Armazenar informações: uma das bases para o desenvolvimento e ascensão da espécie humana. Hoje, não imaginamos conviver sem o armazenamento presente em todos os lugares: no celular, no computador, no carro e até no livro. Desde os tempos remotos da pré-história, nós armazenamos as informações mais básicas que achávamos interessantes, como as pinturas rupestres que contavam o cotidiano do início da epopeia do homo sapiens.
Ao passarmos para o período neolítico, conhecido como Idade da Pedra Polida, começamos a contar coisas por necessidade, armazenando a informação de quantidade da maneira como podíamos, como contando gado por um número de pedras ou nós em uma corda. Algo notório nesse campo foi o surgimento do ábaco no meio romano, em 2. 400 a.
C. . Por meio dele, se calculava e armazenava o resultado de cálculos.
E, a partir daí, evoluímos bastante, até chegarmos nos primórdios do que hoje conhecemos como armazenamento de dados. Indo além de cálculos, armazenar seus resultados e promover operações a partir deles seria o que premeditaria o advento da computação. Foi assim que surgiu o cartão perfurado.
O início da utilização do cartão perfurado data de 1. 725, por Basile Bouchon e Jean-Baptiste Falcon, em um formato de rolo. Começou a ser difundido de fato por Herman Hollerith, fundador da Tabulating Machine Company, companhia que hoje é conhecida por IBM.
Na época, era usado em sistemas de automação têxteis. Até 1. 950 foi o meio mais difundido de entrada, saída e armazenamento de dados em máquinas que precederam o que temos hoje.
Se hoje estamos tão avançados, isso sem dúvida se deve à IBM e Hollerith. Há uma distinção entre memória e armazenamento, que a partir daqui começa a se fazer evidente: memória, geralmente, se refere à algo de acesso rápido e que não é capaz de armazenar dados de maneira estável por muito tempo, e essa rapidez aumenta também seu custo. Já armazenamento se refere à dispositivos mais lentos, mas que armazenam uma quantidade muito superior de dados e conseguem mantê-la por um tempo que é, virtualmente, indeterminado.
Hoje, isso é bastante evidente quando se compra um computador: o seu HD, sigla para hard drive, ou disco rígido, armazena os seus documentos de maneira organizada, e não é tão rápido quanto a memória RAM, que é vendida em capacidades muito menores: em média com 150x menos espaço do que há no HD! Nessa memória ficam guardados os dados que o computador só vai usar por um tempo pequeno, e que não precisa deixar guardada até o usuário não querer mais. O precursor da memória RAM surgiu em 1.
947, e é chamado de Tubo de Williams. Foi criado por Sir Frederick Williams, e ele usava raios catódicos, os mesmos usados pelas televisões de tubo para gerar imagens. Ele era pesado e grande: tinha um metro e meio de comprimento!
Sua capacidade para a época foi um avanço: 62 bytes e meio. Hoje, isso só dá pra pequenos arquivos de texto que não possuam qualquer formatação. Então, veio o tambor de memória, invenção de Gustav Tauschek.
Na realidade, ele foi inventado antes do Tubo de Williams, mas se popularizou só depois, em meados da década de 50. A IBM lançou um computador nessa época que usava o tambor de memória, o IBM 650, e foi uma inovação: suportava 136x mais informações do que o Tubo de Williams. Hoje, isso dá pra guardar quase meio segundo de uma música.
Em 1. 951, o uso de fitas para armazenamento através de processos magnéticos começou a ganhar destaque. Nesse ano, foi lançado o computador UNIVAC, pela empresa Remington Rand.
Seu dispositivo de armazenamento era o UNISERVO, que usava uma fita de metal de 13 milímetros de largura. Cada polegada dessa fita era capaz de armazenar 128 bits, e o UNISERVO era comercializado com, aproximadamente, 1. 200 quilômetros de fita.
Para se ter uma ideia do que isso representa, 160 quilômetros dessa fita, hoje, seriam capazes de armazenar uma música em qualidade média que durasse 4 minutos. Em 1. 956, surgiu outro precursor da memória RAM: o IBM 350 RAMAC, que organizava seus dados de uma maneira similar à como ela é armazenada nas memórias RAM atuais, ou seja, de maneira aleatória, mas não desorganizada.
Possuía capacidades entre 4 e 5 megabytes. Em 1. 972 surgiu algo que até hoje se vê em alguns lugares, como rádios antigos de carros: as fitas cassete.
Inicialmente com o objetivo de armazenar dados, e não sendo tão eficientes para isso, acabaram se popularizando para guardar músicas, e foram até certo ponto concorrentes do já popular disco de vinil, que começou a tomar forma no início do século XX, mas só se popularizou de fato na sua segunda metade. Fitas eram mais fáceis de transportar e podiam rodar nos carros, por exemplo, ao contrário dos vinis. No ano de 1.
976, surgiu o disquete de 5 polegadas e um quarto. A partir daí, o disquete foi aprimorando até chegar no tamanho convencional de 3 polegadas e meia, sendo capaz de armazenar 1,44 megabytes. Foi o primeiro dispositivo prático para armazenamento e transporte de dados de maneira física vendido em massa: um verdadeiro pioneiro.
Até hoje ainda se encontram computadores mais antigos com drives do famoso disquete, chamado oficialmente de floppy disk. Em 1. 980 começaram a surgir os primeiros dispositivos que culminariam no que hoje temos como HD, presente na maioria dos computadores por não ser muito caro de produzir e armazenar muita informação, conseguindo acessá-la com razoável rapidez.
Assim, surgiram os dispositivos ST-506, da Shugart Technology. Hoje, essa empresa é uma grande produtora de HDs, e mudou seu nome para Seagate Technology. Nesse mesmo ano, surgiu o IBM 3380, o primeiro dispositivo a atingir a casa dos gigabytes.
A partir daí, com as tecnologias de armazenamento sendo desenvolvidas e aprimoradas à pleno vapor, começou uma competição no mundo da tecnologia de quem produzia o mais prático, que armazenasse mais dados e os acessasse mais rapidamente, claro, pagando o menos possível por isso. Assim no ano de 1. 990 surgiu o MiniDisc, que não se popularizou muito, e o CD.
Esse sim pegou. Até hoje, ele ainda é amplamente usado, tanto na indústria musical quanto para armazenamento e transporte de dados. Suporta 700 megabytes de dados, ou 80 minutos de música.
Seus aprimoramentos, como o DVD e o Blu-Ray, melhoraram ainda mais essa promissora tecnologia. Em 1. 994, o ZIP Disc tentou desbancar o império que vinha sendo construído com o CD.
Se popularizou um pouco, mas acabou não pegando. Em 2. 000, surgiu o pai do pendrive: o DiscOnKey, da IBM.
Foi o primeiro dispositivo de armazenamento que usava memória flash: através de processos também magnéticos, eliminava a necessidade de partes móveis. Ou seja, era muito mais resistente do que os HDs. O primeiro custava 50 dólares, e oferecia 8 megabytes.
Hoje em dia, consegue-se um com mais de 1000x a capacidade do DiscOnKey, por um preço bem menor. No mesmo ano, os cartões de memória começaram a dar seus primeiros passos, e hoje são amplamente usados, principalmente por câmeras fotográficas, conseguindo armazenar muita coisa em um tamanho, por vezes, menor que uma moeda, que é o caso dos cartões microSD. Oito anos depois, em 2.
008, quem começou a se popularizar foram os SSDs, sigla para drives de estado sólido, sem partes móveis e que usam mecanismos similares à memória flash dos pendrives. Ainda um tanto caros, conseguem armazenar muitos dados, e acessá-los com extrema rapidez. Pouco a pouco, vêm sendo introduzido nos computadores como dispositivo de armazenamento, substituindo os HDs.
Ao longo de todo esse processo de evolução dos mecanismos de armazenamento de dados, é interessante citar a Lei de Moore: proposta em 1965 por Gordon Moore, ela diz que a cada dois anos, a capacidade de armazenamento dos nossos dispositivos irá dobrar, mantendo-se ou diminuindo o seu tamanho físico e barateando cada vez mais os seus custos. Até quando essa lei é capaz de durar é motivo de amplos debates, mas desde que foi introduzida ao mundo, têm acertado quase que sempre, com inovações tecnológicas e a nossa obsessão com tornar tudo mais prático e menor no mundo da computação. Sobre o futuro?
No início de junho de 2016, a Samsung apresentou um dispositivo SSD que armazena 512 gigabytes e cabe na palma da mão, com velocidades de acesso impressionantes. A Lei de Moore coninua valendo. Outro futuro do armazenamento de dados é, sem dúvida, a computação nas nuvens.
Imensos datacenters dispersos pelo mundo armazenam quantidades gigantescas, colossais de dados. Ao se criar uma conta em um serviço de cloud computing, você recebe uma parte desse armazenamento e lá coloca o que quiser, podendo acessar de qualquer lugar: basta ter acesso à Internet. Isso também torna o compartilhamento desses arquivos muito mais fácil, e a concorrência entre serviços como o Drpbox, o iCloud, o Google Drve e o Microsoft OneDrve asseguram preços acessíveis.
Companhias como a Apple apostam tanto na tecnologia de armazenamento na nuvem que até vêm removendo os discos de CD/DVD e portas externas, como USB, de seus computadores portáteis, comprando a ideia de que, em um futuro não-tão-distante, tudo se dará pela nuvem, e o armazenamento local de informações deixará de existir. A gigante Google, por exemplo, tem o projeto dos Chromebooks: computadores que possuem um armazenamento extremamente pequeno, em que até o seu sistema operacional roda na nuvem. Se esse é o futuro, ou se alguma outra grande inovação virá, só nos resta esperar.
Mas, se for pelo ritmo frenético da inovação tecnológica, não vai demorar para ficarmos sabendo.