Como interpretar o corpo na psicanálise? | Christian Dunker | Falando nIsso 89

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Christian Dunker
Nesta série, Christian Dunker pretende responder a algumas dúvidas frequentes relacionadas à psicaná...
Video Transcript:
[Música] bem-vindos ao nosso canal YouTube com Falando nisso de hoje e a pergunta de Joana Werner Cristian H tempos vejo e vejo seus vídeos Sou estudante de cinema e pouco sei sobre psicanálise mas eu queria perguntar como seria a questão do corpo dentro do conceito de inconsciente quer dizer se ele se estrutura em linguagem como seria o comportamento de suas regras vamos dizer assim nos corpos para além do que chamam de linguagem corporal O sintom pode se manifestar no corpo sem se manifestar na linguagem como gramático como poderemos interpretar o que se manifesta no corpo
e não se manifesta na língua desculpa essa pergunta ficou confusa não ficou não Joana ficou uma ótima pergunta que eu vou tentar responder em Associação com a questão de Rafael Vicente que me pede um vídeo falando sobre o livro que a gente organizou com Eloí a Helena Ramirez e Tatiana Carvalho e que é a pele como litoral fenômeno psicossomático e psicanálise né vou então juntar essas duas perguntas Joana e tentar fazer uma introdução a esse domínio tão vasto eh e que atravessa a psicanálise de ponta a ponta que diz respeito ao corpo como você na
tua pergunta coloca o corpo não é só paraa psicanálise um meio de expressão um suporte para a gente dizer coisas como na definição mais corrente de sintoma em que o sintoma seria então uma palavra amordaçada ele está freando uma palavra não freando uma sensação uma experiência corporal algo que se dá no registro interno ao somático vamos chamar assim né Essa essa noção ela é de fato assim muito incipiente no fundo o corpo ele vai se manifestar de muitas outras maneiras a ponto de o Lacan no final da sua obra redefiniu o sintoma como um acontecimento
de corpo realmente não há sintoma que não toque no corpo então assim como a palavra tá amordaçada no corpo o corpo tá amordaçado e preso nas palavras né Ele está contido nas palavras ele tá contido nas imagens você que vem do cinema né foi o que a gente tentou explorar eh o que a gente chama de uma teoria geral da corporeidade em psicanálise né Eh nesse trabalho a pele como litoral que se originou no Nossa intervenção no hospital eh da pele Instituto da Pele na Unifesp aqui em São Paulo eh no no hospital ã da
Unifesp nessa experiência que tomou vários anos quase uma década com pacientes que sofriam de psoríase né que é uma afecção dermatológica que faz um descamamento na pele sofriam com Vit ligo sofriam com depois a gente foi ampliando né paraa retocolite ulcerativa e certos tipos de úlcera certos tipos de de doenças tidas inclusive pela medicina Como assim de desencadeamento psicossomático né então ligados a situações de incremento de angústia que geram ou uma piora ou desencadeamento eh formal do quatro né então haveria uma uma distinção importante entre esse primeiro domínio do corpo que é o corpo tomado
em metáfora né o o corpo que é metaforizado pelo sintoma e esse outro corpo Ah no qual o sofrimento aparentemente não se inscreve né ele Justamente não fala né as pessoas que têm esses fenômenos psicossomáticos tratam de outros assuntos e os fenômenos melhoram mas elas não falam da sua psoríase e como uma paciente estérica fala da sua conversão dizendo e supondo Olha isso é há algo aqui que você não vai entender que você não vai ler não paciente que tem esse fenômeno psicossomático ele diz isso tá aí e eu não vejo como isso vai mudar
eu não vejo como essa parte do meu do da minha experiência corporal ela ela tem que ver com o resto de mim e essa distinção esta separação né Essa separação Assim aprofundada entre Uma Mente e um corpo uma experiência excessivamente dividida é mais ou menos típica desse acontecimento de corpo a gente pode dizer que ah o corpo Ele tem ele o corpo em psicanálise ele poderia estar sujeito uma combinatória de relações né Eh que e de certa maneira a gente tentou fazer aqui nesse livro distinguindo entre aquilo que é do corpo no sentido ã simbólico
aquilo que é do organismo né no sentido e Imaginário e aquilo que é da Carne né carne esse conceito medieval né aquilo que Melon retomou como a nossa própria experiência impossível de corpo está sendo olhado a nossa exp do corpo no espaço a nossa experiência do corpo no gesto a nossa experiência que que nos dá um corpo que ao mesmo tempo está além do corpo que a gente se representa e e do corpo que a gente é capaz de de de dizer de falar e inclusive escrever na fantasia então a partir dessa distinção entre corpo
carne e organismo ah a gente pode considerar uma combinatória né entre corpo e carne o que tem entre corpo e organismo que tem entre entre a a carne e o corpo e o organismo por exemplo a gente pode falar Eh da experiência corporal da Carne a partir da dor por exemplo dor como o algo que nos toca num numa espécie de inominável a gente pode falar da eh realização do simbólico a partir da angústia né esse momento em que o simbólico invade eh eu é invadido pelo Real e a gente pode falar da realização do
do simbólico também nas modificações involuntárias do corpo né a a as o piercing as tatuagens as tentativas de de usar o corpo como uma espécie de suporte para um cifr momento né para o cifr momento da letra A gente também tem ã uma simbolização do real que aí sim aparece eh ligada aos equivalentes somáticos né quer dizer as inquietações os tiques as movimentações motoras a as as as os comportamentos de auto apaz igual almento mas também Eh aí sim nos sintomas de conversão e de compulsão né lavar as mãos por exemplo é uma incidência no
corpo H os ataques estéricos são um outro exemplo né dessa simbolização do Real a gente poderia falar na realização do Imaginário né Por exemplo como a gente tem nas experiências de estranhamento com o próprio corpo né que a criança tem quando descobre a mão eh que a gente tem quando vai numa festa e sente que as mãos estão a mais ou que os cabelos não funcionam ou que a gente não tem onde pôr os braços eh bom temos aí um registro de realização imaginária do corpo assim como também nas formações do eu relativas ao caráter
né o nosso caráter não é só uma atitude mental ela se mostra num numa forma de usar o corpo de uma forma de estar no próprio corpo né corpo tem esse esse dualismo ele é ao mesmo tempo é o que a gente é e é uma propriedade da gente e envolve um modo de estar né um modo de habitar o corpo por exemplo a gente poderia falar nas implantações né do imaginar iação do real né Aí sim os fenômenos psicossomáticos mas também as somatizações como a úlcera né como eh aquilo que afeta sistemicamente o organismo
e que se mostra numa modalidade de Sofrimento outra forma de imaginara do real que toca o corpo são as alexitimia né ou as passagens ao ato né a Lexi temia são aquelas eh pessoas que não conseguem nomear o que estão sentindo não conseguem dizer o que estão sentindo então elas sensorial zam os afetos né então alegria a dor a vergonha a inveja elas não são sentidas com essas qualidades mas elas são sentidas como um desconforto elas são sentidas como uma uma sensação egóica projetada no espaço né ou de bem-estar ou de malestar e que é
indiscernível para o próprio sujeito quando a gente fala nas simbolizações do Imaginário a gente vai encontrar por exemplo as impulsões né a os atos repetitivos Ah aquela aquela sensibilidade que faz com que eu reproduza um determinado estado mental às vezes por meio de drogas às vezes por meio de medicações né mas também as modificações voluntárias do corpo eh como as tatuagens e as intrusões corporais que a gente pode nos impor né como o cutting né Um Sintoma típico eh de mulheres que se cortam para apaziguar essa intrusão do real no corpo do gozo no corpo
e transformar esse gozo em dor e transformar a angústia em dor finalmente a gente teria as manifestações no corpo que que são imaginara ções do simbólico né como é o caso da hipocondria como é o caso da do do do impedimento como é o caso das vivências corporais de inibição né então aquele momento em que a pessoa não consegue né fazer uso de uma função corporal por exemplo na disfunção erétil por exemplo na dispaurenia né que é a incapacidade de de de relaxar de relaxamento e lubrificação vaginal e e que impede a a penetração como
na nas inibições que fazem com que determinados movimentos não possam ser feitos né isso Então mostra e esse era o objetivo do ponto de partida do nosso livro e acho que serve para para apresentar como a corporeidade ela se espalha e por diferentes eh combinações entre o real o simbólico e o Imaginário na psicanálise lembrando a pele como litoral fenômeno psicossomático e psicanálise da editora Ana blum organizada pelo Eloí Tatiana e por mim para quem quiser receber ã atualiz adamente o nosso Falando nisso basta clicar no aquon MOV aqui embaixo um abração
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