sejam bem-vindos a mais um episódio do podcast do manual do homem moderno o seu melhor amigo na internet meu nome Edson Castro jornalista e apresentador e hoje eu tô aqui acompanhado do Christian dunker psicanalista e professor livre docente da USP pós-doutorado pela Manchester University autor de diversos livros vencedor de dois prêmios jabuti P bom demais autor de diversos cursos e hoje a gente vai ter um mega papo aqui sobre psicanálise e o sofrimento moderno e tudo aquilo que nos aflige Professor um prazer enorme de estar com você aqui prazer é meu antes da gente começar
o nosso papo vou pedir aqui só um pequeno instante para falar com o nosso público gostaria de pedir você que nos assiste aqui se possível deixar o seu like nesse vídeo porque ele fortalece demais o nosso trabalho e pedir também o seu compartilhamento Toda vez que você compartilha esse vídeo aqui nos seus Stories ou no seu WhatsApp você ajuda que nosso trabalho seja de divulgado é um processo super simples é só apertar o botãozinho de compartilhar e você faz com seesse trabalho chegu mais pessoas por aí Além disso daqui quero pedir para você que ouve
a gente nas plataformas de áudio para deixar a sua avaliação clicando em três pontinhos no Spotify ou clicando ali no ícone do nosso podcast em plataformas Apple a pergunta do do dia vamos fazer assim ó na sua opinião Qual que é o maior Malu moderno excelente né eu diria aqui que seria o o trânsito da Rádio Leste excelente mal moderno aqui que o professor também foi afligido hoje professor eu quero começar por uma questão mais básica porque é um assunto que a gente nunca entrou eu queria entender bem para um Lego O que que é
a psicanálise olha eh primeiro queria agradecer o convite né Essa chance de estar aqui com vocês e e enaltecer o a proposta aqui do canal anal do teu programa né eh e e diria assim que a psicanálise ela é um método de tratamento eh de sintomas psíquicos de Sofrimentos mentais vamos dizer assim pela palavra em relação né então é falando é lembrando é interpretando eh aquilo que na nossa fala denuncia né a existência de outras vozes e em nós da nossa história nos nossos sonhos nossos sintomas nossas angústias nossas inibições NS nossos padrões de repetição
né Ou seja é uma experiência com a de fala continuada em que os sintomas vão se revertendo e a gente vai descobrindo mais e mais algo sobre o desejo daquela pessoa eh algo mais eh sobre eh os os os maneiras dela ser e as maneiras que ela está se impedindo de ser né além disso a psicanálise é um método de investigação ou seja de pesquisa sobre a subjetividade e ela é posta pelo Freud como uma nova ciência né uma ciência eh da do inconsciente uma ciência dos sonhos uma ciência que se escreveria num quadro mais
geral eh de uma outra ciência Nascente a época do Freud que é a psicologia né então psicologia e psicanálise elas elas nascem as duas na Alemanha vamos dizer assim na mesma época segunda metade do século XIX né e e quais são os instrumentos que entram numa conversa sobre psicanálise você falou sobre fala você falou sobre passado sonho também acaba entrando nessa exatamente o um texto que o Freud considerava assim o texto fundador do que ele tinha descoberto chama-se Justamente a Interpretação dos Sonhos né o quanto que um sonho pode dizer sobre o que aflige a
gente muito muito e se A análise dos sonhos a interpretação dos sonhos é um dos recursos eh fundamentais num tratamento psicanalítico né porque no fundo o sonhos partem das nossas inquietudes eh cotidianas elas ele sempre é desencadeado por um ah queria ter pago aquela conta não paguei queria ter dito aquilo e não disse nossas pendências daquele dia portanto presente e ele é o guardião do sono né então se a gente não Sonhasse a gente acordaria né ela mantém a gente dormindo para a gente continuar dormindo essas pendências elas vão se ligar com pendências do da
nossa história né então coisas que a gente não fez que a gente não pode fazer que não deixaram a gente fazer e isso vai então do presente momento até o passado às vezes mais longin né da Infância e vai tocar naquilo que vamos dizer assim ficou negado né nessa história em geral aspectos ligados à sexualidade a repressão a agressividade hostilidade bom esse processo regressivo né de ser do presente pro passado ela vai chegar o momento em que ela ela encontra um esp de ponto máximo né de de de memorização e daí o aparelho psíquico se
inverte e aqueles pensamentos se transformam em imagens Já pensou que o sonho é uma espécie de cinema que a gente se cria ou seja tem uma passagem misteriosa do da memória do pensamento pra imagem essas imagens elas são assim realizações daqueles desejos que estavam espera na forma mudada né para essa outra gramática para esse outro material de linguagem que são as imagens por isso o sonho é enigmático para quem sonha Olha é estranho por que com isso com essa pessoa por que que aconteceu essa coisa absurda no sonho porque a gente tem que vamos dizer
assim se enganar para continuar dormindo serão essa trabalho de ligação das pend terminar num ponto de angústia que acordar a gente então essa deformação simbólica ela é muito útil pra gente entender como aquele sujeito esconde de si o seu desejo eu quero vou até pular Minha pauta aqui que eu tinha deixado isso aqui para depois mas como a gente entrou no assunto de sonho eu queria trazer isso daqui eu tava dando uma pesquisada aqui PR nossa pauta eu tava lendo algumas matérias alumas matérias bem interessantes falando sobre como o audiovisual e as narrativas ais hoje
elas influenciaram a maneira como a gente sonha uhum o quanto que a mídia que a gente consome a quantidade de coisa que a gente tá meio que inconscientemente consumindo no dia a dia celular WhatsApp tiktok Instagram filme Netflix influencia na maneira como a gente sonha e o nosso inconsciente muito né E então a gente poderia dizer assim tem pessoas que sonham em continuidade com o cotidiano então trabalho numa repartição pública vou lá para o sonho o que que eu tô fazendo continuo no computador fazendo Aquelas mesmas coisas que estava ali no no cotidiano tem outros
que vão sonhar de forma mais musical eh o outro vai sonhar e mais insistentemente com grandes paisagens outros vão sonhar sistematicamente que estão sendo perseguidos ou que estão caindo né a matéria prima dos sonhos ela tem que ver com a semiótica né com com as linguagens que aquela sujeito frequenta né então o garoto vai sonhar com videogame outro vai jogar sonhar com futebol mas esse tema do sonho é como se fosse assim a a matéria a forma é dada pelo Desejo a forma é dada por aquilo que enfim a deformação onírica né a deformação dos
sonhos produz em cima desse material teve essa polêmica na internet nos no último ano da pessoas que sonham em preto e branco que era um um fo até uma polêmica pô Como assim você não s em preto e branco meu sonho colorido eu pessoalmente eu sonho em preto e branco Uhum Então não tem cor nos meus sonhos ass existe um padrão Ou não ou é uma coisa particular e totalmente subjetiva mesmo ol elha existe uma um estilo né aquela pessoa ela sonha como você tá dizendo assim em preto e branco ela sonha com movimentos ela
sonha com cenas que se repetem por exemplo eu vou ligar o carro o carro não pega eu quero sair correndo e não consigo eh uma pesquisadora que colheu sonhos durante os anos 30 na Alemanha quando o nazismo tava em ascensão ela viu um monte de gente sonhando com assim quero falar uma coisa mas não consigo vou fal dar um grito mas o grito não sai eh vou falar uma coisa em alemão sai em russo eh que tem que ver com aquele momento de de repressão né Eh o a gente fez uma pesquisa nacional com Sonhos
dos brasileiros durante a covid né então no começo da covid muitas pessoas diziam assim eu vou voltei a sonhar colorido os meus sonhos são super realísticos os meus sonhos são surrealistas eu não sei o que tá acontecendo Eu durmo e sonho profundamente né isso tinha que ver com a reacomodação do do mundo e do cotidiano pras pessoas né e ao longo da covid elas foram voltando a sonhar como sonhavam né eu fico imaginando aqui enquanto você fala como é que deve ser o sonho de uma pessoa que tem uma deficiência auditiva uma deficiência visual essa
é uma questão mais sensorial do que tão narrativa visual como parece pra gente quando a gente acorda né de um sonho Olha tem se estudado muito né os sonhos de sincinesia que são sonhos que eh cruzam várias sensorialidade né então é como se você pudesse assim sentir o sabor de uma música ou cheiro de uma imagem ou uma palavra que é ao mesmo tempo uma uma expressão tão assim tátil né e e esses sonhos em geral eles falam de processos mais profundos da nossa subjetividade né ou de momentos de grande transformação por exemplo eu eu
durante muitos anos fui um fumante veter né quem tava na academia fumava para caramba escrevia quem tava em em Hospital Psiquiátrico fumava e tal fumava atendendo E aí chegou um momento que não dava mais meus filhos começaram pai para de de de de fumar e tal tive que fazer um um bloque né E aí eu tive uns sonhos do tipo assim eu tava andando numa praia daí de repente eu me transformava num buraco não é que eu tinha um buraco na minha frente é experiência de ser um buraco eh esse tipo de sonho ele tem
que ver com mudanças abruptas né perdas de de de pessoas ou de hábitos ou de formas de vida né E são sonhos vamos dizer assim em que o inconsciente ele ele se aposta da sua corporeidade né E você falou rapidinho do Freud agora e você falou da interpretação dos sonhos né a Interpretação dos Sonhos ela foi publicada em 1900 certo 1900 então a gente já tem aí 123 estamos indos para 124 anos da publicação da interpretação sonhos que acredito que foi um dos primeiros trabalhos do Freud nessa área o quanto que o trabalho do Freud
continua atual nos dias de hoje olha a gente tem um um grande pesquisador brasileiro um amigo Ah que eu reputo assim a nossa Grande Chance de Nobel ela vem vem por esse cara chama-se darta Ribeiro né e ele escreveu um catatal gigante uma obra assim maior mesmo chamado oráculo da noite sobre a função dos sonhos a partir das neurociências né então ele trouxe a função dos sonhos pros yanomamis pros indígenas função dos Sonhos em diversas culturas né FZ estudo muito detalhado e atualizado né tem acho que TRS 4 anos que Ele publicou esse livro e
ali ele vai mostrando como boa parte das teses do Freud elas encontram uma ressonância no no que a neurociência de hoje tá estudando a partir de ressonâncias eh eh cerebrais e e e e e técnicas de neuroimagem né Então as hipóteses do freed não não estavam equivocadas né Eh algumas precisam ser reform ladas né escritas de uma maneira mais precisa mas assim no fundo é isso o sonho ele é um uma espécie de acomodador das nossas memórias né ele compacta aquilo que eh tá chegando E junta com aquilo que já tava no e da memória
mais profunda ele é um guardião do sonho do do do Sono ele tem uma função criativa né especialmente os sonhos dirigidos os sonhos Eh vamos dizer assim perto da da do momento em que a gente tá acordando então ele é uma função que tem que ver com a imaginação e a imaginação tem que ver com o desejo eles têm os sonhos eh uma estrutura temporal parte do presente vai ao passado e projeta uma espécie de futuro né já realizado eh existe uma deformação nos sonhos bom que o Fred chamou de simbolização e e que as
neurociências dizem bom é é parte do nosso processo de reacomodação neuronal da informação né e Existe alguma coisa que o Freud ele foi refutado que a gente olha hoje fala assim Putz essa parte aqui do trabalho dele já não é tão tão com ponto com a psicanálise trabalha ah muitas muitas coisas né Eh por exemplo ele tinha uma uma teoria vamos dizer assim do desenvolvimento psicossexual né oral anal fálica que isso mais ou menos se sucedia e não vamos dizer que isso está errado mas isso era muito parcial isso era muito aproximativo né perto do
que eh eh as diferentes formas de desenvolvimento da criança desenvolvimento do bebê eh podem podem verificar né Eh a teoria que ele tinha sobre a Gênese do eu né é também uma teoria eh que a gente vai dizer assim muito aproximativa né a gente tem eh dados mais interessantes né ou maneiras mais refinadas de pensar isso hoje né a ligação entre o eu e a consciência por exemplo a gente quando fala em psicanálise imediatamente pensa no inconsciente mas um dos maiores enigmas PR a psicanálise pra a teoria psicológica contemporânea é como funciona a consciência n
como é que a gente tem consciência das coisas em que lugar né E como que o que o cérebro produz esse efeito de tomar consciência de E como é que você é professor da USP hoje uhum como é que estuda-se isso eh partindo do ponto de que por exemplo Provavelmente você indica esses livros para um aluno tá pô vamos estudar a psicanálise começa por Freud ó Leia isso daqui mas isso daqui tá mais legal isso aqui não tá mais como é que é essa formação a partir do ponto do Talvez isso daqui esteja mais acurado
do que a gente tem hoje talvez isso menos porque não é uma não é uma a psicanálise pelo que eu que eu tô entendendo não é um um algo extremamente e que nem a medicina essa veia circula sangue isso aquii passa não sei o qu então funciona assim né Ela é mais teórica também né perfeito né ela ela é uma uma disina vamos dizer assim que eh onde a gente não não consegue comparar tão bem né os processos e genéricos dos pacientes né eh no caso da Medicina você tem lá o fígado funciona mais ou
menos assim o Basso assim o estômago assim você tem alterações mais ou menos previsíveis né cursos de de de doenças que também ão são são claramente eh capazes de serem descritos né nos processos psicanalíticos parece que assim Conta mais mais as diferenças do que as semelhanças uhum né e o o o caminho que Você percorre é mais ou menos como nos videogames assim ele não ele não precisa seguir as mesmas Estações para todo mundo né ele precisa passar por todos os quadrantes mas uns começam pelo 7 2 3 outros vão do 3 7 2 Eh
Ou seja é como se tivesse um conjunto de problemas para resolver onde a ordem não é Clara e nem definida né você tem um outro problema que é assim as doenças mentais não são como as outras doenças para princípio elas não são nem chamadas de doenças são chamadas de transtornos né e os transtornos são vamos dizer assim a classe das doenças mais mal definidas que a gente tem né então a a revoluções assim a forma como a gente nomeava o nosso malestar há 50 anos é completamente diferente do que como a gente nomeia hoje e
você vai dizer isso foi um Av avanço mais ou menos porque essas novas descrições elas são cada vez mais Convenções vamos chamar de depressão isso pessoa tem a b c e d ah então é depressão vamos chamar de ansiedade aquilo vamos chamar de TDH aquilo outro ou seja são formas de Sofrimento onde você não tem o processo causal bem descrito não é assim olha tem o hipotálamo ele produz a dopamina e daí o excesso de dopamina redunda em e Parkinson Ok iso é doença neurológica Ah então você tem a serotonina que mexe com a noradrenalina
e daí você tem uma neuros daí você tem uma depressão não é verdade né então a a diferença né na maneira de você conceber o objeto que você tá tratando é é outra né vai por aproximação vai por o relato né a linguagem é muito importante daí o daí o lac diz é que a psicanálise é uma da linguagem né habitada pelo sujeito talvez esse seja a dificuldade não só do tratamento de certo transtornos também ou às vezes do próprio reconhecimento do paciente né porque às vezes você não tem algo claro eu falo muito por
exemplo eu fui eu tenho o transtorno de ansiedade uhum quando eu fui diagnosticado com isso é foi uma coisa que para mim foi um tipo ah então tudo isso daqui que eu passei tinha um nome certo então habitava um campo de uma ideia só que eu não sabia o que que era porque para mim eu vivi a vida inteira assim então PR que você me fala que is tem um problema entendo Ah então por isso que às vezes estava mais assim mais assado então talvez seja uma dificuldade que tem não só do tratamento mas do
do reconhecimento do sujeito com esse transtorno também né olha esse é um ã é um é um dos fatos mais interessantes que a gente tem na psicopatologia que é diferente da semiologia médica né em que os transtornos eles se transformam na medida que você os nomeia entende essa pedra ela não vai mudar se eu chamo ela de pedra de Stone se eu acho que ela é uma pedra voadora se eu conto uma história da da da folclore sobre essa pedra a pedra continua igualzinha não importa como você vai falar dela o sofrimento e os sintomas
humanos eles mudam conforme você o nomeia como você acabou de descrever olha olha a hora que eu soube que chamava transtorno de ansiedade eu mudei a minha relação com tudo aquilo eu criei uma história eu percebi que vários pontos lacunares e de enigmas eles estavam conectados eu não sei direito como mas agora eu consigo Observar isso em mim você se transformou simplesmente porque alguém te deu esse nome e aquilo que você tava sofrendo também se transformou porque se conectou com outras coisas eh que estavam soltas aí na tua experiência Olha só quanta coisa mudou só
porque eu falei disso de outro jeito Car que doira e isso ã vamos dizer assim mobiliza um outro tipo de materialidade pra gente reverter sintomas né os sintomas médicos eles são reversíveis com o quê um princípio ativo você vai lá e põe uma química melhora ou piora você põe uma tala melhora e piora você você age sobre eles porque eles têm essa materialidade agora os Sofrimentos que a psicanálise se dedica mas também a psicologia também a psiquiatria elas tem essa propriedade diferente né de serem eh altamente responsivos a como aquele sofrimento aparece nas relações e
como ele é nomeado o filósofo Julian bagini ele é autor do livro armadilha do Ego deego trick E ele fala bem bem livremente aqui que a forma de pensamento no ocidente ele se desenvolveu muito no eu como a unidade básica da sociedade então o eu é da onde Brota todo do resto né então acho que os Estados Unidos Talvez seja o maior exemplo de como eu é é muito acima do resto né Eh o quanto essa concepção do eu tem a ver com o meu Ego e o quanto o ego afeta o jeito como a
gente vive ahó vamos distinguir né Eh o ego ou eu é um uma entidade um conceito psicológico que é correlato do conceito sociológico de indivíduo e do conceito antropológico ou jurídico de pessoa né a gente trata os três como se fosse mais ou menos a mesma coisa mas eles são um tanto Diferentes né e eh a cultura moderna Ou seja a partir de século 16 1 com Shakespeare com o Galileu com com a formação dos estados modernos com o capitalismo ela introduziu uma novidade e na nossa forma de viver que é de valorizar aquilo que
seria vamos dizer assim um a forma indivíduo e não a uma forma coletivo Hoje a gente vai na Índia você vai encontrar uma sociedade holista ou seja uma sociedade em que a o coletivo ele é mais importante ele é mais decisivo do que as nossas escolhas individuais um pouco que nem o Japão também por exemplo o Japão um pouco assim né mas os nossos indígenas são um tanto assim também né claro que você tem indivíduos S um nomes diferentes mas e é como se a gente pensasse inclusive Sonhasse para o coletivo a partir do coletivo
quando um chaman fala de um mito ele tá falando de um nós ancestral que fala através dele né não é Ele que escolheu a história não é ele que tá criando ele não é autor do mito né Para nós e a valorização de uma vida o reconhecimento de uma vida passa justamente por como você conseguiu se separar das Comunidades de onde você veio da sua família da sua etnia do sua a nacionalidade de tudo aquilo que faz de você um nós né bom isso colocou como tarefa para um indivído que ela se entendesse né tomando
como centro o si mesmo o si próprio são duas coisas um pouco diferentes e em cima disso que a psicanálise desenvolveu a noção de narcisismo né ou seja eh a relação que a gente tem com as nossas imagens com os nossos duplos com as nossas sombras com os nossos ecos né e uma tese importante para para quem vai pensar o eu né como esse esse centro da pessoa esse essa essência do indivíduo é de que o eu é duplo né é o contrário ou diferente do que as pessoas imaginam né eu eh pensa né Na
expressão eu mesmo por que precisa ter esse mesmo aí bastaria dizer eu né Por quê Porque a gente assim a gente Ignora isso mas a nossa experiência subjetiva é é Dual é você a sua voz é você o seu diálogo mental se você perguntar isso eu vou falar aquilo é você o travesseiro é você e aquelas sombras que você não sabe direito que estão te observando Mas é você mesmo é você e seus sonhos né então como dizia um poeta francês o rambu né o eu é outro né o eu é dois o eu não
é um então a gente compara né o indivíduo é o não dividido o eu é o é aquele que tá vamos dizer assim e fragmentado em relação a si mesmo ele não é uno né E quanto o ego entra nessa nessa equação do eu então o ego é uma tradução possível é uma versão né do eu e mas justamente o que eu tô dizendo é que se você for considerar o que é o eu é o ego e mais a sua imagem é o ego e mais de do lugar que ele ele ele se compara
consigo mesmo no tempo é ele e o lugar de onde ele se compara com os outros então a a vida vamos dizer assim dos dos neuróticos e com mais neurótico mais ocupado com as suas imagens mais ocupado com Ah o que os outros vão pensar mais ocupado com eh como é que eu me produzo uma imagem admirável pro outro mais preocupado em eu tenho que ser amado pelo outro mais preocupado em se fazer assim uma forma Bela para o outro mais sensível a críticas mais vamos dizer assim refratário a diferenças no fundo a psicanálise vai
olhar pro eu e vai dizer assim olha o eu era para ser uma unidade bem pequena assim modesta e pra gente se virar na vida mas ela vira uma floresta e infinita de arbustos e e mato por que a gente começa a achar que o mais importante na vida é lustrar e polir o seu próprio eu né E então muitos problemas de grupo muitos muitos conflitos muitos sentimentos de vazio de inutilidade de impostura de inadequação vem do quê de uma hipertrofia do narcisismo o narcisismo aproveitando não se já tocou no tema ele é um mal
eh contemporâneo aos tempos que a gente vive ou a contemporan piorou esses eh transtornos narcisistas diria que a modernidade e a pós-modernidade monetiz o narcisismo né e uma pessoa sem sem narcisismo seria assim uma pessoa com problemas graves porque ela não não conseguiria se reconhecer no outro ela não poderia ter empatia ela não consegue se identificar ela ela vamos dizer assim estaria bastante prj cada né Mas a partir de dado momento aí na modernidade eh o valor dos nossos desejos né das nossas relações ele passou a ser sobrepujado né ele passou a ser Eh vamos
dizer assim minorizado pelo valor que nós atribuímos ao que os outros pensam e o Que Nós pensamos das nossas próprias imagens né Então aí você começa a ter aquilo que o povo valer chamava das profissões de del Anes são as profissões delirantes isso é década de 20 ele diz assim é o artista e o publicitário por quê Porque nessas profissões e tudo depende do que que os outros acham de você né se os outros acham que que essa definição é muito bo você da sua obra é sei lá basar e Jeff Kun você pode fazer
um peixe Amarelo e que tá valendo se as pessoas acham que você é o grande cara do marketing capaz de criar coisas geniosas porque você tem um talento especial você monetiza tudo que você toca e as redes sociais e a linguagem digital potencializou isso ainda mais né a gente tá vivendo no narcisismo né n é como se a gente tivesse descoberto uma forma de instrumentalizar o narcisismo eh completamente nova né de organizar socialmente as relações eh hiper inflacionando a posição do narcisismo narcisismo tem duas duas paixões fundamentais uma é é a nossa capacidade assim de
se fascinar de de idealizar os outros de amar né amar o outro como a si mesmo né Como Projeção de si mesmo mas a segunda facee do narcisismo é quando o outro não funciona como espelho quando o outro não me devolve a imagem de que eu sou o queridinho o o o rei da paçoca e daí aparece uma coisa chamada agressividade então muito que se que se questiona que se bom de onde tá vendo de onde tá vindo tanta loucura tanto Hater tanto cancelamento tanto surdez com out dizer narcisismo né é um efeito correlato narcisismo
né ou seja se não é uma imagem onde eu me reconheço eu vou querer o quê destruir o outro para me afirmar como Enfim uma imagem Soberana em relação a ele a gente ouviu muito falar acho que quem acompanhou mais noticiário coisas que estavam rolando sobre essa questão do narcisismo principalmente vindo de pais com filhos de pais com transtornos narcisistas Mas também de chefes colegas de trabalho namorados e tal é e é qual que é o ponto em que esse narcisismo ele acaba virando uma relação tóxica com o outro assim vamos pegar um exemplo né
E lembrando sempre que o narcisismo é uma estrutura fundamental é um órgão psíquico não porque eu entendi é o que a gente existe é uma coisa Nossa não tem como a gente evitar exatamente se se evitar você também não vai conseguir amar não vai conseguir ter um relacionamento social com ninguém mas vamos pensar a mãe com seu filho né Eh Aquele filho representa todos os sonhos esperanças de que ela não realizou na sua vida que os ancestrais passaram para ela que ela sonhou em ser e que ela olha para si e diz olha não vai
dar para eu conseguir tudo isso mas eu transfiro isso tudo pra próxima geração e isso a gente diz olha é uma forma de amar é uma forma de amar narcísica ótimo perfeito mas daí essa criança vai pra escola e ela precisa tirar 10 em todas as matérias por quê Porque se o meu filho tira 10 Isso mostra que eu sou uma grande mãe o que ele faz não é porque ele se separou de mim e eu me orgulho e eu e eu me realizo através dele ele é uma extensão de mim então ele não pode
vestir o que eu não gosto ele não pode falar o que eu não quero ele tem que ser uma espécie assim de órgão fora do corpo desta pessoa isso implica o quê um sofrimento tremendo para aquele que tá do outro lado dizendo assim não me deixa ser quem eu sou e não um pedaço de você e não um órgão móvel de você e a pessoa diz não mas você não tá entendendo isso tudo que eu tô fazendo é pro seu bem É porque eu te amo e ela tá dizendo a verdade só que é um
amor tóxico é um amor corrosivo é um amor onde você não tem espaço pro desejo onde você não tem espaço pra Independência pra autonomia é um amor que infantiliza o outro que diz assim olha eu só vou te amar se você se rebaixa se você se infantiliza se você me obedece se você devolve para mim essa imagem gloriosa de uma super mãe ou de um super pai ou de um Super Chefe e daí você vai eh multiplicando esses personagens e você vai ver como isso atrapalha tudo né trapalha uma empresa Porque o chefe ele vai
ficar mais eh sedento por reconhecimento e orgulho do que propriamente ver que a empresa ganhou porque todo mundo trabalhou que todo mundo eh fez por merecer e que portanto O resultado é é coletivo né É partilhado por todos o narcisista ela tem profunda dificuldade com essa partilha ele não consegue ser Eh vamos dizer assim Generoso por isso muitos vão dizer ah o narcisismo no fundo é um egoísmo sim ou não tem pessoas extremamente altruístas né que eu tô aqui trabalhando para os pobres para os outros e etc e você vai chegando perto e de repente
ele diz assim não tudo isso aqui é porque aí eu tenho uma imagem gloriosa com o paps lá do céu é o narcisismo cara e você tá sendo altruísta Mas é para ter uma boa imagem para sabe se lá que espelho né E como é que eu enfrento uma pessoa narcisista olha Eh o que lhe falta né Tecnicamente é o que o Fred chamava de amor de objeto o que lhe falta é conflito real né lembra dos e profissões delirantes né quer dizer não nem tudo é delirante nem tudo depende do que você é acha
do que eu acho de quem tem razão né Eh tem e uma outra maneira da gente se relacionar com o mundo quer dizer como aquele antigo seriado né The Truth is outside né a verdade tá lá fora amigo não é sua nem minha vamos juntos atrás dela bom isso é contrário ao narcisismo o narcisista vai querer saber mas quando a gente achar a verdade eu vou ser o dono né quando a gente tiver no caminho da verdade você vai vai dizer que fui eu que escolhi esse caminho né ele tá mais interessado em saber né
Eh quem ele é E se ele tem do que na experiência né por isso o narcisismo hipertrófico né ele apequena as pessoas né ele faz com que as pessoas eh não se abram paraa experiência não se abram pro outro não se abram pra viagem da vida né ela fica ali sabe o cara no espelho antes da festa e é esse vestido aqui tá melhor não agora eu vou pôr essa roupa eh ou o cara no vestiário essa meia aqui vai me fazer jogar para caramba e o jogo não o jogo daqui a pouco a gente
vai eh não mas vai começar o jogo jogo de verdade tem a bola um ganha outro perde não não não não pera aí vamos vamos mais vestiário vamos mais vamos mais assim e eh parênteses da vida e daí uma hora O cara acorda ele o que que você fez da sua vida eu fiquei polindo a minha meinha aqui em em vez de entrar em campo né mas mas tem como voltar vamos pensar que eu sou uma pessoa Mega narcisista controladora dos meus filhos tem que ser dos meu jeito tal tem como tratar tratar normalizar voltar
para um encolher né É tem chama-se dieta ao regime narcísico se eu precisa você está obeso mórbido com seu narcis então vamos lá análise hoje ela em grande medida ajuda as pessoas a fazerem isso né ah olha vamos vamos deixar de lado né algumas algumas coisas para viver mais para viver melhor para aumentar sua sua qualidade de experiência né que é o que o narcisista assim ela não tá não tá muito interessado nisso né ele tá interessado em em em colocar um pé atrás né e e viver um mundo onde ele pode controlar bem né
as experiências onde é um mundo assim reduzido né do seu condomínio da sua família dos seus gostos da sua bolha e ali ela se sente seguro né no fundo o o narcisista ele é alguém que frequentemente tá sendo chantageado pela segurança Vamos pensar aquele cara que gosta daquela menina e daí todo mundo disse pô você gosta dela chega nela Ah não por que não porque ela pode me dizer não bom se ela te disser não vai doer mas aí você vai pra outra não não não não isso eu não consigo eu não consigo lá e
falar com ela por que que você não consegue que que você tá defendendo você é o narcisismo o professor Leandro Santos ele teve aqui com a gente s foi meu aluno gente boníssima cara gente boa e até um corte dele até viralizou e virou até polêmica que ele falava que ah um pouco até sobre a timidez né que a timidez é excesso de eu e é um pouco do você se colocar tanto como protagonista que você começa a se retirar das situações por medo de o que pode acontecer do que pode de tomar uma rejeição
de se dar mal de ser humilhado então foi até até me veio na cabeça você falando isso da rejeição porque ele falou uma coisa muito parecida com isso também é mas é que o o a timidez ela tem eh tem duas variedades principais né a timidez que responde de fato a uma introversão né alguém que prefere né tá numa situação de observação eh mais cauteloso consigo mas que mas que não tá fugindo da experiência entende não tá não tá se evadindo do conflito ele ele ele tem uma estratégia né que é vamos devagar e e
vamos medindo a temperatura da água até se jogar né e tem o o o o o tío e que no fundo é um extrovertido reprimido né então ele não é o esse cara que que que tá querendo ir aos poucos ele tem que se conter ele tem que se conter porque se ele aparece né como ele gostaria que é um cara falador que é um cara para fora que é um cara que que gosta de pular na piscina toda de uma vez ele acha que ele vai se machucar sem volta então não faz os dois
você pode dizer assim são tímidos né mas um não é um problema o outro é né um tá assim no seu estilo o outro ela tá se inibindo No fundo ela tá pondo entre desejo e narcisismo narcisismo em primeiro lugar e como é que lida com a timidez a timidez não é uma patologia né e guardadas aí as considerações sobre esses dois subtipos né mas hoje em dia a gente tem assim tem tem livros interessantes sobre isso né Eh a gente tem um excesso de sociabilidade um excesso de premiação dos extrovertidos né então é como
se o tímido ele tivesse assim perdendo o potencial capital social porque ele não se engaja em milhares de contatos e ela não ela não não tá para fora como todo mundo ele não tá com a subjetividade revirada né então muitas vezes o tratamento assim do do do da timidez é é um tratamento de de autor reconciliação né é um tratamento de crítica à realidade que tá pedindo mais do que do que você precisa dar né Então aí você valoriza a qualidade das suas relações são poucos amigos mas Invista neles né e profunde neles né E
você vai valorizar a fidelidade a a densidade da experiência o tipo de confiança que você vai amealhando quando você tem uma estratégia subjetiva mais Eh mais introvertida né nesse sentido da da timidez não eu gostei muito disso que você falou porque eu acho que é uma coisa que dá tanto sentido para várias coisas que a gente vê hoje dessa coisa do excesso de premiação a extrovertido porque hoje eu posso pegar a própria figura do Senhor assim Eh vamos pensar com todo o conhecimento que tem você Desculpa professor é professor se minha mãe minha mãe é
professora se ela me vê tratando professor de você a linguagem digital é a linguagem da horizontalidade estamos aqui né Eh olhando para você assim vendo o seu trabalho a extensão do seu trabalho assistir muitas entrevistas suas antes da gente sentar aqui fico imaginando pô se fosse um cara tímido Às vezes a qualidade do trabalho ela não conseguiria ser potencializada por estar apresentando um vídeo na casa do sabero por estar fazendo uma palestra por estar publicando um livro por dar dando uma entrevista então a a a os tempos que a gente vive contemporâneos parece que você
saber ser extrovertido é maior às vezes do que o seu conhecimento técnico é mais importante às vezes do que o conhecimento técnico não é a toa quantidade de de seou de palco que a gente tem hoje em dia uhum que tá lá só para apresentar a marca e ser uma figura pra marca né Uhum é aí eu posso dizer assim se você perguntar pros meus amigos de escola né que que eles acham de mim eles vão dizer O Cris é um cara tímido É mesmo é é tem nenhum momento aqui a gente então mas o
o o que voltando a ideia de timidez ela ela é um uma panela que cabe muita coisa dentro né uma das maneira você me perguntou como trata a timidez é pelo teatro né então você continua tímido enquanto ator Ah mas você desenvolve uma técnica inclusive os tímidos são ótimos nisso e de produzir um personagem né então tem o Chris Dunk lá falando nisso YouTube e etc mas ah será que isso fala de mim como alguém realmente extrovertido ou fala do fato de que eu fiz cursos de teatro eu eh durante dei aula muito tempo você
dando aula você começa a perceber que que o aluno tá se relacionando com uma figura que não é bem você que que é o que ela pensa sei lá do professor e tal e e como psicanalista a gente vai percebendo também que Ok essa paciente Me põe num lugar que não tem nada a ver comigo eu tenho que responder desse lugar e pelo menos manejar isso o outro Me põe num outro lugar ou seja a prática clínica junto com a docência me fizeram assim aprender melhor e como conduzir personagens isso não necessariamente me tornou menos
tímido ou o que eu vamos dizer assim mudei em termos de de intimidade e mudei mesmo né a partir das análises que eu fiz psicanálises nesse sentido né dos tratamentos longos e que me permitiu assim ser um cara que suporta melhor intimidade né quando eu tinha lá uns 18 19 anos as pessoas diziam assim Cris você não abraça as pessoas você tem medo de sabe entrar no clinch dar aquele aba é verdade é verdade eu tinha dificuldades sérias de assim no no contato dividir a intimidade né ah e isso é uma conquista vamos dizer assim
que foi foi aparecendo na minha vida e o canal ajudou muito né Então isso que a gente pensa assim a Ah ele era extrovertido por isso ele fez o canal não o canal foi um jeito de ir aprofundando mais e mais isso tanto que você pega os primeiros vídeos e é bem precário é bem assim é um professor se defendendo da câmera né tá todos nós todo todo o primeiro vídeo é isso é eu gostei muito desse ponto que você falou do do papel do professor do papel do psicanalista porque é uma coisa que eu
consigo reconhecer como apresentador de vídeos no Youtube uhum então é muito louco acho que conversa um pouco disso com o Léo assim de como às vezes se encontra uma pessoa que acompanha o canal a relação da pessoa comigo é uma relação com uma pessoa que não existe uhum sabe é um cara que ele vê num vídeo que para ele desempenha o papel do irmão mais velho do pai do Conselheiro não sei o lá Uhum E eu sou eu sim tanto que meus amigos assistem vídeos meus Falam assim pô é muito engraçado porque eu vejo o
vídeo é você fala que nem você aje que nem você mas não é você é você do vídeo e você você aqui são pessoas diferentes mas você acredita exatamente a gente sabe que você acredita em tudo aquilo que você fala pratica boa parte das coisas que você fala mas não é você é o personagem que é você e a vida que a gente vive hoje ela exige um pouco desses papéis né porque você eu posso ó para quem tá vendo isso agora falar pô Que papo merda de youtuber mas pô o chefe uhum o chefe
pô ele pode ser um cara brincalhão cara família quando você entra no na loja que você é o gerente você precisa desempenhar o papel de chefe que exige uma máscara né a gente tem usado muitas máscaras nos dias de hoje né Olha eu acho que é um pouco mais complicado que isso porque atendendo YouTubers vários T problemas graves né crises narcísicas muito muito significativas pelo seguinte não é você que constrói o teu personagem o teu personagem vai vindo do teu público professor se tá Naquele sofazinho ali a gente fica uma cota conversando disso daqui porque
você precisa corresponder o papel que exige de você e de repente você não quer mais você quer falar de outras coisas você fala Arrisca um palpite x e y e leva uma prensada você fala não ué agora eu tô escravo dessa outro que eu inventei que eu nem me dei conta que eu tava inventando E agora Agora Eu Virei Dependente dele quem que eu sou sou essa essa personagem ou sou o outro outro cara lá que começou a fazer esse YouTube né Eh isso vamos dizer assim causa uma espécie de embolia narcísica né Tem um
outro que ganhou vida própria e onde eu não me reconheço mais né muitas pessoas sofrem agudamente com essa com esse intervalo né Eh agora tem tem um outro lado da história que é assim na medida que você vai eh interagindo e cri esses pontos né significativo você vai ficando mais conhecido tem um efeito chamado efeito de fechamento da forma é uma uma propriedade geral da da Psicologia né E que diz assim se eu puser três pontos você vai ver uma reta se eu puser eles meio baulado você vai ver o círculo mas não tá o
círculo todo ali então o que que acontece na relação do ouvinte do podcast do cara que te acompanha você joga um ponto aqui joga um outro ponto lá joga um ter terceiro ponto lá e ele fecha o resto ele cria um personagem ele infere propriedades em você né que vão te tornando o cara mais legal só que você não fez aqueles pontos e daí cedo a tarde você canta uma bola que tá fora do Círculo que ele criou daí ela fica raivoso aí ele sente que você o traiu né sente que você que você tá
fazendo mal assim você você você meio a pessoa errada Claro porque essa forma de amor ela tá muito orientada por efeito de assim vou fechar a forma para poder te amar melhor né pô isso aqui tinha que passar no na introdução a YouTube você abrir um canal no YouTube Faz assiste isso daqui porque é muito bizarro né e é um pouco mas é Trans vivel outras escalas da vida também o exemplo que eu falei do Chefe acho que ele é muito até do próprio pai né porque é mas é que o chefe ele tipo assim
e não não depende do funcionário né ah o funcionário não tem a prerrogativa de dizer vou cancelar esse cara porque ela tava se comportando fora do papel é mais difícil acontece mas é mais difícil a relação é mais assimétrica o que eu acho assim fascinante novo desafiador é justamente que a linguagem digital ela cria um um comunidades ela não cria instituições instituições t o chefe e o funcionário comunidades tem os amigos tem os usuários tem os que curtem e que descurte quando quiserem né quando eu tava dando uma estudada aqui para esse podcast queria já
até dar uma uma atualizada pro Senhor que esse aqui foi um dos mais difíceis dos últimos meses certo eu tive que dar uma caçada uma coisa que não precisava disso tudo Ah mas eu gosto de ler ouvir e tal falei até tava conversando aqui tava ouvindo Podcast fazendo uma outra coisa que o senhor participou falei você participou falei ou ter que pa usar porque eu tenho que só prestar atenção porque eu não não tô conseguindo aliar duas coisas ao mesmo tempo aqui e teve um conceito que eu li que eu achei muito legal e eu
queria dar uma escalonada dele para ver o que você acha né falando um pouco de como no século passado Ah quando a gente passou do século XX 19 pro século XX do 20 do século XIX pro século XX a gente tinha uma grande maioria das pessoas no campo uhum e com a Revolução Industrial a gente acabou fazendo um grande êxido paraas cidades e a gente acabou criando novos males novos Sofrimentos novos transtornos né Uhum só que agora na virada do século 20 pro 21 a gente fez um novo Êxodo né que é do Físico pro
digital digital o quanto você acha que esse novo êxido pro digital ele vai criar talvez novos TR transtornos e talvez transtornos que a gente ainda nem conseguiu visualizar como talvez ansiedade era para quem vivia no campo em 1800 e pouco Olha a gente já tá vendo isso acontecer né no no laboratório lá da da USP de teoria social filosofia e psicanálise a gente eh tem se dedicado a esse problema né e na escala mais extensa como como você tá sugerindo né Por que que na virada do 19 pro 20 a época que vivia o Freud
tinha lá um um psiquiatra americano descrevendo a neurastenia como uma doença do nervosismo e ele dizia Exatamente isso nós estamos enlouquecendo Porque as pessoas não vivem mais o tempo lento da do ambiente rural da pequena cidade elas estão agora num lugar que tem automóveis e automóveis fazem a gente crer que quanto mais veloz as coisas acontecem melhor e a gente tem e eles dizia isso uma coisa que devia ser abolida que é o relógio de pulso hoje já se viu relógio de pulso você fica olhando toda hora e você fica regulando toda a sua vida
Isso vai dar em loucura generalizada 1890 imag Imagina ele com Zap Pois é abrindo um grupo do Zap 300 notificação ali imagina então e novas formas de Sofrimento né pra gente sair da da ideia de que ah não nós é que estamos na na inventando essa isso já teve precedentes só que agora numa outra escala né como você falou a linguagem digital Ela implica uma série de propriedades que a nossa minha geração não sou nativo digital e ela consegue se adaptar mas que e os nossos bebês que t no carrinho ou uma tela de de
celular você vai daqui a 20 anos olhar e falar assassinato Isso aqui é uma é um crime só que você não sabe você não tem a pesquisa mas desconfia que isso vai dar muito errado né o sistema visomotor da criança sistema relacional se altera brutalmente se vocês põem uma criança antes dos 3 anos a a babar do do do do do da tela do celular assim como né já o pessoal da do do Instagram né e fez lá a pesquisa mostrando que o Instagram para jovens Entre 16 e 24 anos é nocivo é nocivo porque
você se compara você só vê a vida editada dos outros porque você sabe que aquilo é uma edição Mas você sente que que tem um problema daí você começa a usar filtros daí esses filtros criam uma versão Beta de você mesma e daí essa versão Beta Beta colide com a versão real daí você olha no espelho e você diz eu eu Sou péssima porque porque eu não sou nem aquilo que eu tô vendo nas outras e também não sou essa versão alternativa que eu criei de mim mesmo quer dizer as pessoas fazem eh coisas temerá
hoje na internet usar a internet com nome falso a gente diz isso eu fui lá Comissão da do do do Silvio Almeida do Ministério dos Direitos Humanos Porque isto é criminoso não é porque você vai ah então falar mal do outro meter a bronca e tal é que você vai perdendo a noção da tua agressividade é eu ia falar um pouco sobre isso assim você tem comportamentos hoje do cara que ele é um uh e você vai ver os comentários que ele posta no Instagram no Facebook você fala Caraca uhum de onde vem isso você
não falar isso não falar isso na mesa do bar como é que aqui como é que na mesa do bar você é uma pessoa na mesa do bar fala isso é o problema você sabe bem que você chega lá na mesa do fala aquelas coisas horrendas que você não diria quando você tá com a sua família em casa mas é eu vejo uma coisa que eu vivi que eu acho que eu vi eu tive o privilégio de viver uma transição uhum Porque na minha época de internet tinha o o físico e o digital porque pra
gente ir pro digital eu precisava vir para uma coisa então eu tinha que ir até um computador um microcomputador Ligar esperar na meia noite conectar é isso era uma coisa uma estrutura de carta né vai liga fecha é MSN e tal só que hoje ele tá aqui é 100% do tempo então eu não tenho mais um lugar aonde eu vou eu sou o lugar onde eu estou na internet né e eu percebo um pouco do hoje Principalmente um jovem gente que tá muito conectado a gente tá cronicamente digital uma coisa muito louca que a gente
vive conversando com alguns inscritos é o cara que ele é mais ele aqui uhum do que aqui sim e daqui e o Aqui começa a sofrer e o Aqui começa a se sentir inadequado e o Aqui começa a apresentar um funcionamento que é mais ou menos assim um déficit atencional crônico você não consegue prestar atenção em nada que dure mais de 15 minutos um filme uma conversa por mais que queira Por que que isso tá acontecendo parece normal por quê Porque você comeu o chamado tempo morto né o tempo que você precisa ficar consigo mesmo
em vazio em análise do que que você tá sentindo lembrando não você se ocupa ou seja É como se você e tirasse o tempo necessário pra acomodação das coisas em você e substituísse isso por mais inputs come mais né mais informação resultado no final do dia você tem mais informação do que você conseguiu processar fica um dficit uma um um superest pro dia seguinte resultado você dali a pouco tá você não consegue mais ficar presente no seu corpo nas suas palavras na relação com o outro porque não cabe mais né mas só para vocês saberem
antes de começar a gravação aqui ó o professor falou que ele tava dando uma peãozinho com Pondé né esses dias desse pessimismo é igual né is aqui divergências com P Termina de falar eu falo assim então é isso aí né boa sorte para você que tá vivendo a vida tem ser feliz não tem muito eh tem um conceito que eu tava dando uma olhada ali eh em algumas obras suas Eu queria conversar um pouquinho com você professor que é o o encontro na mata uau o que que é o encontro na mata você leu mesmo
hein isso a isso aqui a gente pesquisa Prof é complicado e mais ou menos o seguinte né a tem um paradigma muito forte nas Ciências Sociais né na teoria na antropologia nas Ciências Sociais que a gente chama de eh paradigma da troca simbólica né então a gente vai entender o que que é uma cultura O que que é uma sociedade que que é um povo e você então Analisa como as trocas são feitas né então como as palavras são trocadas como ah as pessoas saem de uma família e entram em outra família como acontecem relações
entre formas de vida entre religiões entre projetos de vida entre ideologias né ou seja o o conceito chave é a troca né a troca que pode ser por algo igual e pode ser por algo eh diferente né Eh isso originou né iso na base de um conceito muito importante paraa psicanálise e paraa antropologia que chama estrutura né a gente fala em racismo estrutural fala em estruturas sociais são no fundo o quê gramáticas de troca né é uma espécie de assim programa que já vem pronto e que você pode usar para fazer troca mas as regras
da troca são dadas ali né então os tipo ul adas De forma inconsciente né Assim como quando a gente usa a linguagem a gente usa a gramática sem parar para pensar se isso é uma oração coordenada adjuntivo né bom eh isso vale para boa parte e das nossas sociedades mas existem algumas sociedades ameríndias e especialmente no Brasil ao norte do Rio Xingu que tem um outro uma outra forma de vida elas são nômades andam na floresta e as trocas são mais assim esporádicas né são pequenos grupos e os arabit chegaram a ter 500 habitantes só
eh fugitivos os outros indígenas estavam predando elas elas escapavam de um lado pro outro e para essa comunidade eh além das trocas claro que tinha dentro para formar famílias alianças e etc existia essa prática de você eh caminhar na Floresta né sozinho à procura de um de uma predação né de uma anta uma paca ou um bicho para caçar ou Ah uma uma Castanheira para colher alguma coisa para comer e e isso produziu uma uma uma teoria social vamos dizer assim de que frequentemente você encontra algo ou alguém que você não sabe quem é algo
ou alguém que você não sabe se é humano se é inumano se é amigo se é inimigo se é uma cobra se é um espírito se é um Deus se é um lagarto enfim imagina a pessoa andando sozinha na floresta amazônica encontra um negócio que faz um barulho sei lá à noite né isso produz um tipo de relação com o outro né que é chamado de perspectivismo né em que você faz uma pergunta que é mais ou menos assim não eu sei quem eu sou e agora eu quero descobrir quem é o outro eu quero
saber como o outro está me olhando porque depende dependendo de como ele me vê ele pode estar vendo coisas que eu mesmo não enxergo em mim uhum e pode ser que eu seja esse que ela está vendo em mim e não este que eu estou vendo em mim e inicia-se então uma espéci de de de e troca de posições de de tateio de que vai definindo Quem é essa que eu encontrei Às vezes quem é esse que eu matei Ah um inimigo fui lá flei e matei mas quem é que morreu fui eu ou fui
ele e esse tipo de encontro na mata ele é um paradigma muito interessante pra gente pensar relação relações com o outro né relações que não seriam vamos dizer assim baseadas num narcisismo pré-estabelecido em que eu sei quem eu sou eu sou do Palmeiras você eu não sei quem é mas você for amigo do Palmeiras É da minha linhagem é da minha clã é do meu totem tá Isso foi pensado para assim imaginar eh uma certa um certo antídoto para um Brasil com sérias dificuldades de reconhecimento do outro né para um Brasil que constrói muros para
um Brasil que olha pro diferente taca fogo e para um Brasil que tem uma história eh de baixíssima perspectivação com o outro e consigo mesmo né que sofre então com uma espécie de crise narcísica permanente ricos e pobres lites e que humilham os outros e que e que estão numa batalha campal para se estabelecer e dominar e se apropriar né de Identidades com fins guerreiros né o encontro na mata é gente tem out tem outro caminho caminho você pode não seguir mas ele tá ali Vamos ouvir os nossos indígenas Vamos ouvir o kenac Vamos ouvir
o Urucu vamos vamos lembrar porque a gente também veio deles e se a gente veio deles isso tá em nós é é quase um olhar com com atenção né Um Olhar menos é um olhar menos fascinado pela própria identidade né é um olhar que se interessa pelo outro os nossos indígenas elas são assim colecionadores de palavras e almas elas querem as palavras dos outros né Eh mas é para ir sim descobrir indiretamente quem que eu sou não é eu já sei quem eu sou né eu eu eu tenho a prerrogativa né de estabelecer Quem são
os que que são os alguéns e quem são os ninguéns né e é é é a ideia de que para tratar o narcisismo a gente precisa se aprender assim eh meio sem Essência sabe uma essência por descobrir isso vai completamente contra a cultura do Coach a cultura da performance a cultura do empreendedorismo sim a cultura do assim o importante é saber o que se quer ou selfmade Man vai muito self né self é você você sa você precisa enfim se dominar se governar ser produtivo você pensar como unidade de combate toda essa esse excesso goico
ele é eh vou brincar aqui perca de tempo vamos olhar para uma alternativa a isso outra parada que eu gostei muito que você fala é do processo de condominial hia tamb do Brasil que que é esse processo dos do da condominal palavra difícil de falar condominizando né olha Eh você fez um recorte interessante né quando falou de que bom a gente tinha um mundo Rural E à medida que a modernidade vai avançando a gente vai indo para cidades né o Brasil viveu muito esse esse dualismo né até a década de 70 a gente discutia o
Brasil do campo e o Brasil das cidades né como fazer para resolver essa equação porque valores diferentes aparecia na literatura Modernista como é que a gente faz para se reconciliar com isso que tá no passado mas no fundo ainda é Brasil né nos anos 70 a gente vê assim aparecer um novo projeto em Brasil e esse novo projeto tá baseado numa espécie assim de modificação das famílias brasileiras as famílias brasileiras elas precisam se modernizar ou seja aquela velha figura do empregado doméstico que vem do escravizado do agregado daquele sistema de favores e etc começou a
se tornar assim insuportável né eh e estamos pensando no momento em que são Paulo o rio se verticaliza que você tem uma grande migração do Nordeste pro sul ou seja as cidades aumentam surgem as periferias E aí vem essa ideia Brilhante de que assim é muita mistura é muita mistura a gente não tá conseguindo lidar com isso e essa mistura tá entrando dentro das famílias Eu não eu não tenho mais aquela confiança que eu tinha antes vamos assistir o filme lá da da Ana muert né Que horas ela chega que é um filme que retrata
Exatamente isso bom nesse momento a gente então inventou Um Novo Brasil uma nova família brasileira que ela vai pensar o seguinte Olha o Brasil é muito grande não dá pra gente fazer tudo direito em todo lugar então vamos pôr um cercadinho aqui vamos pô muros aqui e daí dentro desses Muros a gente faz a nossa cidade com as nossas ruas com o nosso síndico com nossa arquitetura e vai funcionar tudo bem aqui dentro dessa nossa faixa de gasa dos ricos e daí isso é o qu é uma forma de vida é um é um instrumento
para assim sintomático para não lidar com a diferença diferença de raça diferença de classe diferença de gênero diferença de etnia di você você você cria né as bolhas digitais né Por que o Brasil é grande consumidor de redes digitais porque nós viemos de uma cultura acostumada que naturalizou a condominizar o qu como é que é Nossa educação vê lá os grandes grupos universitários comprando o estado e fazendo que bem entendendo a educação desde sempre como é que é a nossa saúde ah são os grupos e mesmo e agora o que tá acontecendo milícia no Brasil
é Condomínio é reprodução da lógica do condomínio que é no fundo um fracasso da gente isso aqui é República é espaço pú público de todo mundo o estado não pode se demitir não vou lá no mro alemão ali eu não cuido deixa entrega aquela essa parte deixa morrer de covid porque tanto faz isso aí é é é um estado vamos dizer assim e que decide necropolitica que alguns vão morrer outros vão viver acho muito engraçado porque até que no nosso papo você falou a coisa do quando você aprende um conceito e as ideias parecem que
encaixam melhor porque essa é uma coisa que o eu vi principalmente em viagens assim eh por exemplo fui aos Estados Unidos uhum a propriedade privada é maior nos Estados Unidos Então essa é a minha casa né Nenhum condomínio aqui você pisa no eu lembro de uma experiência que eu tive nos Estados Unidos que eu pisei num Gramado uhum com um grupo de pessoas a gente tomou uma bronca por pisar no gramado da casa da pessoa fala uau sabe aqui é um não posso pisar aqui eh eu lembro na minha experiência na Europa das viagens que
eu fiz de quando eu morei lá do quanto um existe uma preocupação muito grande com o coletivo do tipo praças parques apartamentos muit muito pequenos mas espaço muito aberto ruas muito boas de se andar Então tudo você faz a pé transporte público é uma coisa meio mão um pouquinho do meu jardim mas eu sei que eu vou ter uma locomoção uma cidade tão boa de se habitar que tá tudo bem eu troco um por outro e aqui a gente tem Maisa coisa do condomínio né acho que tem um tem um bairro aqui próximo e que
é um bairro que é colado no centro de São Paulo que não é um dos melhores lugares se morado da cidade e esses dias eu vi um condomínio de duas torres num mar com lotado de morador de rua tal e o preço do apartamento sei lá r 500$ 600.000 f isso é muito louco porque alguém construiu um lugar uhum cercou você a gente não vai se preocupar com essa rua não vai ter uma praça aqui não vai ter um asfalto legal não vai ter uma calçada legal por quê Porque nos gente vai ficar aqui dentro
por a gente tem que se preocupar com o que tá na rua se aqui dentro tá tudo bem né isso e a gente tá sendo empurrado muito para isso né do tipo ó a polícia não vai cu cuidar de você porque você não vai cuidar da sua casa então você não muda para um condomínio pelo menos lá você faz a sua segurança você faz os seus vizinhos você você planeja sua vida e daí vai ficar tudo bem né e dane-se a praça e dane-se o coletivo e dane-se o bem-estar e Dan urbanismo é um quase
um feldo né que a gente cria é e um feldo que depois as pessoas vão começar a dizer assim que meio chato né só tem gente como a gente a monotonia começa então a impulsionar excesso e abuso de substâncias começa a impulsionar o que o Fred chamava de narcisismo das pequenas diferenças que é assim ah quando a gente é muito parecido o fato de que você tem o Nike da última geração torna você alguém super mega maioral porque o meu é da penúltima geração então As pequenas diferenças elas são fontes de grandes discussões são grande
fontes de grande agressividade são tomam muito tempo das pessoas e assim por diante né então ah a o desprezo pelo pelo coletivo Você tem razão né mas assim uma dupla incidência do que significa o espaço público no Brasil né para os ricos o espaço público é um lugar que eu posso me apropriar eu posso comprar lá o pedaço da praça negociar enfim a praia a ilha né exatamente praia particular Olha que incrível ideia né A Ilha que é só minha enquanto que para os pobres o espaço público o lugar onde você pode tomar uma rapa
da polícia um lugar perigoso l o lugar que que que não te protege Nosa uma tristeza tão grande a tô falando é assim do Pondé que termina a guç não me leva eu sou um absoluto otimista eu sou otimista sem esperança mas otimista acho que que o Brasil tem jeito sim e a gente vai conseguir a gente vai conseguir eh tem um um tópico que você tratou num num vídeo do seu canal e eu queria falar um pouquinho mais que a gente já tratou algumas vezes aqui que é essa questão da compulsão ou do vício
por pornografia uhum da onde vem essa compulsão e esse vício professor e vários várias origens várias funções é uma prática muito antiga né Eh vamos dizer que ela tem uma origem nobre né Eh ela remonta um momento em que as mulheres na Grécia antiga algumas podiam falar e eram as cortesãs né pornograf né aquela que pode dizer em público algo que era colhido no super privados né então Eh ela tinha uma conotação de assim vamos escutar essas mulheres porque elas têm algo a dizer nesta situação né bom claro que aí você vai vai dizer assim
mas tem a pornografia que é um mercado né que explorou mulheres trabalhadoras sexuais desde sempre produzindo objeta produzindo humilhação produzindo reproduzindo né Eh formas de sexualidade Eh vamos dizer assim degradantes né Eh a gente tem uma uma atitude diante disso que é mais ou menos assim a a pornografia guardado né A forma como ela é produzida Isso mudou bastante quando a gente tem um ambiente digital em que a a uma certa porn uma certa prostituição ela ela ela saiu de cena e entrou uma outra forma de lidar com a Sexualidade com a com as intimidades
com o encontro sexual né a gente pode dizer assim a a pornografia é como se fosse assim um tempero né Você pode usá-lo né momento principalmente em que você está meio em déficit com a sua fantasia no fundo a gente trepa a gente tem prazer é com esse brinquedo eh abstrato que são nossas fantasias nossas fantasias não precisam de nenhum pompom n nen uma botinha se você sabe usar a sua fantasia uma pornografia é quase que assim um uma uma brincadeira da expansão de de descoberta né de novas de novas versões paraa sua fantasia e
etc mas há muitas situações especialmente as situações neuróticas em que o sujeito ele ela teme boa parte das suas próprias fantasias ele ele Amassa a sua vida de fantasia ele não quer saber disso Ela trabalha demais de repente ele diz assim mas eu não penso mais em sexo sumiu da minha cabeça não tem mais espaço para isso como é que você tá tratando a sua sexualidade como é que você tá tratando sua fantasia então nessas vamos dizer assim nessas situações mais problemáticas você vai ter um uso né e da pornografia que é assim em vez
de né não é o caminho para não é o condimento para você inventar um brinquedo novo mas é se eu não assistir o filme pornográfico eu não consigo ter uma ereção se eu não Us D Aquela aquele objeto eu não vou ter prazer no meu encontro sexual e aí isso significa o quê que a tua fantasia ela tá tão manca que você precisa de um mísero objeto de realidade para ela engatar né é um pouco assim eh aquelas pessoas que que só conseguem manter um um uma um erotismo se for um um novo encontro uhum
pá porque a força do da novidade daquela daquela sedução ela é muito grande é como J jogar gasolina Ô joguei gasolina Olha só o fogão que fez Mas e a tua capacidade de manter né o teu erotismo na tua fantasia conjugando isso com intimidade conjugando isso com uma vida comum zero bom então aí você vai se tornando dependente da pornografia aí a pornografia vai vai virando o seu meio de vida né então pode ter uma compulsão pode ter uma dependência você você pode ficar vamos dizer assim eh meio que incapacitado para o seu próprio seu
próprio erotismo você tem que comprar o erotismo do outro né E como é que trata como é que cuida tem um botão de reset uhum não é difícil não é difícil é é aquela aquele quadro que você diz assim e conta mais né a disposição do sujeito do que a dificuldade de fazê-lo né muitos consumidores Vorazes de pornografia são aquele mesmo tipo que diz eu não vou lá falar para aquela menina que eu gosto dela eu não vou dizer que eu tenho aqui uma vulnerabilidade eu só posso entrar em campo se eu for assim o
bem Galão da janela do super macho Daí você diz assim sua fantasia tá meio meio limitada né amigo você não consegue e vesti-la para falar com uma outra pessoa e ter vamos dizer assim um encontro onde a fantasia vai fazer mas outras coisas também vão fazer parte né então incels Red pills masculinidades tóxicas todas elas têm essa mesma gramática né de redução do erotismo no fim né quero ir agora falar do outro lado Professor a gente falou do consumo de conteúdo pornográfico mas a gente teve aqui recentemente muito polêmico inclusive aqui a gloriosa Beiçola do
privacy que não sei se o senhor t o prazer não ultrapassou meu meu léxico moral você não se sente um pouco bosta Léo Quando Você traz alguém esperto aí você fala de uma coisa extremamente mundana e a pessoa olha para você fala eu não sei o que é isso meu amig exp exp beola do Desculpa professor Desculpa se a pessoa que tá te apresentando é uma garota que ela faz conteúdo erótico pra internet privacy que é uma plataforma privada e ela vende o conteúdo dela com uma brincadeira que é ah do um presente misterioso tá
E tipo uma cam Girl é tipo uma cam Girl de uma plataforma mais fechada que você precisa pagar uma assinatura tal enquanto a gente conversava ela fez um comentário não sei se foi aqui ou se foi em algum outro podcast que eu vi que ela falou sobre e ser ser ter um only fans é uma coisa cada vez mais comum isso aqui ela falou que é uma coisa que cada vez mais pessoas ter e é uma coisa que eu realmente reparo assim que é uma coisa cada vez mais comum mesmo essa coisa da própria venda
do conteúdo do corpo então não só a gente tá consumindo mais conteúdo pornográfico mas a gente tá produzindo mais conteúdo e hoje às vezes nem só como método de viver né eu conheço pessoas que são publicitárias e tem conta non fans publicitárias e tem não sei o quê o quanto essa produção desse material erótico diz sobre o nosso interno o nosso inconsciente também eu acho que aí não é tão difícil a gente imaginar né que há um um déficit crescente de experiência real né E isso vem acompanhado de um temor né uma uma dificuldade de
de lidar com situações por exemplo em tempo real dar uma aula fazer uma apresentação num seminário fazer qualquer coisa que você não possa regular a temporalidade da resposta tipo WhatsApp recebi agora respondo quando eu quiser e se eu quis quiser né Eh comentário Se eu quiser eu vou se eu não quiser eu não vou né a vida real em muitas situações ela coloca um tempo real em que você não pode fazer esse delay entendeu isso é sentido por muitas pessoas com extremamente aflitivo né extremamente assim eu não eu não vou ali porque ali pode pode
acontecer essa demanda nessa outra chave né então o o que a gente vai ter tem uma pesquisa muito interessante que diz assim o tempo de captura do olhar eh em redes sociais e exposição em geral eh digital ele aumenta conforme o número de centímetros de corpo mostrado sabia disso caraca é por isso muitos camisa regata Não é só para mostrar que tem o bíceps etc é vamos começar a dar uma aqui hein Léo tô com professor já abru um botãozinho ali ó vou aqui abrir o meu também tá não vou deixar barato não aqui ó
vamos aumentar a retenção não E esse tipo de regras né e eh eh você nem sabe mas ela tá rolando ali né então você pega o griner você pega um um um um um tinder e as pessoas vão aplicando isso porque tem um um saber ali em jogo né então genericamente a gente pode dizer assim esse esse déficit de experiência real e esse temor de experiência real produz o quê espaço para experiências reais contra né experiências em que eu posso ter assim sexo mas a hora que eu quiser né quando eu quiser na dimensão que
eu quiser e isso tá marcado pelo quanto eu vou pagando né segmentadas Por mais um pedaço de corpo por mais um um beijo por mais intimidade né e isso é uma coisa que eu desenvolvi num livro chamado reinvenção da intimidade né a a relação entre o público e o privado ela se alterou dramaticamente ente com as redes sociais porque o mesmo conteúdo na escala X é privado na escala Y é público Ah tipo você tem 2.000 seguidores privados são seus amigos 50.000 já não é mais mesmo material ele ele flutua e a gente aprende a
lidar com essas flutuações quando você tá falando mais pro público quando você tá falando mais com aquela pessoa quando você está fazendo uma intervenção para assim e produzir um efeito para um terceiro e quando você tá aqui presente e negociando uma uma fala vamos dizer assim mais mais privada Essa complexidade ela tornou assim mais e mais raro mais e mais raro a experiência da intimidade né E é isso que acho que a gente tá sofrendo bastante escuta no consultório né ah o sexo é fácil o sexo se arruma mas alguém com quem você possa se
abrir e falar das suas dificuldades de deixar no varal o seu ego dividir um pouco sua vida criar assim essa essa experiência de compartilhamento cada vez mais difícil né e cada vez mais difícil E você tem então uma falsa solução necessária que são os segmentação de consumo de de experiências que t a ver com o corpo né e p produ esse esse sensação de que isso é mais verdadeiro de que isso é mais real e e o quanto eu produzir isso eu estar preso eu estar produzindo conteúdo sobre meu corpo Uhum ele me afeta ele
pode me afetar porque eu acabo me tornando um produto também né Pro outro de certa forma eu vou postar essa foto minha com Detinho polpinha da bundinha a vai Tero um escalonamento também né Você também vai perdendo uma conexão sua com o seu privado né sim porque frequentemente ente a gente escuta isso né aquela pessoa no Divan diz não mas eu já saí dos aplicativos por quê Porque lá só tem gente querendo trepar falei É mesmo Como é que você se apresenta eu me apresentar então eu quero ver como é que é que que você
escreve que que você põe Qual a foto daí a pessoa começa a falar você se apresenta como um pedaço de carne que que você espera que o outro vai fazer é assim que você tá se pondo né E que que você disse de si aqui para valer ah ninguém fala para valer nesses lugares bom se você não põe o coelho dentro da cartola você não vai tirá-lo de lá depois né então a toda uma Eh vamos dizer assim como você falou uma transformação né das relações e segmentos de relações em produtos né E quanto mais
você cultiva isso mais você vai enfrentar efeitos sintomáticos de inibições gravíssimas né de de sentimento de inadequação pervasivo né todo mundo vamos dizer assim se achando impostor se achando menos do que devia achando que tá rolando a maior festa para todo mundo e você é um fracassado porque você não ganhou o seu primeiro milhão e e cultivando por exemplo né então uma maquiagens e e operações e modulações do corpo porque no fundo você vai se se formando em ser um administrador da sua imagem sa né quer dizer sua identidade virou também um um produto né
com um valor de mercado que sobe e desce nas nas na bolsa de ações e tal é um jogo é um game e é em certa de certa maneira assim fascinante você brincar com isso né Mas se a sua única brincadeira for essa você tá Em Maus Lençóis né pra gente encerrar Professor eh a gente falou aqui dos Sofrimentos modernos dos males dos transtornos mas eu queria falar um pouquinho com o senhor quero perguntar pro senhor um pouco do lado positivo Uhum que que você acha que essa pós-modernidade essa o contemporaneidade que a gente vive
aqui tem de positivo o que que a gente modelo de vida hoje tem de melhor do que nossos antepassados viveram Ah eu acho que a gente tem essa essa experiência né de você poder ter um espaço de abertura para falar a gente tá muito mal ainda organizado né faltam Marcos regulatórios faltam Marcos jurídicos etc mas você percebe que tem aí uma consciência Nascente eh que é absolutamente nova uma consciência ecológica Nascente inédita uma consciência vamos dizer assim de repúdio ao racismo de eh de enfrentamento da desigualdade social que é assim está se estabele Endo como
um grande consenso né Ainda não chegamos num ponto que esse consenso é capaz de gerar de fato inicia iniciativas transformativas mas a gente vê que isso tá se formando né os os os o nível de politização dos jovens aumentou pro bem e pro mal você pode dizer tem muitas tem muitas iniciativas assim que são idade de gente que tá começando mas por quê Porque pelo menos contando o Brasil a gente tinha uma quantidade imensa de pessoas excluídas da conversa que você só ouvia de quatro em quro anos na boca do caixa para dizer vota um
ou vota dois né dizer Olha quantas pessoas hoje pela primeira vez deixaram esse lugar de estarem permanentemente canceladas que estão falando aí que entram no seu canal que dão opinião não às vezes opiniões erráticas bagunçadas haters e etc mas eu vejo isso como o que deve ter acontecido no século X quando o Gutenberg inventou a imprensa Sim todo mundo fazendo folhetim falando mal um do outro tendo sua própria versão da bíblia quem diria Jesus alado olha que coisa maluca nós estamos vivendo um momento de transição como você tá dentro do furacão você só consegue ver
bagunça você só consegue ver as coisas girando mas recuando um pouco e tendo essa medida de história de de de de maior longo prazo eu acho que as as expectativas elas são de que a gente vai enfrentar melhor vários problemas em relação aos quais a gente está muito atrasado né Eu acho que vai ter uma vão surgir mecanismos eh políticos né de de tomada de decisão coletiva de ação coletiva né Porque hoje a conversa a internet ela não consegue passar né pra vida institucional as nossas instituições são do século XIX nós não temos ainda instituições
digitais né estão começando um pouco aqui ali mas assim eh plebiscitos a toda hora consultas públicas e participação digital em escala de massa na saúde na educação nos debates públicos né Isso tá completamente desorganizado Mas você vê que o o a inclusão a cidadania digital era uma experiência que deu voz a milhões de pessoas estavam canceladas desde sempre né até mesmo acesso né eu tive trocando ideia com um rapaz que ele precisou utilizar serviços do SUS Uhum e ele tava me contando de toda uma rede de apoio que ele encontrou de de como e quais
hospitais atendiam de que determinada maneira então uma coisa que a gente há 10 anos atrás entraria numa fila demoraria 10 15 Eu precisaria falar no boca a boca de dar a sorte da pessoa certa tá Naquele dia naquele lugar o cara conseguiu entrar num grupo do WhatsApp falou assim ó você precisa desse exame tem esse hospital nesse bairro que não tem fila se você for para essa cidade você consegue esse médico então o cara conseguiu agilizar todo um processo por causa de uma rede Uhum Então mesmo uma coisa falha que ainda pô do SUS mas
a forma como a gente enfrentou a covid né o o SUS deu conta por quê Porque tinha recursos aí de e gestão informática né que isso que são inéditos e É acho que é o lado é o lado bom né que eu acho que essa coisa da voz que você falou é importante né o acesso à informação a voz uhum acho que pô a gente que viveu o mundo offline uhum eh Pô eu lembro como era pô se eu fosse preparar essa pesquisa no ano que eu entrei na faculdade eu não ia achar entrevista do
Senhor de você online livro eh PDF texto eu não ia conseguir achar não ia ter não ia existir ia prisar da ir numa biblioteca pegar um livro ler o livro ver ISO uma experiência muito mais difícil que hoje pô não eu consigo achar esse material fácil eu consigo estudar eu consigo pesquisar por o que que é isso que que aquilo então acho que a gente nunca teve tanto como a gente usa essa informação que a gente tem acesso ainda é um problema mas o acesso pelo menos é é é por quê Porque falta qualificação É
isso mesmo porque como é que eu vou saber que esse canal é legal esse aqui é fake News de ponta a ponta esse aqui dá para confiar não tá muito é muito muito novo faltam as certificações falt consenso de olha aqui esse esse esse tem o certificado x esse aqui você corre por sua conta que o mundo pré-internet já tinha isso bem estabelecido né Nós estamos construindo né É É uma tarefa aí por vir né Professor um prazer enorme gravar com o senhor quem quiser saber mais do seu trabalho curso Livro onde é que eles
podem te encontrar podem encontrar na USP no instituto de Psicologia super fácil de entrar gente uma provinha ali básic não não não isso é uma coisa que a gente tem batido né assim as pessoas sentem que a USP para quem entrou na USP né a gente tem uma campanha aberta de aulas abertas seminários abertos Pô legal e e o a história dos condomínios começou nas associações de psicanálise a psicanálise precisa ser mais aberta pro mundo e emb baixar os mundos da os Muros da Universidade a gente precisa construir uma nova Elite nesse país uma elite
responsável uma elite mais missen uma uma elite que que que tem compromisso e implicação com que o que a gente vai fazer E para isso não vão ser os os eleitos de sempre vai ser a turma que que que pode usufruir da USP sem sem ser enfim aluno regular né pô que legal mas também pode entrar enfim em contato com a gente pelo canal canal do YouTube né eu falando nisso e que já tem aí 10 anos conduzido pelo bule pelo pela banda de rock do meu filho né em que a gente responde perguntas de
Psicologia psicanálise de e filosofia de política também enfim é um canal bem divertido já e tem bastante curso para vender né que eu sei olha poucos cursos para vender é que eles fazem muita propaganda mas eu gravei alguns cursos né para para casa do saber eh eu acho que tem um outro na PUC também eh em algumas associações de psicanálise né Eh tem tem os cursos que a gente que a gente faz escrevedeira né eh mas eh em comparação com Pondé carnal Cortela eh eu acho que o número que de cursos que que tem por
aí é bastante Modesto vamos dizer assim professor Muito obrigado novamente pela sua participação maravilhoso ob ter você aqui conversar com você e muito obrigado você que ficou com a gente até agora Um grande beijo e é nós valeu