Espinoza foi um Pensador judeu de origem portuguesa nascido na Holanda no século X suas ideias sobre religião eram tão controversas que em 1656 acabou excomungado a razão sua concepção de Deus se distanciava radicalmente da Visão Judaica e até das tradições monoteístas consciente das possíveis consequências evitou publicar certas obras em vida seu tratado teológico político onde desenvolve Essa visão foi lançado sob um pseudônimo mas o que afinal Espinosa rejeita da ideia clássica de Deus o primeiro ponto de discordância é a noção de que Deus possui vontade planos e que os humanos são parte desse projeto para
ele atribuir a Deus emoções pensamentos ou desejos Como se lê na Bíblia onde Deus se ira e é um erro sego Espinoza esses sentimentos pertencem aos humanos não a um ser perfeito e infinito acus os hom de projetarem sua própria imagem sobre Deus invertendo aia de que fos criados A semelhan Divina por ISO ético Se Deus é perito e infinito não desej nada pois o desejo implica carência desejamos aquilo que nos falta mas a Deus nada pode faltar assim atribuir vontade ou emoção a ele é contraditório um Deus vingativo ou incapaz de controlar impulsos seria
uma projeção das imperfeições humanas Espinosa entende essa visão limitada Afinal os humanos só conseguem pensar com base em sua própria experiência mas tomar essa projeção como verdade é um erro usado inclusive por instituições religiosas para controle a ideia de um Deus que pune e recompensa encaixa-se em um modelo de poder se Deus não tem vontade medo ou desejos a ameaça da punição Divina perde sentido e com ela um instrumento de dominação para Espinosa Deus não quer nada de nós ele simplesmente existe qualquer doutrina que Dite comportamentos humanos em nome dele tem motivações que não são
espirituais ele afirma Deus não é nosso pai não precisamos temê-lo nem adorá-lo assim a visão clássica de Deus reflete mais a natureza humana do que a divina no conceito tradicional Deus é um ser transcendente separado da natureza e do mundo mas para Espinosa isso não faz sentido Deus não é uma entidade externa que criou o mundo pois isso sugeriria que ele existia antes da criação no pensamento religioso o mundo teve um começo fruto de um ato Divino voluntário mais uma vez um esquema antropomórfico primeiro à vontade depois a criação mas para Espinosa essa concepção precisa
ser reformulada a partir da ideia central de sua filosofia a teoria da substância e dos atributos na metafísica a substância é a essência de tudo a base da realidade já os atributos são modos de perceber essa substância diferentes perspectivas sobre a mesma coisa Pense numa rosa podemos descrevê-la pela cor pelo perfume ou pela textura nenhuma dessas características esgota sua definição apenas revela ângulos distintos dela assim os atributos são maneiras de contemplar algo sem excluir outras perspectivas O que torna essa teoria fascinante é que segundo Espinoza a substância possui infinitos atributos no entanto Nós seres humanos
só conseguimos perceber dois a extensão matéria e o pensamento tudo o que experimentamos no mundo se enquadra em uma essas dimensões o físico ou o mental você pode contestar Espinosa mas segundo ele tentar perceber outro atributo além desses dois é impossível somos limitados por nossa própria natureza cognitiva essa ideia se aproxima de Descartes que distinguia corpo e alma mas há uma diferença fundamental decartes via essas duas substâncias como Independentes enquanto Espinoza afirma que ambas coexistem dentro da da mesma substância assim como uma rosa pode ser vermelha e Macia ao mesmo tempo pensamento e matéria são
atributos da mesma essência para Espinosa Deus não está fora do mundo não é uma entidade separada ou anterior à criação ele é a própria substância que compõe tudo o que existe seus atributos coexistem harmoniosamente sem conflito essa visão desmistifica a ideia de um Deus antropomórfico e sugere um universo onde Deus não é um legislador ou mas simplesmente a própria realidade em sua totalidade a questão surge frequentemente como Espinosa sabe que Deus Ou seja a natureza possui infinitos atributos e que Só conhecemos dois ele deduz isso pela própria definição de Deus como um ser perfeito e
infinito Pois é lógico que algo infinito tenha infinitos atributos para Espinosa Deus não é fixo ou estático como nos sistemas metafísicos de Platão ou ele enfatiza o caráter dinâmico da substância Divina já dissemos que Deus e a natureza são a mesma coisa mas sua compreensão varia conforme o atributo considerado isso nos leva à distinção entre Natura naturans e Natura naturata ouvir natureza dessa forma sugere um processo criativo Natura naturans é a natureza em Ação enquanto Natura naturata é o resultado desse processo assim dependendo da perspectiva a natureza pode ser vista como ato de criação ou
seu efeito isso se conecta à ideia de criação do mundo Natura naturans é a natureza desdobrando-se gerando-se continuamente enquanto Natura naturata é o mundo formado por esse processo o mundo em que vivemos está sempre se criando e ao mesmo tempo nos acolhe como criação podemos entender isso por uma metáfora a criança tem pais mas ao crescer poderá ser pai gerando vida por si mesma somos filhos de quem nos antecede e pais dos que virão assim infância e Natura nãs representam o processo de geração enquanto Natura naturata é a criança que amadurecendo gerará outros refletindo sobre
Deus e natureza como equivalentes essa distinção ilumina essa identidade e aprofunda a compreensão de sua relação Deus seria o princípio gerador da natureza enquanto a natureza vista como mundo físico é o resultado desse processo Como já dito não se trata de um ato voluntário de criação pois isso implicaria atribuir a Deus vontade ou intenção algo que ele não possui tudo decorre do poder divino que se manifesta no mundo em Espinoza tudo o que existe é porque pode existir daí sua teoria do Poder para ele não há diferença entre o que se pode fazer e o
que se faz pois se algo não acontece significa que nunca poderia acontecer não há espaço para condicionais em sua filosofia em Essência ou algo foi feito ou não foi Muitos são Mestres em dizer eu não fiz mas poderia ter feito porém essa frase não se sustenta pois a ação nunca ocorreu para simplificar poderíamos afirmar que há um princípio gerador em Deus representado metaforicamente pelas religiões como Deus Criador ou Deus Pai Em seguida a Deus enquanto manifestação material e física Isto é a natureza da qual fazemos parte por essa razão de certo ângulo somos Deus Pois
somos a expressão da substância Divina costuma-se dizer que Espinosa foi um dos primeiros filósofos ateus pois sua ideia de Deus era materialista como se ele dissesse que Deus é a própria natureza alguns que não o leram ou não o entenderam afirmam que ele usou a palavra Deus apenas para evitar problemas mas isso não se sustenta se fosse esse o caso ele teria compartilhado sua obra em vida o que não fez ele sabia que simplesmente dizer Deus ou natureza não bastava para escapar de conflitos o que Espinosa faz na verdade é distinguir dois modos dentro da
mesma substância primeiro o princípio que gera Natura naturans e depois o resultado dessa geração Natura naturata Porém para Espinosa essa distinção não implica separação real assim como alguém pode ser simultaneamente filho de seus pais e pai de seus filhos não há contradição ou incompatibilidade entre os dois estados da mesma forma somos ao mesmo tempo Natura naturans como filhos de nossos pais e Natura naturata como pais de nossos filhos para Espinosa Deus e natureza são uma única realidade vistas sob duas perspectivas diferentes sua visão honista a separação entre corpo e espírito é uma construção artificial da
mente humana para facilitar a compreensão na perspectiva de Espinosa matéria e espírito não são opostos Mas duas manifestações de um mesmo princípio como raios de um círculo por isso reduzi-lo a um Pensador ateu apenas porque equiparou Deus e natureza é um erro o que ele realmente quer dizer é que procurar Deus fora do mundo é um equívoco Deus está presente em tudo não apenas como fonte da criação Mas também como o próprio resultado desse processo somos expressões de Deus porque nascemos da substância divina e manifestações dele porque somos modos pelos quais essa substância se revela
Espinosa não pode ser definido estritamente como materialista ele não é mais materialista do que espiritualista já que constantemente enfatiza que matéria e espírito são apenas duas formas de enxergar a mesma realidade se alguém desej defender uma leitura materialista de sua filosofia bastaria Ignorar as referências ao Espírito do mesmo modo uma abordagem espiritualista poderia ser sustentada ao se excluir a perspectiva material no entanto Espinoza rejeita essa divisão reiterando que ambos os atributos são inseparáveis e operam juntos assim sua expressão Deus ou natureza deve ser compreendida como uma mudança de ponto de vista conceber Deus tanto como
substância quanto sob o Prisma da natureza essa dualidade pode ser vista como um processo contínuo ou como seu resultado final ou seja a própria natureza por fim é essencial considerar a noção de liberdade em Espinoza para ele Liberdade significa agir conforme a necessidade da própria natureza pois tudo está determinado obedecendo a lei inflexível da causalidade que rege tanto o mundo físico quanto o intelectual e o espiritual Isso quer dizer de forma simples que a cadeia causal afeta tanto os corpos físicos quanto os pensamentos e ideias o fluxo do pensamento segue a mesma lei de causalidade
que rege os corpos levando Espinosa a concluir que o livre arbítrio é acima de tudo uma ilusão no entanto ao final da leitura do livro c da ética descobrimos que há uma verdade relativa acessível ao ser humano quando ele compreende a origem de suas ações e a influência do mundo sobre si pode romper com a determinação cega e agir não por imposições externas mas conforme sua própria natureza É nesse ponto que surge a noção de liberdade em Deus não a liberdade comum mas a liberdade Divina ela difere totalmente da ideia usual de liberdade a ponto
de Espinosa recorrer a um termo paradoxal livre necessidade para ele Liberdade não é ausência de determinação mas ser determinado apenas por si próprio ou seja ser livre não significa estar indeterminado mas possuir o poder de autodeterminação ao longo da ética Espinoza Demonstra o quanto somos regidos por fatores externos nosso meio Nossa educação nossas circunstâncias e raramente nos sustenta que podemos alcançar essa autodeterminação ao compreender as causas que nos moldam o que equivale a seguir nossa própria natureza esse conceito Pode parecer paradoxal pois não estamos acostumados a associar Liberdade à submissão à nossa essência isso nos
remete ao instinto dos animais um leão por exemplo caça para sobreviver porque segue naturalmente sua natureza mas Diferentemente dos animais o ser humano possui de consciência e espírito e para ele agir conforme sua natureza não significa seguir impulsos instintivos esse pensamento sugere que há uma essência Universal e impessoal que nos define o Ponto Central segundo Espinosa é que Liberdade não significa escapar da nossa natureza mas estar em harmonia com ela compreender essa ideia é essencial para não distorcer o pensamento de Espinosa com frequência citam para negar a existência do livre arbítrio sem entender o que
ele realmente chama de liberdade por isso é fundamental reconhecer que a única Liberdade verdadeira segundo Espinoza é a liberdade Divina o poder de autodeterminar-se a liberdade da substância em resumo ser livre para Espinosa é ser a causa de si mesmo Da mesma forma agir e fazer marcam o início da ética spinoza afirma que aquilo que existe apenas por necessidade de sua natureza é livre pois sua existência decorre exclusivamente dessa necessidade para ele Essa é a verdadeira definição de liberdade isso nos distancia bastante das concepções clássicas para Descartes por exemplo a liberdade era um atributo da
Alma que se acreditava imune ao determinismo e às leis mecânicas do mundo físico já para Espinosa a alma está tão submetida ao determinismo quanto o corpo mas a liberdade em sua visão se torna uma necessidade livre na filosofia a necessidade se refere precisamente ao que não pode ser de outra forma algo é necessário quando não pode deixar de ser o que é devemos portanto aceitar esse paradoxo essa aparente contradição na definição de liberdade para compreender porque apenas Deus pode ser considerado verdadeiramente livre o que Espinoza quer nos mostrar é que Deus não escolhe ser o
que é ele simplesmente é pois seu ser e seu poder se confundem não há separação entre o que poderia ser e o que é e é exatamente por isso que Deus pode ser qualificado como um ser livre se quiséssemos resumir ou até caricaturar a visão de Espinoza diríamos que Deus é aquele que não faz perguntas não porque não pudesse respondê-las mas porque simplesmente sabe o que é quando se sabe o que se é assim como quando se sabe o que deve ser feito age-se sem hesitação quando se tem clareza do que se deve fazer confunde-se
com a própria ação fundindo-se com a realização daquilo que se reconhece como necessário em Espinosa liberdade é tornar-se plenamente o que se é e agir em harmonia com a própria natureza é exercer o próprio poder na direção do próprio potencial conhecer esse potencial e saber o que não somos Talvez seja o mais difícil e se buscamos uma aparência de se desejamos nos libertar da cadeia de causalidade que rege Os seres físicos e nos tornarmos aquilo que Espinosa chama de seres Imortais Talvez seja o momento de nos perguntar quem somos e o que realmente queremos