Para Aristóteles, os pensadores da metafísica caíram no erro muito simples, que é não pensar em todas as possibilidades. Por isso, ele elaborou uma teoria de causalidade bem completa. Ele afirma que o que define alguma coisa não é definição dela, nem a função, nem o modo como ela chegou a ser aquilo e muito menos o material de que é feita, mas sim, a junção de todas essas coisas, e essa teoria é chamada de Teoria das Quatro Causas.
Para Aristóteles, as coisas são o que são por diversas razões: a primeira é a causa formal, que é a definição que fazemos das coisas depois de separá-las pelas semelhanças; a segunda é a causa material, que é um conjunto dos elementos que compõem a coisa; a terceira é a causa eficiente, que é o modo pelo qual aquela coisa se tornou daquele jeito; e a quarta, é a causa final, que é a finalidade ou objetivo da coisa, ou seja, o que é coisa é, do que ela é feita, porque ela é assim e pra que ela serve, e ele usa como exemplo uma estátua de mármore de uma deusa. A causa formal é o objeto talhado em madeira ou mármore imitando um outro real. A causa material é a pedra de mármore .
A causa eficiente é o escultor e as ferramentas dele. E a causa final é um objeto de adoração ou decoração. A estátua é tudo isso, mas mesmo com essa teoria, ainda não é respondido o velho problema de como alguma coisa pode ser algo e ao mesmo tempo estar em transformação.
Para Aristóteles, o ser se diz de vários modos, coisa que as pessoas não tinham prestado atenção. Ele diz que quando dizemos que algo é, podemos estar falando da essência da coisa, exemplo: Sócrates é um homem; ou podemos estar falando de acidentes da coisa, exemplo: Sócrates é careca. As coisas que acontecem de modo esporádico ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser careca, ter cabelos castanhos ou escuros, nada disso é essencial.
E então, para resolver o problema de como alguma coisa pode ser e ao mesmo tempo estar em transformação, Aristóteles chama essas características de acidentes: tudo o que aparentemente muda o ser, mas não compromete a sua essência. O ser verdadeiro continua intacto, ele é a essência e, portanto, a essência se mantém apesar dos acidentes. Sócrates pode ficar careca, mas isso não vai mudar a sua essência, que é ser um homem racional.
Mas então, como nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel da razão: a razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios. Observando os insetos, por exemplo, percebe-se que eles são muito diferentes uns dos outros.
Mas será que existe algo que todos tenham em comum, que me permite classificar uma barata, um besouro ou um gafanhoto como insetos? Sim. Por exemplo, existe o fato de todos seria invertebrados, e além disso e mais importante, o ser é, ao mesmo tempo, potência e ato, uma substância individual é tanta coisa em seu estado atual quanto todas as potencialidades dela, ou seja, tudo que ela pode vir a ser.
Por exemplo, um cubo de gelo: ele pode vir a ser uma poça d'água, um cubo de gelo quebrado, vapor d'água, entre outras coisas, e quando ela se tornar a coisa que era em potência ela será a coisa em ato e terá novas potências. O problema com essa causalidade toda do ser é quando voltamos para trás: tudo que é foi causado por alguma outra coisa ou foi potência de alguma outra coisa, e isso se estende infinitamente, por isso, para Aristóteles, deve haver um primeiro motor imóvel, que não foi causada por nada e que é a causa original de todas as coisas. Este primeiro motor precisa ser o ato puro, pois não há nenhum ato anterior a ele de que possa ter sido potência.
Ele seria a causa primária de todas as coisas subsequentes. A ideia é bem parecida com a nossa concepção atual de Big Bang.