Julia Tolezano, é jornalista formada pela PUC do Rio, tem 25 anos, que coisa, uma bebê! Tem a profissão da hora, vamos dizer assim. .
. Ela é Youtuber e estourou na praça em 2015, quando falou de relacionamentos abusivos sob o título "Não Tire o Batom Vermelho" ♫♫♫ Ô, Jout Jout, ai meu Deus, como é que eu vou falar? Agora eu vou chamá-la de Jout Jout?
Eu gosto assim. Tá ótimo! Quando é que surgiu a ideia do canal, por que motivo?
Você consumia canais semelhantes ao seu ou como é que se diz, programas semelhantes aos seus na Internet? Então, eu gostava muito de um canal específico que era o "DailyGrace", é americano, de uma menina chamada Grace Helbig, gostava muito do jeito que ela fazia, era muito espontâneo e natural, não parecia, não sei se tem roteiro, mas não parecia ter muito roteiro. Eu gostava muito desse jeito.
Eu imaginava, sabe quando você vê e você fala "se eu fizesse uma coisa do tipo eu acho que ía ser mais ou menos assim"? E aqui eu não via muito desse jeito. Eu via, tinha muitos canais mas tudo meio que roteirizado, tipo, com uma linha de pensamento mais definida eu queria desse jeito que eu achava que não tinha e a melhor coisa é você fazer.
Ela fala sobre o quê? Qualquer coisa também, que nem eu. Qualquer coisa que ela tá a fim na hora, ali.
Só que ela tinha, era Daily Grace, então ela botava um vídeo segunda, terça, quarta, quinta e sexta. Aí, cada dia tinha uma coisa, tipo, tinha um dia que ela comentava os comentários. Aí, tinha um dia que ela fazia algum review de alguma coisa.
Você consegue levar uma vida normal desde que começou a ser a Jout Jout? Eu tô dizendo uma vida de ter interesses, passear, ver coisas, ir ao cinema? Trabalhar no Youtube é muito louco porque você faz seus horários e você não sabe quando você tá trabalhando ou quando você tá só, tipo, vendo um filme.
Porque às vezes, você tá vendo um filme e você fala "putz fazer um vídeo sobre esse filme" e aí você tá trabalhando ou você tá vendo só um filme? Você não sabe direito. Mas assim, vida normal.
Isso é uma discussão muito ampla, é que essa, esse interesse pelo virtual essa vida de Internet, que toda uma geração já entrou de cabeça nela e os mais velhos, como você pode provar, também estão entrando, isolam as pessoas. Essa vida isola as pessoas em casa porque a conexão é feita de outra forma? Não sei, porque assim, eu fico muito em casa porque eu sou uma pessoa que fica muito em casa e eu gosto de ficar em casa e eu gosto de ver minhas seriezinhas e aquela coisa e tal.
Mas eu também fico muito na rua. E é esse momento, de sair na rua, que você vê quem te vê. Porque assim, eu não tenho acesso às pessoas que veem meus vídeos, eu tenho acesso aos comentários e curtidas e vejo números mais do que pessoas.
Quando eu tô na rua, aí vem uma pessoa e grita "Jout Jout! " e me abraça, eu tô vendo quem tá me vendo. É o momento de conhecer a galera.
Eu não fico muito isolada em casa, quando eu saio na rua eu conheço as pessoas. É Maravilhoso. Eu saio bem na rua.
Sai bastante? Saio. Eu percebi, talvez nos vídeos mais recentes, que você tem, às vezes, sempre interessantes, mas falas tão longas que você passeia por aqui, passa aqui, passa por aqui e eu falo "a danada tá lendo em algum lugar" mas com muita propriedade, ela é profissa na leitura ou de dálias ou de TP.
Você tem tido que usar? Nada? Não.
Então é você pensando mesmo, assim por aqui. É da seguinte forma que acontece. Eu acordo e amanhã tem que botar vídeo.
"Vamos pensar num tema aqui rapidinho" "O que eu quero falar? " "Podia falar daquele tema. " Vai, liga a câmera aí.
Aí fala. . .
"Aí eu acho isso também. " "Caio, o que você acha disso? " "Acho isso.
" "Mas você não acha. . .
" Então tá ótimo. Beijo, tchau. E aí eu vou pro computador, edito rapidinho, aí coloco.
Então, aquela cabeça virando é você concatenando, isso? Eu pensando nas coisas ou o Caio tá andando atrás da câmera e eu tô olhando ele. Esse dom especial para convencer pessoas, porque você se tornou uma das mais influentes profissionais da área, sem dúvida, essa conselheira, filósofa do cotidiano, vamos dizer assim, sempre esteve aí?
Você sempre foi a que deu conselhos pras amigas? Sim. Teve uma vez, que eu tava andando na praia com a minha mãe, caminhando na praia e eu tava toda "não sei o que eu quero fazer da minha vida" e falando pra ela que sempre, no trabalho, vinha alguém e falava "Julia preciso falar um troço pra você rapidinho quero saber o que você acha, me dá umas dicazinhas" aí a gente ía prum cantinho e conversava e esse era o momento do trabalho que eu mais gostava dentro do trabalho.
Aí eu ficava "gente eu tinha que trabalhar com isso". Mas aí como que trabalha com isso? Tem que ser psicóloga pra aconselhar a vida da pessoa?
Jamais poderia ser psicóloga porque eu seria super antiética eu ía ser péssima. Isso aconteceu, morreu esse assunto e aí anos depois, anos depois não, um tempo depois, começou isso de canal e foi meio que virando isso que eu queria fazer desde que eu trabalhava e gostava de fazer isso. Olha, mudar de opinião na Internet é passível de desmoralização de desconstrução pública hoje em dia eu acho até que deve existir uma profissão em crescimento agora que é o de pesquisador de mudança de opinião a pessoa que vai lá e fica catando posts e vídeos antigos e grita "Ahá" Tá falando isso agora mas, antes.
. . Já mudou de opinião!
E tal. Já aconteceu com você? Quando eu encontro com pessoas na rua, tem muitas, muitas que falam assim, que pegam na minha mãozinha assim e falam "não muda nunca, fica assim pra sempre, tá?
" E eu fico. Com medo. Já mudei, enquanto você tava falando essa frase eu já estava mudando.
A gente muda o tempo todo sempre. E é ótimo que a gente mude porque é chato isso de você ter muitas certezas e ficar nessas certezas agarrada que não larga jamais. Eu acho que é ruim isso de você querer que a pessoa não mude jamais é bom mudar, né?
É bom você estar aberto a mudar. Você não sofre? Não me pareceu, você tá passando assim, volta olímpica sobre tudo.
Análise, toda Quinta, sofro, Caio pode falar melhor sobre isso. Caio, quero falar do Caio daqui a pouco. Caio segura uma barra boa.
Mas é um sofrimento e você tenta racionalizar aquilo e pensar por que é que isso está acontecendo, por que esse sofrimento está acontecendo e aí você vai trabalhando. Mas o que eu queria saber, é se a exposição na Internet de mulheres é diferente. E tô falando das cobranças, né?
Pra você tá arrumada nos vídeos, se existe, se os haters são mais agressivos, na sua opinião, com as mulheres do que com os homens, inclusive no que elas falam. Por que homem pode falar de escatologia, aborto e sociedade, por exemplo. Será que eles tem mais aceitação do que as mulheres?
Você percebe isso? No meu canal, desde sempre, eu fiz os vídeos completamente esculhambada. Porque quando vem o vídeo, eu preciso gravar o vídeo.
Se eu for parar pra passar um delineador tirar o brilho, pra. . .
já foi embora o vídeo e e não gravei o vídeo. Eu preciso que seja fácil e que seja rápido. O que importa na verdade é o que eu tô falando.
Claro, deveria ser. Mas é. No meu canal, esse é o ponto.
Presta atenção no que eu estou falando e não nessa espinha aqui que nasceu ontem. E acho que como foi desde sempre assim, esse é um dos atrativos do canal, inclusive. Porque a pessoa olha o canal e fala "graças a Deus ela tá esculhambada que nem eu!
Eu posso ficar. . .
" "em paz porque ela é ótima, mesmo com esse cabelo completamente enlouquecido, de pijama. . .
" E, então, nunca teve essa cobrança de "Julia, se ajeita um pouquinho pra gravar o vídeo". Talvez minha mãe tipo "Julia, não faz dessa maneira, pelo amor de Deus". Ela tem um salão de beleza, né?
Mas ela super aceita, ótimo. No caso do meu canal, não tenho acesso a esse tipo de hater do tipo "se ajeita aí" ou "olha o que você tá falando, você é uma mocinha". A galera já chega, tipo, já sabem o que estão comprando.
Como é que surgiu o convite do YouTube pra você ser uma das representantes da campanha do chamado empoderamento feminino na Internet eu faço empoderamento porque essa é uma palavra super atual e é ela exige, é mais forte do que nós quase. Foi a coisa mais linda porque eu tava no Happy Jout, que é o happy hour da empresa que somos eu e Caio. A empresa hoje tá toda aqui, é isso?
Não, agora temos duas agentes que são maravilhosas também mas, somos nós quatro, basicamente. E a gente tava no Happy Jout, tomando uma cervejinha, e o Alex me ligou, que é quem meio que toma conta do eu canal lá no YouTube. E falou "tenho um convite pra te fazer" aí ele me contou o que era e eu fiquei "Não acredito!
Que lindo que vocês me consideraram pra isso! " Eu fiquei muito orgulhosa. E qual a justificativa que eles deram?
Já que você tá com pudores de dizer. Então, eles fizeram uma pesquisa e tal desse background de será que ela, um dia, falou que mulheres são inferiores, será, sabe? Fizeram um estudo de várias mulheres Youtubers, e tal, aí eles acharam que eu tava ótima pro cargo.
Em Março, você fez uma série de vídeos com diversas Youtubers, debatendo inclusão, feminismo, protagonismo da mulher e eu fiquei imaginando, seria uma solicitação interna? Esse seu ativismo, porque é um ativismo bonito, importante e oportuno, foi de uma solicitação exterior ou foi mesmo uma necessidade interior? Eu comecei a fazer os vídeos, e começou um monte de gente a ver os vídeos e falar: "Querida, você é feminista".
Aí eu fiquei "Gente, eu não levanto essa bandeira, não tem isso de feminista ou não, vamos só aqui, ó, relax". Aí começaram "não, estuda um pouquinho, você tá bem feminista aí, nesse vídeo" Eu nunca tive acesso a esse universo eu nunca tive acesso não, mas assim, feminismo era uma matéria na escola na aula de história, sabe? Eu não tinha um coletivo feminista na minha escola, alguma coisa assim, não fui incentivada a pensar nisso desde cedo, fui ter esse contato com o feminismo, a entidade, quando comecei a fazer os vídeos.
Aí fui ler sobre, ver vídeos sobre, e "Realmente, eu concordo com isso daí tudo". Foi quando eu comecei a entender como funcionava esse tal de feminismo e me inserir completamente dentro dele. Foi uma coisa muito que apontaram e falaram "dá uma estudada porque acho que você vai gostar disso aqui".
Foi uma coisa apontada pra mim mas eu fui lá e fui pesquisar, fui entender como é que era. E é a sua praia hoje. Eu tô mergulhada nessa praia.
E é uma viagem definitiva. Você já recebeu convite pra fazer TV, cinema, pra tá em plateia, aquele negócio de plateia VIP, pra fazer comerciais, você tá aceitando tudo? Por que não?
Eu tô perguntando se você tá aceitando tudo, muito menos pelo deslumbramento mas muito mais pelo que isso representa. Você tá ganhando dinheiro? Tô ganhando dinheiro, mas um dinheiro muito bem selecionado.
Aquela história, a responsabilidade de influenciar. Aí você tem que prestar muita atenção em como você vai fazer isso ganhando dinheiro, sem ser um dinheiro que você influencia muito mal a pessoa. Então, eu, assim, a parte do dinheiro é a última coisa que eu vou ver.
Primeiro é, tipo, que marca é essa? E eu gosto dessa marca? E eu aconselho muito essa marca mesmo a ponto de ganhar dinheiro pra falar "olha essa marca"?
É muito, muito pensado. Exaustivamente. O que você pretende pra si mesma?
O que você quer da vida? Já pensou ou não? Não deu tempo ainda bem?
Quando eu penso nessas coisas eu penso em cenários, mais do que alegria. Eu penso, tipo, num tapete na frente de uma lareira e chocolate quente e meias felpudas, sabe? Eu penso mais nesse cenário.
Você tá mudando de País, então? Está indo pra Escandinávia? Estou passando umas férias assim, sabe?
Eu penso mais em cenários do que em sentimentos. Às vezes eu quero da vida, sei lá, uma luz entrando na janela em meio à cortinas de linho, sabe? Umas coisas assim.
É isso, essa é minha resposta. Obrigada, minha linda! Prazer!
Todo sucesso, que você tenha mais, super merecido! Não esquece de assinar o canal antes desse vídeo acabar! Assinou?
E agora? Foi? Aeee!