Voltamos, hoje, para mais um episódio do estudo do livro Gênesis. Hoje, vamos estudar um tema bastante interessante. Nos episódios passados, nós tínhamos abordado a questão das árvores: a árvore de vidas (como está no original hebraico) e da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Hoje, nós vamos falar de um tema, assim, muito hermético, bem complexo, porque ele surge no meio da narrativa do nada, que são os quatro rios que saiam do jardim de Éden ou do jardim de delícias. Isto está dito em Gênesis 2:10-15: “Um rio saia de Éden para regar o jardim e de lá se dividia formando quatro braços. O primeiro chama-se Fison, rodeia toda a terra de Évila, onde há ouro.
É puro o ouro dessa terra onde se encontra o bdélio e pedra de ônix. O segundo rio chama-se Geon, rodeia toda a terra de Cusch. O terceiro rio se chama Tigre, corre pelo oriente da Síria.
O quarto rio é o Eufrates. E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim de Éden para o cultivar e o guardar. ” Falando literariamente o que parece é que esse texto está fazendo referência a uma tradição oral, uma tradição do povo hebreu ou mesmo de outros povos com os quais os hebreus tiveram contato, na Mesopotâmia, na Babilônia, na Síria e mesmo no Egito, que é alguma tradição referente à simbologia desses rios.
Isto é bastante comum. A linguagem bíblica tem uma peculiaridade: mar e rio são geralmente associados a povos. Nós vemos isto, por exemplo, na profecia de Daniel, na profecia de Ezequiel e outros profetas.
O texto explicitamente diz isto. Está no capítulo de Daniel, por exemplo, onde o Anjo interpreta o sonho do mar agitado dizendo que este mar agitado são nações que se colocam umas contra as outras. O mar calmo é o sinal das nações em paze o mar bravio é o sinal dos conflitos entre as nações.
E, da mesma maneira, os rios. Essa referência de quatro rios lembra – vamos tentar por aspectos mais simples dessa simbologia – dois rios são facilmente identificáveis que são o Tigre e o Eufrates. São rios que têm a sua nascente nas montanhas da Armênia, portanto, para aquela região da Mesopotâmia, do Irã, aquele é o ponto.
O rio Fison que rodeia a terra de Évila, nós vamos ter uma referência muito ligeira em Gênesis 10:29 de que Évila corresponderia à Arábia e, aqui, tem uma menção ao ouro, à qualidade do ouro, das pedras preciosas, um aspecto muito ligadoao povo árabe. Mas, fica aquela interrogação com relação ao rio Geon, que rodeia a terra de Cusch. Há alguns indícios que isto se refira à Etiópia.
Então, nós percebemos que é como se traçassem quatro pontos – norte, sul, leste, oeste com relação à terra de Israel, aproximadamente, e você fizesse uma demarcação desses quatro rios. É claro que este era o mundo conhecido do narrador, era o mundo arbitrado na época em que o texto foi produzido. Naturalmente, a narrativa dos quatro rios era para significar todas as nações da Terra.
A ideia dos pontos cardeais é no sentido de uma totalidade, de uma abrangência, de uma universalidade. O importante, aqui, não é nem tanto esse detalhe, o importante é entender que esses quatro rios descendem de um só rio e esse rio tem sua fonte no jardim de Éden. O livro de Gênesis a todo momento vai reforçar a origem comum de todos os povos da Terra.
Este é o ponto. Adam, o ancestral comum da humanidade, o pai de toda a humanidade terrestre. Esta é a ideia.
Todos somos iguais, todos descendemos de um mesmo tronco. Aqui, a mensagem dos rios vão reforçar isto. E, depois, os filhos de Adão, quando foi feita a divisão, depois do dilúvio, os filhos de Noé, sempre tentando abranger todos os povos, mostrando a sua irmandade, um ponto comum entre todos eles.
É um fato muito curioso porque um dos aspectos que mais depõe contra o povo hebreu foi o sentimento de exclusivismo que tomou conta deles e que acabou redundando em uma série de problemas e levou, até mesmo, Jesus a criticar, a advertir esse orgulho racial, esse sentimento de exclusivismo, de que todos os povos são infinitamente inferiores, somente o povo hebreu que é o povo escolhido que possui qualidades verdadeiramente humanas. Este é um ponto inconciliável com essa mensagem do texto de Gênesis, ou seja, com a mensagem bíblica. Não tem como conciliar isto.
Uma coisa, sim, é entender a eleição do povo hebreu para ser o povo guardião da primeira revelação, para ser o povo que – no dizer de Paulo – ficaria encarregado de guardar os oráculos de Deus, a revelação divina. Isto é uma coisa. Entender que há uma diferença substancial entre os povos, ou que há um ser humano pior do que o outro só porque ele é de uma região, tem uma cor de pele, fala uma outra língua, isto realmente choca-se frontalmente com a mensagem bíblica.
O texto quer reforçar exatamente o contrário: Adão, o grande patriarca, pai da humanidade inteira. E, aqui, o esforço do narrador é usar quatro rios, quatro pontos cardeais, no sentido de que todos tiveram origem comum, quer dizer, esses quatro rios vêm de um rio, de um braço comum. Esta é a mensagem literal, o primeiro nível da interpretação desse texto extremamente enigmático, tem quase que uma esfinge, porque são dois versículos que surgem no meio da narrativa.
Está se falando da árvore, da proibição e, logo depois de narrado os rios, volta na proibição que Deus fez à Adão e à Eva, de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Então, fica essa narrativa solta desses quatro rios, sem entender como é que surgiu isto. É um texto bem esfingético mesmo.
Agora, exceção feita dessa interpretação mais literal, mais direta, que reforça, aqui, o universalismo da mensagem, nós devemos recorrer ao Espiritismo, à Revelação Espírita, porque vai lançar, aqui, uma luz surpreendente, vai lançar uma luz preciosa. Mas, daí, nós vamos sair daquela interpretação puramente literária e vamos ingressando em outras camadas de interpretação mais espiritual, quer dizer, tentar penetrar nesses enigmas que inspiraram o texto. Kardec produziu ensaios na Revista Espírita e no livro A Gênese sobre um tema muito interessante que é o degredo.
Isto fica muito claro no último capítulo do livro A Gênese quando os Espíritos vão descrever o processo que a Terra, nosso orbe, enfrentará de renovação, de regeneração. Fica claro, fica bastante evidente, no livro A Gênese e, também, em mensagens posteriormente publicadas no livro Obras Póstumas que a regeneração da Terra se dá com velórios e nascimentos. Uma geração morre e uma geração nova chega pelo parto.
A grande transformação da humanidade começa nas maternidades. Este é o ponto forte. Não se trata de um fenômeno vinculado a cataclismos, terremotos, tsunamis.
Nada disso! Isto pode ocorrer porque faz parte da experiência física do orbe, que está em constante movimentação. Mas, o fenômeno profundo da regeneração planetária tem a ver com quem morre e com quem nasce.
Então, é um fenômeno silencioso de substituição dos Espíritos que encarnam, de substituição de populações, porque Espíritos atrasados são retirados e Espíritos mais adiantados encarnam promovendo uma renovação geral. Kardec já tinha recebido várias dessas mensagens e, naturalmente, ele se perguntou para onde vão esses Espíritos que seriam retirados da Terra e, se isso ocorre nos demais orbes, porque a evolução na Terra não é uma exceção no Universo – muito pelo contrário – a Terra segue a regra geral da evolução dos mundos, como está em O Livro dos Espíritos: ‘Deus renova os mundos, como renova os seres’. O progresso dos mundos é uma lei divina que abarca todo o nosso Universo, conhecido por nós e desconhecido.
É uma lei divina universal. Portanto, surgiu a pergunta: se há uma ação de saneamento geral onde Espíritos que entravam o progresso planetário são retirados, para onde eles são levados? Então, Kardec começa a escrever ensaios na Revista Espírita sobre esse tema e ele acaba formulando as linhas gerais do pensamento espírita sobre o tema e conclui sobre o degredo: se os mundos forem vistos como escolas, alunos rebeldes são retirados de uma escola que avança e recolocados ou rematriculados em escolas compatíveis com o seu nível de adiantamento ou compatíveis com o seu grau de rebeldia.
Há uma transferência escolar. Isto é o degredo. Uma intuição poderosíssima e orientada pelos Espíritos Superiores da plêiade do Espírito de Verdade, Kardec pensa sobre o tema e é isto que ele vai escrever na Revista Espírita e, depois, publicar no livro A Gênese imaginando a raça adâmica – essa narrativa de Adão e Eva – como a narrativa de Espíritos que foram degredados de algum orbe e aportaram na Terra, na época em que a Terra estava em estágio de orbe primitivo, para que, aqui, eles pudessem resgatar e, através de muito esforço, de muitas lutas, de muitas provações e muitas expiações, depurarem os seus Espíritos para poderem voltar ao seu orbe de origem, para voltarem à sua casa, ao seu lar planetário.
Kardec formulou o primeiro ensaio sugerindo esse tema. Evidentemente, ele não entrou em detalhes de que orbe veio a raça adâmica. Ele não quis entrar nesse detalhe.
Ele estava preocupado em descrever o fenômeno universal: o fenômeno do degredo. O degredo é lei divina e Kardec estava preocupado em entender isto e relacionar a história planetária do nosso orbe com o degredo. Houve algum degredo de Espíritos para a Terra?
Kardec conclui que sim, porque toda a literatura mundial, a literatura de todos os povos contêm elementos, alguns sutis, outros bem diretos, denunciando um degredo, uma prisão. É a famosa história do paraíso perdido ou de uma época de ouro que se perdeu, uma época de bonança que se perdeu e degradou-se para uma época atual que foi a época em que os textos foram produzidos. Essa ideia de uma degradação, de uma queda, de uma perda, está presente em todas as mitologias – do Ocidente e do Oriente – de todos os povos, até entre os indígenas, por incrível que pareça.
É um tema recorrente. Quem pesquisa bastante sobre isto é o grande pesquisador dos mitos, Joseph Campbell, que retrata tudo isto em toda a sua obra de maneira brilhante. Carl Gustav Jung se aconselhou com ele, tirou bastante ideias e alguém que consultou o Joseph Campbell para produzir filmes, foi o George Lucas com a produção da famosa série Guerra nas Estrelas, o consultou das ideias, quem montou aquele quadro das civilizações foi Joseph Campbell utilizando dessa experiência que ele tem da civilizações, das mitologias.
Então, essa mitologia da queda é vital para que nós entendamos esse conceito de que sempre houve uma época de ouro. Na literatura grega, tinha uma época de ouro; daí, degradou e chegou na época atual. Na Mesopotâmia, a mesma coisa; na Babilônia, no Irã, no Egito, etc, todos têm isto.
E, no povo hebreu, temos a narrativa da perda do paraíso ou da expulsão do jardim de delícias. Daí, nós entendemos que essa literatura, as mitologias, as cosmogonias e as literaturas religiosas, incluindo a literatura bíblica, foi escrita por degredado. Esta é uma literatura produzida por quem sofreu o degredo, por quem saiu da sua casa, saiu do seu orbe, aqui aportou, estranhou, porque, vamos pensar apenas em um aspecto – o aspecto da tecnologia.
Você sai de um local com a tecnologia bastante avançada (internet, celular e, possivelmente, até carro voando) e, daí, chega aqui na idade da pedra, é bastante assustador. É uma experiência muito drástica. Você está em um corpo extremamente aperfeiçoado, com costumes mais amenos e, de repente, tem que vir para o corpo de um primata.
Isto causou uma sensação psicológica, ao longo do tempo, nesses Espíritos de perda do paraíso, de perda de uma situação ideal. Não que o lugar que eles viessem fosse um mundo ditoso, maravilhoso, mas, em comparação com um mundo primitivo, a Terra é um Paraíso. Vamos combinar: com todos os seus problemas, você não ia querer sair daqui, do trânsito de São Paulo e de outras cidades, para ficar correndo de dinossauro.
Não é bem dinossauro, é um pouquinho mais para frente, estou exagerando. Os degredados chegaram, aqui, em uma época mais recente, estima-se 25. 000 a 30.
000 a. C. Já não tinha mais dinossauro.
Mas, se você pensar que a agricultura surge há 3. 000 a 4. 000 a.
C, da maneira como nós conhecemos, do sedentarismo, do se fixar, é assustador imaginar 30. 000 a. C.
: uma situação de nômade, uma vida bem rústica e, daí, dá essa sensação mesmo, de uma queda, de um paraíso perdido. É importante frisar isto: que quem primeiro colocou esse alicerce, quem primeiro estabeleceu esses fundamentos o degredo foi Allan Kardec. Isto está na Codificação.
Depois, muitos anos depois, vem a obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, depois de muitos anos vem á obra de Francisco Cãndido Xavier A Caminho da Luz, que objeto de um Seminário Lítero-Musical do Projeto SER, que retrata detalhes do degredo. Não retrata a ideia geral do degredo que já está em Kardec. O que Emmanuel vai trazer é um dado fundamental e, daí, nós vemos o que é o resgate do Cristianismo primitivo pela obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, porque o que o livro O Caminho da Luz faz é voltar para a Gênesis mosaica.
Os primeiros capítulos são capítulos de Gênesis e, daí, traz o tema dos povos que foram degredados e, aqui, é fundamental: a narrativa bíblica vai dizer de um rio que se reparte em quatro. Olha que interessante: nós temos um conjunto de Espíritos, que é tirado de um orbe do sistema de Capela, na Constelação do Cocheiro, esse agrupamento vem, então, em um bloco, que dá a ideia de um rio e, inicialmente, ele se divide em dois. Então, nós temos o povo hebreu e o povo egípcio formando uma unidade e os arianos e os hindus formando uma outra unidade.
E, daí, é muito curioso, porque nos dá a ideia de Tigre e Eufrates hindus e arianos) e Fison e Geon (Egito e povo hebreu). Era como se nós separássemos essas quatro regiões em grupos de dois. Depois, eles se caracterizam em quatro grupos: povo egípcio, o povo hebreu, o povo hindu e os arianos, sendo que os mais endividados pela lei divina é o povo hebreu, ou seja, a turma da religiosidade.
Não precisa ir muito longe, basta estudar um pouco a história da religiosidade da Terra e nós vamos entender cruzadas, inquisição, fundamentalismo, quem mais mata, quem mais produz guerra, quem mais produz preconceito, quem mais espalha o mal na Terra somos nós, os religiosos, as pessoas da religião, que produzimos, paradoxalmente, a maior quantidade e a qualidade mais tenebrosa de mal sobre o planeta. É natural que essa turma mais afeta à religiosidade desse orbe de Capela venha aqui compor o povohebreu para ter uma nova experiência de fé, de religiosidade, mas, com muita dificuldade. Aqui, nós percebemos nessa narrativa de Gênesis a grande história dos capelinos.
O gérmen, esses quatro povos que vão – nem vamos dizer influenciar – impactar, profundamente, a história da Terra. Os hebreus, com a sua religiosidade, com a sua visão de religiosidade, com a sua experiência religiosa trazida daquele orbe, de múltiplas vivências, traz para cá os conceitos e tanto se dedicam a essa temática, a esse nível de experiência que são escolhidos para serem os guardiões, os detentores da Primeira Revelação e da Segunda Revelação, porque Jesus vem nesse povo e a quase totalidade dos missionários do Cristianismo nascente são hebreus. Então, o compromisso desse povo com os movimentos religiosos da Terra.
Por outro lado, nós temos aqui, irmãos desse povo hebreu, os egípcios que eram os dados à mediunidade, ao magnetismo, aos aspectos de manipulação fluídica, aos aspectos de espiritualidade com mais vínculos com que, hoje, nós conhecemos por Espiritismo. Dos povos vindos de Capela, esse agrupamento era o que menos débito tinha e, portanto, ele retorna a quase totalidade retorna ao orbe, ficando apenas alguns deles para ajudar no processo de crescimento da Terra , quando eles já pressentiam o seu retorno para a sua casa, resolveram decifrar, porque eles eram especialistas nisto, os ciclos evolutivos, todas essas questões espirituais que nós encontramos na Codificação (na obra A Gênese). Eles deixam isto codificado nas pirâmides que constituem um projeto arquitetônico, segundo Emmanuel, que guarda, nas suas medidas, no seu posicionamento (latitude/longitude), na distribuição das pirâmides e outros elementos, guardam equações cósmicas que revelam ciclos de evolução, ciclos de desenvolvimento, em que nós conseguimos prever como se dá o processo de evolução dos orbes.
É importante entender isto: se uma escola comum, que você coloca o seu filho de seis/sete anos, possui um plano pedagógico, um calendário anual e didático, com tempo previsto para o ensino de tal e tal matéria, tempo para avaliações bimestrais, trimestrais e avaliação final, que não dirá da escola do planeta Terra que também possui o seu calendário, suas turmas, seus ciclos, suas épocas de prova, de avaliação, como qualquer escola. É um programa de desenvolvimento que revela um planejamento do Criador, que é perfeito, e o planejamento dos Espíritos Superiores, que dirigem o orbe. Tudo está dentro de ciclos.
Para nós não ficarmos muito nessa ideia mística quando falamos de ciclos, vamos lembrar da escola: é um calendário escolar, tem um tempo para ensinar tal materia se aprender isto ou aquilo e um tempo em que se será avaliado. Tudo a seu tempo. Por isso que os Espíritos da Codificação não cansam de repetir – nos encontramos isto em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no livro A Gênese, no livro O Céu e o Inferno, no livro Obras Póstumas – que são chegamos os tempos.
– que são chegamos os tempos. É o professor dizendo: ‘olha, a avalição trimestral está chegando, o calendário, agora, é este’. É isto!
Não tem nada de hermético. É maravilhoso, é surpreendente, é muito bonito. Mas, não tem hermetismo, necessidade de se fazer, aqui, um misticismo barato, explorar a crendice e a credulidade das pessoas com esse tipo de conhecimento.
Não é este o ponto. O certo é que os egípcios dominavam isto. É curioso ver o povo que está ligado à religiosidade vinculado à esta tradição espiritual dos egípcios, porque se nós temos a Primeira Revelação, depois a Segunda com Jesus, sendo que em Jesus nós temos uma síntese ético-moral, dando ali um modelo e um padrão para a humanidade, do ponto de vista do comportamento moral, com a chegada da Terceira Revelação, nós vamos unir a esse modelo ético-moral conhecimentos do mundo espiritual.
É como se nós estivéssemos integrando, em linhas gerais – se é que nós podemos dizer isto, mas é apenas para efeito didático -, a vertente hebraica com a vertente egípcia e conseguindo, então, um novo tipo de religiosidade que leva em conta os aspectos espirituais da vida: a imortalidade, a comunicabilidade, a questão dos fluidos, do magnetismo etc, que é o forte dos egípcios. É como se unificasse essas duas vertentes, esses dois rios. É muito interessante isto.
E, no outro grupo, que são os hindus e os arianos, nós temos uma coisa curiosa porque, na Índia, o agrupamento hindu é muito variado. Basta entendermos porque o materialismo surge na Índia. Essa visão romantizada da Índia, que nós temos, não tem muito fundamento.
O que acontece, aqui, é que a experiência hindu e a ariana está focada no indivíduo. Se o povo hebreu e o povo egípcio estão com foco em Deus e na natureza do mundo espiritual, no caso os egípcios, ou seja, Deus e a criação, para os hindus e para os arianos o foco é o indivíduo, só que em duas vertentes. O hindu vai focar o indivíduo do seu interior para o seu exterior.
É lá que vai surgir o fenômeno da meditação, da ioga, dos estados alterados de consciência, da exploração, inclusive, dos potenciais anímicos. Mas, não da exploração como a dos egípcios, porque a dos egípcios é no mundo espiritual e as forças magnéticas e os fluidos que envolve a relação do mundo espiritual com o mundo corporal. Aqui, no hindu, não, é o desenvolvimento anímico, as faculdades anímicas, dentre elas, o poder da concentração, de centrar-se, da meditação, da educação das forças, ou seja, uma construção interior.
Este é o forte. E, o ariano, também focado no indivíduo, não está preocupado com os aspectos interiores, mas os aspectos externos. Então, o ariano é aquele que está preocupado em reconstruir o paraíso aqui: ‘Já que eu perdi o paraíso, vamos reconstruir outro’.
Esta é a ideia. Sem preocupação religiosa. Para as questões religiosas tem, às vezes, uma materialidade que chega a ser pueril, foi sempre conduzido pelos outros, pelo hindu ou pelo hebreu.
Mas, possui uma capacidade técnica, uma capacidade de manipular, de construir, de trazer o progresso e, por isso, importantíssimo para a evolução da Terra. Se deixasse só para o hindu, com o sentimento até de orgulho, porque você desenvolve os potenciais anímicos, mas se sente superior ao outro e, não quer se misturar, não quer se envolver, daí, você está em uma profunda meditação, construindo interiormente, mas, ao redor de você, está um lodo, uma tragédia, tudo caindo aos pedaços, porque está preocupado apenas com o interior. O ariano, por outro lado, com uma preocupação de manter tudo organizado, tudo em ordem, mas com uma verdadeira tempestade interna.
Esses quatro povos mostram essas quatro vertentes, com as suas vantagens e as suas desvantagens, com as suas virtudes e com os seus excessos. É natural isto, por isso que eles são colocados juntos para que um ajude o outro naquilo que é forte. Não há nenhum problema com isto.
Evolução é isto: uma transferência de experiência, por isso que ela é coletiva, porque nós nos beneficiamos das qualidades do outro. Este foi o ponto e, aqui, estão retratados esses quatro rios. O interessante é que nós vamos ter um impacto, como já dissemos aqui, definitivo na evolução do orbe com esses povos, porque eles detêm mais conhecimento, eles trazem mais experiências de onde eles foram degredados e necessitam de experiências emocionais, sentimentais, espirituais para que eles possam se aprimorar.
Nas lutas da Terra, eles terão essas experiências e, ao mesmo tempo, vão transferir esse conhecimento para os povos da Terra, aqueles Espíritos que são daqui, que têm a Terra como o seu lar de origem. O certo é que Emmanuel faz um mapeamento muito curioso e ele vai mostrar que foram os arianos, por incrível que pareça, que eram os mais voltados para o exterior, com pouca atividade interior, quase nenhum vínculo com a religiosidade (não estavam preocupados com isto), foram estes que se misturaram, porque nessa ideia de que eu vou construir um paraíso aqui, chamaram todo mundo, até para dominar, mas, mesmo que fosse dominando, se misturavam, se relacionavam, faziam comércio e, daí, causou, através do comércio, do poder, da política, uma mistura, uma integração, a princípio, desigual dos povos, mas que seria o gérmen da tão sonhada fraternidade universal entre todos os povos. Por isso, foram acompanhados, diz Emmanuel, com todo o carinho, pelo Governador Espiritual do orbe, pelo progresso que eles geravam.
O certo é que, hoje, nós temos uma civilização mundial que é ariana. No geral, o mundo é ariano: extremamente voltado para o exterior, pouca experiência interna, está preocupado com o paraíso e o paraíso hoje é ouro, conforto, tudo que possa trazer prazer aos sentidos - isto é bem ariano -, alguns aspectos da religiosidade bem pueril, lida com os aspectos espirituais de uma maneira bem pueril, o emblema disto são as mesas girantes, Irmãs Fox, etc. Nós vivemos em uma sociedade ariana.
Mas, em virtude do progresso da Terra, teremos uma integração, novamente, desses quatro rios, porque eles vêm de um braço comum e teremos uma integração, também, com outras experiências (como o Japão, a China, os mongóis, a África, a América do Sul), tudo isto também contribui (a Escandinávia, os nórdicos, embora ali tenha muito ariano), essa integração universal que forma a simbologia bíblica do banquete universal, onde cada povo traz o seu prato, traz a sua experiência, a sua virtude e isto é unido, é visto como força de união e, não, como é visto, hoje, como elemento de conflito. Vamos chegar a esse tempo em que haverá uma integração entre as nações e elas se darão as mãos para resolverem os problemas que são da humanidade. Isto é um determinismo divino do progresso.
Mas, é muito bonito nós encontrarmos no livro de Gênesis a referência a esses quatro rios, aqui. Eles vão voltar depois lá no dilúvio, nos filhos de Noé, vai haver, de novo, uma referência a isto dos povos todos, de modo que, nós vemos muitos traços, no livro de Gênesis, dessa história dos capelinos e de outros degredos que não são tão importantes quanto a massa dos capelinos (alguns milhões de Espíritos que vieram de Capela, nem são tantos assim), mas que tiveram profundo impacto na evolução do nosso orbe. Essa é uma interpretação que nós não conseguimos extrair sem a chave do Espiritismo, sem a chave Espírita que lança uma luz diferente, que faz nós olharmos de um modo interessante para a história evolutiva da Terra, porque se nós estamos relacionando, aqui, a raça adâmica e esses quatro rios com os capelinos, qual foi o problema que gerou o degredo, qual é a origem do degredo?
A origem do degredo foi ter comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, que nós já comentamos nos episódios anteriores. É o ser humano afastar Deus do centro, colocar o seu ego no centro e acreditar que ele tem força suficiente para manter o equilíbrio (ele no centro, afastando Deus). Ele começa a construir sistemas econômicos que são puramente humanos, sistemas políticos que são puramente humanos, sistemas religiosos que são puramente humanos, sistemas filosóficos que são puramente humanos, sistemas educacionais etc, tudo centrado no homem, tendo o homem como centro, como referência.
Qual o resultado disto? Nós não temos mais um tecido, porque quando Deus está no Centro tem uma garantia de que todos serão tratados com igualdade e de que todos são iguais. Se eu tenho o homem no centro, eu não tenho mais um tecido, passo a ter células isoladas que muitas vezes lutam umas contra as outras e, daí, nós temos um crescimento exponencial do egoísmo, do orgulho, do individualismo, que é a marca, hoje, da transição planetária.
O que é a transição planetária? É a saturação desse modelo: o homem que afastou Deus. Não é afastar Deus falando que não acredita em Deus.
Não é isto! Falar que acredita em Deus é muito pouco. Uma coisa é acreditar em Deus, outra coisa é colocar Deus no centro.
É bem diferente, é muito diferente! Inclusive, no centro de nossa vida, porque isto implica em amá-lo sobre todas as coisas. Este é o desafio!
Hoje, nós vivemos em uma saturação desse modelo. O egoísmo toma conta, o orgulho atinge níveis assombrosos, o individualismo nunca foi tão horripilante e cada um pensando em si. O que acontece?
Um caos social, porque faltam elementos de coesão, faltam elementos que dão a liga, que transformam a vida em comunidade em uma vida saudável, em uma vida possível. Esta é a história do degredo! O degredo ocorre por isto, porque chega um determinado momento na evolução dos orbes, de qualquer mundo, um sai de primitivo para expiação e provas, entra na regeneração, para caminhar para um mundo ditoso.
No mundo ditoso, nós temos elementos de coesão: uma fraternidade universal, a união dos povos para resolverem os problemas e de uma maneira simples. Estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que se nós pegarmos toda a comida que é jogada fora só nos EUA, em um ano, você mata a fome da África. Quer dizer, não é o problema da falta de recurso.
Está havendo fome, porque está havendo desperdício. Nós não estamos entrando nem no mérito se você come muito ou pouco. Não é esta a questão!
Não é a comida que se come além da conta. É a comida que é jogada fora. Se nós fizermos isto, aqui, no Brasil, o tanto de alimento que nós jogamos fora, desperdiçamos.
Mas, pensa isto no mundo: se todos os povos se unissem para que comida não fosse jogada fora, não houvesse desperdício de comida e que todo o resto fosse encaminhado para quem tem fome, não teria fome no mundo. Isto é para citarmos um caso. Se todos os povos se reunissem em torno da questão da saúde, problemas de saúde, de doença, de atendimento no mundo estariam resolvidos.
Então, a questão não é falta de recurso. A questão é o egoísmo que não permite que os recursos sejam usufruídos de uma maneira sustentável para a humanidade. Os Espíritos que atravancam esse processo, que oferecem resistência, que não querem mudar de paradigma e que começam a atuar violentamente contra o progresso planetário, sofrem a ação de saneamento e são levados para um orbe primitivo, porque lá no orbe primitivo é normal, é a época de ser egoísta, é a época de ser orgulhoso, é a época de ser primitivo.
É como a criança: a criança passa a fase de extremo egoísmo, de extremo centramento, porque é necessário para o desenvolvimento dela. Não desenvolve o ego dela, não desenvolve a sua personalidade, se ela não passar por essa fase. É importante para ela.
Mas, depois, não faz sentido, tem que crescer. É como Paulo diz: ‘andava como menino, comia como menino, mas, agora, as coisas de menino não mais me convém’. Assim também com o orbe: as coisas de criança espiritual não mais convém ao orbe e uma ação de saneamento ocorrerá na Terra e, daqui, possivelmente, sairá um rio que se dividirá em quatro e formará uma história de um outro orbe, levando aspectos da cultura, da nossa história, tudo o que nós vivemos aqui e, possivelmente, lá, eles terão uma nova Bíblia, um novo livro Gênesis, um novo SER e uma nova série com episódios também do Gênesis, porque é sempre assim: as coisas vão se repetindo e nós apenas vamos dando sequência, carregando a tocha e entregando a tocha do progresso.
Isto é o que nós queríamos comentar, hoje. Esse tema deixa-nos a pensar, faz refletirmos como temos dentro de nós, já sabemos das coisas, as civilizações com todas as suas literaturas, as suas mitologias, as suas cosmogonias que retratam a realidade. É aquilo que está em O Livro dos Espíritos, na questão nº 627: os Espíritos vêm apenas para lembrar, acordar aquilo que já está na nossa consciência.