misturar oração com batalha, mas os templários provaram que esse conceito podia ser aplicado na prática. De terras áridas no oriente aos grandes salões reais da França e Inglaterra, os templários cresceram em prestígio e alcançaram as mais altas esferas de poder.
Eles convenceram papas, reis e nobres de toda a Europa a apoiarem sua causa. Doações em ouro, terras e propriedades fluíram em direção à ordem em quantidades nunca vistas antes. Em regiões como Champanhe, Borgonha e Il de France, surgiram uma rede impressionante de fortalezas e domínios templários, espalhando sua influência de forma sem precedentes.
Mas tudo começou com um pequeno grupo de homens determinados, aqueles que transformaram um grupo de soldados em uma instituição religiosa com ambições que iam além da simples proteção da Terra Santa. O nascimento dos templários ocorreu em Jerusalém. No coração das disputas da Idade Média.
Inicialmente eram apenas um punhado de cavaleiros, sem recursos financeiros significativos, mas com uma devoção inabalável e habilidades de combate mortais. Seu juramento era claro, proteger peregrinos cristãos que atravessavam territórios hostis em sua jornada para visitar os locais sagrados. Para compreender a raiz desse movimento, precisamos voltar ao final do século X.
Naquela época, o mundo cristão estava dividido. No O qu Europa estava sob o comando da Igreja e do Papa. Enquanto isso, no Oriente, o mundo islâmico se expandia, dominando o norte da África, o sul da Espanha e partes do Oriente próximo.
O Império bizantino, defensor do cristianismo ortodoxo, estava cada vez mais ameaçado pelos avanços turcos. Quando o Papa Urbano II conclamou os cristãos para a primeira cruzada, milhares responderam ao chamado e marcharam em direção à Terra Santa. Após três anos de batalhas brutais, os cruzados tomaram diversas regiões, incluindo Jerusalém.
O cerco da cidade, no verão de 1099 foi um dos eventos mais sangrentos da história. Relatos da época afirmam que o sangue corria pelas ruas, possivelmente um exagero medieval, mas um indício da magnitude da carnificina. Com a criação dos estados cruzados, com dados e reinos cristãos estabelecidos na região, surgiu uma nova necessidade, garantir a segurança dessas conquistas.
Mas os territórios estavam vulneráveis. Os exércitos muçulmanos podiam reunir milhares de soldados, enquanto os cruzados, com sua força reduzida, lutavam para defender suas novas posses. A proteção dos peregrinos era um desafio.
Ataques e emboscadas eram frequentes, tornando a jornada a Jerusalém perigosa. No início, a defesa ficava a cargo dos milites Sanct Sepulcre, uma irmandade de guerreiros leigos que zelavam pelo sepulcro sagrado e protegiam os visitantes. No entanto, um cavaleiro viu além disso.
Seu nome era Huges de Paines. Ele não queria apenas proteger os peregrinos, queria fundar algo muito maior, uma ordem militar religiosa, com soldados devotados à fé e ao combate. O rei Balduo I de Jerusalém percebeu a urgência da situação.
Ele precisava de homens dispostos a enfrentar os perigos do Oriente, defender os territórios cristãos e garantir a segurança das estradas. Foi assim que em 1120, no concelho de Nablus, Hugs de Pens apresentou seu projeto ao rei e ao patriarca de Jerusalém. Sua proposta era radical, uma ordem de monges guerreiros que viveriam sob regras monásticas e empunhariam espadas para defender a cristandade.
Balduino i aceitou e lhes concedeu como sede um palácio próximo ao que era conhecido como o templo de Salomão. Assim nasceu a ordem dos pobres cavaleiros de Cristo e do templo de Salomão, que logo ficaria conhecida simplesmente como os Templários. Com a ameaça constante de conflitos, os novos membros da ordem precisavam crescer.
Hugs de Pens retornou à Europa para buscar aliados, recrutas e fundos. Sua jornada o levou por várias regiões, onde a nobreza começou a enxergar os templários, não apenas como guerreiros, mas como um pilar essencial na luta pela cristandade. Curiosos para saber quem ele era, qual era a verdadeira missão de sua ordem e o que eles pretendiam alcançar, muitos começaram a investigar.
Quando finalmente descobriram a verdade, ficaram profundamente impressionados e passaram a fazer doações generosas. oferecendo somas imensas de dinheiro. Essas contribuições em grande escala fizeram com que a Ordem dos Templários acumulasse riquezas em uma velocidade impressionante.
Em pouco tempo, eles se tornaram uma das ordens mais prósperas da época. No entanto, Hugs de Pa e os fundadores da Ordem do Templo sabiam que para atrair ainda mais seguidores e ampliar sua influência na Terra Santa, precisavam do reconhecimento das maiores autoridades da época. Nos primeiros anos da ordem, havia muitas dúvidas entre as pessoas.
Eles são sacerdotes, monges, cavaleiros? O que exatamente eles representam? Afinal, um monge ou sacerdote não deveria pegar em armas.
E, no entanto, eles eram combatentes experientes. Essa contradição gerava questionamentos e até mesmo alguns teólogos cristãos viam como algo impensável unir preces e batalhas dentro de uma mesma instituição religiosa. Com o objetivo de consolidar a irmandade e transformá-la oficialmente em uma ordem militar religiosa, Huges de Pin precisava obter a aprovação da igreja de Roma, ou seja, do próprio Papa.
Para alcançar esse reconhecimento, ele utilizou suas conexões na região onde nasceu, a Borgonha. Sua primeira esposa, Emeline de Tuyon, era parente da influente família de Mbard. Entre os membros dessa família havia um nome em ascensão dentro da igreja e respeitado em toda a Europa, Bernard Fonten, que mais tarde ficaria conhecido como São Bernardo de Claraval.
São Bernardo era um homem de grande influência e poder dentro da Igreja Católica. Ingressou na ordem de Sister e em 115 fundou a abadia de Claraval. Oriundo de uma linhagem de guerreiros, ele possuía o espírito de um combatente, mas também uma oratória poderosa e um fervor inabalável pela vida as rigorosa da igreja do século XI.
Já em 1129, São Bernardo havia se consolidado como uma das figuras mais importantes do clero, sendo uma referência moral não apenas para os religiosos, mas também para os governantes e a população em geral. Ele viu nos Cavaleiros Templários uma oportunidade não apenas de apoiar a defesa contínua de Jerusalém, mas também de reformar a conduta dos cavaleiros da Europa Ocidental. Por mais de um século antes da primeira cruzada, a Igreja Católica enfrentava um grande problema, a falta de disciplina entre os cavaleiros ocidentais.
Eles eram vistos como problemáticos, constantemente envolvidos em disputas pessoais, vinganças sangrentas e exibindo arrogância extrema. Para São Bernardo, os templários poderiam servir de modelo, mostrando como um cavaleiro deveria se comportar. Ele os enxergava como um caminho para transformar guerreiros violentos em defensores da fé cristã.
Convencido de que a Ordem dos Templários representava um avanço para a igreja, São Bernardo escreveu um manifesto histórico intitulado Em Louvor à nova cavalaria. Nele, ele descrevia os templários como uma milícia sagrada, combatendo tanto inimigos terrenos quanto forças malignas espirituais. Para Bernardo, os cavaleiros do templo eram diferentes dos demais.
Viviam sem esposas, sem filhos, sem riquezas. pessoais não temiam matar em combate, pois faziam isso em nome de Cristo e viam o sacrifício em batalha como uma dádiva. Mas o documento ia além.
O ponto central não era apenas justificar a luta dos templários, mas diferenciá-los dos cavaleiros tradicionais. Bernardo criticava a cavalaria profana, formada por guerreiros que buscavam riquezas, exibiam vestes luxuosas e cavalgavam em belos cavalos preocupados apenas com seu status e bens materiais. Em contrapartida, ele exaltava os templários como a nova cavalaria, homens que não se importavam com posses e dedicavam suas vidas inteiramente à proteção da terra santa e da fé cristã.
Foi assim que no dia 13 de janeiro de 1129, os principais líderes da igreja, sob a influência de São Bernardo, reuniram-se no Concílio de Toys. Este evento contou com a presença de um representante do Papa, clérigos importantes, nobres e membros da ordem do templo. Durante este concílio, foi redigida a primeira regra oficial dos Templários, um documento essencial para a estruturação da ordem.
Hoje, apenas 10 cópias originais dessa regra sobreviveram. Uma delas preservada na Biblioteca Nacional da França. O manuscrito escrito em francês antigo contém diretrizes detalhadas sobre a vida templária, incluindo as orações diárias, os cuidados com os cavalos e até mesmo a alimentação recomendada para os cavaleiros.
Diferente dos monges comuns que jejuavam com frequência, os templários tinham permissão para comer carne três vezes por semana, pois precisavam manter suas forças para os combates. Havia também regras sobre o descanso. Aqueles que estivessem muito exaustos poderiam ser dispensados das preces noturnas, desde que recebessem permissão do mestre da ordem.
O concílio de Tro representou um marco histórico. Pela primeira vez, a igreja sancionava oficialmente a ideia de um grupo militar religioso que poderia lutar e até matar em nome de Cristo. Nascia ali o reconhecimento formal da ordem do templo como um braço armado da igreja na Terra Santa.
Contudo, nem todos viam essa nova ordem com bons olhos. Alguns cronistas, como o inglês Henry de Huntington, chegaram a chamar os templários de um estranho e novo monstro. Após o concílio de Troa, a popularidade dos templários cresceu rapidamente.
A aristocracia europeia viu na ordem uma maneira inovadora de fazer doações e investir seu dinheiro em algo que transcendia os monastérios tradicionais. As doações aumentaram de forma exponencial, tanto em dinheiro quanto em terras. fortalecendo ainda mais a organização.
Em poucos anos, os templários se tornaram uma força militar poderosa, uma estrutura inédita desde a queda do Império Romano no século V. Eles foram o primeiro exército permanente da Europa em séculos, protegendo os interesses cristãos no Oriente Médio. Com os recursos recebidos, puderam treinar soldados altamente qualificados.
Na época medieval, um cavaleiro totalmente armado era comparável a um tanque de guerra moderno, uma máquina de combate temida por todos. A imagem dos Templários passou a ser consolidada também visualmente. No início, eram conhecidos como pobres cavaleiros de Cristo e do templo de Salomão.
E de fato eram pobres, possuindo apenas suas armas e alguns cavalos. No entanto, após a consolidação da ordem, passaram a ostentar mantos brancos, um símbolo de pureza. Sobre essa túnica foi adicionada a icônica cruz vermelha, representando o sangue de Cristo e o compromisso absoluto com a defesa da fé.
A missão dos templários ia além dos campos de batalha. Eles não apenas lutavam, mas também desenvolviam armas, fortificações e estratégias militares para proteger os peregrinos cristãos. Com o crescimento da ordem, surgiram os comandantes que organizavam os novos recrutas.
A ordem se dividia em três grupos: os cavaleiros, geralmente nobres, treinados na arte da guerra, os sargentos, que desempenhavam funções de apoio e combate e os capelães, que exerciam funções religiosas. Os templários expandiram rapidamente sua influência, estabelecendo casas e fortificações chamadas comandarias em toda a Europa. Nessas fortalezas viviam os irmãos da ordem, seguindo uma disciplina rígida e trabalhando para financiar as operações militares no Oriente.
Com o passar dos anos, os Templários cresceram ainda mais. Em 1136, Hugs de Pens faleceu após retornar à Terra Santa. Seu sucessor, Robert de Crown, expandiu a organização e aprimorou sua administração.
10 anos depois, um documento histórico consolidaria ainda mais seu poder. A bula papal emitida pelo Papa Inocêncio I em 1139. O documento foi nomeado Omnidatum Optimum, as três palavras em latim com as quais se inicia.
Toda graça benéfica e toda dádiva perfeita descem dos céus, provenientes do Pai das Luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Encorajamos vocês a enfrentarem com fervor os inimigos da cruz e como recompensa. Concedemos a permissão para que mantenham consigo todos os espolhos conquistados, sem que ninguém tenha o direito de reivindicá-los.
Declaramos ainda que a ordem do templo, com todos os seus bens adquiridos por meio das generosas doações dos papas, reis e príncipes, permanecerá sob a proteção e tutela da Santa Sé. De acordo com esse documento, os templários não só garantiam a posse das riquezas acumuladas durante as batalhas travadas contra os muçulmanos na Terra Santa, mas também se submetiam diretamente à autoridade de um único líder, o Papa. Nenhuma pessoa poderá obrigá-los a pagar dízimos, mas confirmamos a vocês a posse e o direito de usufruto sobre os tributos recebidos, desde que concedidos com o consentimento dos bispos, para garantir a plenitude da salvação e o devido cuidado com suas almas, permitindo-lhes a prática dos ofícios divinos e a administração dos sacramentos eclesiásticos, vocês podem admitir clérigos e sacerdotes.
Concedemos também o direito de erguer capelas em todas as propriedades pertencentes ao templo, garantindo que vocês e seus familiares possam frequentar os cultos e ser sepultados nesses locais. Isso evita que os irmãos da ordem, ao se dirigirem às igrejas, se misturem com as multidões de pecadores e aqueles que convivem com mulheres de má reputação. Com isso, a ordem do templo ficou isenta do pagamento de impostos à igreja e recebeu o direito de arrecadar tributos sem a necessidade de intermediação dos bispos.
Além disso, poderiam formar seus próprios sacerdotes, construir templos e garantir que qualquer um que ousasse questionar a proteção papal fosse automaticamente escomungado. Os templários não estavam subordinados à autoridade de nenhum outro clérigo, nem mesmo arcebispos ou bispos. Apenas o Papa tinha poder sobre eles.
Essa concessão proporcionou à ordem uma liberdade de ação sem precedentes dentro da hierarquia da igreja, mas também gerou ressentimento entre os altos membros do clero, como arcebispos e bispos que viam com desconfiança a autonomia e a influência dos cavaleiros templários. Com o passar dos anos, diversos papas reforçariam ainda mais os privilégios concedidos à ordem. Em 114, os fiéis foram convocados expressamente a contribuir para a missão dos cavaleiros templários.
Ficou estipulado que os benfeitores da ordem receberiam a indulgência papal como recompensa por suas doações. Aquele que oferecer aos irmãos os bens que Deus lhe confiou, criando um vínculo com essa santa fraternidade e permitindo que eles obtenham lucros anuais, receberá a redução de 1 das penitências que lhe forem impostas. Reis de toda a Europa concederam vastas terras à ordem, desde extensas propriedades até pequenas posses como fazendas, moinhos e vinhedos.
Não importava o tamanho da doação, qualquer contribuição era aceita, pois tudo se destinava ao propósito maior de manter vivo o reino cristão no Oriente. Na mentalidade cristã da época, doar para uma ordem como a dos templários era uma forma de garantir a salvação da alma. Essas doações reduziam o tempo no purgatório e aumentavam as chances de alcançar o paraíso.
Em 1145, uma nova bula papal concedeu aos cavaleiros templários o direito de sepultar seus membros em cemitérios próprios e transitar livremente por toda a Europa. Entre os anos de 1129 e 1146, podemos comparar o crescimento da ordem a uma pequena empresa que em apenas 17 anos se tornou uma gigante multinacional. Mesmo nos padrões atuais, essa expansão foi extraordinária.
Era algo nunca visto antes, um grupo seleto que em um curto período acumulou tanto poder e influência. Mas enquanto o poder dos templários crescia no ocidente, no oriente, a situação dos estados cruzados piorava drasticamente. A cidade de Damasco foi tomada em 1129, Barim em 1137, Tequáa em 1139 e especialmente Edessa em 114, onde aproximadamente 30.
000 cristãos foram massacrados. A sucessão de derrotas enfraquecia os cruzados, não apenas militarmente, mas também moralmente. Essas perdas, no entanto, não eram diretamente atribuídas aos templários, pois o exército do reino de Jerusalém ainda não integrava a ordem de maneira significativa.
Os cavaleiros do templo ainda não haviam se imposto com sua rígida disciplina e eficiência militar. Diante dessas adversidades e da crescente ameaça aos cristãos no Oriente, o Papa Eugênio I decidiu agir. Em resposta, emitiu a Bula Quantum predecessores, convocando uma nova cruzada.
Bernardo de Claraval assumiu a missão de mobilizar a população cristã. Em 31 de março de 1146, em Veselé, na Borgonha, ele pregou a necessidade da jornada, a terra santa, prometendo o perdão de todos os pecados àqueles que tomassem a cruz. Entre os muitos soberanos europeus que aderiram à segunda cruzada estavam o rei da França, Luiz VI, e sua esposa, Leonor da Aquitânia.
Para financiar essa empreitada, recorreram aqueles que tinham os recursos necessários, os cavaleiros templários. Em 1147, Luiz VI solicitou apoio financeiro da ordem e confiou-lhes pela primeira vez o seu tesouro. Os templários, além de possuírem recursos suficientes para ajudar o rei, também eram responsáveis por armar embarcações e atuar como guias e protetores ao longo da difícil rota da cruzada.
Os ataques turcos foram ferozes e os templários, liderados pelo marechal Evrar Desbar, que mais tarde se tornaria grão mestre, foram fundamentais para salvar o exército real francês. Luís é VI não foi o único monarca a se juntar à segunda cruzada. O rei da Alemanha, Conrado I, também liderou uma força de quase 20.
000 homens rumo à Terra Santa. Contudo, desde os primeiros meses, os exércitos de ambos os reis sofreram grandes reveses. As derrotas se acumulavam em lugares como Monte Cadmo, Dorileia e Inabe.
As baixas aumentavam e os custos financeiros cresciam. Para cobrir as despesas, Luiz VI voltou a recorrer à ajuda dos cavaleiros templários. Em um momento crítico, o grão mestre partiu para buscar recursos em uma fortaleza templária, marcando a primeira vez que a ordem atuou como banco financiador de monarcas europeus.
Apesar do apoio financeiro dos Templários, a segunda cruzada terminou em fracasso. Os reis da França e da Alemanha não conseguiram recuperar nenhuma cidade e após 3 anos de conflitos desistiram. No entanto, essa expedição desastrosa beneficiou a ordem do templo, pois consolidou sua importância como financiadora e administradora de recursos.
A volta de Luis VI à França em 1149, o encontrou enfraquecido tanto financeiramente quanto diplomaticamente. Mas sua jornada fortaleceu ainda mais o mito dos cavaleiros templários. Para ele, a ordem era única e incomparável, levando-o a conceder-lhes terras e renda provenientes de impostos.
O crescimento dos templários estava apenas começando, com apoio de papas e reis, sua riqueza se multiplicava, suas fortalezas se espalhavam e seus membros se tornavam cada vez mais numerosos. A era dos cavaleiros do templo mal havia começado. Eles tomaram a decisão de realizar um último ataque, uma ofensiva definitiva.
Na linha de frente, os cavaleiros templários lideraram a investida. Os templários atravessaram uma brecha nas muralhas, mas ao adentrarem a cidade perceberam que estavam sozinhos. Os muçulmanos, estrategicamente preparados, cercaram os templários assim que entraram em Ascalon.
Estima-se que aproximadamente 40 cavaleiros perderam a vida nesse cerco, incluindo seu mestre Bernard de Tremelei. O preço que os templários pagaram para conquistar Ascalon foi altíssimo. Essa batalha tornou-se um marco na história da ordem e devido às discussões que ela gerou ao longo dos séculos, é innegável que o papel de liderança desempenhado pelos templários nesse confronto foi amplamente reconhecido.
A segunda cruzada e a conquista de Ascalon impulsionaram ainda mais a fama dos cavaleiros templários, guerreiros dedicados a proteger a Terra Santa qualquer custo, mesmo que isso significasse sacrificar suas próprias vidas. Na segunda metade do século XI, os templários passaram a desempenhar um papel cada vez mais relevante nos exércitos do reino de Jerusalém e em outros estados latinos do Oriente Médio. Com o tempo, a ordem templária ganhou notoriedade na Europa Ocidental.
Para os fiéis orarem em uma igreja ligada à ordem, ser sepultado em um cemitério templário ou associar-se de alguma forma à irmandade, era considerado um ato de devoção e redenção espiritual. A crença era de que essas ações poderiam assegurar a salvação da alma, principalmente porque a ordem dos templários estava diretamente envolvida na defesa do legado de Cristo e na proteção do reino de Jerusalém. Reconhecimento da ordem cresceu rapidamente.
Cada vez mais doações eram feitas, permitindo que a instituição acumulasse patrimônio e estabelecesse uma rede de comandâncias em diversas regiões do Ocidente. Esse crescimento exponencial tornou a ordem um dos assuntos mais comentados por escritores e pensadores da época. Nos Arquivos Nacionais da França em Paris existem milhões de documentos organizados cronologicamente que relatam a história do país.
Recentemente, documentos perfeitamente preservados do século XI foram descobertos, revelando provas concretas do entusiasmo que tomou conta da Europa logo após a criação da Ordem dos Templários. Um dos documentos mais antigos data de 114. Esse documento é um apelo oficial de doação emitido pelo Papa Celestino I.
Esse é dito papal destaca que os templários são defensores da fé no Oriente, mas que carecem de recursos financeiros para manter suas expedições. Assim, a Santa Igreja solicita aos fiéis que contribuam com bens e recursos financeiros para sustentar a causa da ordem. Além disso, esse documento concedia indulgências.
Aqueles que doassem para a ordem teriam um sétimo das suas penitências, reduzido, incentivando a população a fazer parte dessa grande causa religiosa e militar. Com esse incentivo, todas as classes sociais passaram a contribuir para o crescimento da ordem do templo. Os próprios cavaleiros, ao ingressarem na ordem, renunciavam a seus bens em favor da instituição.
Esse ato era visto como uma forma de devoção extrema. Um documento encontrado descreve a doação de um cavaleiro chamado Raul de Ressons. Em nome da Santíssima e indivisível trindade.
Amém. Eu, Raul de Ressom, pela salvação de minha alma e de minha família, entrego a Deus e a casa da cavalaria do templo 80 haares de terra. Concedo que os possuam livremente e para sempre em paz.
Em troca, recebo os trajes desta casa e me entrego como servo. Esse documento é incrivelmente raro. Ele demonstra não apenas a doação de terras, mas também a adesão formal do cavaleiro à ordem dos templários.
Raul de Ron havia partido para a cruzada junto ao exército real e ao final optou por dedicar-se integralmente ao templo. O fato de que um cavaleiro abandonou sua posse na distante picardia para a ordem mostra a magnitude do compromisso com a causa. Os registros também mostram a participação ativa da nobreza no financiamento da ordem.
Um exemplo claro é um documento de 1159 assinado por Henrique II, Conde de Champanhe. O Ton L era um imposto aplicado sobre vendas e compras comerciais. Na região de Champanhe, as feiras estavam em pleno crescimento e geravam receitas substanciais.
Ao doar uma parte desse tributo aos Templários, o Conde Henrique garantiu que a ordem tivesse uma fonte fixa de renda. Essas doações permitiram a expansão da rede de comandâncias templárias, garantindo a sustentação financeira da ordem. Os registros mostram que a administração templária se tornou altamente sofisticada, transformando a ordem em uma das organizações mais influentes da Idade Média.
Os rebanhos de ovelhas eram incrivelmente valiosos na época, representando o número significativo para a economia medieval. A lã inglesa era uma das mercadorias mais cobiçadas do período, altamente lucrativa e procurada em toda a Europa. Isso se devia não apenas à sua qualidade excepcional, mas também ao seu custo relativamente acessível.
Comerciantes de diversos lugares, especialmente da Itália, viam no comércio da LAN uma grande oportunidade de enriquecimento. Um registro financeiro de uma região em Lincolns revela que os templários ingleses não se limitavam a vender sua produção apenas em mercados locais. Eles desempenhavam um papel ativo no comércio internacional, consolidando suas conexões comerciais além das fronteiras inglesas.
Um dos documentos da época menciona a produção de 3002 lã de ovelha, totalizando um peso impressionante de 5. 000 L. O comprador registrado era a influente família Balard, uma das mais poderosas dinastias de comerciantes de Landa Itália na época.
O comércio desses produtos gerava receitas consideráveis para cada comandaria templária. Em um determinado rano, os registros indicam que os templários arrecadaram cerca de 315 libras esterlinas, oito Shilings e oito Pense. Se analisarmos o total de propriedades administradas pela Ordem dos Templários em um ano comum, podemos estimar um rendimento aproximado de 4.
500 500 libras anuais. Um valor que ajustado para a economia moderna equivaleria a uma soma de seis dígitos. Em determinados anos, esses rendimentos podiam até superar a arrecadação do próprio rei.
As propriedades dos cavaleiros templários, espalhadas por toda a Europa ocidental e nos territórios das cruzadas eram vastas. Eles estavam entre os maiores proprietários de terras da cristandade ocidental, com uma renda muito superior à de muitos monarcas da época. Todo o dinheiro arrecadado por suas comandarias inglesas era enviado para a sede em Londres, na Temple Church, onde os bens da ordem eram centralizados e administrados.
Com o passar do tempo, os templários desenvolveram habilidades sofisticadas de gestão financeira, tornando-se banqueiros de reis e nobres. A ordem mantinha seus registros financeiros com extremo rigor e era extremamente cuidadosa em seus investimentos. Além disso, trabalhavam incansavelmente para garantir que suas operações fossem bem-sucedidas.
Muitos historiadores apontam os templários como um dos grupos mais influentes no desenvolvimento do capitalismo moderno. Embora essa visão possa parecer excessivamente materialista, é fundamental lembrar que sua missão oficial era a proteção da Terra Santa. Para cumprir esse objetivo, eles precisavam de recursos e estratégias bem planejadas.
A ordem dos Templários não era composta apenas por guerreiros, também reunia indivíduos de diversas áreas, incluindo artesãos, comerciantes e especialistas em finanças. Essa diversidade permitiu que desenvolvessem vastos territórios, conduzindo grandes projetos de construção e tornando-se hábeis administradores financeiros. Seu domínio nesse campo era tão grande que os reis da França e da Inglaterra confiavam a eles a gestão de seus tesouros.
A Temple Church, localizada em Londres, funcionava como um verdadeiro cofre seguro, tanto para os templários quanto para a nobreza e a família real. Qualquer pessoa que precisasse armazenar dinheiro, joias ou documentos importantes, podia confiar na proteção da ordem. Além disso, os lucros gerados por suas extensas propriedades fluíam para essa central financeira.
Os valores arrecadados eram então transportados com segurança em comboios escoltados dentro de cofres de madeira chamados huts para centros financeiros de diversas regiões. Esse sistema de movimentação financeira era tão bem estruturado que na França, por exemplo, o dinheiro das comandarias era direcionado a centros financeiros regionais antes de ser enviado para Paris. Na capital francesa estava localizada a sede da ordem, na imponente torre do templo, onde se encontrava o tesouro central da ordem, armazenando tanto dinheiro quanto relíquias preciosas.
Durante os séculos XI e X, a relação entre os monarcas franceses e os templários permaneceu inalterada. O rei Felipe I, por exemplo, confiou a eles a guarda definitiva de seu tesouro. Posteriormente, reis como Luís I continuaram a utilizar a torre do templo como principal depósito do tesouro real.
Não eram apenas os soberanos que faziam uso desse sistema. Documentos históricos revelam que cerca de 60 outros depositantes, entre nobres e ricos comerciantes, também confiavam seus bens à custódia da ordem. Os templários criaram um sistema bancário inovador que permitia a movimentação segura de dinheiro entre diferentes territórios.
Um exemplo disso era o uso de notas de crédito, permitindo que um peregrino depositasse uma quantia em Paris e retirasse o equivalente em Jerusalém. Dessa forma, os viajantes evitavam o risco de serem roubados durante o percurso, tornando a peregrinação à Terra Santa mais segura e acessível. Além das operações financeiras, os templários também eram mestres na arquitetura militar.
Com um vasto domínio espalhado pelo Oriente Médio, eles construíram fortificações imponentes para proteger suas terras e os peregrinos. Castelos, como Atlet, também conhecido como castelo peregrino, eram verdadeiras maravilhas da engenharia militar medieval, projetados para resistir a ataques massivos. Essas fortalezas eram tão bem construídas que, em alguns casos, se mostravam inespugnáveis, mesmo quando ainda estavam em construção.
Os castelos templários tinham diversas funções. Alguns estavam estrategicamente posicionados em regiões de fronteira, servindo como postos avançados de defesa contra invasões inimigas. Outros eram centros administrativos no meio de grandes propriedades agrícolas, garantindo o abastecimento e a logística necessária para manter os territórios sob controle da ordem.
Apesar das grandes riquezas acumuladas no ocidente, a necessidade de recursos para sustentar a guerra no Oriente continuava crescendo. Os estados latinos das cruzadas enfrentavam constantes ameaças e a manutenção de soldados, provisões, armas e novas construções exigia investimentos cada vez maiores. O custo para erguer um único castelo templário era estimado em 1,1 milhão de besantes, um valor astronômico para a época, equivalente a bilhões nos dias atuais.
No final do século XI, a situação militar tornou-se ainda mais crítica com a ascensão de um novo líder muçulmano, Saladino, originário do que hoje conhecemos como Iraque. Ele fundou a dinastia Aúbida e conseguiu unificar Egito, Síria e conquistar o Yemen. Com essa expansão, ele se tornou a principal ameaça aos Estados latinos, especialmente ao reino de Jerusalém.
O rei de Jerusalém na época, Guide Luzinhã, governava um reino fragmentado, onde cada feudo era controlado por um senhor diferente. Entre eles estava Renault de Chatilon, um líder conhecido por sua brutalidade. Em 1187, Renault atacou uma caravana muçulmana pacífica, roubando seus bens e matando civis.
O ataque enfureceu Saladino, que jurou vingança, e imediatamente organizou um ataque à fortaleza de Kerak, capital do senhorio de Otre Jordin. Diante dessa ameaça, Guide Luzinan buscou o aconselhamento de Gerard Ridford, grão mestre da Ordem dos Templários. Gerard foi enviado para negociar uma aliança com o Conde de Trípol, mas movido por sua arrogância, decidiu atacar um contingente muçulmano com apenas 140 cavaleiros.
O resultado foi um massacre, com seus homens sendo massacrados por um exército de 7000 soldados inimigos. Apesar dessa derrota humilhante, Gerhard convenceu Gaide Luzinan a partir para o ataque. O rei reuniu cerca de 20.
000 soldados e marchou contra Saladino, atravessando uma região árida e montanhosa durante o calor escaldante do verão. O exército cristão foi cercado e aniquilado pelos muçulmanos na batalha de Ratim, uma das mais sangrentas do século XI. Essa derrota marcou o início da derrocada do reino de Jerusalém e consolidou o poder de Saladino na região.
O heroísmo dos templários era innegável, mas sua derrota foi absoluta. O campo de batalha ficou marcado por um rastro de corpos com inúmeros mortos e uma quantidade ainda maior de prisioneiros. Sabemos que muitos dos cortesãos próximos a Saladino receberam ordens para executar sumariamente os templários capturados.
Isso provavelmente ocorreu porque os templários eram vistos como fanáticos religiosos, devotados de forma inabalável ao cristianismo. Enquanto a maioria dos templários encontrou a morte, o grão mestre da ordem foi poupado. Ele foi levado como prisioneiro para Damasco, onde Saladino pretendia usá-lo como moeda de troca, na esperança de convencer a irmandade a entregar fortalezas estratégicas em Gaza e Daron.
O ano de 1187 marcou um colapso quase instantâneo do reino de Jerusalém. Gerard Ridford, então grão mestre do templo, teve uma participação crucial nesse desfecho desastroso. O reino de Jerusalém possuía apenas um exército, sem capacidade de recompor suas forças rapidamente.
Na batalha de Hatin, as tropas cristãs não apenas perderam, foram exterminadas. Nada mais impedia Saladino de conquistar o restante do reino. E Jerusalém caiu poucos meses depois.
Menos de 100 anos após os cristãos tomarem Jerusalém na primeira cruzada em 1099, a cidade santa voltou ao domínio muçulmano. Quando a notícia da perda de Jerusalém chegou à Europa Ocidental, gerou um choque devastador. O Papa da época, segundo relatos, morreu de angústia ao saber do ocorrido.
Com a conquista muçulmana, os cristãos foram obrigados a deixar Jerusalém e a residência dos templários na cidade passou a ser chamada de Mesquita Alaxa. Após a derrota em Ratim e a queda de Jerusalém, os cristãos, especialmente os templários, enfrentaram sua fase mais crítica. O contingente remanescente precisava desesperadamente de reforços vindos do ocidente.
A principal missão da ordem passou a ser sustentar aqueles que resistiam e fortalecer sua presença na região. Eles precisavam de suporte para continuar lutando. Esse auxílio viria por meio da terceira cruzada, financiada por um imposto denominado dízimo de Saladino, arrecadado pelos próprios templários.
Essa campanha reuniu milhares de homens. Em abril de 1991, o rei da França, Felipe II, desembarcou na Terra Santa com seis embarcações. Pouco depois, em junho, Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, chegou com uma frota impressionante de 200 navios carregados de soldados e riquezas.
Logo após sua chegada, ele conseguiu eleger um de seus aliados mais próximos, Robert de Sablé, como novo grão mestre da ordem do templo. Durante meses, as forças cruzadas travaram batalhas contra Saladino para retomar os territórios perdidos. Após a batalha de Hatim durante essa cruzada, a ilha de Chipre foi conquistada pelos cristãos, que também recuperaram várias cidades costeiras, incluindo Ascalon, Jafa, Arsuf, Cesareia, Tortosa, Maraclleia e principalmente Acre.
No entanto, apesar das conquistas, Ricardo Coração de Leão não conseguiu recuperar Jerusalém. A terceira cruzada não foi uma vitória completa para nenhum dos lados. Se por um lado Saladino manteve Jerusalém seu grande objetivo, por outro isso teve um custo altíssimo.
Para Ricardo, o saldo também foi amargo. A perda da cidade santa significava que sua missão não foi plenamente bem-sucedida. Em 2 de setembro de 1992, Ricardo Coração de Leão e Saladino firmaram o tratado de Hamla.
O reino de Jerusalém foi restaurado, mas sem a posse da cidade sagrada, Acre tornou-se sua nova capital. No ano seguinte, Saladino faleceu. Ao longo do século XI, os templários lutaram incansavelmente para preservar os últimos territórios cristãos no Oriente.
No entanto, a ascensão dos mamelucos no Egito aumentou a pressão sobre os estados cruzados que começaram a definhar. Desde que Saladino tomou Jerusalém em 1187, as possessões cristãs foram encolhendo progressivamente. As derrotas foram sucessivas.
Apesar da fama e do poder no ocidente e do contínuo envio de dinheiro e tropas ao oriente, os templários estavam perdendo mais do que ganhando. Aos poucos surgiram críticas. O prestígio da ordem começou a ser questionado por historiadores da época, como Matthew Paris, um monge beneditino inglês do século XI.
Ele registrou eventos nos quais a bravura dos templários foi colocada em cheque. Em um relato polêmico, Paris transcreveu as palavras furiosas do Conde de Artuáis, que acusava os templários de covardia na batalha de Mansura. Segundo ele, a ordem recusou-se a liderar o ataque, preferindo esperar reforços, o que o levou a denunciá-los como traidores.
No O, a imensa riqueza dos templários começou a incomodar a nobreza. Diversos documentos históricos confirmam conflitos entre a ordem e monarcas poderosos. Um desses registros revela que Luís rei da França, interveio pessoalmente em uma disputa entre os templários e o rei de Navarra, proibindo-os de adquirir novas terras em Champanhe e Bri sem permissão real.
Com o passar dos anos, as doações continuaram a chegar, mas o ressentimento contra os templários cresceu. Muitos passaram a vê-los como senhores de terras gananciosos, que acumulavam riquezas enquanto perdiam batalhas. A crítica era clara: por continuar financiando uma ordem que não conseguia manter Jerusalém?
A missão dos templários estava se tornando obsoleta e eles precisavam provar que ainda tinham um propósito. No final do século XI, os templários insistiam em sua crença de que a presença cristã no Oriente ainda era viável. Criados para proteger a Terra Santa, eles estavam dispostos a lutar até o fim.
No entanto, caso falhassem, a própria existência da ordem estaria ameaçada. Durante o início do século XIV, a França vivia um cenário de constantes batalhas. No Sul, em Lyon e no Norte, em Flandres, o rei francês estava mergulhado em conflitos intermináveis contra a nobreza flamenga.
Esses confrontos contínuos drenavam os cofres reais, tornando a situação financeira do reino cada vez mais precária. Esse evento é frequentemente citado como a origem da superstição associada à sexta-feira 13. Para os templários, certamente foi um dia de infortúnio.
A magnitude da operação demonstra o nível de planejamento e estratégia por trás do ataque. Acreditava-se que os cavaleiros do templo fossem intocáveis, mas o rei provou o contrário. Com os prisioneiros sob custódia, Felipe I precisava de confissões para legitimar sua cruzada contra a ordem.
No dia 15 de outubro, iniciaram-se os interrogatórios. Embora a lei proibisse o derramamento de sangue durante os interrogatórios, os métodos empregados eram brutais. O uso do cavalete para esticar os membros, o esmagamento dos dedos com tenazes e outros tormentos horrendos foram aplicados para arrancar confissões.
Os registros desses interrogatórios estão preservados em pergaminhos feitos de peles de cabra armazenados nos arquivos nacionais da França. Durante as sessões, os inquisidores apresentavam perguntas diretas. Os templários cuspiam na cruz, participavam de rituais obscenos, mantinham relações ilícitas entre si, sobra.
A maioria dos cavaleiros confessava qualquer coisa que seus algozes quisessem ouvir. O próprio Jaque de Molé, após dias de suplício, admitiu parcialmente as acusações. Declarou que, ao ingressar na ordem, fora forçado a cuspir no chão próximo a uma cruz, mas nunca havia participado de outros atos de heresia.
Essa confissão, ainda que obtida sob tortura, foi suficiente para que Felipe I proclamasse ao mundo que até mesmo o grão Mestre admitira os crimes da ordem. Em Paris, dos 138 templários interrogados, apenas quatro se recusaram a confessar. A maioria admitiu ter negado Cristo, cuspido na cruz ou participado de rituais comprometedores.
Em outras partes do reino, alguns chegaram a declarar que a ordem adorava um ídolo chamado Bafomet, cuja descrição variava drasticamente entre os depoimentos. Algumas versões diziam que possuía vários rostos, outras que era uma entidade bestial. A inconsistência das respostas indicava que as confissões eram forjadas sob extrema coação.
Graças a essas provas, Felipe I e Nogaret conquistaram sua primeira grande vitória. Com base nos testemunhos, convenceram o Papa Clemente V de que os templários eram culpados. Embora ciente de que o rei havia agido à revelia da igreja, o pontífice não poderia ignorar confissões tão graves.
Em 22 de novembro de 1307, expediu a Bula Pastorales para Eminementei, ordenando a prisão dos templários em toda a cristandade. Apesar da determinação papal, outros soberanos europeus não demonstraram o mesmo zelo na perseguição. a Inglaterra, Alemanha, Itália e Espanha, os julgamentos não encontraram indícios concretos de heresia.
Em muitos lugares, os reis e a população defendiam os templários. Em Veneza, o Dodge declarou que os membros da ordem eram íntegros e não houve prisões. Em Chipre, o monarca protegeu seus cavaleiros.
No entanto, na França, o destino dos templários já estava selado. Felipe IV e Nogaret não permitiriam que os julgamentos internacionais atrapalhassem seus planos. Para eles, o que importava eram as confissões obtidas na França.
O processo estava em andamento e nada poderia detê-lo. O rei da França insiste repetidamente na culpa dos templários e tenta justificar suas ações como sendo em benefício da igreja. O Papa, porém, não se deixa enganar.
Ele suspende os inquisidores do reino da França, estabelecendo um impasse entre ele e Felipe, o Belo. Na primavera de 1308, esse confronto de forças atinge um nível crítico e cada decisão tomada pode definir o destino da Ordem dos Templários. O clima de tensão se intensifica até o verão daquele ano, quando o Papa Clemente V decide reassumir o controle do processo judicial.
Determinando uma nova abordagem, Clemente V designa inquisidores para interrogar os cavaleiros templários, exigindo que o rei permita o acesso aos prisioneiros. Como resposta, os homens de Felipe selecionam 72 cativos e os enviam a Poatie para serem questionados. Enquanto isso, as figuras de maior prestígio da ordem, incluindo Jaque de Molet, são mantidas na fortaleza real de Shinon para interrogatórios mais detalhados.
Nos arquivos apostólicos do Vaticano, onde documentos históricos da Santa Sé são preservados, ainda existem os registros dessas investigações conduzidas pelos cardeis responsáveis pelo caso dos Templários. As interações entre investigadores e prisioneiros foram meticulosamente anotadas nesses papéis. Em um dos relatos, um templário afirma que ao ingressar na ordem, certos rituais eram obrigatórios, demonstrando o quanto essas práticas eram institucionalizadas dentro da organização.
Nas margens do documento, anotações como sodomia, rito de iniciação e adoração de ídolos indicam as acusações que pesavam contra os cavaleiros. Os emissários do Papa buscam a verdade por trás das acusações do rei, mas Felipe, o belo, permite que os cardeis interroguem os templários apenas sob a vigilância de seus próprios homens. Ameaçados e exaustos, os prisioneiros não têm alternativa a não ser confessar.
Eles compreendem que após os interrogatórios retornarão às masmorras reais, onde já enfrentaram torturas cruéis. Para escapar de mais sofrimento, adotam uma estratégia de confissão mínima, dizendo apenas o necessário para evitar punições ainda piores. Ao longo da primavera de 1308, enquanto os interrogatórios continuam, Clemente V percebe que muitos dos gestos interpretados como provas de heresia são, na verdade, práticas tradicionais da ordem, similares às rotinas militares da época.
Documentos da investigação fazem menção a expressões como usos ordines nostre e modos ordini nostre, indicando que os ritos internos dos templários não tinham nenhuma relação com doutrinas heréticas. Para o Papa, a ordem pode até ter cometido falhas ao permitir certas práticas questionáveis, mas nada disso configurava heresia. Diante dessas constatações, Clemente V decide formalizar sua posição sobre os líderes templários encarcerados em Shinon.
O documento que registra sua decisão, conhecido como pergaminho de Chinon, permaneceu perdido por séculos, sendo redescoberto apenas no século XX. Nele, o Papa concede absolvição aos mais altos membros da Ordem dos Templários, eliminando as acusações que pesavam sobre eles. Para Jaques de Molé, grão mestre da ordem, concedemos absolvição segundo os princípios da Igreja, restaurando sua comunhão com os fiéis e garantindo-lhe novamente o direito aos sacramentos eclesiásticos.
Com a instalação da comissão papal encarregada do julgamento da ordem em 1309, centenas de prisioneiros foram novamente interrogados. Dessa vez, porém, estavam diante dos representantes da Santa Sé e não sob a pressão dos agentes do rei. Muitos, finalmente livres das torturas da polícia real, retratam suas confissões e descrevem o horror que viveram.
Eles falam sobre a fome, a sede, as feridas e as condições desumanas a que foram submetidos, revelando que tudo o que haviam admitido anteriormente era resultado de coersão extrema. A medida que mais templários se organizam para sua defesa e retiram suas confissões, Felipe, o Belo e seu conselheiro Guome de Nogarrê, agem com brutalidade. Considerando que os cavaleiros que haviam confessado anteriormente estavam agora se retratando, declaram que eles recaíram na heresia e, por isso mereciam a pena máxima, a fogueira.
Em maio de 1310, 54 templários são queimados vivos em Paris. O impacto dessa punição é imediato. O medo silencia qualquer tentativa de defesa da ordem.
As execuções não são apenas atos de punição, mas um recado direto ao Papa. Felipe, o belo, quer mostrar que não recuará e exige que a Igreja aceite o fim dos Templários. Para Clemente V, a situação se torna insustentável.
Apesar de acreditar na inocência da ordem, ele percebe que a insistência do rei ameaça sua própria autoridade. A essa altura, as acusações já se espalharam por toda a Europa e a reputação dos templários está arruinada. Diante da pressão, o Concílio de Viena é convocado em outubro de 1311 para decidir o destino da ordem.
Mesmo com a revisão das provas e o apelo por um julgamento justo, Felipe comparece pessoalmente para pressionar o Papa. 6 meses depois, Clemente V cede e encerra o processo. Como chefe supremo da ordem, decreta sua dissolução.
Em 22 de março de 1312, ele assina a Bula Vox Inecelso, extinguindo oficialmente os templários e proibindo sua existência. Diante do grave escândalo e dos atos cometidos por diversos irmãos, decido abolir com grande pesar a ordem dos cavaleiros templários. Sua estrutura, símbolos e nome ficam sob banimento perpétuo.
Qualquer tentativa de reviver a ordem será punida com escomunhão. Essa irmandade de soldados devotos deixou uma marca tão profunda na história que, independentemente do passar dos séculos, seu nome continuará sendo lembrado como uma lenda imortal. M.
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