Naquela noite de quinta-feira, retornei mais cedo do trabalho. O escritório estava tranquilo e consegui adiantar toda a papelada que normalmente me manteria ocupada até tarde. Era uma dessas noites de outono em que o vento soprava suavemente, carregando consigo o prenúncio de mudanças.
Mal sabia eu que minha vida estava prestes a desmoronar e renascer das cinzas. Estacionei meu carro na garagem do edifício e cumprimentei o porteiro com meu habitual sorriso. O elevador parecia mais lento que o normal, como se o destino quisesse me preparar para o que estava por vir.
Ao abrir a porta de nossa cobertura, notei algo diferente: o perfume forte e adocicado que pairava no ar não era meu, tampouco pertencia a qualquer produto de limpeza que usássemos. Ouvi vozes vindas do escritório de Bernardo; algo no tom da conversa me fez parar antes de anunciar minha chegada. Três anos de casamento me ensinaram a reconhecer cada nuance na voz dele, e aquele tom — aquele tom — era completamente estranho para mim.
— Ela caiu direitinho — a voz de meu marido soava diferente do habitual, com um tom de deboche que nunca havia percebido antes. — Agora seremos milionários, meu amor. A Lorena nem desconfia de nada.
Meu coração gelou ao reconhecer a risada feminina que se seguiu. Era Valentina, a nova sócia do escritório de advocacia onde Bernardo trabalhava. Aquela mulher que sempre me tratou com um sorriso calculado e olhos frios agora estava em minha casa, com meu marido, destruindo minha vida com cada palavra que pronunciava.
— Você é brilhante, amor — ela ronronou, sua voz destilando veneno. — Aquela tonta realmente acredita que você a ama. Mal sabe ela que está prestes a perder tudo.
3 anos planejando isso e ela nunca suspeitou. Que tipo de empresária não percebe quando está sendo enganada? Fiquei paralisada, sentindo o sangue fugir do meu rosto.
As palavras me atingiram como lâminas afiadas, mas mantive o controle. Anos de experiência em negociações difíceis me ensinaram a não demonstrar emoções em momentos críticos. Cada reunião tensa, cada acordo complexo que fechei havia me preparado para este momento.
— O plano está correndo perfeitamente — Bernardo continuou, sua voz transbordando de arrogância. — Em algumas semanas, quando a fusão das empresas for finalizada, teremos acesso a toda a fortuna dela. A idiota assinou todos os papéis sem nem ler direito, confiando cegamente em mim.
Você precisava ver como ela olhou para mim quando sugeri a fusão, como se eu fosse seu herói. E pensar que ela acreditou quando você disse que era por amor! Valentina riu novamente, um som que agora me parecia como unhas arranhando um quadro.
— Que história bonita você inventou sobre querer unir forças para construir um império juntos. Na verdade, vamos destruir o império dela e construir o nosso sobre os escombros. Percebi naquele instante que todo o nosso casamento havia sido uma farsa elaborada.
Cada momento de suposta felicidade, cada declaração de amor, cada projeto para o futuro, tudo não passava de uma mentira cuidadosamente construída para me enganar. As viagens românticas, os presentes-surpresa, os bilhetes carinhosos espalhados pela casa, tudo parte de um plano meticuloso para me manter cega e apaixonada. — O melhor é que ela não faz ideia do que está por vir — Bernardo continuou.
— Construí essa imagem de marido dedicado tão bem que ela nem questiona quando passo noites no escritório. Na verdade, estou com você, planejando cada detalhe da nossa vitória. E depois que conseguirmos tudo.
. . — Valentina completou: Você finalmente poderá pedir o divórcio.
Ela ficará destruída: sem empresa, sem dinheiro e sem marido. Será minha pequena vingança pessoal por todas as vezes que tive que suportar aquele ar superior dela, como se fosse melhor que todos por ter construído uma empresa do zero. Silenciosamente, subi as escadas até nosso quarto.
Minha mente já trabalhava em um plano. Não seria a mulher ingênua que eles pensavam que eu era. Como presidente de uma das maiores empresas de tecnologia do país, eu não havia chegado onde estava sendo tola.
Cada obstáculo que enfrentei, cada pessoa que tentou me diminuir ou enganar, só me tornou mais forte e mais astuta. Passei a noite organizando pensamentos e fazendo anotações mentais, sempre em total silêncio. O quarto, que antes me parecia um refúgio de amor, agora revelava suas próprias mentiras: as fotos de nosso casamento na parede, os presentes que trocamos, até mesmo o lado da cama onde Bernardo dormia; tudo parecia contaminado pela falsidade.
Bernardo nem percebeu quando chegou ao quarto horas depois. Fingi dormir enquanto ele se deitava ao meu lado, provavelmente satisfeito com seu plano perfeito. Senti o cheiro do perfume de Valentina em sua roupa, mais uma prova da traição que agora parecia tão óbvia.
O que ele não sabia era que, enquanto fingia dormir, eu já havia iniciado minha própria jogada. Em minha mente, cada passo estava sendo calculado meticulosamente. A fortuna que ele tanto almejava nunca estaria ao seu alcance.
Bernardo e Valentina aprenderiam da maneira mais difícil que subestimar uma mulher como eu seria o maior erro de suas vidas. Lembrei-me de como nos conhecemos, três anos atrás, em uma festa beneficente. Bernardo parecia tão sincero, tão apaixonado.
Agora percebia que cada gesto havia sido calculado, cada palavra escolhida cuidadosamente para me ver em sua teia de mentiras. Ele estudou meus pontos fracos, descobriu meu desejo de construir uma família e usou isso contra mim com uma precisão cruel. Enquanto as horas da madrugada passavam lentamente, formulei meu plano de vingança.
Não seria uma vingança movida pela emoção, mas sim uma retaliação fria e calculada, digna da empresária que eles tanto subestimaram. Valentina queria me ver destruída; Bernardo achava que poderia enganar. Eles não tinham ideia do que estava por vir.
Levantei antes do sol nascer. Quando abri os olhos, ele ainda dormia. Como alguém poderia dormir tão tranquilamente depois de tanta falsidade?
O céu ainda estava escuro quando me dirigi ao escritório da cobertura. Sentei-me à mesa que tantas vezes compartilhamos, onde ele fingia me ajudar. Com a administração da empresa, enquanto secretamente planejava minha ruína, liguei meu notebook pessoal e comecei a trabalhar.
As horas seguintes foram dedicadas a um levantamento minucioso de tudo que construí nos últimos 10 anos. Às 6 horas, ouvi os primeiros movimentos de Bernardo no quarto; era hora de iniciar minha performance. Dirigi-me à cozinha e comecei a preparar seu café da manhã: elaborados ovos beneditinos, suco de laranja fresco, pão artesanal e aquele café importado que ele tanto apreciava.
Cada detalhe, meticulosamente executado, como uma dança que conhecia de cor. Quando ele entrou na cozinha ajustando sua gravata italiana, um presente de cinco anos que eu havia lhe dado em nosso último aniversário de casamento, recebi-o com meu sorriso mais convincente. Observei como ele se movia com aquela confiança típica de quem se sente intocável, invencível.
"Você está especialmente bonita hoje", ele comentou, depositando um beijo em minha testa. Suas palavras, que antes me aqueciam o coração, agora soavam ocas. Analisei cada microexpressão em seu rosto enquanto ele tomava café, memorizando os pequenos tiques que denunciavam suas mentiras: o leve tamborilar dos dedos na mesa, o modo como ajustava a gravata a cada gole de café.
"Hoje tenho uma reunião importante com a diretoria", ele anunciou, checando seu Rolex, outro presente meu. "Não me espere para o almoço, querida. " "Claro, amor", respondi docemente, sabendo muito bem que sua reunião importante seria mais um encontro com Valentina.
Assim que Bernardo saiu, transformei nosso escritório em meu centro de operações. Nos últimos meses, enquanto eles tramavam contra mim, eu havia instalado discretamente um sistema de segurança particular: câmeras minúsculas, gravadores de última geração, softwares de monitoramento, tudo conectado a um servidor privado que apenas eu podia acessar. As primeiras horas da manhã foram dedicadas a revisar as gravações da noite anterior.
Vi novamente a cena que havia presenciado, agora de outro ângulo: Bernardo e Valentina em nosso escritório, rindo de minha suposta ingenuidade. A câmera captou detalhes que não pude ver pessoalmente, como o modo possessivo com que ela ajustava a gravata dele ou como seus dedos se demoravam sobre os documentos da empresa enquanto planejavam me destruir. Às 10 horas, recebi uma mensagem de Valentina: "A audácia daquela mulher não tinha limites", dizia a mensagem com falsa doçura.
"Precisamos resolver alguns detalhes sobre a documentação da fusão. Que tal um almoço? " "Hoje tenho novidades excelentes sobre o futuro da empresa.
" Enquanto digitava uma resposta educada aceitando o convite, refleti sobre como Valentina havia se tornado uma presença constante em minha vida nos últimos meses. Ela se aproximou primeiro profissionalmente, oferecendo consultoria jurídica para a fusão; depois começou a aparecer em eventos sociais, sempre elegante, sempre solícita. Cultivou uma amizade artificial comigo enquanto secretamente planejava minha queda.
Nosso almoço foi marcado no restaurante mais exclusivo da cidade, uma escolha típica de Valentina, que adorava exibir status e poder. Cheguei primeiro e a observei entrar no ambiente. Ela era o tipo de mulher que comandava a atenção: alta, esguia, com aqueles olhos verdes calculistas e um guarda-roupa que gritava dinheiro novo.
Seu anel de esmeralda, que descobri ter sido comprado por Bernardo com dinheiro desviado de minhas contas, cintilava provocativamente. "Lorena, querida", ela me cumprimentou com dois beijos no rosto, seu perfume caro invadindo meu espaço pessoal. "Você está com uma aparência cansada; anda trabalhando demais.
" Era assim que ela operava: pequenas alfinetadas disfarçadas de preocupação, comentários aparentemente inocentes que serviam para minar minha confiança. Mas hoje, cada palavra dela apenas alimentava minha determinação. Durante o almoço, Valentina desfilou seu repertório de manipulações.
Falou sobre como a fusão beneficiaria a todos, sobre como Bernardo estava dedicado ao projeto, sobre como eu deveria confiar mais nas decisões dele. Cada frase era cuidadosamente construída para me fazer sentir menos capaz, menos digna do sucesso que conquistei. "Sabe, Lorena", ela disse, bebericando seu vinho tinto de R$ 200 à taça, "sempre admirei sua capacidade de construir algo do zero.
É por isso que esta fusão é tão importante: com nossa experiência jurídica e seus recursos, podemos triplicar o valor da empresa. " Sorri, pensando em como ela não fazia ideia de que eu já havia iniciado o processo de cancelamento de todos os documentos da fusão. "Você é muito gentil, Valentina.
Realmente acredito que estamos prestes a fazer história. " De volta ao escritório, passei a tarde executando a segunda fase do meu plano. Cada documento que eles haviam manipulado, cada contrato que tentaram fraudar, cada relatório que adulteraram; eu havia identificado todos.
Mas, ao invés de confrontá-los imediatamente, estava preparando uma armadilha muito mais elaborada. Às 17 horas, como previsto, Bernardo ligou com sua desculpa ensaiada sobre uma reunião importante. Através das câmeras de segurança da empresa, observei quando ele entrou no prédio luxuoso onde Valentina morava, o mesmo prédio que ironicamente ele havia ajudado ela a comprar com dinheiro que era meu.
Aproveitei a noite sozinha para finalizar os preparativos. Em meu closet, atrás de uma parede falsa que mandei instalar meses atrás, guardava um cofre com todos os documentos originais da empresa; ali também estavam evidências de cada passo que eles deram pensando estar seguros: gravações de reuniões secretas, cópias de e-mails comprometedores, registros de transferências suspeitas. Trabalhei até tarde organizando cada detalhe do que estava por vir.
Quando Bernardo chegou por volta das 23 horas, fingi dormir. Ouvi-o tomar banho, tentando disfarçar o perfume de Valentina que impregnava sua pele. Ele se deitou ao meu lado, suspirando satisfeito, provavelmente repassando mentalmente seu dia de traições bem-sucedidas.
Na escuridão do quarto, permiti-me um pequeno sorriso. Amanhã, Bernardo descobriria que seu plano perfeito tinha uma falha crucial: ele escolheu a mulher errada para tentar enganar. Valentina aprenderia que sua arrogância seria sua ruína e que subestimar uma adversária pode ser o pior erro estratégico possível.
A noite avançava, e com ela crescia minha certeza de que a vingança que estava prestes a executar seria muito mais satisfatória que qualquer confronto direto; seria metódica, silenciosa e devastadora, exatamente como eles não esperavam de mim. Adormeci planejando cada detalhe do dia seguinte, o dia em que Bernardo e Valentina aprenderiam que algumas mulheres não nasceram para serem vítimas. O quarto dia após minha descoberta amanheceu diferente; era hora de começar a apertar o cerco silenciosamente ao redor deles.
Sentada em meu escritório particular, longe dos olhos de Bernardo, acessei o sistema central da empresa. Como presidente, eu tinha privilégios que nem mesmo o departamento de tecnologia conhecia. Comecei alterando sutilmente alguns documentos cruciais da fusão, nada óbvio ou drástico, apenas pequenas modificações que transformariam o plano deles em uma armadilha para eles mesmos, onde havia brechas que permitiriam a tomada de controle.
Inserí cláusulas praticamente invisíveis que revertiam o poder para mim. Era como jogar xadrez, movendo as peças silenciosamente enquanto o oponente sequer percebia que estava sendo encurralado. Valentina apareceu na empresa naquela tarde, sem avisar, como sempre fazia ultimamente.
Sua arrogância havia crescido exponencialmente desde que iniciou o caso com Bernardo. Ela desfilava pelos corredores como se já fosse a dona do lugar, usando um conjunto Chanel que reconheci; era idêntico a um que Bernardo havia sugerido que eu comprasse mês passado. "Lorena, querida", sua voz melosa ecoou pela minha sala, "precisamos discutir alguns detalhes sobre a fusão.
Seu marido mencionou que você anda um pouco hesitante com algumas cláusulas. " Ergui os olhos dos papéis que fingia analisar. Valentina estava parada à minha frente, emanando aquela falsa preocupação que se tornara sua marca registrada, seus saltos, outro presente de Bernardo, um ruído irritante no piso de mármore.
"Valentina", respondi com um sorriso calculado, "que surpresa agradável. Na verdade, eu estava justamente revisando alguns documentos que você preparou. " Vi um lampejo de inquietação passar por seus olhos verdes; era quase imperceptível, mas estava lá.
"Ah, é mesmo? Encontrou algo que precise de esclarecimento? Sempre tão prestativa", respondi, mantendo minha expressão neutra.
"Na verdade, encontrei alguns pontos fascinantes. Sua atenção aos detalhes é impressionante. " Passei a próxima hora guiando-a através de uma série de questões técnicas sobre a fusão.
Cada pergunta era cuidadosamente formulada para parecer inocente, enquanto na verdade eu estava fazendo-a revelar inconsistências em seus próprios documentos. Observei com satisfação contida como seu rosto começava a demonstrar sinais de tensão. "Sabe, Lorena", ela disse, tentando retomar o controle da situação, "às vezes você complica demais as coisas.
Bernardo sempre comenta como você tem dificuldade em delegar, em confiar nos outros. Talvez seja hora de soltar um pouco as rédeas. " Aquela tentativa de manipulação psicológica era típica dela.
Nos últimos meses, havia se especializado em usar Bernardo como escudo, sempre citando suas opiniões como se fossem verdades absolutas. Mal sabia ela que cada palavra sua estava sendo gravada e arquivada. "Talvez você tenha razão", respondi, permitindo que um toque de vulnerabilidade transparecesse em minha voz.
"Bernardo sempre diz que preciso aprender a relaxar mais. " Ela achava irresistível, exatamente. "Seu marido é um homem muito inteligente.
Vocês formam um casal tão interessante; ele sempre pensando no futuro nos negócios e você, tão focada nos detalhes do presente. " Continuei minha atuação durante o resto da tarde, alimentando sua falsa sensação de superioridade. Enquanto isso, meu plano continuava se desenvolvendo.
A cada documento que ela revisava e aprovava com aquele ar condescendente, estava na verdade fortalecendo minha posição. Quando Bernardo chegou em casa naquela noite, estava visivelmente tenso. Valentina certamente havia relatado o nosso encontro, e ele estava preocupado com minhas perguntas sobre a fusão.
Observei-o tentar manter a compostura durante o jantar, seus dedos tamborilando nervosamente na mesa, um gesto que sempre denunciava sua ansiedade. "Como foi seu dia, querido? ", perguntei docemente, servindo-lhe mais vinho.
"Valentina passou lá no escritório hoje. Tivemos uma conversa muito esclarecedora. " Vi seu pomo de Adão subir e descer rapidamente.
"É mesmo? Sobre o que? ", "Você sabe, detalhes da fusão.
Ela é realmente muito competente, não é tão atenciosa aos pormenores? " Bernardo forçou um sorriso. "Sim, ela é excepcional no que faz.
" "Sem dúvida", respondi, erguendo minha taça num brinde silencioso. "Excepcional é a palavra perfeita. " Mais tarde, sozinha em meu escritório, revisei as gravações do dia.
As câmeras haviam captado Valentina ligando para Bernardo assim que saiu de minha sala, seu rosto normalmente controlado demonstrando preocupação genuína. Ela gesticulava nervosamente enquanto falava ao telefone, claramente perturbada com nossa reunião. Sorri ao ver sua inquietação; o plano estava funcionando perfeitamente.
Em sua arrogância, Valentina acreditava estar me manipulando, quando na verdade estava cavando sua própria cova profissional. Cada documento que ela alterava, cada conselho manipulador que oferecia, cada tentativa de me fazer parecer incompetente — tudo estava sendo meticulosamente documentado e transformado em evidência contra ela. Bernardo, por sua vez, estava começando a demonstrar as primeiras rachaduras em sua fachada de marido perfeito.
Suas ligações para Valentina estavam ficando mais frequentes e descuidadas; ele não percebia que cada chamada, cada mensagem, cada encontro furtivo estava sendo registrado e catalogado. À meia-noite, quando finalmente me preparava para dormir, recebi uma mensagem de Valentina: "Querida, acho que precisamos marcar um almoço amanhã. Tenho algumas sugestões importantes sobre a fusão.
" Respondi com entusiasmo fingido, sabendo que amanhã seria o dia em que começaria a apertar ainda mais o cerco. Cada movimento deles agora era previsível, cada tentativa de manipulação, transparente como cristal. Eles realmente acreditavam que eu era uma mulher ingênua e confiante demais.
Deitada na escuridão, escutando a respiração pesada de Bernardo ao meu lado, permiti-me um momento de satisfação. Em poucos dias, eles descobririam que subestimar uma mulher como eu seria o maior erro de suas vidas. A vingança que estava preparando seria muito mais devastadora que qualquer confronto direto; seria a destruição completa de tudo que eles planejaram, executada com a mesma precisão cirúrgica que eles tentaram usar contra mim.
O quinto dia amanheceu com uma descoberta que transformou minha vingança calculada em algo ainda mais pessoal. Enquanto analisava as gravações do escritório de Bernardo, encontrei uma conversa entre ele e Valentina que revelava a verdadeira extensão de sua crueldade: "Ela realmente acredita que você a ama. " Soava, através do áudio cristalino, é quase patético como ela guarda aquelas fotos do casamento na mesa dela, como se aquele dia tivesse significado algo além do início do nosso plano.
A resposta de Bernardo me atingiu como um soco no estômago. O engraçado é que ela ainda não percebeu que aquele encontro casual na festa beneficente foi totalmente planejado. Você fez um trabalho incrível me apresentando todos os detalhes sobre ela antes mesmo de nos conhecermos.
Pausei a gravação, sentindo meu sangue gelar. Todo o início do nosso relacionamento havia sido uma farsa meticulosamente orquestrada. Valentina, que na época era apenas uma advogada iniciante no mercado, havia estudado minha vida, meus hábitos, minhas preferências.
Ela havia moldado Bernardo para ser exatamente o tipo de homem que me atrairia. Lembra como foi fácil fazê-la se apaixonar? A voz de Valentina continuava carregada de desdém.
Bastou você mencionar que também cresceu sem mãe e que tinha aquele sonho de construir uma família. Ela praticamente se jogou em seus braços. Você pensou em todos os detalhes!
Bernardo respondeu com admiração, até aquela história sobre eu ter superado um relacionamento abusivo, sabendo que ela se identificaria por causa do ex-namorado dela. Desliguei a gravação, incapaz de continuar ouvindo. A raiva que senti foi diferente de tudo que já havia experimentado.
Não era apenas sobre dinheiro ou traição, era sobre a manipulação sistemática de minhas memórias mais preciosas, de minhas cicatrizes mais profundas. Naquele momento, sentada em meu escritório particular, tomei uma decisão: minha vingança não seria apenas financeira, seria uma destruição completa de tudo que eles construíram, começando pela reputação impecável que Valentina tanto prezava. Acesse meu computador e comecei a organizar as evidências; cada manipulação psicológica, cada momento em que usaram minhas vulnerabilidades contra mim estava documentado.
As gravações revelavam não apenas a traição, mas um padrão de crueldade calculada que chocaria até mesmo os mais cínicos. Valentina chegou à empresa naquela manhã, usando um vestido vermelho que custava mais que o salário mensal de muitos funcionários. Seu sorriso falso congelou momentaneamente quando me viu no corredor.
"Lorena, querida," ela começou, mas pela primeira vez notei uma hesitação em sua voz. "Estava justamente procurando por você. Precisamos discutir alguns detalhes sobre a fusão.
" Interrompi, mantendo minha voz levemente suave. "Ou talvez queira falar sobre a festa beneficente onde conheci Bernardo? " O choque em seus olhos foi quase imperceptível, mas estava lá.
Por um momento, sua máscara de superioridade vacilou. "Não entendo como uma coisa tem a ver com a outra. " Não sorri, sentindo um prazer perverso em vê-la desconfortável.
"Que interessante! Sabe, estive repassando algumas memórias antigas. É fascinante como certas coincidências começam a fazer sentido quando vistas sob uma nova perspectiva.
" Valentina se recompôs rapidamente, mas percebi que suas mãos tremiam levemente. "Você parece cansada, Lorena. Toda essa pressão da fusão deve estar afetando seu julgamento.
" "Pelo contrário," respondi, mantendo meu sorriso. "Nunca estive pensando tão claramente. " O resto da tarde foi um jogo de gato e rato.
Observei através das câmeras enquanto Valentina fazia ligações frenéticas para Bernardo, seu rosto normalmente composto demonstrando sinais crescentes de pânico. Ela sabia exatamente o que eu havia descoberto, e essa incerteza estava corroendo sua berard. Manteve a normalidade durante o jantar, mas notei como seus olhos evitavam os meus a cada vez que seu celular vibrava.
"Está tenso, querido? " perguntei, inocentemente. "Você parece preocupado.
" "Não, não, só trabalho," ele respondeu, forçando um sorriso. "Você sabe como é essa fase final da fusão. Muito estresse.
" "Ah, sim," concordei, servindo-lhe mais vinho. "Deve ser especialmente estressante quando os planos não saem exatamente como o previsto. " Naquela noite, enquanto Bernardo dormia, comecei a implementar a próxima fase do meu plano.
Cada documento que provava a manipulação psicológica sistemática foi organizado meticulosamente. As gravações foram editadas em uma sequência devastadora que revelava não apenas a traição, mas a crueldade premeditada de seus atos. Amanhã seria o dia em que começaria a desmoronar o castelo de cartas que eles construíram.
Não seria um ataque direto, seria uma sequência de pequenos golpes, cada um revelando mais uma camada de suas mentiras. Valentina descobriria que sua arrogância havia sido seu maior erro. Bernardo aprenderia que brincar com as emoções de alguém pode ter consequências devastadoras.
E eu. . .
eu finalmente transformaria toda a dor e humilhação em uma vingança tão meticulosamente planejada quanto a traição deles. A lua cheia iluminava o quarto quando terminei os preparativos. Amanhã, o jogo mudaria drasticamente.
Eles queriam uma guerra psicológica? Muito bem. Eu lhes mostraria como se faz.
O sexto dia marcaria o início do fim para Bernardo e Valentina. Acordei antes do amanhecer, observando o rosto adormecido do homem que um dia acreditei amar. Como era possível que alguém conseguisse dormir tão serenamente, carregando tantas mentiras?
Desci até meu escritório e comecei os preparativos finais. Na tela do computador, abri o arquivo que havia organizado durante a madrugada: um dossiê completo, detalhando cada aspecto da conspiração deles. Não era apenas sobre a traição ou o plano de tomar minha empresa; era a história completa de como eles haviam manipulado cada momento dos últimos três anos da minha vida.
O sol começava a nascer quando terminei de revisar o último documento. Tudo estava meticulosamente organizado: as gravações das conversas deles, os registros das câmeras de segurança, os e-mails trocados entre eles, planejando cada passo da manipulação. Mas o golpe final seria algo que nem Valentina, com toda sua astúcia, poderia prever.
Bernardo desceu para o café da manhã, como sempre fazia, ajustando sua gravata azul, a mesma que usei para gravar nossa primeira conversa íntima, onde ele fingia se abrir sobre seus traumas passados. Servi-lhe café enquanto observava seus movimentos, agora tão transparentes em sua falsidade. "Você parece pensativa hoje," ele comentou, tentando manter seu papel de marido atencioso.
"Estava relembrando nosso primeiro encontro," respondi, estudando sua reação. "Aquela festa beneficente foi mesmo uma coincidência incrível, não acha? " Vi seu maxilar tensionar levemente antes de forçar um sorriso.
"O destino age de formas misteriosas. " Meu amor, sem dúvida, concordei, servindo mais café. Principalmente quando tem ajuda de uma advogada ambiciosa, não é?
Mesmo o café que ele bebia desceu pelo caminho errado, provocando uma crise de tosse. Quando se recuperou, seu rosto estava pálido. — Do que você está falando?
— oh, nada específico — respondi com falsa casualidade, só pensando em como certas pessoas são talentosas em criar coincidências. Ele partiu para o trabalho visivelmente perturbado. Através das câmeras que instalei em seu carro, observei-o fazer três ligações para Valentina antes mesmo de chegar ao escritório.
Ela não atendeu nenhuma delas. O motivo do silêncio de Valentina se tornaria claro para ele em breve. Enquanto ele dirigia em pânico, eu executava a primeira fase do meu plano final; tinha acabado de enviar um e-mail para todos os sócios do escritório de advocacia dela, incluindo algumas provas selecionadas de como ela havia manipulado documentos legais nos últimos meses.
Não era tudo que eu tinha, longe disso; era apenas o suficiente para plantar as primeiras sementes da dúvida, para fazer com que as pessoas certas começassem a fazer as perguntas erradas. Às 10 horas, recebi a primeira mensagem desesperada de Valentina: — Precisamos conversar agora. — Respondi com uma única linha: — Estou ocupada revisando alguns documentos interessantes.
Nos próximos minutos, meu celular foi inundado com mensagens e ligações perdidas, tanto dela quanto de Bernardo. Ignorei todas. Através das câmeras da empresa, podia vê-los em estado de pânico crescente.
Valentina apareceu em meu escritório pouco depois do meio-dia, seu rosto normalmente controlado demonstrando sinais claros de estresse. Seu batom vermelho estava levemente borrado, sinal de que havia mordido os lábios nervosamente durante toda a manhã. — O que você pensa que está fazendo?
— ela sibilou assim que fechou a porta. Ergui os olhos calmamente dos papéis que fingia ler. — Senhorita Valentina, que surpresa desagradável.
Não me lembro de ter marcado nenhuma reunião com você hoje. — Pare de jogar! — ela avançou até minha mesa.
— Você sabe muito bem do que estou falando, aquele e-mail. — Ah, aquele e-mail! — sorri, recostando-me em minha cadeira.
— Interessante como algumas pessoas ficam nervosas com simples fatos, não é? Principalmente quando esses fatos são apoiados por evidências concretas. — Você não tem ideia do jogo que está jogando!
— ela ameaçou, inclinando-se sobre minha mesa. — Ah, que pode nos atingir. — Você não tem nada além de especulações!
— Não tenho? — perguntei suavemente, girando meu monitor para que ela pudesse ver a tela. — Então talvez você queira explicar esta gravação específica, aquela onde você e Bernardo discutem em detalhes como planejaram cada aspecto do nosso encontro casual.
O sangue fugiu de seu rosto enquanto ela assistia à cena se desenrolar no monitor. Ali estava ela, três anos atrás, instruindo Bernardo sobre meus medos, minhas vulnerabilidades. — Isso é, isso é ilegal!
— ela gaguejou. — Você não pode usar isso! — ILEGAL!
— ri suavemente. — Que interessante você mencionar legalidade, considerando suas recentes atividades criativas com documentos corporativos. Valentina tentou recuperar sua postura de superioridade.
— Você está blefando, não tem como provar nada! — Querida — respondi, usando propositalmente o mesmo tom condescendente que ela sempre usava comigo —, você realmente acha que eu chegaria até aqui sem ter certeza absoluta de cada detalhe? Você me ensinou bem.
Afinal, foram três anos observando como uma profissional manipula as pessoas. O restante daquele dia foi um espetáculo de desespero crescente. Bernardo tentou me ligar dezenas de vezes.
Valentina fez várias visitas ao banheiro, provavelmente para retocar a maquiagem que suas lágrimas de raiva desmanchavam. À noite, quando voltei para casa, encontrei Bernardo me esperando com um buquê de rosas, as mesmas flores que ele me deu em nosso primeiro encontro forjado. O simbolismo quase me fez rir.
— Precisamos conversar — ele começou, sua voz tremendo levemente. — Sim — concordei, colocando minha pasta sobre a mesa. — Precisamos mesmo, mas não hoje.
Amanhã você encontrará tudo que precisa saber sobre esta conversa em sua mesa, inclusive os papéis do divórcio. — Lorena, por favor! — ele tentou se aproximar.
— Não é o que você está pensando. — Não o interrompi, minha voz cortante como gelo. — Então não é verdade que você e Valentina planejaram cada detalhe do nosso relacionamento?
Que vocês estudaram meu passado, minhas inseguranças, meus sonhos para criar o marido perfeito? Que cada momento que pensei ser especial foi apenas parte de um roteiro cuidadosamente elaborado? Ele ficou em silêncio, o buquê pendendo frouxo em suas mãos.
— Amanhã — continuei —, você e sua amada Valentina descobrirão exatamente o preço de subestimar alguém como eu. Agora, se me der licença, preciso terminar de preparar alguns documentos importantes. Subi para o quarto, deixando-o paralisado na sala.
Através das câmeras, observei-o fazer mais uma ligação desesperada para Valentina. Sorria ao imaginar o pânico deles, tentando adivinhar exatamente o quanto eu sabia e o que planejava fazer com essa informação. A noite avançou enquanto eu finalizava os últimos detalhes.
Amanhã, quando o sol nascesse, o mundo de mentiras que eles construíram ariará completamente. Não seria apenas o fim de um casamento ou de uma traição; seria a destruição total de tudo que eles planejaram durante anos. E o melhor de tudo: eles nunca saberiam exatamente como eu descobri tudo.
Essa dúvida os corroeria para sempre, assim como suas mentiras me corroeram durante três anos. O sétimo dia começou com o som da chuva contra as janelas. Levantei-me antes do amanhecer, deixando Bernardo ainda adormecido.
Era surpreendente como ele conseguia dormir, considerando o que o aguardava em algumas horas. Em meu escritório na cobertura, terminei de organizar a pasta que mudaria tudo. Dentro dela, além dos papéis do divórcio, havia um dossiê completo revelando cada aspecto da conspiração deles.
Não era apenas uma coleção de provas; era o desmonte sistemático de três anos de manipulação. Às sete horas em ponto, desci para preparar o último café da manhã que serviria a Bernardo. Ele apareceu na cozinha minutos depois, seu rosto demonstrando o peso de uma noite mal dormida.
Seus olhos vermelhos e as olheiras profundas indicavam que talvez não tivesse dormido tanto quanto pensei. — Lorena, ele começou. Sua voz rouca, podemos conversar?
Claro, respondi, servindo café em sua xícara favorita, um presente que dei em nosso primeiro aniversário de casamento. Mas sugiro que você leia primeiro os documentos que deixei em sua pasta. Ele empalideceu visivelmente.
— Que documentos? — Oh, você saberá quando ver — sorri, um sorriso que não alcançava meus olhos. — Digamos que é uma leitura reveladora.
Bernardo mal tocou no café da manhã. Suas mãos tremiam levemente enquanto segurava a xícara e, duas vezes, quase derrubou a torrada que tentava comer. Era fascinante observar como um homem que havia mentido tão descaradamente por três anos podia desmoronar tão rapidamente.
Quando ele saiu para o trabalho, segui para meu próprio escritório. Através das câmeras que instalei estrategicamente, observei o momento exato em que ele encontrou a pasta em sua mesa. Valentina estava com ele, evidentemente haviam combinado de se encontrarem cedo para discutir como lidariam comigo.
— Meu Deus! A voz de Bernardo soou através do sistema de áudio enquanto ele folheava os documentos. — Como ela conseguiu tudo isso?
Valentina arrancou alguns papéis de suas mãos, seu rosto perdendo a cor à medida que lia. — Isso é impossível! Nós fomos tão cuidadosos.
— Cuidadosos? — A voz de Bernardo subiu uma oitava. — Ela tem gravações nossas!
— Valentina, gravações de três anos atrás! Como ela poderia saber? Como ela poderia ter se preparado por tanto tempo?
Ela não poderia! Valentina praticamente gritou, seu verniz de sofisticação completamente esquecido. — Isso não faz sentido!
A Lorena que conhecemos não seria capaz. . .
Apenas interrompi, minha voz soando através do sistema de som do escritório que eu havia hackeado remotamente. — Vocês não me conhecem tão bem. Enquanto pensavam, os dois congelaram, olhando em pânico.
Continuei saboreando cada um de seu terror. — Não estar! Vocês me ensinaram tão bem sobre manipulação e planejo de longo prazo.
Eu só fui uma aluna mais dedicada do que esperavam. Loren? Bernardo tentou manter a calma mesmo sem saber para onde olhar enquanto falava.
— Podemos explicar. . .
— Explicar? — Minha risada ecoou pelo ambiente. — Não há nada para explicar.
Os documentos em suas mãos são bastante claros. Aliás, são apenas uma pequena amostra do que tenho. O resto está sendo enviado neste exato momento para algumas pessoas muito interessadas em saber como vocês conduziram seus negócios nos últimos anos.
— Você não pode fazer isso! — Valentina explodiu, seu rosto normalmente controlado contorcido em uma máscara de fúria. — Você vai destruir tudo!
— Exatamente — respondi friamente. — É esse o objetivo: destruir tudo que vocês construíram, assim como tentaram destruir minha vida. A diferença é que eu fiz por merecer.
Desliguei a comunicação e observei o caos que se seguiu. Valentina começou a fazer ligações frenéticas enquanto Bernardo parecia ter entrado em estado de choque, sentado em sua cadeira, olhando fixamente para os documentos. As horas seguintes foram um espetáculo de desespero crescente.
Vi quando Valentina recebeu a notificação de que estava sendo investigada por má conduta profissional. Observei Bernardo descobrir que todas suas senhas e acessos haviam sido revogados um a um. Todos os pilares que sustentavam seu plano perfeito começaram a desmoronar.
No final da tarde, Bernardo voltou para casa pela última vez. Encontrou a cobertura vazia, exceto por uma única folha de papel sobre a mesa da sala. — Agora você aprende o preço de subestimar uma mulher.
Boa sorte na rua. Através das câmeras, observei sua reação da segurança de minha nova residência. Vi quando ele finalmente compreendeu a extensão de sua derrota, quando percebeu que cada centavo que pensou ter conquistado através de sua manipulação havia evaporado.
Valentina o encontrou horas depois, não para consolá-lo, mas para cobrar explicações. Sua discussão acalorada, captada perfeitamente por minhas câmeras, revelou a verdadeira natureza de seu relacionamento, construído sobre mentiras e sustentado pela ganância. Era seu trabalho mantê-la sob controle.
— Como você deixou isso acontecer? — Valentina gritava. — Meu trabalho!
— Bernardo revidou. — Foi seu plano desde o início. Você que planejou tudo, que disse que ela seria uma presa fácil.
Enquanto os observava se destruindo mutuamente, saboreei minha vingança como um vinho precioso. Não era apenas sobre o dinheiro ou a traição, era sobre justiça, sobre mostrar a duas pessoas que achavam que podiam brincar com a vida dos outros, que às vezes o caçador se torna a caça. No oitavo dia, a mãe conheceu uma enxurrada de ligações e mensagens de Bernardo.
Cada notificação em meu celular era mais desesperada que a anterior. De minha nova cobertura, observava a cidade despertar enquanto lia suas súplicas patéticas. — Lorena, por favor, precisamos conversar!
Não é o que você está pensando! Me dê uma chance de explicar! Você não entende!
Atende o telefone pelo amor de Deus! Estou desesperado! Cada mensagem revelava uma nova camada de seu desespero.
O homem que havia planejado meticulosamente minha ruína agora implorava por misericórdia. Era quase poético. Às 9 horas, recebi uma ligação diferente.
Era Valentina, sua voz normalmente controlada agora tremia de raiva, mal contida. — Você não sabe o que está fazendo! Ela começou, tentando manter seu tom ameaçador habitual.
— Ainda posso destruir você! — Que interessante, e como exatamente você planeja fazer isso agora que seus sócios descobriram sobre suas práticas questionáveis? O silêncio do outro lado da linha foi delicioso.
— Não é horrível quando as pessoas descobrem quem você realmente é, Valentina? — continuei. — Quando a máscara de profissional competente cai e todos veem a manipuladora que se esconde por trás?
— Você não tem provas! — ela disse, sua voz agora cheia de dúvida. — Sua traição, sua incerteza.
. . — – Não sei mesmo, não sou daordem exatamente minutos ouv SUV — ela murmurou.
— Como você. . .
— — Como eu consegui todas as provas? — completei. — Como descobri sobre o plano?
Como soube que você e Bernardo estavam me traindo? Estas perguntas vão te assombrar para sempre, Valentina. Considere isso meu presente de despedida.
Desliguei antes que ela pudesse responder. Através das câmeras que ainda mantinha no escritório dela, observei seu colapso. Valentina, sempre tão composta, derrubou tudo que estava sobre sua mesa em um acesso de fúria.
O resto da manhã foi preenchido com mais tentativas. Desesperadas de contato, Bernardo alternava entre súplicas e ameaças. Seu comportamento, cada vez mais errático, em determinado momento, ele apareceu no prédio da empresa tentando forçar sua entrada, apenas para descobrir que seu acesso havia sido completamente revogado.
"Senhora, o chefe da segurança me ligou. O senhor Bernardo está fazendo um escândalo na recepção. " "Como devemos proceder?
" "Apenas filme tudo", instruí calmamente. "Pode ser útil mais tarde. " Às 14h, recebi um e-mail extenso de Bernardo.
Era uma tentativa desesperada de justificar suas ações, cada palavra cuidadosamente escolhida para tentar me manipular novamente. "Querida Lorena, sei que cometi erros, mas você precisa entender que meus sentimentos por você se tornaram reais com o tempo. Sim, no início era um plano, mas algo mudou.
Você mudou algo em mim. " Deletei o e-mail sem terminar de ler. Era mais do mesmo: mentiras embrulhadas em falso arrependimento.
Ele realmente acreditava que, depois de descobrir três anos de manipulação, eu ainda cairia em suas armadilhas emocionais. No final da tarde, Valentina tentou uma última cartada. Enviou um dossiê com supostas provas contra mim, ameaçando divulgá-las se eu não recuasse.
Abri o arquivo e ri. Ela estava tão desesperada que nem percebeu que os documentos que tentava usar contra mim eram facilmente identificáveis como falsificações, documentos falsos. "Valentina," enviei uma mensagem.
"Pensei que você fosse mais criativa. Está perdendo o toque. " Sua resposta veio em forma de uma ligação furiosa, que deixei cair na caixa postal.
À noite, sentada em minha nova sala com uma taça de vinho, revisei as gravações do dia. Era fascinante ver como duas pessoas tão habilidosas em manipular os outros podiam se descontrolar tanto quando perdiam o poder. Bernardo havia passado a tarde inteira tentando contato com antigos colegas de trabalho, apenas para descobrir que ninguém queria se associar a ele.
Valentina, por sua vez, enfrentava o início de uma investigação formal de seus pares. Meu celular tocou uma última vez. Era Bernardo novamente.
"Lorena," sua voz soava embargada. "Por favor, você está destruindo minha vida. " "Não, Bernardo," respondi friamente.
"Estou apenas devolvendo o que você planejou para mim. A diferença é que eu fui mais eficiente. " Desliguei e bloqueei seu número.
Amanhã seria outro dia e havia mais surpresas reservadas para eles. Às 11h da manhã, Valentina se apresentou no escritório. Sua expressão havia desaparecido, substituída por uma expressão de desespero.
"Senhorita Valentina," a secretária a interceptou assim que ela saiu do elevador, "o conselho de sócios solicita sua presença imediata na sala de reuniões. " Observei quando ela entrou na sala, sua postura ainda tentando manter um resquício de dignidade. Os sócios seniores do escritório estavam todos presentes, seus rostos sérios indicando a gravidade da situação.
"Senhorita Valentina," o sócio majoritário começou. "Recebemos algumas informações perturbadoras sobre sua conduta profissional. " "É tudo mentira," ela tentou argumentar, mas sua voz traía seu nervosismo.
"Estou sendo perseguida por uma cliente vingativa. " "Perseguição? " outro sócio interveio.
"Temos aqui documentos que provam alterações deliberadas em contratos, manipulação de informações confidenciais e uso indevido de recursos do escritório. " "Isso não é perseguição, são fatos. " Valentina empalideceu visivelmente.
"Posso explicar. " "Não há necessidade," o sócio majoritário a interrompeu. "Seu desligamento é imediato e devo adverti-la que o conselho de ética da Ordem dos Advogados já foi notificado.
" Foi fascinante observar como ela deixou o escritório. Não havia mais a mulher arrogante que costumava desfilar pelos corredores; em seu lugar, via apenas alguém que acabava de perceber que seu mundo estava desmoronando. Sua primeira reação foi ligar para Bernardo através do sistema de escuta que ainda mantinha ativo.
Pude ouvir toda a conversa. "Precisamos nos encontrar," ela exigiu. "Agora!
" Uma hora depois, eles se encontraram em um restaurante discreto. As câmeras de segurança do local, que eu havia hackeado previamente, me proporcionaram uma visão privilegiada de seu colapso. "Como ela conseguiu?
" Valentina explodiu assim que se sentou. "Como aquela idiota conseguiu destruir tudo que construímos? " Bernardo parecia igualmente devastado.
"Não sei," ele disse. "Ela sempre pareceu tão previsível. " "Previsível?
" Valentina riu amargamente. "Ela nos observou por meses, Bernardo. Enquanto pensávamos que estávamos no controle, ela estava 10 passos à nossa frente.
" "O que vamos fazer agora? " ele perguntou, sua voz tremendo. "Perdi tudo: meu emprego, minha reputação.
" "Seu emprego," ela o interrompeu com fúria. "Eu perdi minha licença, Bernardo! Anos de faculdade, especializações, tudo jogado fora por causa desse plano estúpido.
" "Seu plano! " ele revidou. "Foi você quem teve a ideia desde o início e você que não conseguiu manter sua esposa sob controle.
" Ela gritou, atraindo olhares dos outros clientes. Foi nesse momento que enviei uma mensagem simultânea para os celulares dos dois: "Como é sentir o gosto da própria medicina? " Vi quando seus celulares vibraram ao mesmo tempo, o pânico em seus rostos quando leram a mensagem foi impagável.
"Ela está nos observando," Bernardo sussurrou, olhando nervosamente ao redor. Valentina não respondeu. Seu rosto havia perdido toda a cor enquanto digitava freneticamente em seu celular, provavelmente tentando encontrar uma forma de escapar daquele pesadelo.
"Não adianta procurar uma saída," enviei outra mensagem. "Vocês já perderam. " O resto do almoço foi um espetáculo de acusações mútuas e recriminações.
A parceria deles, construída sobre mentiras e ganância, desmoronava diante de meus olhos. "Isso é culpa sua! " Valentina finalmente explodiu, jogando seu guardanapo na mesa.
"Se você tivesse feito seu trabalho direito. . .
" "Meu trabalho? " Bernardo revidou. "Foi você quem garantiu que tinha tudo sob controle.
" "Ela é ingênua," você disse. "Será fácil," você disse, "e era para ser. " Ela praticamente gritou: "Como eu poderia saber que aquela idiota tinha um plano B, que ela estava nos vigiando o tempo todo?
" Enviei uma última mensagem antes de eles deixarem o restaurante: "Nunca subestime uma mulher que vocês pensaram ter subestimado completamente. " Observei quando saíram separadamente, cada um mergulhado em seu próprio desespero. Valentina, que sempre se orgulhou de sua aparência impecável, mal notou que sua maquiagem estava borrada.
Que costumava exibir tanta confiança, agora caminhava curvado como se carregasse o peso de suas próprias mentiras. O dia terminou com uma última surpresa para eles: todas as contas conjuntas que Bernardo achava ter acesso haviam sido fechadas. Cada centavo que eles planejavam roubar de mim estava agora completamente fora de alcance.
Em meu novo apartamento, saboreei uma taça de vinho enquanto assistia às últimas gravações do dia. A destruição deles estava quase completa, mas ainda havia um último ato a ser executado. O décimo dia marcou o final definitivo desta história.
Acordei cedo e observei o nascer do sol de minha nova cobertura, localizada no lado oposto da cidade. O apartamento que dividia com Bernardo agora parecia uma memória distante, como um pesadelo do qual finalmente havia despertado. Liguei meu notebook e acessei as últimas gravações.
Bernardo havia passado a noite em um hotel de segunda categoria: uma queda e tanto para alguém acostumado com luxo bancado por dinheiro alheio. Valentina, por sua vez, enfrentava seu próprio inferno particular. O conselho de ética havia marcado sua audiência disciplinar para a próxima semana, exatamente às 9 horas.
Enviei um último e-mail para ambos, queridos Bernardo e Valentina. Imagino que estejam se perguntando como chegamos a este ponto, como vocês planejaram destruir, conseguiram virar o jogo. A resposta é simples: vocês foram derrotados pela própria arrogância enquanto elaboravam seu plano perfeito.
Enquanto riam de minha suposta ingenuidade, não perceberam que cada movimento seu estava sendo documentado: cada conversa sussurrada, cada documento alterado, cada encontro secreto, tudo registrado meticulosamente. Bernardo, você não acreditou que eu não instalaria câmeras em nosso escritório depois de perceber que você vasculhava meus arquivos tarde da noite. E Valentina, uma advogada tão meticulosa, nunca desconfiou que seus e-mails deletados estavam sendo redirecionados para um servidor privado.
Vocês acharam que estavam me manipulando, mas na verdade estavam cavando a própria cova profissional. Cada passo que deram, pensando estar mais próximos da vitória, só os aproximava mais da ruína. Não haverá retorno, não haverá segunda chance, não haverá perdão.
Aproveitem a vida que escolheram construir sobre mentiras; ela acaba de desmoronar. Lorena, as reações foram imediatas. Valentina tentou me ligar 17 vezes nos primeiros 10 minutos.
Bernardo enviou uma série de mensagens, alternando entre súplicas e ameaças. Ignorei todas. Através das câmeras que ainda mantinha ativas, observei o último ato de sua derrocada.
Valentina, em seu escritório já praticamente vazio, chorava enquanto guardava seus pertences em uma caixa. Seu império de mentiras havia ruído como um castelo de cartas. Bernardo, por sua vez, descobriu que sua reputação profissional estava irreparavelmente manchada.
Ninguém queria se associar ao homem que havia tentado fraudar a própria esposa. Seus antigos subordinados, seu rosto contorcido de fúria. "Você prometeu que ela nunca descobriria minha culpa!
" Ele revidou: "Foi seu plano desde o início! Você que disse que seria fácil enganá-la! " "Fácil?
" Ela riu histericamente. "Olha onde sua incompetência nos levou! Perdi tudo, Bernardo!
Tudo! E eu achava que ainda tinha algo! " "Ela destruiu nossas vidas!
" "Não, querido, enviei uma mensagem para os dois. Naquele momento, vocês destruíram suas próprias vidas quando decidiram brincar com a minha. " O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.
Vi quando eles olharam para seus celulares simultaneamente, o horror estampado em seus rostos ao perceberem que até o último momento eu estava no controle. Desliguei as câmeras pela última vez; não precisava mais observá-los. Minha vingança estava completa, executada com a mesma precisão cirúrgica que eles planejaram usar contra mim.
Em meu novo apartamento, abri uma garrafa do mesmo vinho que bebemos em nosso casamento. A ironia não me escapou: estava celebrando o fim da mesma forma que celebramos o início. Mas desta vez, a vitória era exclusivamente minha.
Enquanto observava o sol se pôr sobre a cidade, refleti sobre como três anos de mentiras foram desmontados em 10 dias de verdades. Bernardo e Valentina aprenderiam da maneira mais dura que algumas mulheres não nasceram para serem vítimas; algumas de nós nascemos para sermos vingadoras. A noite caiu sobre a cidade, marcando o fim desta história.
Em algum lugar, um homem que pensou poder me enganar dormia em um hotel barato; em outro ponto, uma mulher que acreditou ser mais esperta que todos enfrentava a ruína de sua carreira. E eu? Eu estava exatamente onde deveria estar: no topo, saboreando minha vitória sozinha, vingada, livre.
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Até o próximo vídeo.