saudações família eu sou a caía Ribeiro mulher preta nascida e criada numa comunidade quilombola do Rio Grande do Sul sou Doutora em filosofia Africana e é deste lugar que vou partir para pensar a realidade a filosofia africana procura refletir sobre a vida a partir de saberes produzidos em tempos imemoráveis o que o berço da humanidade tem a contribuir para a qualidade das nossas vidas hoje lembrando sempre que para nós o futuro é [Música] ancestral hoje falaremos sobre epistemologia trata--se dos estudos que procuram entender como nós conhecemos o mundo o que consideramos como verdade quais conhecimentos
são válidos a Terra é o meu Quilombo o meu espaço é o meu Quilombo onde eu estou eu estou quando estou eu sou Beatriz Nascimento Foi uma grande historiadora e ativista pelos direitos dos negros e das mulheres no Brasil ela dedicou sua vida a entender os quilombos não apenas como espaço de fuga mas como território de reconstrução dos modos de vida dos africanos indígenas no Brasil após abolição da escravidão em 1878 e a proclamação da república em 18 9 o negro visto como raça inferior vira um problema entre o que o Brasil era e a
Europa que ele queria ser era preciso apagar a presença física cultural social dos pretos e pretas a Eugenia estava na constituição de 1934 ou seja era uma política Oficial do estado brasileiro melhorar a raça aqui é tornar tudo branco europeu heterossexual e Cristão Eles tentaram nos enterrar mas não sabiam que éramos sementes quem detém o conhecimento se os negros detinham algum era preciso apagar busque na sua memória se alguma vez durante seus longos anos de sala de aula você estudou alguma intelectual ind leu algum cientista africano todas as manifestações culturais espirituais e filosóficas africanas foram
criminalizadas demonizadas apropriadas e inferiorizadas por exemplo a cura através das Ervas o cultivo das plantas a meditação esse processo de apagamento como indica a filósofa Sueli Carneiro chama-se epistemicídio um assassinato da cultura e da contribuição dos pensamentos dos povos indígenas e africanos se estamos certos que os espaços formais de conhecimento como a escola a universidade e que instrumentos de Cultura como museus filmes livros novelas em sua maioria silenciaram as contribuições africanas indígenas para o pensamento Como e onde se deu a resistência desses saberes eu nasci e fui criada em uma comunidade quilombola do Rio Grande
do Sul e eu tenho muito orgulho disso os quilombos na época da escravidão foram espaços de liberdade em pleno período colonial um território organizado pensado e mantido por pessoas pretas Livres como nos ensina o escritor poeta intelectual abidias nascimento e a historiadora Beatriz Nascimento os quilombos são a síntese do território africano reconstruídos na diáspora são nos quilombos que os negros podem viver à sua maneira podem configurar o seu modo de ser e estar no mundo o que mais podemos considerar como Quilombo o samba por exemplo por ser uma música produzida por negros foi muito marginalizado
andar com pandeiro e violão era motivo de cadeia Só através de muita resistência da criação de formas de continuar fazendo samba apesar dos perigos que foi possível fazê-lo sobreviver ao ponto de se tornar um dos ritmos que dão a cara do Brasil a essa inteligência prática a essa persistência que chamamos de quilombismo aqui entra o papel dos nossos ancestrais com suas habilidades inteligências passando com paciência pela via da oralidade e do exemplo conhecimentos milenares se fomos expulsos dos livros e das Universidades tivemos os terreiros a escola de samba os Islã as rodas de rap de
funk nossas comunidades como grandes espaços de produção de conhecimento e visão de mundo a nossa biblioteca são os nossos mais velhos eles que guardam os mais importantes do nosso povo no terreiro aprendemos a comer a andar a nos perceber a cultuar a viver em comunidade a lutar lá aprendemos história filosofia antropologia psicologia no terreiro aprendemos a respeitar a natureza as crianças os mais velhos o tempo aprendemos sobre ética sobre política sobre vida [Música] quais estratégias você está empregando para resistir Liberdade abundância e solidariedade por novos Quilombos por nossos conhecimentos Aché para nós Aé em nós
e até [Música] breve a [Música]