[Música] k [Música] Olá boa no noite boa noite a todos boa noite Michael boa noite tudo bom tudo certo seja muito bem-vindo aqui a nossa aula aberta hoje a gente vai receber o professor Michael Torres e ele vai falar pra gente um pouco sobre a clínica das toxicomanias em psicanálise a gente resolveu promover Mais uma aula aberta para que o Michael como docente da nossa pós--graduação em Toxic psicanálise e atenção psicossocial viesse nos falar hoje sobre um aspecto mais Clínico das toxicomanias eh para que a gente tenha aí esse aprendizado de poder escutar um pouco
sobre a sua Clínica também né a sua experiência e aí vou apresentar o Michael né O Michael é psicanalista e pesquisador Doutor e mestre em psicologia e estudos da subjetividade pela uf Universidade Federal Fluminense tem pós-doutorado em psicanálise também pela uf graduado em psicologia pela uf tem experiência como supervisor Clínico institucional do Centro de Atenção psicossocial Caps e ambulatório de saúde mental do Rio de Janeiro é professor universitário e tem diversos artigos eh publicados eh e capítulos de livros né em periódicos de psicanálise tem então um vasto aí e percurso teórico e Clínico eh nesse
Campo que tanto nos interessa que é a clínica das toxicomanias Então hoje o Michael vai trazer pra gente um pouco sobre alguns pontos que atravessam essa Clínica no início de um tratamento eh marcado pela função das entrevistas preliminares em que vão se estabelecer regras do tratamento a transferência e vai se buscar elementos para ação do diagnóstico diferencial estrutural tão importante pra gente construir também uma direção de tratamento para sujeitos que fazem uso e abuso de álcool e Outras Drogas a gente costuma falar né de das diversas substâncias aí eh que é possível o sujeito fazer
uso eh antes do Michel falar gostaria de agradecer muito a presença dele Michel Torres é professor da nossa pós--graduação em toxicomania análise e atenção psicossocial nós Ainda temos algumas vagas disponíveis a nossa pós se inicia nesse sábado dia 14 de setembro tem a duração de 18 meses são três semestres aí que a gente vai estar juntos com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos psicanalistas psiquiatra antropóloga e um promotor de justiça Então a gente vai ter essa conversa multidisciplinar para pensar na complexidade dessa Clínica as aulas são aos sábados quinzenalmente e uma vez por mês a
gente tem um grupo de Estudos em que a gente vai discutir sobre casos clínicos e alguns artigos científicos também e nesse curso a gente pretende apresentar as principais teorias psicanalíticas sobre a toxicomania eh passando por Freud Lacan e chegando até os psicanalistas as contemporâneos que também trazem aí aportes mais atuais sobre essa Clínica sobre essa perspectiva dos sintomas contemporâneos mas a gente também vai dar um espaço privilegiado a atenção psicossocial e a lógica da redução de danos como direção de tratamento inclusive Michael tem artigos publicados sobre essa questão da redução de danos nos é muito
cara nessa clínica eh e a gente també vai pensar nas particularidades desse uso na infância e e na adolescência e eu divido essa coordenação com minha colega também de pesquisa de muitos anos Fernanda Pimentel gostaria de agradecer muitíssimo Michael vou tá aqui na escutar atento a sua aula e depois eu retorno para trazer algumas perguntas tá ótimo agradeço muito o convite Júlia um prazer est sempre com você né trabalho já a bastante tempo né Júlia que a gente já trabalha junto e dando início agora essa nova empreitada né que é articulação com o Instituto espes
né E essa pós-graduação que é extremamente válida né então Eh agradeço mais uma vez Então o Instituto esp também pela pela acolhida e a minha proposta Hoje é a gente poder falar um pouquinho sobre o início do tratamento na clínica das toxicomanias E aí eu eu essa essa aula né Eu pensei muito ã numa num viés eh prático né O que que a gente pode que que eu eu posso pensar ali com vocês de situações que acontecem em instituições e no consultório que exigem um certo manejo manejo Clínico né então eu coloquei como a pergunta
problema né Quais são os principais aspectos no início do tratamento da Clínica das toxicomanias paraa gente poder discutir e encaminhar alguns desses pontos né mas para continuar né eu vou retomar um pouquinho a apresentação que que a Júlia fez só para poder situar né então eu sou psicólogo psicanalista eu tenho percurso né no campo da saúde mental desde da graduação né do finalzinho da graduação no estágio e depois na residência em Saúde Mental com experiência né passando por enfermaria de de internação de usuário de álcool e Outras Drogas supervisor institucional de caps e pela residência
Principalmente eu passei por vários serviços diferentes e aí a gente tem assistido também principalmente na última década eh acho que já é um pouco mais de uma da da da última década né a gente tem visto o quanto que a questão sobre álcool e Outras Drogas está atravessando todos os serviços de saúde mental então isso não é mais uma questão restrita ao capsad né ao Centro de Atenção psicossocial eh de ALC e Outras Drogas né Isso já tá eh atravessado em todos os serviços né Então essa é uma discussão eh extrema extremamente viva e necessária
Então a partir dessa experiência ah na rede de saúde mental né na raps eh eu ingressei no mestrado né então no mestrado a minha pergunta minha pergunta problema né Eh quais eram os efeitos da internação para usário de drogas e aí o meu recorte foi especialmente o que eu chamei de fenômenos disruptivos né então o contexto ali de tratamento em que o o o sujeito neurótico né no recorte ele pede Ah um tratamento intensivo mas depois ele pede alta depois ele ah usa droga dentro da instituição depois ele arranja briga enfim fenômenos que ã parecem
apontar ali para uma certa expectativa de uma expulsão né parece apontar ali para uma uma certa repreensão mas que a abordagem Clínica exige da gente um outro posicionamento né E aí no mestrado foi onde eu comecei essa articulação também de eh psicanálise e redução de danos é muito em função de uma experiência de eh eh eu ia falar co coordenação mas não era bem coordenação né que eu tava muito mais ali como uma escuta suporte do que efetivamente a coordenação né Eh porque quem coordenava o grupo eram os redutores de dano né então eu ficava
ali numa numa escuta né E aí eu desenvolvi esse trabalho por muitos anos junto com a equipe de redução de danos do município eh e aí rendeu aí um dos capítulos da minha dissertação que também Depois virou artigo publicado né e depois disso Eu segui pro doutorado que aí o meu recorte ele foi mais específico né E aí eu queria entender né qual era a relação do uso de drogas com os transtornos psicóticos muito em fun de uma cer ideia que comeou a circular pelos dispositivos de que primeiro é preciso tratar a droga para depois
tratar a psicose E aí essa fala recorrente eh começou a me incomodar assim como é que a gente trata a droga e depois como é que a gente trata a Psicose assim como é que a gente pensa uma certa ordem de tratamento né O que que é isso exatamente né o o o o o quanto que isso é válido dentro de uma perspectiva da atenção psicossocial né que que é que tem aí o sujeito né Eh o sujeito até num num conceito Mais amplo como o ah pensado né a rede é pensada ao redor desse
Sujeito como é que a gente particiona isso né Então essas foram as minhas as minhas inquietações né na na clínica E aí atualmente eu tô no campo da da pesquisa né Eh eh na no campo da Psicologia Clínica e saúde mental e também ali coordenando eh supervisionando estágio né fazendo essa frente aí com a a a assistência agora não tão direto pois bem então Eh eu pensei essa aula de hoje hoje eu pensei a partir do do conjunto de textos que o Freud tem né que foram compilados chamados artigos sobre a técnica né são textos
então de 2012 a 2015 em que o Freud ele tá lá né com a expansão da psicanálise né então a a psicanálise já tendo um certo reconhecimento eh e pessoas né Eh buscando a formação em psicanálise né pessoas querendo praticar psicanálise é no caso médicos né naquela época eh e a gente tava assistindo uma certa evolução da da da psicanálise no no campo Clínico eh e Freud ele então se preocupa de tentar sistematizar alguns pontos né então um ponto sempre muito importante da gente frisar é que a psicanálise ela avança né O que que a
gente pode chamar de técn técnica psicanalítica né a gente pode também discutir isso ela avança sempre a partir da própria Clínica tá então esse é um ponto importantíssimo porque é a clínica que faz a gente pensar a teoria e não o contrário Então a gente não vai estudar uma teoria para aplicar na prática então a gente precisa fazer essa teoria avançar a partir da própria Clínica E aí no caso né O que que a clínica das toxicomanias ensina para a clínica eh no aspecto mais amplo Tá e isso acho que é o ponto interessante né
que a a a pós-graduação ela também vai poder contribuir na formação Por mais que você não tenha interesse em se especializar exatamente nesse nesse nesse tema né você não vai trabalhar só com isso mas a noção da Clínica das toxicomanias ela ajuda a pensar também as outras clínicas né O que a gente pode chamar até da dos novos sintomas contemporâneos ou então das Clínicas do do do ato né e um detalhe sempre muito importante também de frisar né o quanto que Freud nessa nesses textos ele fala muito de recomendações né assim então eh ele ele
apresenta como ele faz né apresenta a argumentação dele eh fala que que aquilo ali não é uma regra fixa né mas são recomendações para ã o Clínico desenvolver o seu próprio estilo Desde que não se abra a mão de dois aspectos fundamentais que aí sim a gente pode falar das regras né que é a associação livre e a atenção flutuante né então vamos vamos avançar nisso também então nos artigos sobre a técnica né o o a gente pode elencar aqui 1 2 3 4 5 6 7 textos né mas o meu recorte vai ser especialmente
aqui no sobre o início do tratamento não à toa que eu pensei a aula né sobre o início do tratamento na clínica das toxicomanias né E aí o que que a gente tem é Freud se a gente pega esse texto assim quem não leu esse texto recomendo fortemente assim é um texto para ser lido e relido assim porque a cada vez que você lê você vê ali uma Você tem uma sacação diferente né do do do que que Freud coloca ali para pro entendimento clínico e E aí nesse texto eu pensei né esses cinco aspectos
aqui que são as entrevistas preliminares diagnóstico estrutural ou diferencial transferência tempo e dinheiro a aí eu vou querer conversar com vocês um pouquinho sobre cada um desses desses tpicos né antes da gente avanar né é importante também poder definir o que que eu tô chamando de toxicomania né O que que a gente tá chamando de toxicomania então Eh esse é um termo eh polissêmico né a gente acaba aderindo né o termo toxicomania muito em função da própria psicanálise da psicanálise francesa no caso né porque o o outro termo comumente usado é dependência química né esse
termo ele é problemático né por si só não à toa que mesmo outras áreas da da da clínica que não a psicanálise já também tentam não usar esse termo porque eh hoje já tá mais do que claro que o problema não é a uma dependência química né em relação a droga né o fenômeno da dependência atravessa muitos outros fatores né os fatores eh individuais subjetivos sociais né culturais então reduzir a uma dependência química é sempre problemático né E no campo psicanalítico então a gente mantém aí essa essa nomenclatura né de toxicomanias né E aí o
plural também é é importante para delimitar o quanto que ah não dá pra gente generalizar assim não dá para tomar a a o o sujeito toxicômano como uma unidade né Ainda que para alguns é um pouco isso que se busca né uma certa e unidade imaginária ao redor desse significante né drogado toxicômano né então toxicomania é só a questão etimológica a gente vai poder retomar isso depois com calma ao longo da da pós né mas é essa a palavra tóxico tem ali uma uma dimensão ali de um certo veneno né que seria veneno né o
tem o efeito fármaco e tem o efeito toxicon né o toxicon ele teria ali uma uma uma pegada um pouco mais do do veneno mesmo né enquanto que o termo Mania tá muito relacionado à psiquiatria clássica né que vai colocar ah a as loucuras de maneira geral sobre essa marca e da mania né né então a mania ela remete um pouco aquilo de uma eh possessão de uma perda de controle né de alguma coisa de um objeto que toma né A o o sujeito né então a toxicomania ela seria um pouco dessa dessa articulação né
O que que é do tóxico que toma o sujeito né a gente poderia colocar um pouco por essa via assim obviamente que a discussão ela não segue só essa direção né Eu gosto de de trazer esses elementos pra gente poder de fato começar aqui a nossa a nossa conversa tá então toxicomania eh é importante a gente poder pensá-la Então como um fenômeno Clínico né então a toxicomania não é uma estrutura Clínica Ela não é um transtorno mental por si né a gente vai entender ela como um fenômeno Clínico né então dentro da complexidade subjetiva a
toxicomania ela pode ser um fenômeno que ganha eh eh eh sobrevaloración né Tem um valor maior tem uma uma uma incidência maior mas a gente não tem como reduzir tudo a o a a esse fenômeno né então o que que eu tô chamando de fenômeno Então essa predominância da droga na dinâmica subjetiva então é o lugar que a droga ocupa eh no discurso do sujeito ali no no na sua dinâmica subjetiva tá E aí a gente pode pensar né já com um pouquinho de de teoria aqui né que é a a o o que a
toxicomania remete é a uma experiência de gozo fora do discurso tá então o que que eu tô localizando aqui em geral o sujeito né que tá ali eh eh atravessado pela toxicomania ele chega no tratamento quando alguma coisa de excesso se coloca então é muito difícil você efetivamente ter um sujeito que ele busca o tratamento no início da sua relação com com a droga né então em geral é quando alguma coisa de excessivo né alguma coisa desse gozo eh tá fora do campo do discurso escapa ali a a ao simbólico alguma coisa que entra eh
na dimensão desse mal-estar desse mais além né da da própria pulsão de morte né E aí o que a gente tem que avaliar então é o lugar que a droga ocupa nesse discurso né E aí em geral né o o os sujeitos ali ao ao redor da toxicomania costumam eh elevar a droga a um lugar especial né seja por uma via da identificação de se identificar como usuário né seja então por eh só fazer coisas né Só aderir a a à atividades e eventos que tenham relação com a substância tá e a gente vai eh
entendendo por aí e aí O o que que o tratamento então né A Proposta da psicanálise como é que a gente pode pensar a proposta da análise ela seria então né uma aposta do tratamento do real de gozo pela palavra então aquilo que é excessivo aquilo que é demasiado como é que a gente pode então trazer para o campo da palavra dar condições para que o gozo ele possa ser tratado pela pela palavra essa é uma aposta possível tá então ah eh as toxicomanias né a gente pode pensar elas né um pouco pela via né
do nó borromeano né então a gente vai ter o elemento simbólico real Imaginário n quando a gente pensa na droga como elemento simbólico eh costuma tá muito recortado né em contextos específicos né então determinadas práticas religiosas determinadas práticas artísticas né Eh a gente vai ter então a droga como um meio de articulação um meio de elaboração um meio de abertura cura para ah produção né e significante tá então a droga ela pode ter esse esse componente simbólico tá não à toa que a gente vai ter alguns autores então que vão falar que o problema da
a droga né o consumo de droga excessivo se torna um problema justamente no contexto da industrialização quando o caráter simbólico da droga perde função e aí a gente vai ter a droga que opera pela pela química em si aí a gente vai ter aí drogas mais potentes né a gente vai ter ah ah a perda da própria concepção de uma certa introdução a um uso de droga dentro de um grupo social específico Então a gente vai ter aí esse essa a a perda desse componente né a a droga enquanto real né ela tá muito atravessada
pelo efeito que a substância tem no próprio corpo né então eh eh como coloquei aqui né uma tentativa de tratar o real né entendendo o Real como aquilo que não tem sentido né aquilo que que acomete né o o o sujeito ali né aquilo que atravessa aquilo que é invasivo a droga pode ser uma forma de tratamento desse real pelo próprio corpo né E aí você vê o uso então de droga frente uma situação de angústia muito grande né frente a uma situação de ansiedade né alguma coisa nesse sentido né lembrando se a gente for
pensar né que a medicação psicotrópica né remédio psiquiátrico a gente também pode elencar aqui como uma droga né Tá Na lista Aí da da das substâncias psicoativas né Eh então essa busca pela pela tentativa de tratar alguma coisa do real do corpo pela pela substância ela tá posta aqui e a gente tem ainda a droga Então como elemento Imaginário né que ela é o que permite a identificação com lugar de eu sou toxicômano ou então eu sou alcoólatra eu sou drogado né ou permite ali uma certa identificação com o grupo né não necessariamente com esse
A nomenclatura em si né da toxicomania mas como participante de um determinado grupo que faz uso de determinada substância né então é sempre interessante a gente poder pensar aí rapidamente né então eh eu gosto de resumir dessa maneira né simbólico é aquilo que tá do no campo do do significante né que tem a possibilidade de um duplo sentido Imaginário também se articula ali com significante eh e e tá posto ali como uma restrição congelamento do sentido né então duplo sentido eh sentido e o real que é o sem sentido né aquilo que escapa a dimensão
significante pincei aqui uma citação do Freud pra gente já poder dar início então na na nessa dimensão Clínica né Freud diz a extraordinária diversidade das constelações as psíquicas envolvidas a plasticidade de todos os processos mentais e a riqueza dos fatores determinantes opõe-se a qualquer mecanização da técnica e ocasionam que um curso da ação via de regra é justificado possa às vezes mostrar-se ineficaz enquanto outro que habitualmente é errôneo possa de vez em quando conduzir ao fim desejado tá então o Freud ele tá aqui colocando em jogo que a clínica não é aplicação de regra tá
ou ou essa mecanização da técnica tá então fundamental entrevistas preliminares tá então o O que que a gente pode localizar aqui das entrevistas preliminares Freud diz de um tratamento experimental né então ele propõe ali num primeiro momento né ah um determinado número de sessões né um certo tempo né de de uma de uma de uma de um início eh desse tratamento nesse tratamento experimental que é um tempo de uma sondagem de uma pesquisa né para ver se é um caso para psicanálise né entendendo que naquele contexto o Freud ele tinha ali algumas restrições em relação
à psicanálise com a clínica da das psicoses né então tem aí um pouco isso mas é fundamental a gente ter em mente que mesmo as entrevistas preliminares né sendo esse tratamento experimental como Freud coloca precisa seguir as regras da análise que é a Associação livre e atenção flutuante tá então eh as entrevistas preliminares eh orientam a gente até principalmente se a gente tá em instituição né que tem algumas burocracias né você tem alguns eh documentos para preencher prontuário e tudo mais né você pode fazer ali uma entrevistas um pouco mais estruturadas e é é importante
a gente levar em consideração que essa estruturação ela não pode ser a regra a gente não pode impor essa estruturação pro sujeito porque senão a gente acaba matando tanto Associação livre e aí o sujeito ele não fala o que vem à mente né ele não vai e se dispor a fazer a Associação dos significante e do nosso lado a tensão flutuante ela também tá prejudicada e a gente vai tendo um viés cada vez maior e influenciando e conduzindo o sujeito a falar aquilo que ã alguém espera né não sei nem se é a gente que
espera se é o o discurso do mestre da instituição que espera né na clínica das psicom manas eh isso é um ponto eh relevante porque né se o sujeito ele chega a tratamento eh querendo né ali de certa maneira dizendo né que ele tem um problema com o uso de álcool e Outras Drogas muito facilmente a gente também pode cair nisso e ficar fazendo então todo o inventário sobre Que droga eh quanto de droga eh Em que momento com que dinheiro e aí a gente começa até a fazer uma condução de entrevista com quase que
policialesca né E aí é muito importante a gente tomar esse cuidado né entre o que que é uma estruturação de entrevista preliminar que não que que eh como é que a gente pode colocar posso colocar dessa maneira né então a gente pode pensar uma estruturação da entrevista preliminar mas que ela seja na direção de eh promover a associação livre tá e não e não induzir o discurso do do sujeito tá e as entrevistas preliminares elas eh e elas são o o a etapa fundamental pro tempo de construção da transferência né então a transferência também é
um dos conceitos fundamentais da psicanálise né então a transferência ela é a condição ã do tratamento e a transferência ela começa a ser construída nessas entrevistas preliminares então puxando para pra questão das toxicomanias propriamente dita né O que que a gente pode levar em consideração tá então a avaliação inicial do endereçamento Eu particularmente gosto sempre de diferenciar o que que é endereçamento e o que que é transferência Então nem e toda a transferência ela começa com o endereçamento Mas nem todo endereçamento é transferência a transferência ela exige a a o sujeito colocar o analista num
lugar específico né Eh que não é simplesmente esse lugar de Ah que que não se reduz n esse lugar da da da queixa ou dos pedidos né ainda que comece por essa via tá então na clínica das toxicomanias um ponto que é importantíssimo a gente levar em consideração o sujeito ele é levado ao tratamento pelo outro tá principalmente no campo da atenção psicossocial né o trabalho dos Caps a gente vai ter ali uma certa demanda de tratamento que não começa pelo sujeito mas começa pelo outro que o acompanha eh família né mãe pai esposa filhos
né é um outro que eh pressiona ameaça né Eh leva a força né que que é o outro que coloca o sujeito ali né que que traz o sujeito à presença do do analista né Então esse é um ponto para ser levado em consideração tá eh qual é a demanda que tá posta aí né como é que a gente então acol ali como é que a gente acolhe eh essa demanda eh ouvindo o que é do outro o que que o outro pede o que que o outro espera e o que que é do sujeito
né entendendo que alguns sujeitos eles também vão precisar se apoiar nessa demanda do outro né então no na na clínica das toxicomanias né Essa dimensão da palavra ela pode ser delicada né no sentido de que o sujeito ele adere a um uso de droga justamente para fugir da palavra né para poder romper com o a dimensão do grande outro né enquanto esse outro simbólico né enquanto aquilo que ah nos sobredeterminação a droga ela pode ser uma tentativa de rompimento com esse com esse grande outro eh e esse sujeito Então pode ter uma dificuldade ali né
para para para aderir a a uma palavra própria né então a nossa Escuta ela tem que tá eh sensível a isso tá o qu o o que em redução de danos a gente costuma falar muito sobre uma clínica de baixa exigência tá então pra gente no campo da psicanálise isso também é válido né O que que é que a Gente Tá exigindo efetivamente desse outro desse paciente que tá sendo trazido pelo outro nesse momento inicial Tá então ponto aqui ã então quando um sujeito ele busca tratamento o que que ele o que que ele tá
pedindo né então quando ele busca um tratamento em relação à droga assim o que que tá articulado a isso né assim porque eh definindo lá o fenômeno Clínico né o uso de drogas ele não é um problema por si só né Ele é um problema que ele se articula dentro da estrutura o que que mais tá associado a esse pedido tá e a pergunta que sempre norteia é qual é o lugar da droga no momento in do tratamento essa pergunta também vai ser o que ajuda a gente a pensar o próprio diagnóstico estrutural tá então
qual é o lugar da droga pro sujeito tá um outro detalhe importante pra gente cuidar né é o quanto que o início de tratamento ele costuma ser muito marcado por um pedido de abstinência né E aí abstinência aqui a gente tá chamando da interrupção do uso né da pessoa parar de usar droga completamente tá E aí é muito curioso porque a gente tem situações então que ah a família leva o paciente para tratamento eh e aí A família quer que esse paciente Pare de usar droga enquanto a família toda faz uso e vai continuar usando
na presença do paciente então que demanda é essa né O que que tá sendo pedido exatamente aí né eh e aí o que que a gente tem que cuidar aqui né se a gente entende né o uso de drogas como uma um rompimento em relação ao sintom toma enquanto formação de compromisso né então Freud diz que o sintoma ele é uma formação de compromisso entre o isso e o eu né o sintoma ele é uma a forma de satisfação disfarçada né então tem ali um certo uma um certo uma certa leitura simbólica possível do sintoma
né que remete ali ao desejo né Eh na clínica das toxicomanias né o uso de drogas ele não eh realmente ele não ocupa esse lugar de sintoma como formação de compromisso assim pelo contrário né ele pode eh servir justamente como uma tentativa de rompimento com o que eu falei né Essa tentativa de rompimento com o outro né então a a a tentativa de rompimento com o próprio simbólico tá então quando se pede abstinência Qual é a consequência da abstinência pro sujeito né o que que vem a partir disso né E aí é um um um
fato clínico é é sempre muito interessante notar o quanto que principalmente Principalmente entre alcoolistas né uma característica ali de alguns homens alcoolistas né que quando sóbrio né que quando sem a bebida não tem o que dizer não consegue falar nada não tem palavra alguma né então é essa a abstinência ela vindo na frente né Essa urgência de parar de usar drogas vir na frente pode colocar a gente num certo problema problema que é eh abrir aí um vazio não tem nada para Além disso né ou ou não não que não tenha nada né gente mas
é é é é é muito mais difícil pro sujeito construir alguma coisa né fazer aí esse trabalho de associação quando essa abstinência ela tá imposta e ela é forçada né um outro ponto problemático né Eh a exigência de abstinência no início do tratamento né que isso é se a gente pega ao longo da história né os modelos de tratamento para usuários de drogas inicialmente eles tinham essa essa busca né de tentar eh produzir a abstinência e entendendo que se o sujeito ele consegue ficar abstêmio durante um certo tempo se aumenta a chance dele ficar abstêmio
né pro pro pro resto da vida né Eh isso não é tão simples né então mesmo ali Pesquisas epidemiológicas mostram né que o o tempo médio de abstinência né a partir da da da do tratamento ali de abstinência forçada então se você força o sujeito a aderir abstinência né você começa um tratamento E aí faz um tratamento a longo prazo o tempo médio da da do sujeito conseguir manter a abstinência é 5 anos né assim alguns dados aí apontam para isso assim 5 anos então vejam como é que não é um tempo muito grande e
se a gente toma isso como e indicativo de sucesso ou fracasso de trat a gente vai ter um pouco da realidade que ah a maior parte dos tratamentos são fracassados né por isso que a gente tem que voltar no que a gente entende da baixa eh baixa exigência né E poder pensar outras formas de acompanhamento né outras formas e de dar lugar discuta para esse sujeito que não seja tendo a a abstinência como a referência né ou o ideal tá o outro ponto problemático é porque a gente pode cair também né na exigência eh como
uma um reforçamento do gozo sugico tá então eh eh fazendo a leitura do que que o Lacan coloca né do sug como sendo a a a instituição da Lei e sua própria destruição né no seminário sete então o sug ele tá nesse flirt né permanente de gozo né É o comando de goze né Eh a abstinência ela abre ela pode abrir muita experiência de angústia em função da dessa dimensão suere egóica dessa exigência então de cumprimento de ideal né de que se parou de usar Então é isso tem que seguir a vida tem que melhorar
e isso vai entrando num certo circuito que aumenta ainda mais angústia do sujeito então do lado do tratamento muito rapidamente a gente também pode cair nesse lugar e a gente tem que cuidar disso então eh tomar abstinência em si né como tratamento vai ter tem um problema porque vai colocar então a impossibilidade da construção de um sintoma no sentido analítico né se a gente impõe alguma coisa pro sujeito eh o sujeito ele não tem a chance de elaborar eh qual é o desejo dele implicado na naquilo né E aí um outro ponto também importantíssimo é
o alerta que o Freud fala de que a abstinência ela tá do lado do paciente né ali né o no campo da da da neurose né é importante que o paciente mantenha seja mantido insatisfeito né mas a abstinência ela orienta também a escuta do analista porque o analista ele tem que se abster do que ele deseja para o paciente né o lugar do analista é o lugar de escuta ele não tem que desejar nada em relação ao paciente ele tem que desejar sustentar essa escuta e dar lugar pro que é de é exemplo então Freud
ele ele traz a citação né No que concerne ao psicanalista contudo se o caso é desfavorável por um diagnóstico errado ele o o analista cometeu um erro prático foi responsável por despesas desnecessárias e desacreditou o método de tratamento tá então uso essa citação para entrar aqui na discussão sobre o diagnóstico estrutural então no campo da da da toxicomania a gente tem um certo histórico né de de tentar relacionar o diagnóstico de toxicomania a algum diagnóstico específico Então usa muita droga é Psicótico é neurótico é perverso né ao longo da história da psiquiatria a gente tem
um pouco dessa discussão né de fazer uma primeira um primeiro entendimento de que todo o uso abusivo de droga tá no campo da Psicose porque rompe com a realidade né então a gente tinha aquele conceito de Psicose endógena que seria própria ali do sujeito ou a Psicose tóxica que ela é produzida pelo uso da substância né Depois se avança um pouco e aí se entende então que o todo toxicômano ele é um perverso Porque tem uma fixação patológica nesse objeto droga e aí depois você avança um pouco e vai entender que o toxicômano ele é
um neurótico que usa da droga como tentativa de fuga da castração tá então cada um desses pontos tem sua validade o grande problema é tá reduzir toda a a a a a possibilidade em relação ao uso de drogas a um diagnóstico específico Esse é o problema tá então é importante a gente lembrar que fenômeno não determina estrutura então em relação ao fenômeno Clínico a gente vai ter que pensar como que ele se articula em cada estrutura Então tem um quadrinho aqui bem resumido que eu gosto de de trabalhar assim não vou me aprofundar porque a
gente vai ter aula no curso só sobre isso né a a toxicomania no campo da neurose da Psicose né na perversão é sempre um pouquinho mais delicado né porque acaba que perverso eh não chega tanto na na na clínica né a gente tem uma uma dificuldade ali de acessar a perversão na clínica Mas enfim mas a gente pode pensar que as estruturas clínicas um pouco por essa via né a neurose que ela é efeito de do recalque a gente tem a histeria neurose obsessiva e a fobia né E aí o que marca a posição do
neur é uma posição de insatisfação né que tá muito também associada com um não querer saber da falta do outro né o perverso que se constitui pelo desmentido e a gente vai ter a posição masoquista sádica fetichista o perverso ele se coloca Então como instrumento do outro do gozo do outro e a Psicose com a for clusão do nome do pai a gente tem a paranoia esquizofrenia a melancolia E aí o o sujeito ele tá na posição de um objeto de um outro sem falta né um outro invasivo Enfim vou É acho que dá dá
pra gente poder retomar aqui então então assim eh muito rapidamente assim não não vou entrar nisso como eu falei né é importante a gente poder discutir isso com um pouco mais de calma mas algumas alguns pontos aqui né Eh é sempre muito interessante a gente poder pensar Qual é o lugar da droga Então junto com né O que o sujeito se apresenta né ah na relação com o grande outro e com os pequenos outros ali né do do da relação imaginária né então no campo do fetichismo a gente pode eh prestar atenção do como que
a gente tem uma fixação da droga eh na relação sexual né um pouco até do de um fenômeno chamado um fenômeno que tem Aparecido aí né Eh k sex né sexo químico né que é isso né pessoas que só conseguem fazer uso só conseguem transar perdão eh fazendo o uso de substância né então não tô dizendo que essas pessoas são necessariamente perversas fetichistas e tal mas esse é um ponto para de observação pra gente fazer assim essa fixação do uso da droga na relação sexual o que que ela diz da posição do sujeito né Isso
é de Fato restritivo né E aí a gente vai ampliando um pouco essa discussão eh pensar o Maso né a droga pode servir como um meio de sofrimento do sujeito né então a droga ela vai ser a forma como o sujeito se coloca na posição masoquista né de ser humilhado xingado enfim e o sadismo né Eh a droga ela pode entrar como uma forma de submissão do outro né de você reduzir o outro ali a uma certa posição de objeto a partir do uso de drogas né na neurose a gente pode pensar né Eh a
a a histeria né a no campo da histeria a droga ela pode servir como uma forma também de apelo ao outro né o quanto que o uso os fenômenos de uso de drogas né Essa coisa do excesso essa coisa de tentar capturar o olhar do outro né ele pode vir por essa via de um certo apelo que o outro Responda né E aí aqui a gente pode ter muito ali uma certa expectativa em relação ao próprio tratamento né onde eh tem abertura até pro pro tratamento poder acontecer na neurose obsessiva a gente pode pensar a
droga como uma resposta à injunção do gozo sugico né então frente a isso que é essa dimensão do superego que é ã opressora né a droga ela pode ser uma forma de tentar aliviar essa essa opressão tá eh e aí é isso né alguns autores Vão colocar a droga né na neurose como uma formação de ruptura né promove o rompimento com o limite do gozo pela fantasia né então na neurose né nessa dimensão da insatisfação né o gozo eh estando eh enredado pela fantasia o uso de drogas é também uma forma de quebrar essa restrição
do gozo fálico nessa eh mediação da fantasia e buscar esse goso devastador no corpo né que é onde a gente vai encontrar ali ah Ahã os problemas ali principalmente dos casos digamos assim mais graves né que entra ali de uma certa eh deteriorização do corpo né e isso é muito comum até né no no campo da da atenção psicossocial eh o paciente ele não tá demandando um tratamento eh por si só um tratamento clássico mas ele começa com certo pedido de comida porque o cor ele tá muito magro emagreceu demais não tá ali se reconhecendo
no próprio corpo Então tá com um corpo fraco e ele começa esse endereçamento né ele começa a esboçar algum tipo de pedido que seja por essa via da comida né então tem um lugar para poder comer tem um lugar para poder descansar né E aí a partir desse endereçamento né a a o analista se colocando como presença e escuta a gente pode construir alguma outra demanda né a gente pode construir alguma coisa a partir disso E aí no Campo da Psicose né Eh em função da forclusão do nome do pai e a posição do do
do sujeito né E como o objeto de gozo do outro na esquizofrenia a gente pode ver a droga né como uma tentativa de regulação do invasivo pulsional tá então aqui é é um fenômeno também sempre muito curioso né ah o sujeito ele está alucinando porque usa droga ou ele tá usando droga para tentar reduzir e a Alucinação que ele sofre tá Então essa é também uma pergunta sempre muito importante de ser feita né que foi um pouco isso que eu tentei trabalhar no meu doutorado até né qual é a diferença qualitativa né Eh do que
que seria ali uma uma uma experiência eh alucinatória né dessa Invasão pulsional na Psicose e como é que isso se articula com o uso de drogas né então o que a gente vê na na na prática é como é que muitos pacientes é psic eles usam droga para tentar circunscrever esse excessivo esse invasivo do campo da pulsão ali que aparece como Alucinação tá na paranoia a gente pode ter a droga como uma tentativa de localização do Delírio tá então aqui é um fenômeno até relativamente comum eh com usuários de cocaína né entendendo que a cocaína
é uma droga que pode produzir ali umas ideações paranoides e tudo mais então Eh dá uma sensação de estar sendo perseguido então o sujeito ele já tem um Delírio de base mas ele faz uso da droga meio que para justificar aquele Delírio né meio que para tentar produzir algum sentido através desse desse instrumento que é a droga né na no na Mania né a gente vai ter a droga como uma forma de se consumir enquanto objeto né então a a a mania né caracter rística dela é essa né o o sujeito ele é arrebatado como
objeto né ele ele se torna esse objeto de consumo né E aí a a droga pode entrar nesse lugar também e na melancolia a gente pode ter a tentativa de anulação desse lugar de objeto dejeto né então o sujeito melancólico ele vai se intoxicar ele vai tentar apaziguar Ele vai tentar se anular completamente ali Enquanto essa posição desse objeto terrível né esse objeto dejeto então uma citação zinha aqui do lacam essa citação acho ela sempre muito necessária assim acho ela fundamental que o Lacan fala né o desejo se esboça na margem em que a demanda
se rasga da Necessidade essa margem é aqui a demanda cujo apelo não pode ser Incondicional senão em relação ao outro Eh abre sob a forma da possível falha que é idade pode aí introduzir por não haver satisfação universal O que é chamado de angústia tá então essa citação para mim eu acho que é é fundamental para poder pensar a clínica das toxicomanias porque né o Lacan ele vai fazer essa diferenciação do que que é a necessidade e o que que é a demanda né entendendo que a necessidade que seria ali da coisa mais né orgânica
né da nutrição da da da fome da coisa né Eh biológica que seja né a droga Ela poderia né ocupar esse lugar e o lacão vai falar que hum não né isso que a gente entende como sendo orgânico ele já está atravessado pela demanda Então temos que pensar aí Ah que apelo é esse que o sujeito faz em relação ao outro e é a exclusão dessa satisfação Universal porque é aqui que a toxicomania ela pode entrar né uma certa busca eh por uma satisfação um gozo pleno né e as derivações possíveis né Então temos aqui
né no campo da transferência né né se a gente entende a transferência como sendo a inclusão da analista na economia psíquica e a atualização dos clichês estereotípicos a gente pode ter a transferência positiva quando a gente tem os aspectos amorosos transferência negativa ali com os aspectos mais odent né na clínica das toxicomanias é muito importante a gente ter essa noção porque a transferência ela pode ter uma pegada um pouco mais negativa né do traço ali de uma certa irritabilidade né de uma de uma eh de uma dificuldade mesmo até de endereçar alguma coisa para o
analista né então tem ali essa essa dificuldade Inicial que por isso que a gente retoma né do nosso lado é muito importante a gente poder pensar esse lugar de abstinência né do que que a gente consegue ouvir do que o sujeito fala né O que que a gente consegue construir como como um um mínimo pedido ali pro que ele tá apresentando né E aí dentro da transferência é muito importante a gente poder pensar aqui dos fenômenos de atuação né então Lacan no seminário 10 né ele vai entender a atuação como sendo uma eh transferência selvagem
né então é uma transferência sem analista digamos assim né então a gente pode pensar atuação como um apelo à interpretação é quase que um apelo ali para pra presença do do analista e podemos dizer que a clínica das toxicomanias ela é muito marcada por atuações né temos que tomar cuidado né o que que é uma atuação e o que que é um acting eh perdão O que que é uma passagem ao ato né a diferenciação cacan faz ela é válida a gente precisa retomar essa discussão quando for fazer falar de Diagnóstico estrutural né quando for
falar sobre a clínica da das psicoses principalmente eh mas o que que a gente costuma ter né chegar no atendimento intoxicado né E aí paciente chegou sobre efeito de substância atende ou não atende impõe limite ou acolhe tá isso não é óbvio e a gente não tem resposta pronta a gente vai precisar avaliar em cada caso e em cada situação tá então isso remete muito assim uma uma uma fala que é comum né Eh relativamente comum eh o o usuário falar principalmente ali os alcoolistas né assim eh se eu eu não der um trago eu
não consigo falar nada né É tanta ansiedade é tanta angústia e falar é muito difícil né E aí eu tô lembrando agora até no no no na dissertação de Mestrado Tem uma parte lá que que eu faço um recorte né de um usuário que diz do usuário que diz né que eh a abstinência né Eh enquanto é vontade de usar droga né dá vontade de usar droga e tal A fissura né a fissura dá vontade de usar droga por conta da bichin e tudo mais mas tem alguma coisa da angústia que tá Para Além disso
tem alguma coisa do falar do ter que assumir responsabilidade por aquilo que fala que não é a a fissura né pelo contrário né a droga ela vai entrar aí também né para tentar fugir dessa angústia de assumir ah assumir um lugar de fala ser né de de sujeito falante ali né um outro ponto também que é quando o o sujeito ele faz uso da substância no próprio consultório do analista ou na Instituição né de novo assim como é que se maneja isso né O que que significa né O que que o sujeito tá sinalizando pro
analista quando ele faz uso da droga no próprio consultório né E aí é muito importante a gente poder pensar o contexto das sessões né como é que como é que a a associação livre tá acontecendo Como é que tá a nossa atenção flutuante para que o sujeito e eh o que que aconteceu para que ele precise fazer isso para você ouvir alguma coisa né você do lugar de analista né então esse ponto aqui gente Particularmente eu acho ele muito importante porque muitas instituições tem a chamada alta eh alta administrativa né que é quando o paciente
quebra as regras da instituição né E essa é uma das das das situações né quando você interrompe o tratamento do sujeito Porque ele quebrou uma regra da institui E aí as instituições T Como regra não fazer o uso dentro da da da instituição eh se a gente aplica a regra bruta por si só eh Isso é um problema porque a gente não consegue então dar lugar para e o que pedido que tá associado a isso né assim o que que o sujeito ele tá pedindo quando ele faz uma uma atuação como essa né um outro
um outro fenômeno também pra gente poder cuidar é o uso após uma intervenção do analista tá então em geral isso daqui é muito indicativo de que o analista ele fez ali uma interpretação ou ele fez uma intervenção eh fora do tempo né Muito provavelmente el cedo demais né alguma coisa que convocou o sujeito e que foi abriu uma angústia que o sujeito não deu conta e ele acabou fazendo uso depois da sessão né então isso também é alguma coisa importante pra gente poder retomar e poder pensar né O que que ficou excessivo da intervenção do
analista nesse momento e o abandono de de tratamento né É é sempre muito delicado a gente falar de abandono de tratamento porque a irregularidade também pode ser uma característica né da da Clínica das toxicomanias né então o eh é importante tomar cuidado porque às vezes é uma interrupção né é um momento de afastamento que não significa necessariamente o abandono né E aí de novo remete a fala de um usuário que ele diz assim né que ele eh entende que ele tá bem né durante um tempo ele ele segue lá a vida dele e aí depois
ele retorna de um tempo e falando assim caramba eh vocês mudaram a minha vida porque eu não consigo mais usar droga da mesma forma por por conta de tudo aquilo que eu já falei para vocês né na na Instituição isso aparece né então mesmo naquele tempo que ele ficou afastado da instituição teve efeito as intervenções que foram feitas né as intervenções clínicas né Eh e ele retorna para dizer isso né não é mais a mesma coisa né A partir do momento que eu falei para você e que você ouviu não é mais a mesma coisa
uma outra citação aqui do Lacan né o Lacan diz né ele traz aqui né o o homem literalmente dedica o seu tempo a desdobrar a alternativa estrutural em que a presença e a ausência retiram uma da outra sua convocação é no momento de sua conjunção essencial e por assim dizer no ponto zero do desejo que o objeto humano sucumbe a captura que anulando sua propriedade natural passa desde então a sujeitá-lo a condições do símbolo tá Então essa é uma uma uma referência eh também muito interessante pra gente poder pensar né a relação do o o
sujeito né desejo objeto eh objeto de desejo e droga né o quanto que eh está atravessado por essa dimensão do significante né do do do símbolo né E a gente não pode ignorar isso né a gente tem que levar em consideração né E aí eu tô falando agora tô remetendo né a a fala né o quanto que a droga ela no que o sujeito fala da droga né é o momento ali em que ele não tá usando né o momento em que ele tá podendo eh trazer aí essa dimensão significante em jogo né E aí
eu lembrei muito de uma de uma situação né do do da do do paciente que tá lá as voltas né com outros problemas além da droga né E aí ele faz a pergunta assim Mas eh e ele me pergunta Doutor eh Por que que toda toda a substância que termina com Ina vicia né cocaína cafeína né E e esse é um sujeito que ele tinha ali uma dificuldade em relação ao namoro né E aí eu faço uma intervenção ali num tom de brincadeira e eu coloco assim menina né e isso dá uma abertura para ele
dar uma gargalhada seim ele ele ri ali e compartilha e ele coloca assim caramba né isso nunca isso nunca tinha me me me vindo né assim então o que que é isso né Qual é a relação Então dessa dessa questão linguageira né essa esse ponto da da linguagem do significante que permite a gente a fazer essas intervenções também que promovem alguns deslocamentos né então esse e esse é um Marco assim na na na relação do tratamento em que as coisas tiveram outros encaminhamentos A partir dessa dessa cena né então eh a questão do tempo né
no na clínica das toxicomanias né sempre importante a gente lembrar da atemporalidade do inconsciente né então o inconsciente ele não tem o registro do do tempo né então num tratamento a gente também não tem como muito pensar né Qual é o tempo de duração de um tratamento né Eh então é isso a gente vai ter que fazer a cada vez né a cada situação que o paciente se apresenta né então o o tratamento ele acontece pela presença né dos sujeito né e do analista Então a gente vai ter que pensar a cada a cada vez
né a cada a cada encontro né e e um ponto muito importante né levando em consideração que as faltas né entram ali também na atuação né as faltas elas se apresentam com alguma com alguma regularidade e existe um trabalho pra gente poder pensar sobre a responsabilidade do paciente pelo tempo da sessão né então esse paciente que falta a sessão porque tava usando ou porque tava com eh porque tava de ressaca ou porque tava intoxicado enfim né eh como é que a gente produz Então esse trabalho de responsabilização com o tempo da sessão que é do
tratamento dele né tá eh isso lembra muito de de uma situação que volta e meia né Eh acontece né que é o sujeito ele tá lá as voltas intoxicado mas ele lembra da sessão e ele então liga pro analista para falar olha tô muito doido não vou conseguir Mas tô te avisando né Isso já é um avanço muito interessante né dele conseguir mesmo sob efeito mesmo intoxicado alguma coisa da presença do analista se coloca para ele ali ele lembra do horário da sessão e ele se posiciona de alguma maneira né então esses elementos que a
gente precisa também eh pensar aí para acolher tá eh nosso tempo já tá ficando apertado mas eu acho que a gente consegue Avan P aqui e e fechar né acho sempre muito importante a gente pensar a clínica né como sendo a clínica da emergência do sujeito né então oje dar condições para sujeito emergir no que for ali no encontro que é possível tá então às vezes a gente tem que abrir mão também um pouco dessa expectativa de uma linearidade do tratamento né entender que o tratamento ele vai ter altos e baixos né Eh para poder
de fato a gente conseguir dar a condição de que o sujeito ele possa ergir quando esse encontro acontece eh então o tempo ele também a gente pode pensar ele muito relacionado ao tempo da transferência né aquilo que o Freud Alerta né que o objetivo primeiro do tratamento tem que ser ligar o paciente ao analista tá E aí é importante a gente tomar muito cuidado também com diagnósticos relâmpagos aqui a gente pode chamar também de intervenções relâmpago né de fazer intervenção fora do tempo tá porque isso pode colocar ali em cheque né esse tempo de construção
da própria transferência tá remete a gente a poder pensar né o tempo da da o problema da abstinência como a gente já mencionou né a abstinência como objetivo do tratamento ou então a gente medir a melhora do tratamento pelo tempo de abstinência que o sujeito consegue atingir isso é furada n tomem muito cuidado com isso né porque não vai ser a o tempo de abstinência que indica a melhora do tratamento né então particularmente o que eu gosto de pensar é a a o quanto que o sujeito consegue aderir ao campo da palavra né ali é
o campo simbólico né ao campo significante e isso para mim é mais interessante do que o tempo da abstinência em termos de de abstinência né o Como que o sujeito consegue de fato eh se posicionar e tomar a palavra é o que importa né lembrando né a abstinência sempre do lado da analista né não desejar nada além de ouvir né então é é importante a gente ter esse cuidado porque uma uma característica da clínica da da toxicomania é um pouco esse apelo à pena né esse apelo a resolver pelo outro né a tentar encontrar soluções
encontrar medidas né então sempre muito importante assim calma espera ouve né e chegando aqui no nosso último tópico a citação do lacam eh todo mundo sabe que o dinheiro não serve simplesmente para comprar objetos mas que os preços que em nossa sociedade são calculados o mais est eh exatamente possível tem como função amortecer algo de infinitamente mais perigoso do que pagar em dinheiro que consiste dever algo a alguém aqui é um ponto muito importante né Eh essa relação porque isso atravessa a transferência tá essa relação do usuário com o dinheiro e principalmente no tratamento e
é algo que a gente se enrola muito facilmente tá E aí o que que a gente tem que cuidar né então o dinheiro ele tem ali uma certa equivalência né aos objetos fálicos né como o Né o Lacan coloca né é importante a gente tomar e seguir ali o conselho do Freud né e tentar tratar do dinheiro da maneira mais Franca e sem hipocrisia possível principalmente no no tratamento eh justamente porque o dinheiro ele acaba entrando como eh um ponto né Eh um significante que diz da relação do sujeito com o seu gozo e também
com a experiência fálica né então a droga ela pode entrar como justamente aquilo que tenta esvaziar Ah o valor mediador do dinheiro né O que seria o valor fale do dinheiro a droga pode servir como meio de se esvaziar disso que que eu quero dizer com isso situações em que o sujeito ele zera o dinheiro ele tem que ele não usa droga porque ele tem dinheiro demais né e mas ele tem que usar droga para acabar com o dinheiro né Então essa relação droga e dinheiro ela tem que ser posta também ali na na avaliada
nessa dinâmica nessa dinâmica ali da relação do sujeito com ah o seu próprio gozo né E aí os fenômenos que a gente costuma assistir Né não ter dinheiro para pagar a sessão né usa o dinheiro da sessão para comprar droga convoca o analista a suprir a falta né em relação ao Dinheiro seja né volta e meia pede dinheiro de passagem pede um certo tipo de compensação né Tem um recorte muito interessante né de uma situação na Instituição em que tem uma cena lá que envolve dinheiro né o sujeito perde né dinheiro que não deveria tá
na Instituição ele perde E aí a instituição então decide eh eh ressarcir o sujeito disso né um sujeito que tava abstêmio né ele tava lá em abstinência cria toda essa cena a a instituição ressarce E aí depois ele procura o analista eh sobe assim né ele não tinha bebido absolutamente nada mas ele procura o analista com os olhos muito vermelhos a fala pastosa e ele fala assim eu nunca imaginei que vocês fossem fazer isso né eu aqui eu não sei descrever o que eu tô sentindo Parece que eu estou bêbado né Então olha como é
como é interessante isso né A partir do momento em que a instituição sai do seu lugar clínico e alivia o sujeito né do do Ali da do do que é da própria castração né No que a instituição ela desliza disso O que abre para esse sujeito é uma experiência de goso tal qual quando ele usa a droga tá então isso Volta pro atento né a gente tem que retomar isso ali do eh como é que a gente faz a leitura desse fenômeno como é que a gente devolve isso pro sujeito também para elaboração mas Particularmente
eu acho muito curioso né aquilo que o senso comum ele entende né assim ah coitado né ele precisa né E e aí o coitado para mim parmente eu acho sempre muito interessante né porque o coitado é é isso né quem tá quem sofre o coito né e é é quase que você de fato submeter o sujeito a essa posição de gozo né então a gente tem que tomar muito cuidado eh No que diz respeito a a questão do pagamento no tratamento e Enfim acho que é isso assim dá pra gente finalizar já né discutir um
pouquinho aqui o pagamento nas instituições né mas mas assim o o é sempre muito importante a gente tomar esse cuidado né de que ah todo tratamento ele tem um pagamento né por mais que o pagamento não seja o dinheiro em si né existe um pagamento de gozo né para acesso ao desejo Então a gente tem que pensar nessa perspectiva do trabalho com a falta né E aí isso vai ser para cada sujeito em cada tratamento tá E é muito importante também a gente cuidar para não responder às demandas né aquilo que o Lacan coloca no
no texto do do lugar da psicanálise da Medicina né aquele Alerta que ele dá lá né do da da demanda gozo né da demanda dos benefícios né é importante a gente tomar muito cuidado porque por mais que seja isso que o paciente pede eh não é essa exatamente a demanda né a demanda ela tem que eh eh ter essa dupla função de acolher esse pedido mas transformar esse pedido também numa pergunta né é de novo urgência de dar condição à singularidade de cada caso bem gente é isso agradeço a atenção de vocês eh Espero que
tenha contribuído aí Espero que vocês tenham eh ficado motivados Esse é um tema que eu particularmente adoro de discutir né minha prática de eh Clínica e de pesquisa tá toda voltada aí então Eh espero que a gente possa também depois aprofundar essas questões na ao longo da da pós muito obrigado Michael que aula repassar para você os elogios você não não tava aí acompanhando mas tivemos mais de 300 pessoas assistindo a sua aula nesse momento Pois é e aí estão elogiando aqui tua aula e realmente assim Acho que você trouxe muito conteúdo eh vou recomendar
as pessoas que vejam pausadamente depois né vai pausando para conseguir assimilar muita coisa que você trouxe né você fez aí Um percurso gigantesco em uma hora e trouxe assuntos muito importantes aí não só sobre o início do tratamento né maichel mas você refinou aí a gente poder pensar a droga partir do Real simbólico Imaginário achei riquíssimo esse eh esse quadro aí que você trouxe né de neurose psicose perversão e a gente pensar aí a droga nas diferentes estruturas mas também não reduzindo a isso né E são várias perguntas que eu vou est trazendo aqui para
você para você responder pra gente sabendo que eh essas questões vão ser aprofundadas no nosso curso de pós-graduação em toxicomania psicanálise e atenção psicossocial mas pra gente poder entender né como é uma clínica densa complexa e que a gente precisa mesmo ler estudar pesquisar eh não só nas referências teóricas mas também clínicas que você começou dizendo isso achei muito importante né a clínica ela nos ensina né a clínica ela é primeira e a partir daí que a gente eh tem esse nosso interesse aí despertado em pesquisar se aprofundar Então vou trazer aqui algumas questões para
que você possa nos responder o Mateus ele perguntou o sujeito sempre que faz uso de substâncias precisa ir ao capsad e ele pergunta o caps 2 também recebe usuários Então pode falar um pouco aí sobre esses dispositivos Claro eh primeiro agradecer Mateus Pela sua pergunta e essa pergunta ela rende polêmicas e polêmicas e polêmicas tá Mateus assim porque a gente pode até pensar assim eh ao longo da história da reforma psiquiátrica brasileira né Ah não tinha ali numa certa expectativa né a a ideia do CAPS era não ser uma instituição especializada então Teoricamente não deveria
nem existir caps d porque o caps ele deveria ter essa essa plasticidade né para poder acolher ali o sofrimento psíquico né mas em função de injunções eh políticas mesmo assim e compreensões eh clínicas teóricas né Acabou então Eh privilegiando esse modelo de da gente ter Caps né o o chamado Caps transtorno né que é que é uma nomenclatura também sempre delicada mas enfim eh Caps transtorno E H capsad né então é essa essa diferenciação ela é uma diferenciação que na prática tá cada vez mais difícil de ser feita né Então pegando o meu histórico enquanto
supervisor de de serviço a gente chegou num tempo da da rede e que em algum momento os caps transtornos estavam dizendo não a gente não tem como eh eh cuidar de usuário de drogas então todo usuário de de droga por mais que tenha um diagnóstico de transtorno Psicótico tem que ir pro capsad E isso não faz sentido porque a gente vai inchar o capsad e e a direção de trabalho não é exatamente essa né então Respondendo a sua pergunta diretamente Não não é porque faz uso de substância que precisa ir paraa caps d Então os
caps do né o próprio capsi também a gente eh eh teve um momento também que o caps não não queria a absorver essa demanda né E aí tinham criaram a ideia de criar um caps d né E a gente vai numa lógica cada vez mais especializado que é sempre muito delicado n Então os caps eles T ah como parte da diretriz se a gente pega a portaria da rps eh de 2011 tá posto lá né os caps eh atuam todos os caps atuam para ah pessoa com sofrimento psíquico e a questão associada ao uso prejudicial
de alco e Outras Drogas né então eh a gente pode pensar que tipo de abordagem a gente pode pensar né Qual é a indicação de ir pro caps d ou ficar num Caps do tudo isso entra numa certa discussão Mas ela tem que ser Clínica né aí a gente vai ter que discutir esse encaminhamento a partir de cada caso né então esse sujeito Psicótico ele tem uma identificação imaginária com esse significante usuário de drogas que então poderia dar acesso a ele a tratamento indo para um caps d pode ser um caminho né mas se o
sujeito esse sujeito Psicótico que faz uso de drogas ele é completamente endereçado pra equipe do CAPS não faz sentido você transferir ele né Assim isso é você desvalorizar a própria transferir aqui no mau sentido na na na má palavra né de você só encaminhar ele né melhor dizendo não faz sentido você encaminhar o paciente para um outro Caps é importante sustentar a transferência paciente tem transferência com essa equipe do CAPS Então vamos acolher é com a gente que que é a gente que vai atuar né então Então e e Maicon inclusive em ambulatórios também né
Há sujeitos que levam aí tratamentos em ambulatórios uhum exatamente né não precisa ser capsa d a gente tem outros dispositivos né então na própria atenção básica né então a gente tem o trabalho de matriciamento que um capsad faz pode servir justamente para que a equipe da atenção básica consiga fazer acolhimento do dos usuários sem precisar de uma instituição especializada entre as aspas né então eh é essa lógica de rede ela é importante Justamente por isso Mateus que permite a gente ampliar o os dispositivos terapêuticos a partir da Clínica né Então tá maicel vou passar paraa
próxima aqui são muitas perguntas eh mas vou ler a pergunta do Edney que diz assim o tratamento coadjuvante com psiquiatra deve ser orientado padrão Ou opcional que eu acho que é um ponto importante também né onde que o tratamento aí com com psiquiatra entra né então Edney essa pergunta ela é difícil também assim porque eu acho que a gente é importante a gente poder pensar também onde que a gente tá né assim porque se a gente tá no campo da atenção psicossocial isso já é um pouco mais eh fluido né Isso já é de fácil
acesso quando a gente tá no nosso consultório particular próprio individual né em que ali a gente tá sustentando ali a a a a relação e tal essa é uma decisão que ela tem que ser tomada de novo a partir da escuta Clínica tá porque se você eh faz uma orientação Prof forme então o paciente chega você tá nas entrevistas preliminares ele te relata um uso de de um uso de droga tudo mais e Você proforme encaminha ele para um psiquiatra principalmente se você não tem eh se você não tem muita se você não tem controle
né sobre quem é o psiquiatra que vai atender imagina que esse paciente então chega no Psiquiatra que vai falar que ele tem que parar de qualquer forma que tem ali uma Uma postura mais mais restritiva assim corre o risco de influenciar na transferência com você né Então essa é uma decisão que a gente vai ter que ver em em cada caso mesmo assim né de ver eh como é que tá o O entorno desse paciente né assim quais são os recursos que ele tem né e até mesmo se a gente consegue encaminhar para um profissional
de confiança né um profissional que que seja ali tem uma pegada interessante isso também facilita né mas né Trazer isso Como proforme assim de regra Eu sempre fico com o pé atrás né E porque isso né muitas vezes o o paciente ele já tem um histórico com outros profissionais que não não é bom né profissionais que foram sei lá moralistas né ou tiveram alguma postura um pouco mais complicada e se o o paciente que chega pra gente a gente acolhe e imediatamente a gente propõe esse encaminhamento corre o risco também de influenciar na construção da
transferência então eu eu aconselharia ir com calma assim vamos com calma vamos ver o que que esse eh esse sujeito consegue de fato produzir ver como é que a transferência se constrói E aí a gente poder então incluir outros encaminhamentos ali para para ele uhum sustentar um pouco essa escuta né Michel a gente também fala muito sobre isso na clínica das depressões para não atrelar imediatamente né ao psiquiatra é preciso sustentar um pouco essa angústia esse sofrimento entender aí do que se trata né E aí S você falou não ter pressa é não uma última
observação também para Edinei tem um problema que tem sido pouco discutido né que hoje em dia o na clínica das das toxicomanias a gente tem os usuários de drogas que faz uso de álcool cocaína Maconha craque com uso de medicação psiquiátrica tá então esse encaminhamento se ele é direto sem crítica pode incluir mais na secia deogas que esse sujeito US E aí né assim qual é a consequência disso também né então eu eu sugiro isso vamos sustentar um pouco mais a escuta pra gente poder tomar a decisão com embasamento clínico uhum inclusive Tem surgido muitos
eh documentários sobre esse tema né no próprio Estados Unidos tem um documentário chamado Império da dor que fala sobre isso do uso abusivo aí da oxicodona e outros medicamentos também a gente tem visto né quetamina enfim vamos lá eh a Taila Pergunta assim Boa noite tem uma questão Michael como se faz o balanço entre as regras fundamentais da psicanálise e o tempo do tratamento o que você considera fundamental quando o tempo é curto uma ótima questão taa então assim eu vou resgato né assim as regras fundamentais Associação livre e escuta flutuante né E aí isso
vai acontecer ali em relação à à transferência né então o ponto importante é da condições para que o sujeito fale e que a gente possa trabalhar também a surpresa daquilo que ele fala né Lembrando que Freud define o inconsciente como saber não sabido né então aquilo que surge né aquilo que tem ali uma uma certa uma remete o paciente a a parte ali do desejo dele que é um ponto enigmático né assim de poder sustentar essa essa construção de um enigma né E aí a gente retoma o conceito conceito de demanda né a demanda como
pergunta né então a gente começa a amarrar essa esses conceitos né para poder pensar Ah o que que o que que a gente entende como um tratamento psicanalítico quando você traz a questão do tempo tá aí a gente tem que levar em consideração também o que o Lacan coloca do tempo lógico e não cronológico né Então as nossas intervenções em relação ao tempo eu acho que é sempre muito interessante a gente poder pensar assim né né então vamos lá vamos supor que a gente tá atendendo o paciente eh uma única vez primeira vez a gente
não sabe se esse paciente volta né na verdade a gente nunca sabe se o paciente volta né é essa é é é o bem da Verdade né a gente a gente tem essa ilusão de uma continuidade né e o paciente ele tem ali uma aderência e tudo mais então a gente acha que ele volta mas na prática gente Cada sessão ela é única porque o paciente ele pode não voltar né E aí pensando dessa dessa forma como é que a gente então vai e eh como é que a gente pode operar assim é sempre muito
importante a gente ter aí uma certa diretriz de que a nossa função e enquanto analista é uma função de produzir questão sobre o desejo né se a gente consegue ali fazer uma pontuação uma intervenção que coloca o sujeito ali nessa elaboração dele poder questionar né assim né Qual é o desejo Qual é a relação dele com o outro né e isso vai se inovando a cada vez e com isso a gente vai tendo elaboração para mim é é o é o que se é o que se espera né E aí eh dando exemplos né assim
exemplo prático mesmo objetivo né Eh eu lembro de uma de uma situação foi uma intervenção né Eh num contexto institucional encontrei o sujeito uma única vez fiz a intervenção né ali do que eu pude ouvir Eli tentei ali formular uma certa uma certa questão e ele de deixei ali para ele e foi embora né Foi um atendimento pontual esse sujeito retorna meses depois né num dia que eu não tava na Instituição pedindo para falar comigo n ele nem lembrava me9 mas ele falava assim ah um psicólogo tal tal tal e dava discrição lá pedindo para
falar comigo porque alguma coisa ali daquele encontro provocou uma uma questão nele que ele não não não conseguia parar de pensar naquilo e ele tinha que elaborar aquilo melhor né meses depois ele volta pedindo atendimento para dar continuidade a isso que se abriu nesse um encontro né então assim O tempo é curto o tempo é longo né assim um encontro é curtíssimo né um encontro mas tem efeito para meses depois né e ele volta e procura né assim então e e volta como se tivesse te encontrado no dia anterior né Michael exato por né Essa
questão né o que que se abre ali o que que ficou para ele né ex o o que que o marcou e você falou isso acho muito importante tanto esses encontros né nesses serviços de emergência eh que a gente tinha lá né no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba sri como os capos também que são portas abertas né às vezes um sujeito vai ali e pode não voltar né às vezes é um sujeito de um outro município tá ali errante chega um Caps e esse encontro que se dá nesse momento o que que se pode produzir e
e às vezes é isso uma palavra que você consegue ouvir que você consegue pontuar tem efeito de organizar e o cara dá o jeito dele né Vai lá segue lá o caminho dele né um pouco daquilo né da dessa dimensão da pulsão que ela pode ser errante né Às vezes uma palavrinha consegue produzir um circuito e o sujeito lá Segue segue o o o a sua vai vai produzindo a sua rede até melhor dizendo né consegue ali produzir uma rede ali e como diz o Lacan né muitas vezes o próprio analista ali né o profissional
de saúde não sabe os efeitos que esse encontro vai causar só sabe depois como você pode aí ver a partir desse caso né ISO isso eu acho também muito precioso né a intervenção a gente só tem efeito dela depois né sempre depois assim e isso também é uma uma uma vale muito a pena a gente frisar cada vez assim o nosso trabalho enquanto analista É nos responsabilizar Pelas nossas intervenções também né então assim eh voltando até do do que o trouxe na apresentação né que às vezes a gente faz uma intervenção que coloca o cara
numa situação de uso de drogas a gente retoma isso né É é contigo né foi a sua palavra ali que eh desencadeou aquilo né como é que a gente então se reposiciona que como é que a gente pode eh eh trabalhar e esse fenômeno né então é muito importante a gente ter essa clareza Sim vamos lá temos mais algumas perguntas essa é uma interessante acho que tem duas aqui eu gostaria de de trabalhar trabalhar elas o Gilson Gaspar Ele pergunta sobre os grupos anônimos a se eles podem ajudar eu trouxe essa pergunta porque acho que
é uma pergunta comum em relação a esses grupos né identificatórios que que você acha então GS S N PR gente poder afirmar taxativamente que simes ajudar só que a gente tem que entender como que eles ajudam né assim então Eh é muito curioso né porque o grupo ele é anônimo né assim então o sujeito ele não responde em nome próprio né então ele ele se coloca já numa posição de ser anônimo né então ele vai estar falando igual aos outros né Então esse é um ponto identificatório que pode dar condição do sujeito começar a elaborar
alguma coisa sim mas o o grande problema é que não dá pra gente esperar que o tratamento seja só isso ou que o tratamento seja isso para todo mundo né porque é aí que a coisa eh a coisa encrenca né E aí eu posso falar assim de uma de uma de uma experiência até né então eh a a instituição que eu trabalhava a gente tinha ali eh na mesma instituição era uma instituição orientada pela redução de danos Então é isso era uma coisa que era trabalhada a gente tinha um grupo de redução de danos e
tal e a gente também e tinha né a gente autorizava eh o grupo de aa e na a produzirem seus grupos dentro da instituição então a instituição tinha aa na e ela era orientada pela redução de danos né E aí o que que a gente podia colher de efeito disso assim né então para para alguns eh eles falavam assim eu gosto de ir no aa e no no na para ouvir para ouvir a desgraça do outro e ver que eu não tô tão desgraçado assim né não falo nada só tá lá ouvindo a desgraça do
outro né isso ali me me ajuda a pensar alguma coisa mas é aqui que eu falo né É aqui que eu vou ter que falar né ou ele ou ele traz assim ah eu vou lá eh para falar e ter a minha fala concordada porque aqui nem sempre vocês concordam com o que eu digo né assim então tem um um um tensionamento que eu acho assim extremamente válido assim né então eh a gente não precisa trabalhar nessa lógica de exclusão né uma coisa ou outra né D dá pra gente poder pensar como como recurso mas
a gente tem que de novo entender assim eu eu fiz a há muitos anos atrás eu fiz uma uma pesquisa assim foi uma pesquisa pequena simples né Eh mas enfim mas acho que foi muito rica né que foi uma pesquisa com o a com o AA no caso né E aí era muito curioso né o quanto que o o pessoal da a a gente fez um levantamento lá e tipo sei lá uns 75% deles falavam aberto ente que eles Trocaram o álcool por outra droga né E aí principalmente café né era ou então medicação psiquiátrica
assim era um número muito prevalente deles falando isso né que eles Trocaram o álcool por outra droga né Eh só que isso não é um problema porque essa outra droga eh não era aceita ali né a família não enchi o saco então eles estavam bem né esse é um ponto muito curioso né assim se a gente pensa que um tratamento é para sei lá para para o sujeito não usar droga né eles estão ali dizendo que eles trocaram sua droga né ah e e tem uma fala também que é muito recorrente que eles falam que
eles trocam eh a a a a bebida pelo próprio grupo então eles estabelecem uma relação de dependência com o grupo né isso também é um outro dado muito curioso né que é aí assim o que que é isso Qual é a consequência disso né quando entendendo que esses grupos eles são dinâmicos né então pessoas saem né pessoas entram essa ôm também pode ser frágil né se muda a estrutura do grupo o sujeito ele pode não se identificar mais ele abandona E aí né Qual é a consequência disso né então eu eu acho muito interessante a
gente tentar entender o que que funciona e como é que funcionou para cada um também Uhum Então pegando esse gancho aí que você falou né dessa adicção dessa dependência que como você frou né não é só química é também psicológica enfim tem uma uma pergunta aqui que eu acho interessante também que sempre aparece é uma pergunta do Gabriel ele diz assim como pensar nesses manejos para além do álcool e Outras Drogas pacientes com problemas em relação a jogos alimentação pornografia é possível acolher isso na rede de atenção psicossocial então Gabriel já te respondo bate pronto
sim é possível né tanto em caps né a própria trabalho de supervisão de caps a gente trabalhava né tinha aí casos né Eh com jogos era muito frequente né a gente teve alguma experiência também com com pornot mas esse fenômeno dos jogos é um fenômeno também que tá crescendo no Brasil né toda a história aí das das bets né Toda essa discussão que a gente tem feito também muito agora recentemente eh é é é uma questão que tá atravessando então então sim é possível né e o manejo eu acho que também continua válido assim né
é o manejo da gente poder pensar de novo qual é a função desse eh eh na droga a gente fala qual é a função da droga né Mas qual é a função do jogo qual é a função da comida Qual é a função da pornografia na dinâmica do sujeito eu acho que essa é uma primeira pergunta que sempre eh orienta né E aí a partir daí a gente poder pensar né Qual é a relação então a e eh qual é a relação do sujeito com o outro mediado por esse problema né então jogo jogo também
não dá para fugir dessa discussão que não seja por dinheiro né então o dinheiro tem um componente muito grande na na clínica eh de dependência de jogos né Eh A alimentação tem uma uma uma questão que atravessa muito sociabilidade né assim a nossa sociabilidade ela é extremamente marcada pela pelo incentivo alimentação né Então aí a gente vai ter que ir desdobrando eh cada um desses né o próprio pornô também né o pornou que tem essa pegada eh mais né alter erótica né uma coisa mais em si mesm ada né o Como que o sujeito eh
o o sujeito ele prefere gozar com o próprio corpo do que com o corpo do outro né assim tudo isso entra na na na na escuta assim então é possível né e do nosso lado a gente tem que ter sempre manter a escuta aberta assim tentar ver eh isso né fazer essa avaliação da dinâmica mesmo do sujeito né como é que é a relação dele com os outros né relação com o próprio corpo relação com a imagem né tudo isso é componente para pro nosso trabalho Clínico sim Michel teriam muitas outras perguntas né Acho que
tem muito conteúdo é o universo de pesquisa de trabalho de de encontros e desencontros que a gente tem nessa clínica mas queria agradecer muitíssimo acho que você trouxe aí muitas coisas pra gente pensar e que a gente vai poder aprofundar em um outro momento durante a nossa pós--graduação então pros ouvintes que se interessaram a gente ainda tá com as inscrições abertas as nossas aulas se iniciam da nossa primeira turma né Eh teremos outras oportunidades Mas essa é a primeira turma né vão se iniciar agora dia 14 de setembro e um prazer ter você conosco lá
a gente já trabalha juntos há algum tempo néel vamos continuar aí eh nessa conversa e poder pensar sempre atravessados pela atualidade da Clínica né Michael eh como você disse né como tá atual essa questão eh das adições em relação aos ovos né isso que envolve dinheiro também ao campo da pornografia são questões que a gente tá sempre aí repensando nos atualizando e trocando para que a gente possa construir juntos aí possibilidades diante de tantos desafios então agradeço muitíssimo aqui a sua presença viu Eu que agradeço mais uma vez o convite foi ótimo E acho que
o pessoal já viu também que eu também gosto muito de falar se deixar eu falo e eu gosto muito de poder discutir essas ideias né então fica aí o convite pra gente retomar outras vezes né poder retomar na própria pós né da gente aprofundar esses tópicos eh foi um prazer espero eso ter contribuído né com a a formação de vocês né com o interesse e é isso nos vemos na na pós na na primeira turma Então tá boa noite Mael Boa noite a todos boa noite tchau tchau tchau [Música]