VOO 375, o SEQUESTRO que PAROU o BRASIL

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Tinocando TV
Voo 375, o sequestro que parou o Brasil. Este é um dos casos mais intrigantes e impressionantes da ...
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No dia 11 de setembro de 2001, o mundo parou. Isso porque a Al-Qaeda, liderada  pelo seu fundador Osama Bin Laden foi responsável pelo maior ataque  terrorista de todos os tempos jogando dois aviões contra as  Torres Gêmeas em Nova Iorque. Alguns anos se passaram e depois  de diversas investigações feitas descobriu-se que, para realizar o seu atentado, Osama bin Laden havia estudado sobre  um brasileiro que, na década de 1980 já tinha tentado fazer algo similar.
Este é um dos casos mais intrigantes e  impressionantes da história do Brasil: o dia que um homem sequestrou um avião com o objetivo de jogá-lo contra  o Presidente da República. Mas, como isso aconteceu? Como esse sequestro foi planejado?
Quem era esse homem? E qual seu objetivo com tudo isso? Hoje, no investigando - Cinzas.
Oi, eu sou o Tinôco e no fim da década de 1980 o Brasil estava passando por um período de  intensa transformação política e econômica. Em 1985, Tancredo Neves foi  eleito presidente do Brasil mas veio a falecer pouco antes de assumir o cargo. Assim, José Sarney, seu  vice, ascendeu à presidência simbolizando o fim de duas  décadas de regime militar e o início de uma nova era democrática no país.
Naquela época, o Brasil passava  por uma crise econômica severa tanto que essa década ficou  conhecida como a “Década Perdida”. Assim, para tentar conter todo esse problema o governo lançou o chamado Plano Cruzado congelando os preços e salários de todo o Brasil. Inicialmente, o plano até trouxe  um certo alívio à população que finalmente experimentou  uma redução abrupta na inflação e uma sensação temporária  de estabilidade econômica.
Só que isso não durou muito tempo porque as medidas adotadas no Plano  Cruzado logo se revelaram insustentáveis. O congelamento de preços e dos salários não foi acompanhado por políticas  fiscais e monetárias consistentes levando a desequilíbrios e distorções econômicas. Como resultado, a inflação voltou a acelerar chegando a incríveis 933,62% ao ano assim, a confiança nas políticas econômicas  do governo foi completamente abalada.
Mais uma vez o Brasil sofreu com uma recaída gerando um grande descontentamento populacional e uma enorme instabilidade social. E é nesse contexto que surge  Raimundo Nonato Alves da Conceição um tratorista desempregado e motivado  por uma mistura de frustração pessoal somado a uma visão distorcida de justiça que decidiu realizar o maior atentado  terrorista da história do Brasil. O plano era extremamente complexo.
Raimundo precisava sequestrar um avião render a tripulação e os pilotos mudar a direção e jogá-lo  diretamente no Palácio do Planalto com o objetivo de matar José Sarney. E por incrível que pareça essa não foi a  primeira vez que isso aconteceu no Brasil. Alguns anos antes, em 1924 Eduardo Gomes já havia tentado jogar um avião contra o presidente Arthur  Bernardes, mas faltou combustível.
Então, era hora do Raimundo fazer isso dar certo e seu primeiro passo foi escolher o avião. Seu plano começou no Aeroporto  de Confins em Belo Horizonte já que, naquela época, ele não possuía  máquina de raio-x nem detector de metal. Assim, Raimundo pode facilmente  entrar em um avião armado com um revólver calibre 32.
Seu alvo foi um avião da VASP uma das principais companhias  aéreas da época no Brasil. Esta utilizava um Boeing  737-317 para operar o voo 375 que transportava mais de 100 pessoas. No dia do sequestro a aeronave partiu do Aeroporto  Internacional de Porto Velho, em Rondônia com destino ao Aeroporto Internacional  do Galeão, no Rio de Janeiro.
Para isso, o voo faria quatro escalas: a primeira em Cuiabá, depois  Brasília, partindo para Goiânia chegando, por fim, em Belo  Horizonte onde partiria para o Rio. Eram 10h52 da manhã quando Raimundo Nonato entrou a bordo do VASP com  apenas um objetivo em mente. Após a decolagem, Raimundo se levantou  e foi em direção à cabine de comando.
Obviamente ele foi impedido de entrar,  mas isso só o deixou mais furioso. Assim, Raimundo saca a sua arma e dispara um tiro instaurando  um verdadeiro caos pelo corredor deixando os passageiros atônitos e inquietos. O barulho do disparo foi o suficiente  para que os pilotos Fernando e Evangelista notassem que algo acontecia dentro do avião e, rapidamente, trancassem a cabine.
Vendo esse movimento, o  sequestrador não pensou duas vezes antes de começar a atirar contra a porta que naquela época, ainda não era blindada. Gilberto Renhe, um copiloto  extra que pegou carona no voo estava dentro da cabine e foi baleado na perna. Após ser atingido, Gilberto foi  mancando para o fundo do avião na tentativa de estancar o ferimento enquanto o restante dos passageiros  permaneciam paralisados.
Depois da cabine ser alvejada por  tiros, danificando o painel da aeronave os pilotos decidiram destrancar  a porta para cessar os disparos e assim, Raimundo finalmente  consegue chegar ao comando do voo. Sob ameaça de violência o sequestrador ordenou aos pilotos que  desviassem a rota em direção a Brasília. Segundo relatos do próprio  comandante, Raimundo gritava: “Eu quero matar o Sarney.
Quero  jogar o avião no Planalto! ” Só que ele não poderia simplesmente  aceitar que esse seria seu destino final. Assim, sem que o sequestrador notasse,  o piloto Fernando conseguiu passar ao Centro Integrado de Defesa Aérea  e Controle de Tráfego Aéreo o código 7500, que corresponde  a uma “interferência ilícita” ou seja, um sequestro estava acontecendo à bordo.
Além disso, disfarçadamente, o piloto  também conseguiu abrir o microfone enquanto o sequestrador falava sobre  a mudança de curso para Brasília e a intenção de jogar o avião contra o Planalto fazendo com que o Centro de Defesa  Aérea ficasse ciente da rota. “Tem que falar que mudamos a rota  pra Brasília. ” (Piloto Fernando) “Escuta aqui meu amigo, você só tem  que fazer o que eu mando!
” (Raimundo) Com o alerta, a Força Aérea Brasileira  enviou um caça Dassault Mirage III da base aérea de Anápolis, em Goiânia para acompanhar o voo e  interceptá-lo caso necessário isso significa que se o avião se  aproximasse demais do Palácio do Planalto o caça precisaria abatê-lo. Neste momento, não tinha muita  coisa que pudesse ser feita então o piloto seguiu as instruções do  sequestrador e alterou a roda do avião. Como de costume, o controle de  tráfego aéreo notou a diferença e se comunicou via rádio  para confirmar a alteração.
Assim, quando o copiloto Salvador Evangelista  se inclinou para responder ao rádio Raimundo apontou sua arma e  impiedosamente o baleou na nuca matando-o na hora. Obviamente, Fernando ficou em estado de choque ao ver um amigo de longa data  sendo assassinado na sua frente. Ele tentava ao máximo não olhar para o lado e continuava a fazer o que o sequestrador exigia.
Enquanto o Boeing 737 seguia em direção a Brasília as autoridades de aviação e segurança do Brasil foram imediatamente acionadas. A notícia do sequestro se espalhou rapidamente e a situação começou a ser  monitorada de perto pelo governo e pelas forças de segurança. O presidente José Sarney,  informado sobre a ameaça iminente convocou uma reunião de  emergência para tratar da crise.
Nessa reunião, Sarney disse  que não iria sair do Palácio e que se fosse para morrer, ele morria ali mesmo. Dentro da cabine, Raimundo,  apesar de visivelmente nervoso demonstrava uma determinação inflexível. Para ele, Sarney representava o ápice do  fracasso político e econômico do país.
Assim, Raimundo acreditava que esse sequestro juntamente com assassinato do presidente iria, de alguma forma, resolver os  problemas que o país estava enfrentando. Na tentativa de ganhar mais  tempo e persuadir o sequestrador o piloto argumentou que as condições  de visibilidade não eram boas para uma aproximação segura em Brasília conseguindo convencer Raimundo de  que seu plano não iria funcionar. Enquanto isso, algumas aeronaves  da Força Aérea Brasileira conseguiram alcançar o avião  e começaram a acompanhá-lo.
O problema foi que o sequestrador percebeu isso e ficou ainda mais furioso e agitado. Assim, Raimundo muda de plano dizendo que seu novo objetivo  era ir para São Paulo mas Fernando avisou que o avião não tinha  combustível suficiente para chegar até lá. E apenas alguns segundos depois,  um dos motores começou a falhar.
Vendo toda essa situação acontecer  bem diante dos seus olhos o piloto Fernando sabia que  precisava tomar uma decisão drástica para salvar todos a bordo. Durante muito tempo de sua vida o piloto fez parte da  conhecida Esquadrilha da Fumaça que é uma unidade da FAB especializada  em realizar demonstrações aéreas executando manobras acrobáticas. Com sua experiência, Fernando decidiu  realizar uma manobra nunca antes feita em um avião comercial cheio de passageiros.
Este é o tonneau, onde a aeronave dá uma  volta completa em torno de seu próprio eixo dando um giro de 360° antes de  retomar a sua posição normal. Essa manobra exige uma coordenação absurda para manter o avião estável durante tudo isso. O objetivo era desequilibrar Raimundo Nonato e afastá-lo da cabine de comando.
E por incrível que pareça  ele conseguiu fazer a manobra com o plano sendo concluído pelo menos em parte isso porque, ele conseguiu  desequilibrar o sequestrador mas infelizmente ele não largou seu revólver. E como se não bastasse, o avião  também ficou sem combustível fazendo com que o motor esquerdo  também começasse a falhar. Isso poderia ser um problema  para qualquer outro piloto mas não para o experiente Fernando.
Ele viu nesse momento uma oportunidade  de realizar outra manobra perigosíssima também nunca antes feita em  um avião comercial lotado conhecido como Queda em Parafuso onde o avião despencou 9 mil metros  girando em torno do seu próprio eixo. Em uma entrevista futura, Fernando  revelou que na hora ele pensou: “Ah , eu já vou morrer mesmo,  não tem por que não arriscar”. A manobra era praticamente impossível de ser feita visto as condições que o avião estava.
Ele não tinha combustível,  os dois motores tinham pifado e tinha um fucking sequestrador  ameaçando o piloto com uma arma você tem noção do que é isso! ? Com esse movimento absurdo Raimundo finalmente perdeu o  equilíbrio e deixou o revólver cair.
Aproveitando que seu sequestrador estava  desarmado e atordoado com a agitação das manobras Fernando conseguiu pousar a aeronave com sucesso no Aeroporto Internacional  Santa Genoveva, em Goiânia. Assim que o avião estabilizou  na pista às 14h15 da tarde exatamente 3 horas e 23 minutos  depois da decolagem em Confins Raimundo Nonato, que havia sido  temporariamente afastado da cabine conseguiu se levantar e recuperar sua arma reinstaurando um clima de  terror entre os passageiros. Imediatamente após o pouso, as autoridades  de segurança cercaram a aeronave.
A Polícia Federal, em conjunto com as  forças especiais e com negociadores tomou o controle da situação. A prioridade era garantir  a segurança dos passageiros e tentar resolver o sequestro  sem que houvesse mais mortes. Raimundo Nonato, armado e desesperado exigiu um avião menor para poder fugir ameaçando matar reféns se suas  demandas não fossem atendidas.
Os negociadores tentaram acalmá-lo argumentando que suas exigências  estavam sendo consideradas enquanto, na verdade, ganhavam tempo  para elaborar uma estratégia de resgate. Dentro do avião, o comandante  Fernando fazia o possível para manter a calma entre os passageiros. A situação era extremamente tensa.
Cada movimento de Raimundo era monitorado  de perto pelos agentes do lado de fora que aguardavam para agir  da melhor maneira possível. Foram 5 horas de negociação até que a FAB liberou um avião  Bandeirante para o sequestrador. Próximo das 19h, com o intuito de sair  de uma aeronave para embarcar na outra Raimundo desceu do avião usando o piloto e dois comissários de bordo como escudo humano.
Assim, a polícia prontamente  disparou contra o sequestrador que, por sua vez, atirou contra o piloto  Fernando que foi atingido na perna. Vendo que a situação poderia escalar ainda mais a polícia resolveu atirar acertando o sequestrador nas nádegas e nos rins. Raimundo então foi preso e  encaminhado para um hospital onde passou por uma cirurgia de emergência e foi anunciado que não corria risco de vida.
Contudo, poucos dias depois ele morreu no hospital devido  a uma anemia falciforme sem qualquer relação com o  fato de ele ter sido baleado. Mas aqui, é importante deixar claro  que o caso nunca foi investigado e ninguém sabe ao certo o que  aconteceu dentro daquele hospital. Nesse meio tempo, Raimundo  conseguiu ser interrogado revelando que havia trabalhado  no Iraque por dois anos período em que se ofereceu às  autoridades militares iraquianas para combater na guerra do país contra o Irã mas o seu pedido foi negado.
Além disso, ele confessou uma  versão diferente de seu plano. Enquanto que no avião ele gritava  que sua intenção era jogar a aeronave contra o Palácio do Planalto  para matar o presidente Raimundo afirmou no interrogatório  que pretendia levar o avião a Brasília onde tinha a intenção de  “contactar o Ministério do Exército e exigir que os militares assumissem  o poder, sem realização de eleições". Raimundo revelou que teve problemas  mentais quando tinha entre 15 e 16 anos e chegou até a ser amarrado durante um surto.
Mas talvez, o principal personagem dessa  história não tenha sido o sequestrador mas sim, Fernando, o piloto do avião  que conseguiu de maneira heroica realizar tarefas que nenhum  outro homem havia tentado. Fernando, após tudo isso,  seguiu na carreira da aviação sendo lembrado como um herói nacional responsável por salvar a  vida de centenas de pessoas e por ter impedido uma tragédia muito maior. "A primeira coisa que o sequestrador  tinha falado pra mim é que queria jogar o avião em cima do Palácio do  Planalto" (Piloto Fernando) Tempos depois, ele foi condecorado  com a Ordem do Mérito Aeronáutico uma das mais altas honrarias  da Força Aérea Brasileira e o troféu Destaque Aeronauta que reconhece aqueles que prestam  serviços relevantes à aviação do país.
Mesmo assim, depois de tudo isso o piloto jamais recebeu nenhum agradecimento  oficial do ex-presidente José Sarney. Foi somente em 2023, mais de  30 anos depois do sequestro que o ex-presidente agradeceu ao piloto em  uma entrevista dada para o jornal Estadão pena que Fernando jamais pode ver esse momento já que ele morreu anos antes devido  a uma insuficiência respiratória. Além disso, mesmo com as várias  testemunhas dentro e fora da aeronave a Boeing também nunca reconheceu as  manobras feitas por Fernando no 737 alegando que elas seriam fisicamente  impossíveis de serem realizadas em um avião daquele porte.
O sequestro foi um importante  estudo de caso sobre crises aéreas servindo como um lembrete  da importância de preparar tripulações de voo para situações como essa e sobre como normas de segurança para  transportes aéreos são imprescindíveis. Após o incidente, Fernando  solicitou às companhias aéreas a instalação de portas blindadas  na cabine de pilotagem dos aviões. Desde esse ocorrido, tiveram diversas  mudanças significativas na segurança aérea como treinamento da tripulação,  detector de metais e scanners para evitar que tragédias como  essa se tornassem frequentes.
Este momento está marcado no nosso país como uma das histórias mais  impressionantes de todos os tempos. Mesmo não sendo lembrado e não tendo  sido exaltado da forma que deveria com esse vídeo Fernando fica eternizado  como um herói da aviação brasileira sendo responsável por evitar  que uma tragédia imensurável afetasse todo o nosso país. Bom, esse foi o vídeo, eu  espero que você tenha gostado.
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Enfim, muito obrigado pelo seu  acesso e até o próximo vídeo valeu, falou, um grande  abraço do Tinôco e lembre-se: a existência é passageira. Tchau!
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