Aristóteles | Metafísica

57.75k views690 WordsCopy TextShare
Filosofando
Discípulo de Platão e preceptor de Alexandre Magno, Aristóteles foi um filósofo grego do século V a....
Video Transcript:
Para Aristóteles, os pensadores da  metafísica caíram no erro muito simples, que é não pensar em todas as possibilidades. Por  isso, ele elaborou uma teoria de causalidade bem completa. Ele afirma que o que define alguma  coisa não é definição dela, nem a função, nem o modo como ela chegou a ser aquilo  e muito menos o material de que é feita, mas sim, a junção de todas essas coisas, e essa  teoria é chamada de Teoria das Quatro Causas.
Para Aristóteles, as coisas são o que são por  diversas razões: a primeira é a causa formal, que é a definição que fazemos das coisas depois de  separá-las pelas semelhanças; a segunda é a causa material, que é um conjunto dos elementos que  compõem a coisa; a terceira é a causa eficiente, que é o modo pelo qual aquela coisa se tornou  daquele jeito; e a quarta, é a causa final, que é a finalidade ou objetivo da coisa, ou  seja, o que é coisa é, do que ela é feita, porque ela é assim e pra que ela serve, e ele usa  como exemplo uma estátua de mármore de uma deusa. A causa formal é o objeto talhado em madeira ou  mármore imitando um outro real. A causa material é a pedra de mármore .
A causa eficiente é  o escultor e as ferramentas dele. E a causa final é um objeto de adoração ou decoração. A  estátua é tudo isso, mas mesmo com essa teoria, ainda não é respondido o velho problema de como  alguma coisa pode ser algo e ao mesmo tempo estar em transformação.
Para Aristóteles, o ser se diz  de vários modos, coisa que as pessoas não tinham prestado atenção. Ele diz que quando dizemos  que algo é, podemos estar falando da essência da coisa, exemplo: Sócrates é um homem; ou podemos  estar falando de acidentes da coisa, exemplo: Sócrates é careca. As coisas que acontecem de modo  esporádico ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser careca, ter cabelos castanhos ou escuros,  nada disso é essencial.
E então, para resolver o problema de como alguma coisa pode ser e ao  mesmo tempo estar em transformação, Aristóteles chama essas características de acidentes: tudo o  que aparentemente muda o ser, mas não compromete a sua essência. O ser verdadeiro continua intacto,  ele é a essência e, portanto, a essência se mantém apesar dos acidentes. Sócrates pode ficar  careca, mas isso não vai mudar a sua essência, que é ser um homem racional.
Mas então, como  nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel  da razão: a razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios.  Observando os insetos, por exemplo, percebe-se que eles são muito diferentes uns dos outros.
Mas  será que existe algo que todos tenham em comum, que me permite classificar uma barata, um besouro  ou um gafanhoto como insetos? Sim. Por exemplo, existe o fato de todos seria invertebrados, e além  disso e mais importante, o ser é, ao mesmo tempo, potência e ato, uma substância individual é  tanta coisa em seu estado atual quanto todas as potencialidades dela, ou seja, tudo que ela  pode vir a ser.
Por exemplo, um cubo de gelo: ele pode vir a ser uma poça d'água, um cubo de  gelo quebrado, vapor d'água, entre outras coisas, e quando ela se tornar a coisa que era em potência  ela será a coisa em ato e terá novas potências. O problema com essa causalidade toda do ser é quando  voltamos para trás: tudo que é foi causado por alguma outra coisa ou foi potência de alguma outra  coisa, e isso se estende infinitamente, por isso, para Aristóteles, deve haver um primeiro  motor imóvel, que não foi causada por nada e que é a causa original de todas as coisas.  Este primeiro motor precisa ser o ato puro, pois não há nenhum ato anterior a ele de que possa  ter sido potência.
Ele seria a causa primária de todas as coisas subsequentes. A ideia é bem  parecida com a nossa concepção atual de Big Bang.
Copyright © 2024. Made with ♥ in London by YTScribe.com