O que explica a crescente potência dos furacões? Recentemente, furacões como Helene, Beryl e Otis causaram muitos estragos e mortes. E no momento, o Milton avança em direção à Flórida e se intensifica com tanta rapidez que pode ter efeitos potencialmente catastróficos.
A ponto de o presidente americano Joe Biden ter dito que fugir da rota do furacão é uma questão de vida ou morte. Na Flórida, está sendo organizada uma das maiores operações de evacuação dos últimos anos. E tudo isso acontece meros dez dias depois da passagem do Helene, que deixou ao menos 225 mortos, afetou principalmente o Estado da Carolina do Norte e virou um dos furacões mais mortíferos nos Estados Unidos desde o Katrina, em 2005.
Eu sou André Biernath, da BBC News Brasil e neste vídeo explico três motivos por que os furacões estão cada vez mais fortes. Se a primeira coisa que veio à sua cabeça é o aquecimento global, você está certo. Ainda não existe uma correlação científica direta entre as mudanças climáticas e a incidência de mais furacões, mas já está claro para os cientistas climáticos que o aquecimento do planeta aumenta a potência dos ventos e a intensidade das chuvas.
Ou seja, não se sabe ao certo se aumenta a quantidade de furacões, mas sabemos que afeta a intensidade deles. O motivo é que a temperatura da superfície dos mares está acima do habitual na principal região de formação de furacões - que é a área dos trópicos no Oceano Atlântico. Isso fica mais claro quando a gente entende como os furacões se formam.
Os furacões começam como pequenos grupos de tormentas em cima do oceano. E se o mar estiver suficientemente quente, com ao menos 27° C, as nuvens crescem e se multiplicam Quando a velocidade média dos ventos alcança 119 km/h, se forma o olho da tormenta – é o que marca o surgimento do furacão. Acontece que o fato de as águas estarem mais quentes por causa do aquecimento global faz com que haja mais energia para que o furacão cresça à medida que ele avança.
Além disso, o aquecimento dos mares torna os furacões mais lentos - não em velocidade dos ventos, mas sim no tempo que ele leva pra se deslocar de um ponto a outro. O mecanismo pelo qual isso acontece ainda não está plenamente esclarecido, mas o resultado é que os furacões mais lentos causam mais destruição por onde passam, já que um furacão que se move, digamos, 20% mais lentamente terá a chance de provocar 20% mais chuvas no ponto onde ele estiver, aumentando os riscos de enchentes ali. O segundo ponto que torna a temporada atual de furacões atuais mais destrutiva é o fenômeno La Niña.
Aqui, vale diferenciar do El Niño, que também foi especialmente forte e mexeu com o clima global, mas agora está chegando ao fim. Os cientistas da agência atmosférica e oceânica dos Estados Unidos explicam que o La Niña amplia a chance de furacões na bacia do Atlântico porque muda a direção e a força dos ventos por ali. Com isso, é esperado que a temporada de 2024 tenha um total de sete furacões.
Isso iguala um número cifra recorde observado em dois anos – 2005 e 2020. Alguns acadêmicos defendem que se crie um novo nível, o seis, para categorizar a força dos furacões. Até agora, esses níveis vão de um a cinco.
Ampliar isso seria, segundo alguns pesquisadores, uma forma de alertar que as tormentas atuais não têm precedentes. Bom, as categorias dos furacões só levam em conta a velocidade dos ventos. Mas os furacões trazem outros perigos importantes, como a quantidade de chuvas e inundações, que também são agravadas pelo aquecimento global.
O ar mais quente retém mais umidade, o que aumenta a intensidade das precipitações. E como o nível dos mares está subindo graças ao derretimento de geleiras cresce a possibilidade de enchentes maiores e mais danosas em áreas costeiras. No caso do Milton, algumas previsões são de que ele possa causar ondas de até 4,5m nas áreas costeiras por onde passar.
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Obrigada e até a próxima.