Olá amigos! Estamos, aqui, para a gravação de mais um episódio do nosso estudo do livro Gênesis de Moisés. Dando sequência àquela primeira introdução que fizemos ao capítulo quatro do livro Gênesis, que narra a história dos dois irmãos.
A continuidade de um processo que nós estamos avaliando e refletindo sobre ele, que é aquela história de Eva, Adão, a serpente, e, agora, culminando nesses filhos de Eva e de Adão: Caim e Abel. Nós vamos começar comentando um aspecto muito importante: é que esses textos, como muito bem ressaltado por Emmanuel no livro O Consolador, são livros repletos de um profundo simbolismo. Emmanuel chega a dizer no livro A Caminho da Luz e no livro O Consolador que o Velho Testamento é um monumento da Ciência secreta do povo hebreu, em que somente os sábios e os iniciados da Antiguidade Poderiam interpretá-lo de maneira segura.
Isto dizia Emmanuel, porque sem a chave do Consolador prometido fica muito difícil avaliarmos certos temas, certos assuntos que são tratados no livro Gênesis porque corremos o risco de dar um enfoque sociológico apenas, dar um enfoque político, um enfoque meramente religioso, no sentido de organização religiosa, ritual religioso ou dogma religioso e perdemos aqueles elementos que dizem respeito à evolução espiritual, à realidade do Espírito imortal. Por exemplo: aqui no texto fica descrito que o Senhor Deus se agrada da oferenda de Abel, que é a oferenda de ovelha, do sangue da ovelha, mais do que se agrada da oferenda de Caim, que são frutos da Terra. Isto poderia, em uma interpretação equivocada, distorcida, que extrapola o propósito do texto bíblico, Isso poderia nos levar a dizer que cuidar de rebanhos, é superior a ser um agricultor ou que a atividade da agricultura estivesse sendo menosprezada, desvalorizada pelo texto bíblico.
É um absurdo que a nossa reflexão, sob as luzes da Doutrina Espírita, não pode permitir esse tipo de avaliação. É claro que agricultura é de uma nobreza espiritual imensa. Sem a agricultura, sem o trabalho do lavrador nós não teríamos o pão à mesa.
Da mesma maneira, o trabalho do pastor, principalmente na época em que as pessoas precisavam se agasalhar, dependiam dos produtos oriundos do pelo da ovelha e, inclusive, se alimentavam da ovelha, era uma fonte de proteína muito importante para aquele povo nômade que vivia no deserto. Não se trata dessa avaliação puramente material. O que está em jogo, aqui, é um conjunto de símbolos, de simbologias muito profundas que vão aparecer em todo o Velho Testamento, principalmente, no livro Levítico.
Nós estudamos tivemos a oportunidade de estudar o livro Levítico e lá nos debruçamos com mais tempo sobre a questão do sacrifício dos animais, do que representava o sangue, da simbologia por trás do sacrifício de animal. O sacrifício de animal como uma figura, como um elemento didático, porque a humanidade estava na sua infância espiritual. Então, aqui, o mundo superior lidava com crianças e oferecia a essas crianças recursos pedagógicos concretos, materiais, palpáveis, Recursos esses que escondiam uma pedagogia abstrata e espiritual, que só mais adiante nos séculos vindouros poderia ser aprendida.
É o que Paulo fala: ‘estava lançado um véu sobre o Velho Testamento’. Com a vinda do Cristo, que inaugura a maioridade espiritual do orbe, esse véu é retirado e o sentido dos símbolos apontam para a figura do Cristo que é o guia e modelo que sintetiza a revelação espiritual na sua pessoa, na sua conduta, na sua vida, nos seus ensinos. Toda a simbologia apontava para a figura do Messias, apontava para a figura do Cristo e utilizava elementos pedagógicos concretos para já começar a sensibilizar a mentalidade religiosa.
dos Espíritos encarnados naquele período. Este é o sentido. Então, o que que o texto já está apontando?
Que nós temos uma gradação: o Caim que opera na terra, faz o trabalho da terra e aquele que já oferece o sangue, o sacrifício. Nós comentamos no nosso estudo do Levítico, se você tiver alguma dúvida volta lá no estudo do Levítico, acompanhe que esse assunto não tem como a gente retorná-lo, aqui, porque ele é muito extenso, Ele foi explicado, foi trabalhado No nosso estudo do Levítico. Mas, o sacrifício do animal ele aponta para a simbologia da encarnação Na encarnação do Espírito, porque o Espírito, na encarnação ele consome o seu corpo físico, ele literalmente derrama sangue para que ocorra o processo de purificação espiritual, para que ocorra o processo de expiação espiritual, de purificação e de aprendizado, em que o Espírito se aproxima de um estado que o Velho Testamento vai chamar de Santidade.
aqui, não tem nada a ver com o conceito religioso de Santidade das igrejas. O conceito do Velho Testamento de Santidade que é proximidade de Deus. Quanto mais próximo de Deus, menos material é o Espírito.
Nós aprendemos isto também em O Livro dos Espíritos, onde os Espíritos ao se desprenderem dos laços da matéria, ao adquirirem uma autonomia que os coloca acima das injunções da matéria, vai se aproximando cada vez mais do Criador, de Deus. O processo de evolução é um processo, então, de "desmaterialização" (entre aspas), Desmaterialização no sentido de estar cada vez menos sujeito, menos escravo da matéria. Então aqui, há uma oposição.
Nós temos um Abel, que já começou uma subida espiritual, já está nesse processo de oferecer o cordeiro e que é interessante porque Abel já é uma pecinha do quebra-cabeça apontando para Jesus. O fato de ele oferecer o cordeiro já é uma indicativa de um texto muito importante que é quando Abraão leva seu filho Isaque para o monte, para ser sacrificado e, em lugar de Isaque, o Senhor oferece um cordeiro. Nós sabemos disto, este texto é muito importante, Muito importante.
esses dois textos: a figura de Abel, esse texto de Isaque e depois Jesus sendo interpretado como aquele que sintetiza o cordeiro da Páscoa, que é um outro elemento. Na Páscoa precisava ser sacrificado um cordeiro, o sangue do cordeiro era colocado na porta e o anjo da morte pulou as casas em que haviam o sangue do cordeiro. Só morreram os primogênitos das casas em que não havia o sangue do cordeiro.
Então, olha como que se liga essa temática, embora pareça um pouco grosseira aos nossos olhos do século XXI, ela está narrada, está construída na linguagem de 3. 500 anos atrás, de 4. 000 anos atrás.
Então, é um texto construído para uma mentalidade antiga. Mas, nem por isto, ele deixa de conter os seus aspectos imperecíveis que é a luz espiritual que se desprende do texto, o conteúdo espiritual que é atemporal, porque diz respeito à evolução do Espírito. então e é este conteúdo, o espírito da letra que nós temos que resgatar.
A letra é antiga, a letra é grosseira, está em uma linguagem que pode chocar a nossa sensibilidade atual, Pode chocar, né porque eu acredito também que muitas coisas que nós fazemos, hoje, chocaria uma pessoa de 4. 000 mil anos atrás, tem certos comportamentos nossos, da nossa sociedade hoje, que chocariam um habitante do deserto de 4. 000 anos atrás, mas, paciência, não é!
É preciso ultrapassar esses aspectos literais, Literários e encontrar a essência por trás do texto e a essência conecta Abel, aquele que oferece o cordeiro, oferece como sacrifício. A expressão religiosa da época era a oferenda, estudamos isso também no Levítico, Oferenda de vegetais, de cereais e oferenda de animais. Então, Abel, aqui, já está um passo adiante, ele já está na oferenda mais substanciosa, a oferenda do sangue, o sangue do cordeiro.
Esse sangue do cordeiro vai aparecer novamente na Páscoa, Ele vai aparecer em Isaque e, depois, ele aparece sintetizado na figura do Cristo que é entendido, que é visto como o Cordeiro de Deus, quer dizer, aquele cordeiro que Deus ofereceu em lugar de Isaque para o sacrifício, alguém foi sacrificado. Pensa, assim, em uma simbologia profunda e Caim, ainda, na oferenda do cereal, nas primícias dos cereais, a primícia da colheita, está no chão, está cultivando a terra. Essa gradação é importante, mas há um elemento, aqui, que é Que é muito importante: tanto Caim, quanto Abel, estão em busca de conexão com Deus.
Se percebem desconectados, estão no caminho de comunhão com Deus e elegem, cada qual, de acordo com o seu nível de consciência, com seu nível evolutivo, cada qual, elege um meio, um instrumento para fazer essa comunhão divina. Então, nós temos que Nós temos que ver que o meio, o instrumento ele tem, aqui, um papel secundário. Em ambos, havia o desejo de reconectar-se, o desejo de comunhão, comunhão perdida.
Perdida por quem? Por seus pais. Por seus pais.
Aqui é um tema importante, muito importante. Quando Jesus, no Evangelho de João, tem diálogo com os fariseus, esse diálogo permeia o capítulo 8, 9 e 10 do Evangelho de João, Jesus é comparado a Abraão. Então, o núcleo do da discussão, desse diálogo está nessa comparação se Jesus era ou não filho de Abraão.
Ser filho de Abraão significa manter as tradições, estar inserido no grupo, seguir as normas do grupo, os padrões culturais do grupo fariseu. E, Jesus tem uma fala assim: 'Vós tendes por Pai ao diabo e vos esforçais para realizar a sua vontade, ele foi homicida desde o princípio. ' Esta é uma clara referência de Jesus a Caim, a esse texto que nós estamos estudando.
Olha que interessante: no diálogo que João registra, nesse registro de João do diálogo de Jesus, Jesus teria feito uma referência ao a esse capítulo quatro do livro Gênesis. Aliás, Jesus faz inúmeras referências ao livro Gênesis, principalmente, a esses capítulos iniciais: do primeiro ao sexto. Inúmeras referências!
A todo o momento Jesus evoca esses textos do Gênesis. Mas, que história é esta? O diabo foi homicida desde o princípio, chamando Caim de diabo?
Aqui, nós precisamos atentar para o significado da palavra. Diabolus é a tradução grega da palavra satanás, que é o termo hebraico. A palavra satanás, em hebraico, ela tem vários significados.
Vários. Mas, o principal, o núcleo deles é que o satanás é o adversário, é a parte contrária, é o outro polo do debate, da briga, do litígio, do processo. Por isso, ele é visto como o acusador.
Então, nós temos o satanás e o sanegor. O defensor que, em grego, sanegor vai ser traduzido por paracleto, paracleto, o advogado, o que consola, o que defende, o que esclarece, o que corrige, o que educa e, do outro lado, o diabolus, que é o que acusa, o que persegue, o que testa, o que coloca em provas. Nesse sentido, é bonito porque, ao contrário do que as Religiões construíram em toda a figura do diabo ou do satanás, o mal é visto como aquele elemento que testa o bem, que coloca o bem em prova, que prova se o bem é bem ou se ele é mal.
Então, ele é o vestibular, o diabo é o vestibular (tem gente que vai gostar disso, né, dessa comparação. O diabo é o vestibular). Mas, ele é isto: ele testa, ele é o teste, a prova se você está preparado para realmentenser chamado de justo.
Então, não há justo que não passou pelo diabo, por satanás. Esta é a simbologia da tentação de Jesus. O Cristo é o justo, que passa pelo diabo, por satanás, tira nota máxima em tudo e, daí, é declarado justo e o diabo se afasta.
Deixando pra nós… Ele não precisava passar por isso, não é porque Jesus era superior ao examinador. Quem o examinou, quem fez a prova para testá-lo, sabia menos que ele. Do que Jesus.
Mas, porque Ele passou por isto? Para nos deixar uma lição de que não há processo evolutivo sem teste. Você quer adquirir paciência.
O que que você recebe? Pessoas que vão testar sua paciência na família, nos relacionamentos, no trabalho, no trânsito, porque sem esse teste, você não adquire paciência. E é assim com todas as outras virtudes.
Então, o diabo tem essa função de acusador. Isto está muito bem explicado no texto de Jó. Jó era visto como justo e o diabo disse: 'vamos ver se é justo mesmo!
'. E o diabo começa a propor uma olimpíada para Jó. Ele tem que passar por testes muito difíceis e, ele sai, no final, ele sai com toda a dificuldade, mas sai de pé do outro lado e, daí, é declarado justo e cessam todas as circunstâncias de testes e de provas.
Este é o sentido metafórico do termo diabo. Quando Jesus diz: 'vós tendes por pai o diabo, vos esforçai por realizar sua vontade, ele foi homicida desde o início', Jesus estava dizendo que aquilo que nós já lemos no episódio anterior: a nossa civilização, a civilização terrena, os encarnados na Terra são, ainda, inspirados por Caim. Caim é nosso pai.
Pai, não no sentido de pai biológico, pai no sentido de inspirador, o fundador. Nós imitamos Caim, que é filho de Adão Do Adão e Eva. Ou seja, aquele projeto que começou com Adão e Eva, agora, se corporificou em Caim.
Caim é encarnação da proposta da serpente. Isso é importante a gente entender isto, porque Jesus vai ser a encarnação do verbo divino, da palavra divina. Deu para entender?
Isto é simbólico. cuidado, cuidado, respira, dá uma pausa no vídeo, toma uma água e respira, porque se você interpretar isto, aqui, ao pé da letra, você vai se perder, se você interpretar literalmente o que eu estou falando, você vai se perder em um labirinto. Cuidado!
Cuidado! Respira, toma uma água, vamos extrair o espírito da letra. Nada de literalismo.
Nada de Bíblia ao pé da letra, pelo amor de Deus. Então, vamos lá. Vamos lá.
A serpente, a proposta da serpente, que era 'Eva come da árvore proibida, Deus está com medo de você ficar maior que Ele, ou ficar igual a Ele. Come'. Esta era a proposta.
Essa proposta da serpente foi acolhida pela mulher. Não é? O Honório, Que gostava muito de um texto de André Luiz, que está no Evolução em Dois Mundos, que fala da fecundação psíquica.
O que que é isto? A mulher tem um útero, ovário. Então ela lança óvulo e vem um espermatozóide externo, Vem o espermatozóide, encontra com o óvulo e dá início ao processo da concepção.
Uma concepção biológica que vai dar origem a um outro corpo físico na mulher. Esta é a física. Mas, nós também possuímos uma espécie de útero mental, o nosso campo mental elementos de outras mentes penetram a nossa mente, a nossa atmosfera psíquica - como chamava Kardec - e nos fecunda.
Então quando alguém diz assim: 'o fulano porque você não faz vestibular para Engenharia' E você fala: 'Ah é, não tinha pensado'. 'Eu acho que você tem jeito pra Engenharia, você gosta de matemática, você gosta dessa coisa de construção'. aí, a pessoa… 'você já está trabalhando, aqui mesmo, na empresa,você já lida por que você não faz o vestibular?
' Olha a pessoa fecundando! Aí a pessoa acolhe aquela ideia, começa a estudar, vai recebendo E aí acaba Está lá na formatura. no dia da formatura, saindo o convite bonito e ela escreve assim: 'queria agradecer ao meu chefe que insistiu para que eu fizesse Engenharia, se não fosse o seu incentivo, eu não estaria aqui hoje.
' Fecundação psíquica! Qual é o fruto, agora? O diploma de Engenharia é o fruto daquela fecundação que ocorreu lá atrás.
É a mesma ideia aqui. Deu para entender? Então, a serpente vem e fecunda Eva e Adão, que é o marido, permitiu Permitiu isto.
Por isso que ele é responsabilizado. Percebem isto? Pára de pensar Adão e Eva como marido e mulher.
Adão e Eva estão dentro de você. Pensa dentro de você. A sua razão tinha que ficar vigilante com seu sentimento, não permitir que o seu campo emocional seja fecundado por qualquer coisa.
Mas, aí, a razão, o discernimento, o bom senso baixa a guarda e o nosso coração aceita qualquer coisa, qualquer proposta, inclusive, a proposta de afastar-se de Deus. Por isso, qual é a pena, aqui, da mulher? Está dizendo aqui, olha que interessante: 'Multiplicarei as dores de tuas gravidezes, na dor darás à luz filhos.
Que filhos? Só filhos biológicos? Será?
Olha que interessante isso. Teu desejo te impelirá ao teu marido e ele te dominará. '" Gen 3: 16.
Sim. Eva representa o sentimento insubmisso, o sentimento que não tem princípios, que não tem limites. É sobre esse domínio que o texto fala: o domínio do bom-senso, da razoabilidade, da nossa razão, da nossa capacidade de discernir sobre a multidão de emoções que fervem dentro de nós.
É este domínio aqui que o texto fala. Como isto não aconteceu, Ela acolheu a proposta da serpente fecundou Eva e nasceu quem? Caim.
Nasceu Caim. E o Caim é o primeiro homicida na história. Caim é aquele que vai encarnar, Corporificar tudo que representa a serpente e a serpente é o adversário, é o teste, é aquele que testa.
A serpente é o diabo. Caim, então, é a serpente corporificada, é a encarnação da serpente. Nesse sentido, entendem ?
nesse simbólico. E o Cristo? E o Cristo?
Lá adiante, lá adiante, nós vamos ver outro casal. Outro casal. Novamente uma mulher, Novamente ma mulher… não mais, agora, Eva, agora Miriam ou Maria que, ao invés de ouvir a serpente que rasteja, ouve o anjo, escuta um anjo e a palavra de Deus, o verbo divino trazido pelo anjo é acolhido e se corporifica em quem?
Em Jesus. Então, Jesus é o verbo corporificado, Jesus é a proposta divina materializada. Ele concretiza a proposta divina.
Se está muito simbólico, se você tem um pouco de dificuldade com isto, vamos dizer isto em uma linguagem mais condizente com a nossa época, que é a linguagem que Kardec utiliza. Kardec diz assim: 'Jesus representa aquele que Aquele que expressa a lei divina na sua mais alta pureza. ' Então, Jesus é a mais pura expressão da lei divina.
Ele trabalhou lá o conjunto das leis morais, em O Livro dos Espíritos, trabalhou a escala espírita, os patamares evolutivos dos seres e mostra que Jesus é um Espírito da mais alta hierarquia e que, por isso, ele é a mais pura expressão da lei divina, Ele é o cumprimento integral da lei divina. Integral. É isso: corporifica.
Então, o que o texto está trabalhando, aqui, é que Abel, Abel, já é uma semente Uma sementizinha do que virá a ser o Cristo, simbolicamente falando, porque não estamos falando do Cristo histórico, de Jesus que encarnou. Nós estamos falando no Cristo que irá nascer dentro de você: 'já não sou eu quem vive é o Cristo que vive em mim', o seu Cristo interior. Então, Abel já é o primeiro esboço.
Já é o esforço. . .
E o que que vai acontecer? Esse Caim, que é a força que predomina na Terra, vai assassinar a primeira sementinha do bem: Abel. É o que nós assistimos.
E, ao longo de centenas, de milhares de anos na Terra, O que que nós estamos assistindo? O predomínio do mal sobre o bem, ou seja, o mal assassinando o bem, o mal matando o bem, exterminando o bem, as florações do bem. As coisas começam a funcionar, começam a se organizar, vem o mal e destrói tudo.
Daí, tem que recomeçar do zero. É o Caim, é o padrão Caim, que é um padrão de inveja, De egoísmo… de egoísmo e orgulho, que são os elementos principais. Egoísmo e orgulho que vão se expressar em inveja, raiva, indolência, violência, etc,etc que redundam, que acabam se concretizando em atos práticos, porque nós conhecemos a árvore pelo fruto.
Como que eu avalio Caim? Como eu avalio Caim? Não é pela cor dos olhos, não é pela cor da pele, não é pelo nome, não!
Eu avalio Caim pelo fruto, pelo resultado da sua ação. E qual é a ação de Caim? Homicídio Qual é o fruto?
Morte, assassinato, violência: este é o fruto de Caim. Dá para ver o fruto de Caim em todas as nossas instituições, nas sociedades humanas, nas guerras, quando a gente assiste na televisão crianças sendo atingidas por armas químicas, pessoas morrendo de fome na miséria, desigualdade: este é o fruto de Caim. O fruto de Caim é a morte do seu irmão.
Por quê? Por que? Porque o lema de Caim é assim: eu não sou responsável pelo meu irmão, eu não sou guardador do meu irmão, foi isso que ele respondeu.
Meu irmão não é problema meu. Mas, é! Se todos pensarmos assim: o outro não é problema meu, nós construímos esse mundo que nós vivemos e acho que já ficou claro que não está funcionando muito bem essa maneira de viver, está ficando claro que nós necessitamos de um outro padrão, que é o padrão: eu cuido dos outros para que os outros cuidem de mim.
Então, cada qual ajudando o outro para que possa ser ajudado. Não é? Você ajuda alguns e todos ajudam você.
Olha que lindo seria! Se nós seguíssemos essa lógica: quantas pessoas você é capaz de ajudar? Um número limitado.
Agora, todos te ajudando: imagine! Todos te ajudando! Coisa bonita, não é?
! É uma outra lógica. Não é a lógica de eu cuido só de mim, eu preocupo só comigo e, o outro é problema dele, que é a lógica do Caim.
'Eu não sou guardador do meu irmão, porque que é que está perguntando do meu irmão pra mim? ' E aí cria uma cultura de egoísmo e de orgulho na Terra. Esta é a cultura de Caim, este é o fruto de Caim.
Isto redunda, inevitavelmente, Inevitavelmente à omissão de Caim, à maldade de Caim, o descompromisso de Caim: cria o mundo em que nós vivemos, que é um mundo violento, violento, cruel, injusto. Este é o fruto de Caim. Aqui, é claro, nós demos uma panorâmica, fizemos um voo aí bem ligeiro sobre esse texto Versículos um à dezesseis do capítulo quatro de Gênesis e, no próximo episódio, nós vamos adentrar nos detalhes da simbologia.
Mas, é importante compreender a linha geral que conecta esses textos, aqui, com vários outros textos do Velho Testamento. Agora, para encerrar, eu queria dizer uma coisa: é preciso, no nosso estudo do livro Gênesis, não cometer um erro Um erro muito grave, muito grave que pode atrapalhar completamente os seus estudos. Completamente.
Nós, ocidentais, aqui no Brasil, América do Norte, América de um modo geral, Europa, parte da África, e mesmo o Oriente, a Ásia, em muitas partes desses locais, nós temos uma influência muito profunda do pensamento grego. O que que significa isto? Que nós, mesmo que a gente não perceba, A gente raciocina de uma maneira lógica, que é assim: eu falo uma coisa, aí na sequência eu tenho que falar outra que tem ligação com isto que falei antes E aí depois, eu falo outra, que tem ligação com isso e falo outra que tem ligação com isso… então, eu sigo uma linha lógica.
Se você for fazer isto com o texto bíblico, você vai ficar doido, Doido, doido, doido… porque o texto bíblico não segue a lógica grega. O texto bíblico segue a mentalidade oriental e a mentalidade hebraica. Essa mentalidade oriental ela não é descritiva, Ela não descreve.
Então, o que é descrever? Eu digo assim: um carro, carro… tem quatro rodas, um motor, cinco lugares, quatro portas, estou descrevendo-. Essa mentalidade oriental, aqui, se ela fosse Se ela falar do carro, Ela não vai descrever o carro, ela vai dizer assim: planar nas asas de uma águia.
Planar nas asas de uma águia? Que isto tem a ver com carro? É porque a sensação que você tem quando o carro está em alta velocidade.
Nossa, uma sensação que eu tenho quando estou andando no carro? ! É!
isso não é falar do carro? Quer dizer que falar do carro é só descrever o carro? E os sentimentos, as sensações que você experimenta quando você está andando no carro, quando você dirige o carro?
E, as coisas que você sente quando você toca o carro? Quando você cheira o carro? Perceberam?
Então, a mentalidade oriental não descreve, ela evoca os sentimentos que você tem quando entra em contato com o objeto. Então se você está lendo esse texto, aqui, procurando o quê Caim descreve, pára! Pára!
Para! O texto é uma profusão de depoimentos, de sentimentos, de intuições, de sensações que se têm em contato com determinadas realidades. É isto!
Então não tem que descrever Eva. Eva, aqui, é evocada. Evocada.
Ela é a mulher, é o sentimento, é a que dá a luz, é a que concebe, entendem? Não é uma mulher que casou, que tinha um nome. .
. não, pára! Não é isto!
Eu olho pra mulher… Quem escreveu isto aqui, olhava para a mulher e tudo o que a mulher representava, tudo o que ela evocava, ele pegava o sentimento e deixava a mulher, e descrevia, aqui, o sentimento. Então, é a mulher que dá a vida, Então é ela que concebe. Então no plano das ideias, a minha mente é uma mulher.
Perceberam? Mas, o que que tem mente com mulher? gente!
Não é descrição! Entendeu? Não é uma descrição!
É o mesmo que você perguntar: o que tem o carro com a águia? Tem o seguinte: você acelera o carro e parece que você está voando. É a sensação, o sentimento.
Essa cultura oriental descreve a sensação, o sentimento, a experiência, ao passo que a cultura grega, não! A cultura grega é uma cultura objetiva que descreve a coisa, ela procura a objetividade. Depois, nós vamos aprender que a objetividade absoluta não existe.
Toda a nossa observação está carregada de um subjetivismo. O que o texto oriental faz e o texto hebraico faz é carregar a mão nessa subjetividade. Então, tem um poema do Gilberto Gil que vai retratar isto, em que ele fala: 'quando o poeta fala em pote, cuidado, porque ele pode estar significando o incontível'.
Olha só: curioso não é? Porque pote dá a ideia de uma coisa limitada que você põe. mas o poeta usar a palavra pote para falar daquilo que contém o infinito.
Então, é sábia essa letra do Gilberto Gil. Aqui, é um texto poético. Ele evoca.
Então, relaxa, Não fica tão assim! ! porque a gente tem que ir evocando.
E como é que a gente descobre esses sentimentos? Você vai conectando. Nós vamos pegando outros textos 'ah, então, é isto que ele quis dizer!
', 'é este aspecto que ele está, que ele está trazendo'. E, o texto hebreu, quando olha para um objeto, está mais preocupado com a função do que com a forma. Então, como o grego vai descrever o carro?
Quatro rodas. . .
falei aqui. Vai descrever a forma. E a função?
Para que serve o carro? A mentalidade hebraica está mais preocupada com a funcionalidade, com o que faz, com a maneira, como age. Entendem?
Então, ela olha para o chifre do carneiro e qual é a função do chifre no carneiro? Qual que é a função? De disputar com o outro, disputar, de ir para o embate, de mostrar forças, mostrar poder.
Então, a força do carneiro está na pata? Não! Está no chifre, porque quando ele disputa, ele disputa chifre a chifre.
A força está no chifre. O poeta hebreu olha para o chifre do carneiro e diz assim: 'o Senhor é o meu chifre'. Mas, você fala: 'meu Deus, que coisa louca, está descrevendo Deus como se fosse um chifre?
' Não! Ele não está descrevendo nada! Ele está dizendo que quando você olha para o chifre do carneiro, você sente, você sabe que a força do carneiro está no chifre.
Então, existe uma força no Universo que é o Deus, e a nossa força está em Deus. Deus lembra a função, a funcionalidade do chifre do carneiro. Deu para entender?
Se a gente não compreende isso, fica difícil interpretar o Velho Testamento. Por isso que ele é um repositório de símbolos profundos, difíceis de serem compreendidos, porque todo mundo se aproxima com uma visão, com uma mentalidade objetiva, querendo descrição. Então nós não vamos, aqui, descrever Abel, descrever Caim.
Não! Nós vamos ver o quê essas imagens estão evocando, elas estão nos chamando para olhar para algo que é dentro, que é a nossa relação com a vida e com Deus.