Chuang Tzu - O Verdadeiro Tao

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Corvo Seco
Trechos do livro “Ensinamentos Essenciais de Chuang Tzu”, de Sam Hamill e J. P. Seaton. Chuang Tzu ...
Video Transcript:
道可道,非常道。 dào kě dào, fēi cháng dào. O Tao que pode ser expresso não é o eterno Tao. - Tao Te Ching #1.
Venha. Vou lhe falar sobre o verdadeiro Tao. A essência do verdadeiro Tao é o  segredo casto e profundo da misteriosa escuridão.
Os polos do verdadeiro Tao  estão ocultos em sombrio silêncio. Nada se vê, nada se ouve. Envolva no silêncio o seu espírito.
Então a sua forma se irá aprumar por conta própria. Você precisa silenciar a mente  e o coração até clareá-los. Nada de exigir demais do corpo. 
Nada de agitar a sua essência. Aí você realmente terá uma vida longa. Quando os seus olhos nada virem  e os seus ouvidos nada ouvirem, quando o seu coração e a sua mente nada souberem, então o seu espírito preservará a sua forma e essa viverá bastante.
Seja prudente. Conserve o coração fiel lá dentro. Feche as portas para o exterior.
Conhecer muito é perda. O conhecimento dos antigos  era completo. Até que ponto?
Alguns se recusavam a reconhecer  que existiam coisas. Até esse ponto. Nada se poderia acrescentar a isso.
Então surgiram alguns que  reconheceram a existência de coisas, mas se recusavam a fazer  discriminações entre elas; depois alguns que discriminavam, mas se recusavam a rotular  uma de “certa”, outra de “errada”; depois o certo e o errado tornaram-se  questão de decisão judicial, e o Tao ficou deficiente; e porque o Tao ficou deficiente, aqueles que amavam o Tao passaram a tentar “realizar” coisas. Mas será que existem de fato coisas como “realização” ou “deficiência”, ou não? Existem.
E não existem. Este é; O Verdadeiro Tao. Chuang Tzu.
A rã do poço não tem muito a dizer sobre o mar. Ela é limitada pelo seu próprio espaço vazio. Um inseto do verão não terá muito a dizer sobre o gelo, pois vive preso no seu escasso intervalo.
Um erudito enclausurado não poderá ter muito a dizer a respeito do Tao, pois vive ensimesmado na sua doutrina e no seu dogma. Harmonize a sua mente. Deleite-se.
Compreenda. Correr como a água é o método. Em paz,  como águas plácidas e a sua plenitude.
Guardar o que há no íntimo, para que  nada exterior possa agitá-lo facilmente. O Poder da Virtude está na realização  dessa harmonia perfeita, e quando o Poder da Virtude não tem forma,  nada pode separar-se dele. Revigore o coração e a mente.
Fique parado e não faça nada. As coisas mudam por si mesmas. Abandone a sua forma e o seu corpo.
Deixe de ver e de ouvir. Esqueça os vínculos. Esqueça as coisas.
Descubra a Grande Unidade na vastidão aquosa. Liberte-se do coração e da mente. Solte as amarras do espírito.
Avance insensível como um deserto. As dez mil coisas voltam todas às suas raízes. Voltam às suas raízes sem o saber.
Esqueça os anos, esqueça as distinções. Salte para o infinito e faça dele a sua casa! Flua com o que quer que aconteça  e deixe sua mente ser livre: mantenha-se centrado, aceitando tudo o que estiver  fazendo.
Este é o máximo. Não pense em nada! Não se preocupe com ideia nenhuma.
Então você começará a conhecer o Tao. Em lugar nenhum, sem nenhum  pretexto, estará em paz no Tao. Quando você nada segue e nada sabe,  aí começa a compreender o Tao.
Quem sabe não fala. Quem fala não sabe. Por isso é que os antigos sábios ensinavam sem palavras.
Lao-Tsé disse: “Palavras inteligentes não  se comparam ao silêncio. O Tao não pode ser ouvido. Tapar os ouvidos é melhor que ouvir.
Isso se chama ‘O Grande Alcançar’. O mais culto pode não conhecer isso, o lógico pode não achar uma solução razoável. E assim o sábio rompe com  o conhecimento e a lógica.
O que é que pode sempre  receber sem jamais transbordar? O que é que pode sempre  verter sem jamais se esvaziar? É a isso que o sábio se apega.
Profunda,  bem profunda é a fonte, tanto quanto o mar. Aquilo a que as dez mil coisas vivem pedindo auxílio, e que nunca as despede de mãos vazias, isso é o Tao”. O  Tao não tem início nem fim, mas as coisas vivem e morrem.
Você não pode depender do vir-a-ser delas. O Uno é vazio. O Uno é pleno. 
Não há posição nas suas formas. O limite do ilimitado é limite nenhum. Podemos falar de encher e  esvaziar, de prosperar e declinar, mas o que torna cheio ou vazio não enche nem esvazia.
O que faz as coisas prosperar e declinar não prospera nem declina. O que faz a raiz e o ramo  não enraíza nem ramifica. O que faz as coisas acumular e  dispersar não acumula e não dispersa.
O Grande Conhecer abarca o longe e o perto, sem diminuir o pequeno nem aumentar o grande. Examina o presente e o passado, olhando penetrantemente sem pesar, sem esticar-se na ponta dos pés para apreender o que está à mão, pois sabe que não há hora de parar. Olha penetrantemente a  plenitude, assim como o vazio.
Ganhando, não conhece felicidade;  perdendo, não conhece dor. Já ouvi alguém dizer que não se  ouve falar daqueles que detêm o Tao, que obter o Poder da Virtude não é “obter”. Os grandes homens não têm egos.
Eles acham o seu papel na vida. Ora, isso sim é estar lá.
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