Oi gente, tudo bom com vocês? * Xuxa: Agora a gente está juntinho, através dessa telinha! * Aqui no Põe Na Roda a gente já falou de Pais e mães de gays.
. . [Música emocionante] * -Eu quero ver ele feliz* De lésbicas.
. . [Beijos] A gente já falou de criança Drg Queen [Música animada] * -Eu falo para ele que eu queria que ele* *Fosse pequenininho para sempre para eu proteger ele dentro de mim* A gente já falou de criança gay.
. . [Música animada] * -Eu levava uma camiseta dentro da bolsa* * E minha mãe perguntava "Nossa mas por que todo dia essa camiseta?
" * * -Coloca. . .
* Mas uma realidade que a gente nunca Tratou aqui no canal nesses seis anos Ou quase nunca tratou [Música animada] * -Não é porque eu sou criança que não possa ser trans* É de crianças trans. Porque pensa aqui comigo Se já é complicado muitas vezes você contar para a sua família Que você é gay. .
. * - Porque eu sou gay. * Ou lésbica, ou seja você se atrai por um gênero igual ao seu Imagina você contar que você não é aquele filho, ou aquela filha Que a família sempre esperou desde que você nasceu?
* - Afinal de contas o que que é? - É menino? - Menina?
* * - Sei lá! * [Disco arranhando] Por isso nesse dia das crianças eu quis trazer essa discussão aqui pro canal Hoje a gente vai falar aqui no Põe Na Roda de crianças trans. Ah, e antes que eu me esqueça Não esquece de deixar aqui embaixo o seu joinha, porque ajuda muito o canal Comenta aqui em baixo o que que você achou Compartilha esse vídeo, manda para alguém que você acha que vai curtir E claro, se você não for inscrito no Põe Na Roda Se inscreve e ativa o sininho para receber sempre as notificações.
A partir de agora vocês vão conhecer aqui a Thamirys Que é mãe da Agatha, uma menina trans E também o Marcelo, que é pai do Murilo que é um garoto trans. Olá a todos, eu sou Thamirys Nunes eu sou mãe da Agatha Uma pequena princesa trans de cinco anos de idade Eu sou Marcelo Limão E eu sou pai de dois adolescentes A Marcela, que é uma menina de 16 anos Uma menina cis E sou pai do Murilo, que é um menino trans de 13 anos. Primeira pergunta eu queria saber quando o seu filho nasceu Que gênero você atribuía a ele?
E quando você percebeu que era diferente da sua expectativa? Em questão de gênero a gente não tinha ideia. Desde quando eu engravidei e acompanhei nos ultrassons Foi me dito que a minha criança Era uma criança do gênero masculino A genitália toda dela nasceu do gênero masculino.
Mas a gente já percebia nele Já com um ano e meio, dois anos de idade Uma preferência assim por brincadeiras de menino Por brinquedos de menino. E por volta de um ano e oito (meses), dois anos Que esse desconforto com o universo masculino começou a aparecer Agora, a gente olhava para aquilo e percebia um traço diferente Inclusive da irmã, que é menina E que a gente só observava, não entendia direito assim Muito bem o que poderia ser aquilo. Muitas crianças têm comportamentos ou gostos Que remetem culturalmente a outro gênero.
Como saber então se o seu filho de fato é trans Ou se ele só tem um gosto que vai contra esterótipos de gênero? Com o nível de conhecimento que a gente tinha na época, e de vivência A gente falava assim: "olha, é possível que seja uma menina lésbica, né? " Gosta de se vestir de uma maneira mais masculina Gosta de brincar de coisa masculina Brincar de boneca não faz nenhum menino ser uma menina trans.
Assim como jogar futebol não torna nenhuma menina um menino trans. Mas eu percebi que tinha algo mais profundo Quando a gente falou de essência Quando ela queria existir de forma feminina. Não eram só os brinquedos não eram só as vestimentas De ser a minha essência, como eu quero me ver, como eu quero ser Representada na história Como eu quero me desenhar no papel.
Então foi isso que me deu o 'start' de que não estamos Lidando com uma criança possivelmente homoafetiva Estou lidando com uma criança muito possível de transgeneridade. A gente demorou um pouquinho viu, Pedro, para conseguir entender Porque com cinco anos, nós levamos o Murilo numa psicóloga E aí a gente teve um tipo de orientação que eu diria para você Foi um tanto equivocada que até atrapalhou um pouco A gente foi orientado que a gente não deveria reforçar tanto Esse lado masculino dele, que em alguma medida Eu e a minha esposa é que estávamos reforçando Comportamentos que a gente não poderia reforçar. E eu tentei de tudo, tentei boneco E ela pegava os bonecos e botava massinha Para transformar os bonecos em bonecas.
Então ficamos dois anos ali reforçando o masculino De uma forma insana! Então como ela ficava o dia inteiro comigo em casa Eu parei de usar vestido parei de usar maquiagem Passou um tempo e aquilo. .
. A gente torce para ser só uma fase Mas não é só uma fase. Numa tentativa de eu tentar Trazer o universo masculino de todas as formas.
A gente torce para ser uma escolha, e não é uma escolha! Eu não poderia ensinar para a minha filha a essência dela. Isso foi ela quem me ensinou.
No caso do Murilo, quando deu seis, sete anos Ele falou "Não. Eu sou um menino. " Nessa nossa busca de informação A gente encontrou o Mães pela Diversidade.
E aí a gente começou a ver que aquilo era mais comum na infância Do que a gente podia imaginar. Muita gente por aí acha que você está forçando O seu filho a ser trans Ou que você não soube dar a educação que ele precisava ter. O que que você falaria para essas pessoas?
Uma forma com que a sociedade sempre encontra pra 'Deslegitimizar' a existência trans na infância e na adolescência É aplicar a responsabilidade aos pais. Algumas famílias alguns pais, às vezes Essa realidade se coloca na família e o pai e a mãe Fala assim "Nossa onde é que eu errei? " E aí a gente tem que desmistificar isso mesmo Porque não foi um tio gay Não foi porque o casal é separado e foi criado só pela mãe Quer dizer, as pessoas são o que elas são.
Então geralmente no meu caso, falam que eu tinha um desejo De ter uma filha mulher, e que eu fiz isso. Que eu de alguma forma induzi isso. Não foi nenhuma alimentação na gravidez Não foi nenhuma influência de fora depois que nasceu Ou falam que.
. . Deslegitimizam minha maternidade Que eu fui uma mãe inexperiente que foi por isso que aconteceu Ou que eu fui muito vaidosa Principalmente quando a gente fala na infância, porque Ainda tem esse tabu, né?
Se fala assim "Não, mas pera aí" "Como é criança, ela não sabe o que ela quer ainda". E é lógico, a criança não sabe muitas coisas porque ainda vai Viver muita coisa, não é? Mas sobre a identidade de gênero dela Isso aparece muito cedo com dois, três anos de idade ela já sabe.
Com seis, sete anos ela tem certeza! Mas com dois, três ela já tem uma boa. .
. O que eu falo como mãe, é que assim, eu tinha um menino "Heteronormativo" a princípio, cisgênero Como uma expectativa de vida de 75 anos segundo o IBGE Hoje eu tenho uma menina transgênera Com uma expectativa de vida de 35 anos. É difícil dormir com isso no travesseiro.
Saber que a qualquer hora uma pessoa transfóbica Pode matar a minha filha por ela ser quem ela é. Então veja, que mãe iria querer isso? Que mãe ia querer passar de uma linha de privilégios Para uma linha de segregação?
Que mãe iria almejar isso para o seu filho? Eu estou grávida! "Você quer menino ou menina?
" "Não, eu quero trans! " Gente, isso não existe. O que eu consegui fazer é romper essas barreiras Para amar a minha criança da forma como ela é.
Eu não projetava isso, o que eu faço é Eu aceito essa realidade E eu amo ela independente de. Qual foi a reação do resto da família? As pessoas ficam "mas do nada aconteceu isso?
" Não, não é do nada. A gente está falando Disso aqui na nossa casa desde um ano e oito (meses) Essa criança tem quatro hoje, né? Não é do nada que a gente percebeu que ela é uma criança trans.
Na verdade, é uma transição Que não é só da criança, do jovem, do adolescente, da pessoa. É de todo mundo, né? Todo mundo que está ali Junto com essa pessoa, também precisa entrar em um processo de transicionar.
Então as pessoas ficaram surpresas Algumas precisaram se afastar por um período E aí hoje, a gente tem um convívio bom com todo mundo, graças a Deus. O Murilo deu uma facilitada para a gente, né? De repente ele descobriu lá no Facebook que tinha A opção de mudar o gênero nas configurações.
E aí quando você muda o gênero, toda a timeline muda Os pronomes, tudo o que era "ela" vira "ele". Eu vejo que receberam bem, eu não tive assim, nenhuma reação PEDRO - Nossa que bom né? Para ele, porque isso poupa muito trauma muito.
. . MARCELO - Tem até um estudo que fala o seguinte: Uma criança LGBT que não tem a aceitação Do pai e da mãe, desse núcleo mais próximo dele, o pai e a mãe Ele tem uma taxa de ideação suicida ou de tentativa de suicídio Oito vezes maior do que a população normal E os coleguinhas e pais de outras crianças?
Criança é maravilhoso, né? As mães me relatavam que as crianças chegavam e falavam assim "Mãe, a partir de hoje, o Bento é Agatha porque ele vai ser feliz assim". E acabou.
As crianças dessa nova geração que estão vindo elas sabem muito mais Elas têm muito a ensinar para a gente. Na escola, a gente também teve sorte aqui na cidade De ter uma escola que se mostrou bastante aberta A professora teve um manejo muito bacana com os alunos E foi falando que. .
. Primeiro, a minha filha continuou chamando Bento Mas ela se vestia no feminino na escola. Então a professora falou que o Bento iria se vestir com aquele Uniforme feminino porque ele achava mais legal!
E depois quando veio o nome, as crianças já estavam mais adeptas A ver o Bento de feminino e aí a professora falou: "Olha, o Bento acha que o nome Agatha vai combinar mais com o uniforme que ele usa" "E assim ele vai ficar mais feliz! Então a partir de hoje o Bento é Agatha. " E as crianças assimilaram isso de uma forma muito linda.
Com algumas dificuldades. Não vou dizer que não tiveram gracinhas Tiveram, né, tudo o que é novo gera uma curiosidade na criança Mas foram poucas, a maior parte das crianças Trataram isso de uma forma muito bonita. A grande dificuldade da escola foi que o Murilo foi o primeiro aluno transgênero.
E os pais, a gente teve um pouco de dificuldade no começo Porque eles não sabiam o que estava acontecendo Então eles se assustaram, assim como os familiares A gente fez uma reunião com a psicóloga da minha filha E todos os pais. E ela foi tirando essas dúvidas que eles tinham Desde as dúvidas mais simples até essa grande questão, né? "Pode ser contagioso?
Pode influenciar? " O que a gente falou foi Que a criança pode ter curiosidade Um menino pode ter a curiosidade de ver um outro amigo pintando a unha Então ele vai pintar! Assim como um menino pode ter a curiosidade de botar um vestido Ele vai olhar no vestido, e ele não vai se identificar no que ele está vendo.
Então se a criança não tiver a mesma demanda que a minha filha tinha A criança poderia até ter a curiosidade de experimentar Mas ela não daria sequência na transição Porque não faz parte da existência dela. São questões que são muito importantes de falar, né? Por exemplo, a gente equacionou a questão do nome social Então é muito importante que a escola esteja preparada Que ela saiba que nem é uma escolha da escola Que é um direito dessa criança, desse adolescente De ter o uso do nome social respeitado.
Mas a partir do momento que nós conseguimos sentar com eles E apresentar que não éramos malucos A gente estava acompanhado por uma equipe de especialistas E que nós estávamos prestando atenção na nossa criança E que tudo o que a gente queria era a nossa criança feliz A gente começou a ter o apoio e o respeito. Pelo menos das pessoas que não conseguiriam apoiar Ou não compactuavam de que isso era uma opção certa Pelo menos nos respeitavam. E falando em escola, as escolas estão preparadas para lidar com essa realidade?
É difícil mesmo essas questões! A questão do banheiro, a questão do vestiário Mas você tem que entrar em contato Você tem que dizer que o seu filho tem Uma condição diferente dos demais Que o seu filho é assim, seu filho é "assado". Foi só quando eu cheguei com o parecer médico Da psiquiatra da minha filha falando que realmente ela tinha Um desconforto com o gênero Que a escola começou A prestar atenção no que eu estava falando há muito tempo.
Então as vezes a escola pode se mostrar um pouco mais resistente Justamente pelo que você colocou assim "Tá bom, eu acolho essa criança" "Mas e todos os outros alunos da minha escola? " Questão de transição, hormonização tem gente que diz que vocês Querem hormonizar a criança. É claro que tem particularidades de saúde Que vai ser preciso tomar certos cuidados A minha filha passou pela transição social Que é a única transição possível na idade dela.
Que é vestimentas Inclusão do nome social no RG e no CPF. As crianças trans e os adolescentes Eles são acompanhados por uma equipe multidisciplinar Psicólogo, psiquiatra, endócrinologista. .
. Eu acho muito importante procurar um psicólogo, uma psicóloga que tenha Confiança, que tenha uma indicação assim. Quando aquela criança está entrando na puberdade Geralmente entre 12 e 13 anos E o endócrino percebe, a gente entra com um bloqueador Bloquea-se o hormônio Faz com que a criança não receba o testosterona Ou estrogênio.
Isso vai de acordo com o desenvolvimento de cada um E por que que a gente faz esse bloqueio? Para dar mais tempo para aquela criança. Para dar mais tempo dela se conhecer Para dar mais tempo para ela se afirmar como Aquela existência que ela está apresentando.
Sem que ela desenvolva características que podem ser traumatizantes. Imagine em um menino crescer seios A menina ter barba, né? Então a gente faz esse bloqueio dando mais tempo para aquela criança Entender a sua condição e ver se é isso mesmo.
Se ela resolver des-transicionar nesse período, a gente para o Bloqueador de hormônio E esse hormônios vão vir para aquele adolescente, né? Então, a criança que fez uma transição Passou pelo bloqueio, ao chegar aos 16 anos Se ela ainda confirmar aquela existência dela É muito improvável que ela des-transicione. Então a gente começa aos 16 anos Com a hormonização cruzada, ou seja Recebe o hormônio compatível com ao gênero que ele se identifica.
O que a gente não pode É pegar as existências trans e botar na caixinha "Só existe homem trans se ele tomar o hormônio" "Ou se fizer bloqueador", não! Pode existir uma menina trans Que fale "olha, eu não me importo com as características" "Eu consigo, eu quero tê-las" "E isso não vai me fazer menos menina". Tanto o processo de bloqueador Quanto o processo de hormonização cruzada Eles são possibilidades para as crianças e adolescentes trans.
Eles não são uma obrigação. Por isso é importante que essas crianças Estejam em acompanhamento psicológico e psiquiátrico. E que junto com essa equipe que é extremamente especializada E competente, junto com a família, vai se descobrir o melhor caminho Pra se desenvolver aquela criança Se ela tem a necessidade da hormonização cruzada Se ela tem a necessidade do bloqueador.
E mesmo quando chegar aos 18 anos As informações em relação a cirurgia de redesignação sexual Né, o implante mamário, mastectomia Redesignação peniana. . .
Eu não sou mulher, ou mais mulher ou menos mulher cisgênera Porque eu tenho um peito maior ou menor. Se eu não tivesse peito, eu seria mulher do mesmo jeito. Então espero que as pessoas entendam isso da minha filha.
Que aí aquela existência, você tem que ver como ela. . .
Como que ela existe dentro dessas possibilidades. "Não, eu quero por prótese mamária" Mas eu quero continuar com o meu pênis Ou eu quero fazer a redesignação sexual peniana Mas eu não quero por prótese Não tem receita! Aquela existência tem que ser feliz!
Tem que olhar para o espelho se respeitar e se amar. A realidade de crianças trans É algo que só está começando a Ser debatido agora na sociedade Por conta disso, muita gente acha que isso é novidade Que isso é modismo Onde que estavam as crianças trans de gerações anteriores na sua opinião? Eu acho que a maior parte da sociedade trans hoje Já eram crianças ou adolescente trans Mas que por uma falta às vezes de conhecimento dos pais Ou uma falta de um olhar mais delicado Enfim, ou um medo dos pais Eles não puderam existir nas infâncias.
A gente tem toda uma nova geração agora de crianças Que já tem essas referências, né Pedro? Para poder dizer "Ah, é isso que eu sou! " É que ele não tinha referência nenhuma de fato "Meu desconforto é esse, é isso que eu sou" "Tem um amigo na escola que fez a transição vou transicionar também".
E aí é importante pro seu canal ter muito alcance É importante dizer assim Essa minha fala, alguém pode ver e falar "Ah, então ele decidiu transicionar? " Não, ninguém escolhe, ninguém decide. Mas a medida que a sociedade dá mais espaço Essa condição que já é da pessoa, pode vir pra fora.
Se você olhar grande parte dos relatos que a gente tem de autobiográficos De autores trans, eles falam que eles já se viam daquela forma na infância Então renova a minha fé de que as crianças trans existiam sempre. Elas só não tinham a permissão para serem. E para finalizar esse vídeo Que conselho você mandaria para famílias Que acham que podem ter filhos ou filhas trans?
Isso eu relato muito no meu livro Que não foi fácil para mim, hoje eu entendo a minha filha Mas foi um longo caminho de descoberta. Essas coisas têm um tempo, também não é fácil para a criança ir Avançando nesse processo de auto-identidade De auto-revelação, de auto-aceitação Tem que ter tranquilidade. A criança trans assim como qualquer criança ela precisa de amor Dá medo.
Dá medo, dá muito medo. Mas como mãe, como pessoa, mulher Eu te digo que é possível sim. Não são vivências fáceis e simples Não pela condição dessas pessoas em si Mas pela sociedade, né?
Quando você vê a felicidade plena E conhecer quem realmente é seu filho Vai saber que está tudo bem. Que vai ficar tudo bem. Se o amor de pai, se o amor de mãe É o amor incondicional Ele não pode colocar condição nenhuma, ele é incondicional.
O que eu falo para todas as mães de crianças e de adolescentes trans É que 'a gente está juntas' Ninguém vai soltar a mão de ninguém E que as nossas crianças sendo felizes O resto a gente encara.