Fantástico: O impacto das telas em crianças e adolescentes

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Video Transcript:
É agora como evitar que crianças e adolescentes fiquem viciados em telas. Com a palavra ao psicólogo que se tornou referência mundial no assunto. Mais de 2 milhões de livros vendidos no mundo em 44 línguas.
Já são 500 horas de palestras e podcasts, debates, reuniões com governos de muitos e diferentes países. Ele abriu nossos olhos, despertou angústias, mas trouxe caminhos. Jonathan Heide é psicólogo social, professor universitário nos Estados Unidos e um dos líderes de um movimento mundial que alerta pros efeitos nocivos de telas e redes sociais para crianças e adolescentes.
Chegou comemorando a iniciativa brasileira de proibir celulares nas escolas. E eu pergunto, qual o próximo passo? O próximo passo é mudar hábitos fora da escola, especificamente em casa.
A orientação de especialistas sempre foi: conheça os seus filhos, converse, monitore as redes sociais, explique os perigos, mas isso não tá funcionando. Depois de ganhar um celular ou entrar em redes sociais, o adolescente vai ficar muito bom em esconder o que tiver que esconder dos pais. E aí começa uma batalha na família.
Daí a importância de adiar. Os filhos não devem ter rede social antes dos 16. Jonath é pai de um casal de adolescentes.
Ele sabe, existe o mundo ideal e o mundo real. Mas onde fica o mundo possível? Minha filha tem 15 e ainda não tem nenhuma rede social.
Ela manda mensagem, ela faz ligação por vídeo com as amigas. Então isso é fundamental, ainda mais para garotas. Outra coisa que não tem negociação é tela no quarto à noite.
Não deixe seu filho ter qualquer tela no quarto. Ele dá um jeito de usar escondido debaixo do lençol. E é a noite que os assédios de adultos a menores de idade mais acontecem.
Eu sei que para pais e mães são medidas difíceis. Olha eu aqui falando. Minha esposa sempre reclama que eu sou muito mole.
Minha filha pede só mais um minuto e eu OK. Aí ela, Jonathan, você escreveu um livro sobre isso. Entre confidências e alertas importantes, Jonathan He participou do sexto congresso socioemocional do laboratório Inteligência de Vida, referência na área.
Claro, todo mundo tem medo da violência no mundo real, mas a gente não percebe bem que as crianças online também correm riscos de danos físicos e psicológicos. Ele diz que o impacto das telas é diferente para meninas e meninos. Para elas, o problema são as redes sociais.
Garotas são mais ligadas umas nas outras. Elas querem mapear quem tá mais amigo de quem. E depois que elas entram nas redes sociais, as comparações não param.
E as fofocas e o drama e a exclusão e garotos pedindo nudes. Todo tipo de coisa ruim acontece com as meninas nas redes sociais. E a saúde mental piora.
Os dados são contundentes. Pros garotos, não é muito claro se o pior são as redes sociais. Eles ficam dependentes do que dá prazer imediato.
Começa com videogame, muito videogame, depois vem a pornografia. Isso porque as empresas por trás das redes sociais desenvolveram formas de ativar um neurotransmissor cerebral chamado dopamina, que dá uma sensação de recompensa, de motivação. Então, se você olha pra faixa etária dos 14, as meninas estão pior, mais ansiosas e mais deprimidas.
Mas ainda assim elas terminam os estudos, entram no mercado de trabalho. Os garotos ficam tão presos ao videogame e a pornografia que eles deixam de se desenvolver. Aí quando você olha pra faixa etária dos 28, são eles que estão pior, sem emprego, desmotivados, jogando videogame na casa dos pais.
E quais os sinais pros pais agirem antes que seja tarde? As telas de toque e os programas em geral são feitos para reter as pessoas pelo máximo de tempo. Se você disser ao seu filho, ei, larga o celular e ele ficar muito chateado, ansioso, irritado, é um sinal de que o cérebro está dependente do aparelho.
Se a criança ou adolescente não consegue ficar longe da tela, é um alerta de vício. As informações, os dados que o Jonathan traz pra gente dentro de casa, eles ganham nomes e histórias, às vezes de muito sofrimento. Pai, vem aqui.
Eu já sabia que boa coisa não devia ser e me levantei com um coração de pai em alerta. De seus braços e pernas escorria sangue. A maquiagem borrada sobre os olhos dava um tom ainda mais dramático à cena.
Pai, eu surtei. Me interno. Eu surtei.
Eu preciso ser internada. Esse diálogo tá narrado aqui nessas páginas, no relato de um pai que usou um codinome para proteger a filha e assim poder contar o que viveu, o que viveram e assim ajudar outras famílias. A gente convidou os atores Júlio Andrade e Laura Castro para darem voz a essa história.
Ela muito cedo ganhou um celular com 10 anos de idade. Eu fazia um monitoramento. Eu achava que tava monitorando, só que eu não sabia o que acontecia.
Então eu monitorava as coisas erradas. Todo mundo vive isso. Você quer tirar de casa e ele não quer sair de casa porque quer ficar no celular.
É cansativo. E todo pai que você conversa fala: "Eu não aguento mais. Ele não quer outra coisa, só quer celular, só quer ficar jogando.
E como é que você descobriu que tinha algo a mais e que o buraco era bem mais embaixo? O dia que eu descobri mesmo, que foi o dia que mudou a nossa vida, foi quando ela se cortou e me pede que tá surtada, me ajuda, me interna que eu tô surtada. Quando ela me falou isso, eu imediatamente a levei para o hospital.
E nesse momento em que ela tava lá sendo atendida, eu peguei o celular dela e fui olhar mais profundamente e apareceu uma palavra chamada luz. L U LZ. Eu achei primeiro que era um erro de digitação, que ela tava escrevendo luz, mas na frente, novamente, essa palavra aparece luz.
Eu aí digitei e caí numa reportagem do Fantástico de 2023 que mostrava toda essa parte sombria da internet, do Discord. Eu assistia ela no estacionamento super chocado porque minha filha tinha acabado de passar. Eu descobri exatamente o que estava acontecendo com elas.
Uma menina se automutilando ao vivo. Mano, que dia bom, Eles estão vibrando com os cortes no braço dela. O que está acontecendo em tempo real é algo recorrente.
Desafiar alguém a praticar violência contra si ou contra animais. Em nota, o Discord disse que investe em ferramentas avançadas de segurança e sistemas de moderação e que atua ativamente na remoção de conteúdos nocivos, que derruba grupos de chat problemáticos e reporta violações às autoridades competentes. Paulo buscou ajuda psiquiátrica pra filha que chegou a ser internada.
Hoje ela tá em casa, frequenta a escola, mas continua em tratamento. Esse pudor que eu tinha de pegar o celular dela e vasculhar foi um dos meus grandes erros, sabe? É um pai e uma filha.
Não tem que ter pudor. O pai tem que ter a senha. O pai tem que saber no que seu filho está metido ou sua filha está metida.
Você fala muitas vezes em culpa aqui. Uhum. Eh, do que que você se culpou e como é que você lida com isso hoje?
Eu me sinto culpada por ter dado celular para ela muito cedo. Eu me sinto culpado por não ter dado monitoramento adequado. Eu me sinto culpado até por não saber as coisas que eu não sabia.
Mas não adianta você só se sentir culpado. Você tem que reagir e tentar ajudar. E nisso eu acho que eu tô conseguindo.
Quando adolescentes são internados e perdem o acesso às telas, geralmente aparecem sinais de melhora em 15 a 20 dias. Eles primeiro pioram efeito da abstinência e parece que não vai dar certo, mas o cérebro se recupera em umas duas semanas, supera esse vício e aquele filho doce maravilhoso, volta a aparecer. E não vale só pros internados.
Quem muda de hábitos volta à vida porque recupera a atenção. Júlia continuava avançando de forma positiva em todos os sentidos. Não me lembro da última vez em que a vi tão feliz assim.
Ela queria aproveitar o verão que chegava, disse que tinha saudade de nossos passeios de barco e gostaria de navegar no fim de semana sem mais ninguém. Apenas ela, dona Teresa e eu. Só nós três, papaizinho.
E não chama mais ninguém. Eu acenei positivamente emocionado por ter me chamado de papaizinho, o que não falava desde criancinha. Espero que a gente tenha contribuído e possa contribuir para uma boa conversa em família.
O meu bate-papo com o autor de Aconteceu com a minha filha tá no podcast do Fantástico. Você pode ouvir em g1. com.
br/fantástico, g1. com. br/fantástico ou no seu aplicativo de áudio favorito.
E todo esse debate sobre os efeitos das telas em crianças e adolescentes continua no festival LED nos dias 13 e 14 de junho, no Rio de Janeiro. As inscrições são gratuitas e estão abertas no site www. movimentoled.
movimentoled. com. br.
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