um TOUR pelo ESTOICISMO

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Tinocando TV
Um tour pelo estoicismo. Você já deve ter ouvido esse nome por aí. Mas muito do que as pessoas tem ...
Video Transcript:
Durante o século VI a. C. a Grécia passava por um dos momentos  mais conturbados de sua história.
Isso porque estava rolando a  chamada Guerra do Peloponeso onde as duas principais potências  gregas, Atenas e Esparta começaram a sair na mão. E é nesse cenário que surge Zenão  de Cítio, vindo da Ilha de Chipre. Por essa região ser privilegiada geograficamente diversas pessoas viviam da agricultura e acabavam se tornando comerciantes marítimos.
E foi justamente isso que aconteceu com Zenão. Durante muito tempo, ele fez  diversas rotas pelo mediterrâneo o que trouxe muita riqueza para  ele, mas… nunca era o suficiente. Inconformado e incompleto internamente Zenão resolveu buscar um sábio para  tentar entender como mudar essa situação.
O que ele precisa fazer para  se sentir feliz e satisfeito? E a resposta que lhe foi dada foi que: "Para ser feliz, você deve se igualar aos mortos". Essa frase ficou na cabeça  de Zenão durante um tempo até que em uma de suas viagens aconteceu algo que mudaria sua vida para sempre.
Uma tempestade gigantesca atingiu o seu barco e quando ele menos percebeu… todas as suas  mercadorias já estavam no fundo do mar. Felizmente, Zenão sobreviveu  ao incidente e com isso ele pode finalmente entender  o que o sábio havia falado: viver como os mortos, era viver  livre das preocupações mundanas. Interessado em buscar mais conhecimento Zenão resolveu se mudar para o berço  do pensamento ocidental: Atenas.
Chegando lá, ele foi direto para uma biblioteca onde começou a ler um livro  sobre a vida de Sócrates. Maravilhado e encantado com o poder deste homem ele resolve perguntar onde  poderia se encontrar com ele? O livreiro então aponta para  Crates e diz: “Siga aquele homem”.
Assim, Zenão inicia a sua jornada filosófica fundando uma das escolas mais  importantes da filosofia clássica: o Estoicismo. Você já deve ter ouvido esse nome por aí. Mas muito do que as pessoas têm propagado na verdade é apenas a ponta do iceberg.
A filosofia do estoicismo é um dos maiores  legados que a Grécia Antiga nos deixou. Mas como essa filosofia surgiu? Por que uma ideia que tem mais de 2 mil anos ainda segue sendo uma das mais  poderosas ideias filosóficas até hoje?
O que é o estoicismo? Hoje, no Filosofando. Oi, eu sou o Tinôco esse vídeo é um oferecimento da Alura,  a maior escola de tecnologia do país.
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Enfim, o nome “estoicismo”  deriva da palavra grega “Stoa” que pode ser traduzida para “pórtico” que é basicamente um local coberto  sustentado por uma sequência de colunas. Isso acontece porque Zenão se reunia com seus  seguidores justamente em um lugar como esse. Por isso, eles ficaram conhecidos como  “filósofos do pórtico” ou, em grego, os stoikós.
Mas assim, ele foi apenas um dos muitos  homens que fizeram isso na Grécia naquela época, ao invés de você abrir uma  startup, você abria uma escola filosófica. Platão fez isso na Academia. Heráclito fez isso na Escola de Éfeso.
Pitágoras fez isso na Escola Pitagórica. E Zenão fez isso na Escola Estoica. Diferente do que muitos imaginam, Sócrates  não foi o primeiro filósofo da Grécia.
Antes dele, tinha uma galera pensando  em um monte de coisa absurda. Só que a galera desvaloriza tanto que esses caras que eles são conhecidos como  Pré-Socráticos, nem nome eles têm. Esses pensadores usaram da natureza para tentar  entender o homem e o mundo ao nosso redor.
Só que eu não sei se você lembra, mas no começo do vídeo eu falei que  estava rolando a Guerra do Peloponeso o que significa que todo mundo  estava com um cagaço enorme de Atenas e Esparta simplesmente se explodirem. A partir desse contato com a  guerra, com a morte e com o luto o foco da filosofia parou de ser o mundo  exterior e começou a ser o mundo interior. E Sócrates foi o primeiro  grande pensador a fazer isso por isso ele é tão revolucionário na filosofia.
Assim ele passou a estudar o homem e  como nós pensamos e agimos no mundo. Chegando na conclusão de que a racionalidade é  o melhor caminho para fazermos nossas escolhas. Pois somente com ela que nós nos tornamos capazes de ir em busca  de uma “vida que vale a pena ser vivida” que os gregos chamavam de “eudaimonia”.
Sócrates argumentou que essa vida só  pode ser alcançada através da virtude ou seja, do que é verdadeiramente bom. Pensa comigo, Sócrates entendia que  se você conhecer o que é realmente bom suas escolhas vão ser baseadas nisso. É como se você buscasse ter  uma alimentação saudável.
Quando você sabe quais alimentos  fazem bem para o seu corpo você vai escolher eles ao  invés de comer um fast food. E a mesma coisa acontece com seu comportamento. Se você quer ter uma vida “saudável” você vai escolher “atitudes saudáveis” que Sócrates definiu como virtudes.
A primeira é a sabedoria, ou seja, o  conhecimento do que é verdadeiramente bom e a capacidade de tomar decisões corretas. A segunda seria a coragem, ou seja, a capacidade de enfrentar medos e  desafios com firmeza e determinação. A terceira seria a justiça, que implica  em tratar os outros de maneira coerente e dar a cada um o que lhe é devido.
E por último nós temos a temperança,  ou seja, a moderação e o autocontrole. O equilíbrio em uma vida harmoniosa. Foi a partir dessa ideia que  os grandes filósofos gregos desenvolveram suas próprias interpretações  de como alcançar a felicidade e Zenão foi apenas mais um deles.
Um dos grandes objetivos da filosofia estoica é uma vida de acordo com a  natureza, em total harmonia com ela. Aqui, precisamos entender que  o Estoicismo é materialista. O que significa que eles acreditam  que o mundo é formado por matéria e tudo que não é matéria não existe.
Por exemplo, a ideia de Deus. Para eles, Deus não é uma  divindade que criou o universo ele é o próprio universo. Essa é a ideia que anos depois vem a  influenciar um dos meus filósofos preferidos: Baruch Spinoza, que eu já fiz um vídeo  sobre aqui, é só você clicar para você ver.
Os estoicos viam o universo como um ser vivo, guiado por uma razão universal, que seria Deus. Entendendo que Deus é tudo e  que nós fazemos parte de tudo logo, nós compartilhamos nossas energias com Deus dividindo uma força vital que dá  propósito a cada animal do planeta. Para a grande maioria desses animais o objetivo da vida seria  unicamente comer e reproduzir mas para os humanos não.
Segundo os estoicos, os  humanos têm um propósito maior que seria o conhecimento e a ação. Isso porque, ao entender que o universo possui  uma razão, ou seja, um motivo pra existir seria nosso papel entender isso para que  assim nós possamos seguir o mesmo sentido. Por isso, Zenão falava tanto  da busca pelo conhecimento.
Dessa forma, os estoicos também são deterministas. Assim, tudo que acontece já  está determinado a acontecer. Crisipo, por exemplo, que foi considerado  o “segundo fundador do estoicismo”, argumentou que não há possibilidade  de movimento sem causas ou seja, tudo o que acontece é  resultado de algo que já aconteceu.
Curiosamente, essa visão determinista do mundo  foi futuramente resumida por Albert Einstein quando ele diz que “Deus não  joga dados com o universo”. Afinal de contas, se o determinismo estiver certo se nós soubermos tudo o que já aconteceu nós também poderemos saber  tudo o que vai acontecer. Mesmo assim, diferentemente do que muitos imaginam isso não significa que os estoicos não  acreditam no conceito de livre-arbítrio.
Crisipo, mais uma vez, por exemplo,  entende que nós, seres humanos somos moralmente responsáveis por nossas ações visto que podemos racionalmente  escolher entre uma coisa ou outra. Dessa forma, mesmo que a nossa  existência e até a nossa razão sejam consequência de uma cadeia extremamente  complexa de causas já determinadas o que fazemos com nossa existência  ainda é uma escolha nossa uma escolha que podemos tomar  de acordo com nossas virtudes. E é dessa ideia que justamente nasce o que  é considerado o maior pilar do estoicismo.
Você já deve ter ouvido falar que o  objetivo final do estoicismo é a felicidade. Mas você já se perguntou o que seria  a felicidade aos olhos de um estoico? Bom, segundo o estoicismo para alcançar a felicidade você precisa  “viver de acordo com a natureza”.
E para isso, você precisa desenvolver  dois aspectos fundamentais: a harmonia consigo mesmo, juntamente  com a harmonia com o universo. O grande ponto é que esses dois pontos  dependem única e exclusivamente de você ou seja, a felicidade, para o  estoicismo, está a nosso alcance já que ela só depende das nossas escolhas e ações. Zenão costumava dizer: “viva consistentemente” porque ele via o homem como um animal  capaz de entender o mundo ao seu redor e encontrar solução para os próprios problemas.
Por isso os estoicos dão tanto valor às  virtudes e nos incentivam a cultivá-las pois é através delas que podemos  alcançar uma vida plena e feliz. Com isso, assuntos como riqueza, doenças ou fama para eles não são nem boas, nem más já que elas não dependem de nós para acontecer mas sim de algo exterior a nós. E esse é, sem sombra de dúvidas, o  maior pilar da filosofia estoica.
Você só deve se importar com  o que está no seu controle. Se você não pode controlar,  logo, isto não deve te afetar. O grande ponto dessa questão é que somos  nós quem cuidamos do que está aqui dentro.
A vida vai continuar acontecendo ao seu redor e o que você pode fazer é mudar o seu interior para lidar melhor com o que vem do exterior. Veja essa garrafa aqui, por exemplo. Se eu apertar essa garrafa de água,  o que vai sair de dentro dela?
Água. E se eu quiser muito que saia refrigerante  de dentro dela, se eu rezar muito aqui, por favor, saia refrigerante. Não vai mudar nada, vai continuar saindo água.
Exatamente isso acontece quando  a vida ao seu redor te aperta. O que sai de dentro de você  é o que está aqui dentro. Não adianta você cultivar dor, sofrimento,  ansiedade e quando a vida te apertar você querer ser um cara calmo e tranquilo.
Você precisa cultivar isso dentro de você  para assim lidar com o que vem de fora. Pense, por exemplo, que você está  saindo de casa, mas começa a chover. Para os estoicos, você não deve  ficar triste porque começou a chuva.
Isso está alheio a você. Você ficar triste ou não, não  vai mudar absolutamente nada. O que ele quer é que você entenda  o que está sob o seu controle e se preocupe apenas com isso.
Nesse caso, a chuva não está sob seu controle mas a possibilidade de sair de  casa com um guarda-chuva, sim. Logo, é com isso que você  deve gastar as suas energias. Com essa linha de raciocínio mesmo que você esteja passando pelos  momentos mais difíceis de sua vida seja por doenças ou pobreza, por exemplo você ainda assim pode ser feliz.
Porque o ato de você ser feliz  está ligado à capacidade humana de agir de acordo com a razão e com a virtude. Enfim, depois de Crisipo, não houve nenhuma  grande mudança no estoicismo até o ano de 155 a. C.
quando Atenas decidiu buscar uma  aliança com a República Romana para pedir ajuda em seu conflito  contra a cidade de Oropo. Para fazer isso, Atenas enviou  o chefe de suas três principais escolas filosóficas até a cidade de Roma com a expectativa de que esses  filósofos pudessem persuadir o Senado. E esse foi o primeiro grande contato da  filosofia grega com a cultura romana.
Depois de um tempo, Atenas  também se aliou com Mitrídates VI então Rei do Ponto, uma região da atual Turquia. Este era um dos principais inimigos de Roma e era visto como uma personificação da  resistência grega contra a dominação romana. O que só poderia resultar em uma treta absurda!
Assim, Roma resolve sair na mão  com geral, inclusive com Atenas e entra arregaçando com a cidade. Inclusive, foi nesse momento que a  Academia de Platão foi destruída. Por conta disso, muitos filósofos  gregos resolveram fugir da Grécia buscando refúgio em regiões mais  pacíficas e estáveis do Mediterrâneo o que causou uma enorme  dispersão do pensamento grego marcando um impacto profundo na  história da filosofia ocidental.
Diversos filósofos estoicos se tornaram  conselheiros de políticos romanos. Um dos mais conhecidos deles é Sêneca, tutor e conselheiro de Nero que é até hoje lembrado como um  pensador extremamente importante para tornar as ideias estoicas mais  acessíveis para o público geral já que ele ensinava como aplicar  esses pensamentos na prática. Como um dramaturgo, ele utilizou  várias formas literárias como ensaios, cartas e tragédias para explorar e disseminar os  princípios estoicos de forma simples.
Suas obras nos aconselham sobre formas  de enfrentar os desafios da vida controlar suas emoções, buscar  a virtude e, especialmente sobre como viver uma vida de acordo com a natureza para alcançar a tranquilidade da mente. Essa mudança de perspectiva no pensamento estoico mais fundamentada na  aplicação prática da filosofia foi o que marcou a história do estoicismo  durante todo o período imperial romano. Além de Sêneca, nós também  temos Epicteto e Marco Aurélio como os principais nomes estoicos.
Epicteto entende que a maioria das  emoções negativas dos seres humanos como a frustração, a inveja e a raiva nascem quando nós desejamos algo  que não está ao nosso alcance que não depende apenas de nós para acontecer. É por isso que ele diz: “Faça o melhor com o que estiver em seu poder e apenas aceite o que vier a acontecer. Algumas coisas estão ao nosso  alcance e outras coisas não estão”.
Desde Zenão, os estoicos têm uma visão  muito única sobre as emoções humanas de tal forma que eles se  referem a elas como "paixões" já que são caracterizadas como impulsos exagerados  que nos levam a agir de forma irracional. Para eles, essas "paixões" brotam  quando damos espaço para ideias erradas e iniciamos um julgamento  sobre o que é bom ou ruim. Assim, Epicteto argumenta que nada  é naturalmente do bem ou do mal e são os julgamentos humanos que atribuem  essas características morais às coisas.
Por exemplo, a riqueza em si não é algo bom da mesma forma que a doença não é algo ruim. Elas apenas existem e são os homens  que aplicam um valor moral à elas. Mas aqui é importante ressaltar que os estoicos não pregavam a indiferença  aos acontecimentos ruins mas sim a equanimidade, ou seja,  uma tranquilidade de espírito que te permite manter a calma  independente do que aconteça e que te faça pensar racionalmente se tem algo  que você possa fazer para lidar com o problema.
Para Epicteto: "A única coisa sobre a  qual você tem controle é a sua mente. E isso lhe garante poder suficiente porque a sua mente é origem de todas  as suas escolhas, ações e percepções". Mesmo assim, talvez o nome mais  importante do estoicismo romano seja Marco Aurélio.
Ele é possivelmente o filósofo  estoico mais conhecido hoje em dia e, de fato, nós sabemos muito sobre suas ideias  e convicções graças a sua obra “Meditações” que sobreviveu através dos séculos  até chegar nos dias atuais. Esse livro é basicamente uma série  de exercícios filosóficos práticos onde Marco Aurélio aborda todos  esses pontos falados até aqui sobre controlar nossos impulsos  e racionalizar nossas paixões. Um exemplo disso seria quando ele diz: “Deixe de ser uma marionete  de cada impulso que tem e você cessará de reclamar do seu  presente ou temer seu futuro”.
Mas o interessante dessa obra é que  ela não foi feita com o intuito de ser um texto filosófico para outras pessoas lerem mas sim foi um livro escrito pelo o Marco  Aurélio para que ele mesmo pudesse ler. Este é um registro de Marco  treinando a sua própria mente. Talvez o mais conhecido exercício  filosófico abordado em Meditações seja o chamado “ponto de vista do cosmos”.
A ideia desse pensamento é basicamente nos afastar da nossa própria perspectiva  limitada como um indivíduo e buscar experimentar o mundo  através da perspectiva cósmica ou seja, do próprio universo. Quando tentamos olhar para a  vida sob uma perspectiva cósmica vemos que trilhões de estrelas nasceram  e morreram ao longo de bilhões de anos. Somente nos milhares de anos de vida da Terra centenas de civilizações cresceram  e foram totalmente destruídas.
E da mesma forma, todos os seres humanos  que estão vivos atualmente morrerão um dia. Este é o chamado Memento Mori um conceito filosófico do estoicismo onde você mantém uma constante  consciência sobre sua própria mortalidade. Quando pensamos dessa forma percebemos o quanto tudo é passageiro.
Assim, as dores de sua vida se tornam mais  leves e o presente se torna mais vivo. Quando compreendemos que a existência é passageira nós podemos escolher viver uma  vida que vale a pena ser vivida. É por isso que Marco Aurélio diz que: "Não é a morte que um homem deve temer mas sim nunca ter começado a viver".
Bom, esse foi o vídeo, eu  espero que você tenha gostado. Se você gostou, deixe o seu like,  se inscreva no canal aqui embaixo e clique no sininho de notificações para você não perder nada  que eu posto aqui no canal. Os nossos moletons também estão aqui  na descrição, caso você tenha interesse tem muito modelo legal lá.
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Enfim, é isso, me siga nas  redes sociais @tinocandotv. Muito obrigado pelo seu  acesso e até o próximo vídeo. Valeu, falou, um grande  abraço do Tinôco e lembre-se: a existência é passageira.
Tchau!
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