O que nós podemos pensar a respeito do Halloween? Bom, para responder a essa pergunta a gente precisaria primeiro saber o que era o Halloween, no que é que ele se transformou e o que é que nós podemos fazer com ele no futuro, ou seja, presente, passado e futuro, são três partes da nossa Resposta. A primeira parte, o passado, qual é a origem do Halloween?
Infelizmente, aqui no Brasil nós traduzimos Halloween como "dia das bruxas", mas não tem nada a ver. Halloween é uma abreviação de "all hallows's eve", ou seja, a véspera "eve" da solenidade de todos os santos, "all hallows", é uma expressão inglesa antiga. Mas, como é possível que uma festa de bruxas tenha origem no calendário litúrgico católico?
Que estranho! Bom, o que acontece é o seguinte: o mês de novembro é dedicado na Igreja Católica à reflexão a respeito dos Novíssimos, ou seja, das realidades últimas que nós iremos viver. Por isso nós sabemos que existe fiéis que já estão salvos e que estão no Céu, são os santos.
Mas existem fiéis que já estão salvos, mas ainda não estão no céu, são as almas do Purgatório e assim, durante todo o mês de novembro se dedica à oração e à comemoração tanto dos santos como dos fiéis defuntos. Tanto é assim que no calendário próprio das várias ordens religiosas existem dias específicos em que se celebram todos os santos daquela ordem ou todos os defuntos daquela ordem durante todo o mês de novembro. Ora, acontece que o que nós podemos fazer pelas almas dos fiéis no Purgatório são várias coisas: primeiro, podemos mandar celebrar missa, podemos rezar pela pessoa, podemos visitar os cemitérios, podemos fazer jejuns, mas existe uma quinta coisa que as pessoas se esquecem: nós podemos fazer obras de caridade.
E foi assim, fazendo obra de caridade para com os pobres que surgiu uma tradição daquilo que nós vemos no Halloween que é o "doce ou travessura", o que é acontecia? Na véspera da festa de todos os santos, porque ali já começava o tempo litúrgico, os pobres sabiam que podiam bater na porta das casas para receber esmolas e as pessoas preparavam o chamado "pão das almas", era um pão confeccionado para ajudar os pobres, acontece que esse pão foi se sofisticando, foi se transformando em guloseima e aos pobres se uniram as crianças. Pois bem, já está aí explicada a origem daquilo que é um elemento essencial da festa de Halloween, o "trick or treat".
Pois bem, e aí? Mas é somente isso? Não.
Também na época de todos os santos, as pessoas visitavam os cemitérios para rezar pelos fiéis defuntos. Os cemitérios eram construídos ao lado da Igreja, como o terreno era bastante limitado, havia a tradição em alguns lugares de colocar num edifício os ossos dos fiéis que já tinham morrido há muito tempo para desocupar o lugar, então, ali naquele ossário, as pessoas se reuniam, faziam suas orações e acendiam velas. Talvez aí esteja a origem de se colocar uma vela dentro de uma abóbora, imitando quase a caveira de uma pessoa morta, exatamente porque se acendiam as velas para rezar pelos fiéis defuntos.
E não para por aí a origem dos vários elementos do Halloween, é necessário a catequese com os nossos filhos para que eles soubessem que não existem somente os salvos que estão no Céu, os santos e os salvos que estão no Purgatório, existem também os condenados ao Inferno. É assim que a Igreja, como mãe e pedagoga, permitia que nos nossos cemitérios fossem pintadas cenas de pessoas condenadas ao Inferno. Essas cenas depois receberam o apelido de "Dança Macabra", ou seja, era a imagem do diabo que levava acorrentadas numa fila uma série de pessoas condenadas ao Inferno, numa espécie de dança terrível, ciranda que conduz as pessoas para a morte eterna.
Pois bem, aquilo que era pintado nos cemitérios, nessa época do ano, às vezes, era encenado, em muitos lugares se faziam pequenos teatros onde pessoas se vestiam de diabos, de bruxas, de pessoas más e condenadas ao Inferno, de monstros. quanto mais feio melhor, porque eram pessoas condenadas ao Inferno e era um elemento catequético para ensinar aos nossos filhos. E aí você já entendeu de onde surgiram todos os elementos do Halloween, mas a pergunta é: como é que de uma coisa tão boa e tão santa surgiu essa festa terrível?
Bom, o fato é que veio a Reforma Protestante na Inglaterra e a Rainha Elizabeth, por causa da sua heresia protestante, que não crê na existência do Purgatório e muito menos na oração pelos fiéis defuntos, proibiu qualquer manifestação de oração pelos fiéis defuntos. Só que acontece o seguinte: a Inglaterra e aqueles países circunvizinhos, como Gales, a Escócia, a Irlanda, foram países que têm um passado antiquíssimo de cultura céltica, ou seja, antes que o cristianismo chegasse naquelas terras, os celtas cultuavam as almas dos ancestrais e isto era uma coisa muito arraigada na cultura deles. É por isso que ainda hoje nós temos elementos dessa realidade que se vivia a milênios atrás, por exemplo, toda essa mania que os ingleses têm, por exemplo, com casas mal-assombradas, com aparições de almas ou "Poltergeist" e companhia limitada, tudo isso vem dessa cultura.
O fato é que nós, católicos, quando fomos evangelizar aquelas terras soubemos nos adaptar àquela cultura. E foi uma indicação do próprio Papa São Gregório Magno, quando ele enviou para a Inglaterra Santo Agostinho de Cantuária disse "veja, não é possível evangelizar pessoas tão rudes simplesmente com a sublimidade do evangelho, nós temos de nos adaptar à cultura deles. Eles têm festivais, eles têm pequenas festas em que se reúnem, aproveitem esses tempos, deixem eles se reunirem para as suas festas e transformem tudo isso em mistérios da fé cristã", foi aquilo que nós católicos fizemos.
Com o protestantismo este gancho cultural foi cortado e aquilo que era um processo de evangelização, é claro, não estou dizendo aqui que não havia nenhuma superstição, sempre fica alguma coisa, mas era uma superstição que estava em processo de evangelização. Pois bem, tudo isso foi cortado e foi perdido. Sendo assim, nos Estados Unidos, que foi depois colonizados pelos puritanos que radicalizaram ainda mais aquilo que fez a Rainha Elizabeth, fizeram com que estes elementos católicos ficassem loucos e paganizados cada vez mais.
É o que nós temos hoje com o Halloween, ou seja, é uma "cultura" que um dia foi católica e agora vai se paganizando cada vez mais. Aí você vai dizer: "Ah bom, mas se é um elemento cultural, se é uma coisa folclórica, não tem problema nossos filhos participarem, não é verdade? " Bom, o fato é o seguinte: é que, infelizmente, tem problema sim.
Alguns exorcistas que eu conheço e eu digo bem claramente, eu não sou exorcista, mas eu estou me baseando no testemunho desses irmãos, alguns exorcistas dizem que estas brincadeiras com demônios, feiticeiras, etc. , tem sido, infelizmente, uma ocasião de contaminação para muitas crianças. Então, a gente não deve brincar com fogo.
Aquilo que antes era um processo catequético, que tinha todo um contexto cristão, tirado deste contexto, tornou-se uma arma perigosa para contaminar os nossos filhos com a realidade demoníaca. Então, infelizmente este é o presente. O que é que nós poderíamos então fazer com o futuro do Halloween?
Algumas sugestões: aqui, a liberdade dos pais é que deve reinar porque a Igreja pode somente sugerir, mas já que nós temos uma festa de todos os santos porque não aproveitar a vontade que nossos filhos têm de se fantasiar e fantasiá-los de santos e não de pessoas condenadas ao Inferno. É assim que nós podemos verdadeiramente celebrar todos os santos. E se você, por acaso, tem um filho que resiste porque não se identifica, sei lá, você quer vestir seu filho de São João Bosco, mas ele não se identifica com um padre de batina ou quer vestir sua filha de Santa Terezinha, mas ela não se identifica com uma freirinha, então, você pode fantasiar seu filho de qualquer outra profissão porque, afinal, nós estamos celebrando a festa de todos os santos, ou seja, se o seu filho quer se fantasiar de bombeiro, diga pra ele, existem bombeiros santos no céu, se ele quer se fantasiar de médico, de policial, soldado, quer se fantasiar de índio, diga que existem santos de todas as espécies no Céu e assim nós já vamos preparando os nossos filhos para um dia juntos celebrarmos a festa de todos os santos no Céu, porque é esta a realidade e é esta a nossa missão.
Veja, hoje celebramos aqui a festa de todos os santos, mas um dia, com a graça de Deus, nós veremos Deus face a face e as pessoas, aqui na terra, irão lembrar que nós, seus irmãos, um dia passamos por aqui, mas agora, já estamos na glória do Céu.